- "Locus de controle",
- "Fé",
- "Sentido da vida" e
- "Vazio Existencial".
Mas faz parte!
Então a fé em si mesmo é uma dimensão fundamental TARDIA.
Somos animais sociais, e nosso aprendizado sobre o que é significativo ou até real SEMPRE nasce da nossa relação com algum outro externo (no começo pais e criadores/cuidadores, depois as amizades e sociedade...)
Ninguém nasce com um "Locus de Controle Interno" pronto; ele é cultivado na segurança de vínculos externos saudáveis.
Em adultos razoavelmente amadurecidos/formados a fé se trata de uma confiança no potencial e na capacidade intrínseca do ser humano.
A fé em si mesmo é a capacidade de confiar no processo orgânico de atualização que todos temos. Confiar na liberdade interior de encontrar sentido. Confiar na prática da sua experiência de vida, seu aprendizado e na natureza da mente.
Não é uma fé arrogante no ego, na vaidade no egoísmo, mas sim uma confiança profunda na própria capacidade de crescer, encontrar significado e despertar. É a base do locus interno de controle.
Então "Fé" em "sí" é seu Lócus de Controle quando Relaciona-se ao locus interno. A fé em si mesmo pressupõe que a capacidade de "agência" e as respostas principais estão dentro de cada um de nós.
Mas tem "Fé" que é voltada para FORA de si!
2) "Que faz as pessoas confiarem de que são capazes de tudo única e exclusivamente sozinhas?"
Então... Essa crença, essa interpretação de fé em si mesmo pode surgir de uma do viés "individualista" da autonomia, como uma distorção da visão humanista e possivelmente nasce como um mecanismo de defesa contra a vulnerabilidade.
Pessoas com medo dos outros se isola. E se justifica nesses discursos distorcidos!
Para a psicologia essa postura é, em última análise, uma ilusão.
O "Sentido real da vida" frequentemente vem do "encontro" e da entrega a algo ou alguém "fora" de nós.
A saúde psicológica, portanto, equilibra um "Lócus Interno" firme (responsabilidade) com o reconhecimento saudável da nossa interdependência e abertura ao mundo (Lócus externo).
3. "A fé na capacidade de todo ser humano de trilhar um caminho único e singular?"
Não. Fé é capacidade de crer sem referenciais sólidos.
Crer sem provas.
Você não tem certeza por não ter provas de que é capaz de correr uma maratona. Mas corre mesmo assim. Isso é um exemplo simplista.
A palavra mais precisa na psicologia para descrever esse processo de se tornar um ser único e trilhar um caminho que é só seu é Individuação.
"Individuação" é essa "singularidade" humana.
Carl Rogers chamou isso de tendência atualizante.
Vitor Frankl, de vontade de sentido.
O Zen, de natureza búdica.
Não importa a teoria ou a palavra usada, e não se trata de um caminho egoísta, mas do cumprimento de uma potencialidade única que cada pessoa traz consigo.
Quando o Locus de Controle Interno se torna "rígido demais", ele deixa de ser uma ferramenta de agência e se torna uma armadura de isolamento, a "ilusão de autossuficiência"!
A individuação é a confiança de que, ao acessar sua experiência interna mais autêntica (Rogers), sua liberdade responsável (Frankl) ou sua mente original (Zen e o TAO), o indivíduo encontrará e trilhará um caminho que é somente seu. Um caminho realizador e verdadeiro.
4. "Como vc classifica o vazio da alma? O sentimentalismo que causa a necessidade de algo maior, da busca seja por uma divindade, um ídolo, ou um objetivo que transcenda a natureza humana?"
*Um aparte: "Alma" é apenas o Self profundo, o Eu verdadeiro... não um "espírito" no sentido metafísico.
É a fome da nossa dimensão noológica. Esse vazio seria um sinal de desconexão do self verdadeiro. Uma má interpretação da vacuidade essencial do ser, que tentamos preencher com conteúdos. A "necessidade de algo maior" é, portanto, ambígua: pode ser a expressão saudável da vontade de sentido (Frankl) ou a fuga desesperada de um vazio interior através de ídolos (sejam religiosos, consumistas ou relacionais).
A saúde está em reconhecer essa necessidade como legítima e dirigi-la não para a dependência cega, mas para uma transcendência autêntica – seja através da realização de valores criativos, experienciais ou atitudinais na sua sociedade, da autenticidade na sua individualidade ou da realização direta da natureza da realidade.
Eu vejo o "Vazio" como vacuidade potencial. Não é uma falta patológica, mas a natureza última da realidade. Muitos sofrimentos surgem quando buscamos preencher esse vazio experiencial com "objetos transitórios" (ídolos, divindades conceituais, objetos de consumo, prazeres... todos igualmente falsos).
Lembra que eu falei de "Locus de Controle"??? então, a busca por algo externo para preencher o vazio pode indicar um "Locus externo" para o sentido da vida...
O que nunca pode dar certo!
Enquanto Freud dizia que temos "vontade de prazer" e Adler dizia que temos "vontade de poder", Frankl afirma que a nossa força motriz fundamental é a Vontade de Sentido.
O "Vazio" surge quando sentimos que a vida está "vazia" de propósito. Não é uma doença mental, mas uma angústia existencial. É o questionamento: "Para que eu estou vivendo isso?" ou "Qual o propósito dessa dor?"
Por isso tantas religiões diferentes com deuses diferentes e conceitos contraditórios agregam tantas pessoas nas suas fileiras... elas (as religiões) falseiam "sentido" para as pessoas, oferecendo "objetos transitórios".
Não importa se tu for em uma igreja, em um templo Hindu, em um terreiro ou em uma mesquita: Vais encontrar pessoas com fé inabalável em seus objetos transitórios!
A FÉ É VERDADEIRA em todas as religiões!
Mas o objeto da fé não é.