"Bateria Social"!



"Bateria social" ou "Energia social é como é comumente é chamado a "força" que nos impulsiona a interagir com outras pessoas. É aquela vontade de estar em grupo, de conversar, de compartilhar experiências e de fazer novas amizades. Afinal, somos animais eminentemente sociais... Essa energia é fundamental para o nosso bem-estar, pois nos conecta com os outros e nos faz sentir parte de algo maior.

Mas tem um porém... Pode parecer contraditório, mas às vezes, para recarregar nossas baterias sociais, precisamos de um tempo sozinhos. Algumas pessoas mais que outras precisa de espaço para poder lidar com a presença dos outros!   Imagine uma festa.   Depois de algumas horas, você pode começar a se sentir cansado e com vontade de ir para casa. Isso acontece porque, mesmo que a interação social seja importante, ela também exige muito de nós.

Os espaços de isolamento são aqueles lugares onde podemos ficar sozinhos, sem interrupções e sem a pressão de ter que socializar. Eles podem ser físicos, como um quarto, uma biblioteca ou um parque tranquilo, mas também podem ser espaços mentais, como um momento de meditação ou um hobby que praticamos sozinhos, embora em público.

Por que precisamos desses espaços? Ao passar tempo sozinhos, podemos descansar e nos conectar com nossos próprios pensamentos e sentimentos.

Muitas vezes, as melhores ideias surgem quando estamos sozinhos e podemos nos concentrar em um único problema.

Ao passar tempo sozinhos, valorizamos mais os momentos que passamos com outras pessoas.
Conviver com outras pessoas é importantíssimo, mas a qualidade desta convivência é mais importante que a quantidade... A energia social é essencial para nossa vida, e precisamos encontrar um equilíbrio entre a interação social e os momentos de isolamento. Os espaços de isolamento nos ajudam a recarregar as energias e a voltar para as interações sociais com mais disposição e entusiasmo.  Respeite o SEU espaço... e respeite o espaço do outro!  


https://www.facebook.com/watch?v=1124892278996945

O que é o Efeito Forer?


O Efeito Forer, também conhecido como Efeito Barnum ou Falácia da Validação Pessoal, é um fenômeno psicológico que descreve a tendência das pessoas de aceitarem descrições vagas e generalizadas de suas personalidades como se fossem precisas e únicas.

Como funciona?

Descrição Ambígua: As informações fornecidas são tão gerais que podem se aplicar a quase qualquer pessoa.

Confirmação do Viés: As pessoas tendem a se concentrar nos aspectos da descrição que se encaixam em suas próprias percepções e experiências, ignorando aqueles que não correspondem.

Desejo de Ser Entendido: A necessidade humana de se sentir compreendido e especial contribui para a aceitação dessas descrições vagas como verdadeiras.

Um exemplo clássico:

O psicólogo Bertram R. Forer realizou um experimento em que deu a seus alunos um teste de personalidade e, em seguida, forneceu a cada um deles uma análise individualizada. Na verdade, todas as análises eram idênticas e continham afirmações vagas e positivas, como "Você tem uma necessidade de ser amado e admirado por outros." Os alunos, em sua maioria, avaliaram as análises como sendo extremamente precisas e reveladoras de sua personalidade.

Por que isso acontece?

Linguagem Vaga: As descrições utilizam termos como "às vezes", "pode ser", "tende a", que permitem uma ampla interpretação.

Efeito Horóscopo: A crença em horóscopos e outras formas de adivinhação se baseia em princípios semelhantes, fornecendo previsões vagas que podem ser aplicadas a diversas situações.

Necessidade de Auto-Confirmação: As pessoas procuram informações que confirmem suas crenças e autopercepções.

Aplicações e Implicações:
Astrologia e Numerologia: Essas práticas exploram o Efeito Forer para oferecer previsões personalizadas que, na verdade, são genéricas.

Testes de Personalidade Online: Muitos testes online fornecem resultados vagos e positivos que podem ser facilmente aplicados a qualquer pessoa.

Marketing e Vendas: Anúncios e técnicas de venda frequentemente utilizam linguagem vaga e apelos emocionais para atrair consumidores.

Como evitar ser enganado pelo Efeito Forer?

Seja Cético: Questione a precisão de qualquer descrição que seja excessivamente positiva ou vaga.

Procure Evidências Concretas: Peça exemplos específicos e dados que sustentem as afirmações.

Considere Múltiplas Perspectivas: Não se prenda a uma única interpretação.

Em resumo, o Efeito Forer é uma poderosa ferramenta psicológica que explica por que as pessoas são tão facilmente influenciadas por informações vagas e generalizadas. Ao entender esse fenômeno, podemos desenvolver um pensamento mais crítico e tomar decisões mais informadas.

Ato gratuito

“Muitas vezes o que me salvou foi improvisar um ato gratuito. Ato gratuito, se tem causas, são desconhecidas. E se tem consequências, são imprevisíveis.

O ato gratuito é o oposto da luta pela vida e na vida. Ele é o oposto da nossa corrida pelo dinheiro, pelo trabalho, pelo amor, pelos prazeres, pelos táxis e ônibus, pela nossa vida diária enfim — que esta é toda paga, isto é, tem o seu preço.

Uma tarde dessas, de céu puramente azul e pequenas nuvens branquíssimas, estava eu escrevendo à máquina — quando alguma coisa em mim aconteceu.

Era o profundo cansaço da luta.

E percebi que estava sedenta. Uma sede de liberdade me acordaria. Eu estava simplesmente exausta de morar num apartamento. Estava exausta de tirar ideias de mim mesma. Estava exausta do barulho da máquina de escrever. Então a sede estranha e profunda me apareceu. Eu precisava — precisava com urgência — de um ato de liberdade: do ato que é por si só. Um ato que manifestasse fora de mim o que eu secretamente era. E necessitava de um ato pelo qual eu não precisava pagar. Não digo pagar com dinheiro mas sim, de um modo mais amplo, pagar o alto preço que custa viver.

Então minha própria sede guiou-me. Eram 2 horas da tarde de verão. Interrompi meu trabalho, mudei rapidamente de roupa, desci, tomei um táxi que passava e disse ao chofer: vamos ao Jardim Botânico. “Que rua?”, perguntou ele. “O senhor não está entendendo”, expliquei-lhe, “não quero ir ao bairro e sim ao Jardim do bairro.” Não sei por que olhou-me um instante com atenção.

Deixei abertas as vidraças do carro, que corria muito, e eu já começara minha liberdade deixando que um vento fortíssimo me desalinhasse os cabelos e me batesse no rosto grato de olhos entrefechados de felicidade.

Eu ia ao Jardim Botânico para quê? Só para olhar. Só para ver. Só para sentir. Só para viver.

Saltei do táxi e atravessei os largos portões. A sombra logo me acolheu. Fiquei parada. Lá a vida verde era larga. Eu não via ali nenhuma avareza: tudo se dava por inteiro ao vento, no ar, à vida, tudo se erguia em direção ao céu. E mais: dava também o seu mistério.

O mistério me rodeava. Olhei arbustos frágeis recém-plantados. Olhei uma árvore de tronco nodoso e escuro, tão largo que me seria impossível abraçá-lo. Por dentro dessa madeira de rocha, através de raízes pesadas e duras como garras — como é que corria a seiva, essa coisa quase intangível que é a vida? Havia seiva em tudo como há sangue em nosso corpo.


De propósito não vou descrever o que vi: cada pessoa tem que descobrir sozinha. Apenas lembrarei que havia sombras oscilantes, secretas. De passagem falarei de leve na liberdade dos pássaros. E na minha liberdade. Mas é só. O resto era o verde úmido subindo em mim pelas minhas raízes incógnitas. Eu andava, andava. Às vezes parava. Já me afastara muito do portão de entrada, não o via mais, pois entrara em tantas alamedas. Eu sentia um medo bom — como um estremecimento apenas perceptível de alma — um medo bom de talvez estar perdida e nunca mais, porém nunca mais! achar a porta de saída.

Havia naquela alameda um chafariz de onde a água corria sem parar. Era uma cara de pedra e de sua boca jorrava a água. Bebi. Molhei-me toda. Sem me incomodar: esse exagero estava de acordo com a abundância do Jardim. O chão estava às vezes coberto de bolinhas de aroeira, daquelas que caem em abundância nas calçadas de nossa infância e que pisávamos não sei por quê, com enorme prazer. Repeti então o esmagamento das bolinhas e de novo senti o misterioso gosto bom.

Estava com um cansaço benfazejo, era hora de voltar, o sol já estava mais fraco.

Voltarei num dia de muita chuva — só para ver o gotejante jardim submerso.”

— Clarice Lispector


Texto escrito por Clarice Lispector, e copiado do livro “Aprendendo a viver” (publicado pela Editora Rocco em 2004).




A COMPLICADA ARTE DE VER de Rubem Alves!


A COMPLICADA ARTE DE VER

Rubem Alves


Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”.
Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria!


Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.

De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.

Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”. Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.

“Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.

Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”.

Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.

Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.

Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas”.

Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…




Rubem Alves – Educador e escritor.
Texto originalmente publicado no caderno “Sinapse”, jornal “Folha de S. Paulo”, em 26/10/2004.


Terapia Focada nas Emoções (TFE)

 

A Terapia Focada nas Emoções (TFE) é um modelo terapêutico que tem se destacado nos últimos anos por sua abordagem inovadora e eficaz para tratar diversos problemas psicológicos. Essa abordagem, que coloca as emoções no centro do processo terapêutico, foi desenvolvida principalmente pelo psicólogo canadense Leslie Greenberg e seus colaboradores.

Greenberg, influenciado por teorias humanistas como a de Carl Rogers, observou que as emoções desempenham um papel fundamental na experiência humana e na psicoterapia. Ele percebeu que muitas vezes as pessoas evitam ou reprimem suas emoções, o que pode levar a dificuldades emocionais e relacionais. A partir dessa observação, Greenberg e sua equipe começaram a desenvolver um modelo terapêutico que valorizasse a experiência emocional e que ajudasse as pessoas a conectar-se com suas emoções de forma mais profunda e significativa.

Principais Características e Técnicas da TFE

A TFE se caracteriza por algumas técnicas e ferramentas específicas, que visam auxiliar os pacientes a:

  • Identificar e expressar emoções: A TFE incentiva os pacientes a identificarem e expressarem suas emoções de forma clara e precisa. Através de exercícios e diálogos, o terapeuta ajuda o paciente a reconhecer as nuances de suas emoções e a encontrar as palavras adequadas para descrevê-las.
  • Explorar o significado das emoções: A TFE busca compreender o significado das emoções do paciente no contexto de sua vida. Ao explorar as experiências passadas e presentes que estão relacionadas às emoções, o terapeuta ajuda o paciente a construir uma compreensão mais profunda de si mesmo e de suas dificuldades.
  • Modificar padrões emocionais disfuncionais: A TFE visa modificar padrões emocionais disfuncionais que podem estar contribuindo para o sofrimento do paciente. Através de diversas técnicas, como a reestruturação cognitiva e a exposição gradual, o terapeuta ajuda o paciente a desenvolver novas formas de lidar com suas emoções e a construir relacionamentos mais saudáveis.
  • Fortalecer a conexão emocional: A TFE enfatiza a importância da conexão emocional entre o terapeuta e o paciente. Através de uma relação terapêutica empática e acolhedora, o terapeuta cria um espaço seguro para que o paciente explore suas emoções mais profundas.

Algumas das principais técnicas utilizadas na TFE incluem:

  • Empatia: O terapeuta demonstra empatia e compreensão pelas emoções do paciente.
  • Reflexão: O terapeuta reflete as emoções e experiências do paciente para ajudá-lo a se conectar mais profundamente com suas emoções.
  • Amplificação: O terapeuta ajuda o paciente a intensificar a experiência emocional, permitindo uma exploração mais profunda.
  • Enfraquecimento: O terapeuta ajuda o paciente a diminuir a intensidade de emoções dolorosas, facilitando a elaboração.
  • Reestruturação cognitiva: O terapeuta ajuda o paciente a identificar e modificar pensamentos disfuncionais que estão relacionados às emoções.
  • Exposição gradual: O terapeuta expõe o paciente gradualmente a situações que evocam emoções desafiadoras, ajudando-o a desenvolver novas formas de lidar com elas.

Em resumo, a Terapia Focada nas Emoções é uma abordagem terapêutica que tem se mostrado eficaz para tratar uma variedade de problemas emocionais. Ao se concentrar na experiência emocional do paciente, a TFE oferece um caminho para o crescimento pessoal e a resolução de conflitos internos.

Domínios na Terapia do Esquema: Uma Visão Geral

A Terapia do Esquema é uma abordagem mais integrativa que incorpora elementos da Terapia Cognitivo Comportamental, teoria psicanalítica, terapia Gestalt e terapia focada nas emoções. Ela se concentra em modificar esquemas disfuncionais e estilos de enfrentamento "mal-adaptativos". Ambas as terapias compartilham o objetivo comum de melhorar a saúde mental e o bem-estar.

Domínios na Terapia do Esquema: Uma Visão Geral

Na Terapia do Esquema, os domínios são agrupamentos de esquemas disfuncionais precoces (EDPs), que são padrões de pensamento e comportamento negativos e inflexíveis que se desenvolvem na infância e persistem na vida adulta. Esses esquemas podem ter um impacto significativo na forma como as pessoas percebem a si mesmas, os outros e o mundo ao redor.

Cada domínio representa um conjunto de experiências e crenças disfuncionais que se relacionam entre si. Por exemplo, o domínio "Desconexão e Rejeição" engloba esquemas relacionados à sensação de não ser amado, de ser rejeitado ou de não ser suficientemente bom. Já o domínio "Limites Prejudicados" se refere a dificuldades em estabelecer limites e em dizer "não".


Compreender a qual domínio um esquema pertence ajuda o terapeuta a identificar as raízes do problema e a desenvolver estratégias terapêuticas mais eficazes.

A divisão em domínios ajuda a organizar e compreender a complexidade dos EDPs, facilitando o processo terapêutico.


Os Principais Domínios da Terapia do Esquema

Os domínios da Terapia do Esquema são divididos em cinco grandes grupos:

  1. Desconexão e Rejeição: Relacionado à sensação de frustração em relação às expectativas de segurança, estabilidade, carinho, empatia, compartilhamento de sentimentos, aceitação e consideração.   

    • Exemplos de esquemas: Abandono/instabilidade, desconfiança/abuso, privação emocional, defectividade/vergonha, isolamento social/alienação.
  2. Autonomia e Desempenho Prejudicados: Relacionado a dificuldades em se separar dos outros, em tomar decisões independentes e em alcançar metas.   

    • Exemplos de esquemas: Dependência/incompetência, vulnerabilidade a danos ou doenças, enredamento/submergência, falha, dependência emocional.
  3. Limites Prejudicados: Relacionado a dificuldades em estabelecer limites saudáveis, tanto em relação a si mesmo quanto aos outros.

    • Exemplos de esquemas: Arrogo/grandiosidade, autocontrole/autodisciplina insuficientes, submissão, auto-sacrifício.
  4. Orientação para os Outros: Relacionado a dificuldades em expressar e satisfazer as próprias necessidades, em favor das necessidades dos outros.

    • Exemplos de esquemas: Submissão, auto-sacrifício, aprovação dos outros.
  5. Hipervigilância e Inibição: Relacionado a uma postura excessivamente cautelosa e inibida, com medo de cometer erros ou de ser rejeitado.

    • Exemplos de esquemas: Negação de necessidades emocionais, padrões rígidos, punição, negatividade/pessimismo.



É importante ressaltar que:

  • Um indivíduo pode apresentar mais de um esquema: É comum que as pessoas tenham múltiplos esquemas disfuncionais, pertencentes a diferentes domínios.

  • Os esquemas podem se manifestar de formas diferentes: A forma como os esquemas se manifestam pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como a personalidade, a história de vida e o contexto cultural.
  • A Terapia do Esquema visa modificar os esquemas disfuncionais: Através de diversas técnicas, como a reestruturação cognitiva, a terapia de exposição e a tarefa de casa, o terapeuta ajuda o paciente a identificar e modificar seus esquemas disfuncionais, promovendo mudanças duradouras em sua vida.


Ao compreender os domínios da Terapia do Esquema, é possível ter uma visão mais clara sobre como os esquemas disfuncionais se desenvolvem e como eles podem afetar a vida das pessoas.

Aprofundando! É importante ressaltar que os esquemas desadaptativos são aprendidos e podem ser modificados através da terapia.


1. Esquemas Desadaptativos no Domínio Desconexão e Rejeição

Os esquemas desadaptativos do domínio Desconexão e Rejeição são crenças negativas e duradouras sobre si mesmo e os outros, que se desenvolvem na infância e adolescência e influenciam a forma como a pessoa se relaciona com o mundo ao longo da vida.

As principais causas para o desenvolvimento desses esquemas incluem:

  • Experiências de abandono ou perda: A perda de um pai, divórcio dos pais, ou outras perdas significativas na infância podem levar à crença de que as pessoas importantes podem ir embora a qualquer momento.
  • Negligência emocional: A falta de atenção, afeto e cuidado dos pais ou cuidadores pode gerar a sensação de que não se é amado ou valorizado.
  • Abuso emocional, físico ou sexual: Essas experiências traumáticas podem levar à desconfiança profunda nas pessoas e à crença de que o mundo é um lugar perigoso.
  • Rejeição social: Ser rejeitado ou excluído por pares na infância ou adolescência pode reforçar a crença de que não se é querido ou aceito.
  • Modelagem parental: Se as figuras parentais demonstram comportamentos inseguros, dependentes ou evitativos, a criança pode internalizar esses padrões de relacionamento.
  • Temperamento: Algumas crianças podem ser mais vulneráveis ao desenvolvimento desses esquemas devido a características temperamentais como timidez ou sensibilidade.

Consequências dos esquemas desadaptativos no domínio Desconexão e Rejeição:

  • Dificuldade em estabelecer relacionamentos: Pessoas com esses esquemas podem ter dificuldade em confiar nos outros, temer a intimidade e evitar situações sociais.
  • Baixa autoestima: A crença de que não é bom o suficiente pode levar a uma baixa autoestima e a sentimentos de inferioridade.
  • Ansiedade e depressão: A preocupação constante com o abandono e a rejeição pode gerar ansiedade e depressão.
  • Comportamentos autodestrutivos: Em alguns casos, as pessoas podem adotar comportamentos de risco, como abuso de substâncias, para lidar com a dor emocional.


2. Esquemas Desadaptativos no Domínio Autonomia e Desempenho Prejudicados: 

Pessoas com essas crenças limitam a autonomia e a capacidade de alcançar metas, gerando sentimentos de incompetência e dependência.

Causas comuns para o desenvolvimento desses esquemas:

  • Experiências de fracasso: Experiências repetidas de fracasso, tanto na escola quanto em outras áreas da vida, podem levar à crença de que não se é capaz de ter sucesso.
  • Proteção excessiva: Pais superprotetores que não permitem que os filhos enfrentem desafios podem gerar a crença de que são incapazes de lidar com as dificuldades da vida.
  • Críticas excessivas: Críticas constantes e humilhações podem minar a autoconfiança da criança e levar à crença de que não é boa o suficiente.
  • Comparação com outros: Ser constantemente comparado a outros, especialmente irmãos mais velhos ou colegas mais bem-sucedidos, pode gerar sentimentos de inferioridade.
  • Modelagem parental: Observar os pais como pessoas inseguras ou dependentes pode levar a criança a internalizar esses comportamentos.

Consequências dos esquemas desadaptativos no domínio Autonomia e Desempenho Prejudicados:

  • Dificuldade em tomar decisões: Pessoas com esses esquemas podem ter dificuldade em tomar decisões, pois acreditam que não são capazes de fazer escolhas corretas.
  • Procrastinação: A procrastinação pode ser uma forma de evitar o fracasso e confirmar as crenças negativas sobre si mesmo.
  • Medo de falhar: O medo do fracasso pode levar a pessoa a evitar desafios e novas oportunidades.
  • Baixa autoestima: A crença de que não é capaz pode levar a uma baixa autoestima e a sentimentos de inferioridade.
  • Dependência de outros: A pessoa pode se tornar dependente de outras pessoas para tomar decisões e resolver problemas.

Exemplos de esquemas desadaptativos nesse domínio:

  • Fracaso: "Eu nunca sou bom o suficiente."
  • Dependência/Incompetência: "Eu não consigo fazer nada sozinho."
  • Vulnerabilidade ao dano ou doença: "Algo de ruim sempre acontece comigo."
  • Emaranhamento: "Eu não consigo me separar dos outros."


3. Esquemas Desadaptativos no Domínio Limites Prejudicados: 

Pessoas com esses esquemas tendem a ter dificuldade em dizer não, em expressar suas necessidades e em impor limites saudáveis.

Causas comuns para o desenvolvimento desses esquemas:

  • Falta de limites na infância: Crianças que cresceram em ambientes onde os limites não eram claramente definidos ou onde eram inconsistentes podem desenvolver a crença de que não precisam respeitar limites ou de que podem fazer o que quiserem.
  • Pais superprotetores: Pais que protegem excessivamente seus filhos, impedindo-os de enfrentar as consequências de suas ações, podem gerar a crença de que não precisam ser responsáveis por suas escolhas.
  • Pais permissivos: Pais que não impõem limites ou que são muito indulgentes podem criar a sensação de que as próprias necessidades são mais importantes que as dos outros.
  • Modelagem parental: Observar os pais como pessoas que não respeitam limites ou que são excessivamente submissas pode levar a criança a internalizar esses comportamentos.
  • Abuso ou negligência: Experiências de abuso ou negligência na infância podem levar a criança a desenvolver um senso de desamparo e a acreditar que não tem controle sobre sua própria vida.

Consequências dos esquemas desadaptativos no domínio Limites Prejudicados:

  • Dificuldade em dizer não: Pessoas com esses esquemas podem ter dificuldade em dizer não a pedidos e exigências dos outros, mesmo quando isso as prejudica.
  • Dificuldade em expressar suas necessidades: Elas podem ter dificuldade em comunicar suas próprias necessidades e desejos, temendo rejeição ou conflitos.
  • Problemas em relacionamentos: A dificuldade em estabelecer limites pode levar a relacionamentos desequilibrados, onde a pessoa se sente explorada ou sobrecarregada.
  • Baixa autoestima: A crença de que não é importante ou de que suas necessidades não são válidas pode levar a uma baixa autoestima.
  • Comportamentos impulsivos: A falta de autocontrole pode levar a comportamentos impulsivos e a dificuldades em alcançar metas de longo prazo.

Exemplos de esquemas desadaptativos nesse domínio:

  • Autocontrole/autodisciplina insuficientes: "Eu não consigo resistir à tentação."
  • Submissão: "Eu sempre coloco as necessidades dos outros em primeiro lugar."
  • Grandiosidade/arrogo: "Eu mereço ser tratado de forma especial."

4. Esquemas Desadaptativos no Domínio Orientação para os Outros: 

 Pessoas com esses esquemas tendem a colocar as necessidades dos outros em primeiro lugar, negligenciando as próprias.

Causas comuns para o desenvolvimento desses esquemas:

  • Condições de aceitação condicional: Crianças que cresceram em ambientes onde a aprovação e o amor dos pais estavam condicionados a um bom comportamento ou ao cumprimento de expectativas podem desenvolver a crença de que suas necessidades só serão atendidas se elas se submeterem aos outros.
  • Modelagem parental: Observar os pais como pessoas que se sacrificam em excesso pelos outros ou que negligenciam suas próprias necessidades pode levar a criança a internalizar esses comportamentos.
  • Abuso emocional: Crianças que sofreram abuso emocional podem desenvolver a crença de que não são importantes e que precisam se sacrificar para agradar aos outros.
  • Necessidade de aprovação: A necessidade constante de aprovação dos outros pode levar a pessoa a se submeter aos desejos dos outros, mesmo quando isso a prejudica.

Consequências dos esquemas desadaptativos no domínio Orientação para os Outros:

  • Submissão: Dificuldade em dizer não e em estabelecer limites saudáveis.
  • Autossacrifício: Tendência a colocar as necessidades dos outros em primeiro lugar, mesmo quando isso significa negligenciar as próprias.
  • Dificuldade em expressar as próprias necessidades: Medo de ser rejeitado ou de causar conflitos ao expressar suas próprias necessidades.
  • Baixa autoestima: Crença de que não é importante ou de que suas necessidades não são válidas.
  • Ressentimento: Sentimentos de ressentimento em relação às pessoas que se beneficiam do seu autossacrifício.

Exemplos de esquemas desadaptativos nesse domínio:

  • Subjulgação: "Eu sempre coloco as necessidades dos outros em primeiro lugar."
  • Autossacrifício: "Eu me sacrifico para que os outros sejam felizes."
  • Busca de aprovação: "Eu preciso da aprovação dos outros para me sentir bem."

5. Esquemas Desadaptativos no Domínio Hipervigilância e Inibição: 

Pessoas com esses esquemas tendem a ser excessivamente vigilantes, a esperar o pior e a inibir suas emoções e desejos.

Causas comuns para o desenvolvimento desses esquemas:

  • Ambiente imprevisível: Crianças que cresceram em ambientes instáveis, onde os pais eram imprevisíveis ou inconsistentes em suas ações, podem desenvolver a crença de que o mundo é um lugar perigoso e imprevisível.
  • Abuso ou negligência: Experiências de abuso físico, emocional ou sexual na infância podem levar à crença de que o mundo é um lugar hostil e que as pessoas não são confiáveis.
  • Trauma: Qualquer evento traumático, como um acidente grave ou a perda de um ente querido, pode desencadear o desenvolvimento desses esquemas.
  • Modelagem parental: Observar os pais como pessoas ansiosas, cautelosas ou desconfiadas pode levar a criança a internalizar esses comportamentos.

Consequências dos esquemas desadaptativos no domínio Hipervigilância e Inibição:

  • Ansiedade: Preocupação excessiva com o futuro e com possíveis perigos.
  • Depressão: Sentimentos de tristeza, pessimismo e desespero.
  • Isolamento social: Tendência a evitar situações sociais por medo de ser julgado ou rejeitado.
  • Dificuldade em confiar nos outros: Dificuldade em estabelecer relacionamentos íntimos por medo de ser traído ou machucado.
  • Problemas físicos: A ansiedade crônica pode levar a problemas físicos, como dores de cabeça, problemas gastrointestinais e insônia.

Exemplos de esquemas desadaptativos nesse domínio:

  • Perigo no mundo: "O mundo é um lugar perigoso e eu preciso estar sempre alerta."
  • Defectividade/vergonha: "Eu sou inferior aos outros e vou falhar."
  • Isolamento social: "Ninguém me entende ou me aceita."

Idosos trocam suas casas por ‘COMUNAS’ para envelhecerem junto com os amigos que fizeram ao longo da vida

Escrito por Gabriel Pietro -25 de outubro de 2024

Tacos de salmão e alface estão no cardápio de Tesha Martínez em “La Guancha”, o primeiro projeto de moradia comunitária para idosos mexicanos que desconfiam de lares de idosos e defendem sua independência. Professora aposentada de 65 anos, Martínez, e seu marido Francisco Vigil, 61, trocaram sua casa na agitada Cidade do México por essa comunidade em Malinalco, uma pacata cidade turística a cerca de 100 quilômetros da capital.










Com o passar dos anos, muitos idosos têm buscado alternativas inovadoras para garantir qualidade de vida e independência. Um exemplo disso é o casal Tesha Martínez e Francisco Vigil, que decidiram trocar a agitação da Cidade do México pela tranquilidade de Malinalco, onde fazem parte de uma comunidade colaborativa para idosos.


Em vez de lares de repouso tradicionais, esses grupos escolhem morar em “repúblicas” – comunidades organizadas por eles mesmos, nas quais compartilham responsabilidades, despesas e momentos de lazer.


Martínez, uma professora aposentada de 65 anos, e Vigil, ex-trabalhador da indústria automotiva de 61, se uniram a outros 28 idosos para criar um ambiente onde possam envelhecer com autonomia e apoio mútuo.


O projeto, chamado “La Guancha”, é o primeiro desse tipo no México, e foi construído em um terreno cercado por florestas e montanhas. Até o momento, seis casas já foram erguidas com recursos das aposentadorias e economias dos moradores, com planos para mais nove nos próximos anos.





Vigil reflete sobre o desejo dele e de sua esposa de que seus filhos sigam suas próprias vidas. Segundo ele, se educarmos nossos filhos para serem independentes, também devemos encontrar uma maneira de seguir em frente e aproveitar essa fase da vida.

A decisão de viver em uma comunidade colaborativa foi motivada por um desejo de envelhecer em melhores condições, algo que eles sentiram que seus próprios pais não tiveram.



Esse modelo de moradia, chamado de cohousing, começou a ganhar popularidade em países como Dinamarca e vem atraindo adeptos no México. A ideia é simples: viver em comunidade, onde todos compartilham as tarefas e se apoiam mutuamente.

No caso de “La Guancha”, os moradores plantam árvores frutíferas, como mangueiras e goiabeiras, e utilizam aquecedores solares, mostrando que a sustentabilidade também faz parte do projeto.



Tesha Martínez, além de cozinhar para os moradores – tarefa que faz com paixão, ao lado de um cardápio elaborado com ajuda de chefs e nutricionistas –, se envolveu ainda mais na vida local, ensinando inglês para a comunidade e participando de uma oficina de cerâmica. Para ela, essa nova etapa é uma oportunidade de viver uma “nova vida”, cheia de atividades e conexões com seus amigos e vizinhos.


Francisco Vigil também encontrou sua forma de contribuir. Ele organiza as compras de alimentos, garantindo que tudo esteja de acordo com o número de moradores e o cardápio da semana. Além disso, é o responsável por definir regras de convivência e cuidar do bar comunitário.

Para ele, o projeto não apenas oferece uma solução para quem busca companhia e qualidade de vida na terceira idade, mas também para aqueles que enfrentam limitações financeiras e de saúde. Ao compartilhar despesas e contar com apoio mútuo, esses idosos conseguem ter uma vida mais digna e segura.



Margarita Maass, pesquisadora e uma das idealizadoras do projeto, ressalta que esse modelo se diferencia de uma casa de repouso porque os próprios moradores decidem todos os aspectos de sua vida em comunidade. Desde o tamanho das casas até com quem vão morar, tudo é decidido em conjunto, respeitando a individualidade e as preferências de cada um.


Esse estilo de vida colaborativo tem atraído cada vez mais adeptos no México, um país onde a população idosa está crescendo rapidamente. Segundo o INEGI (Instituto Nacional de Estatística e Geografia), a parcela de mexicanos com 60 anos ou mais saltou de 12,3% para 14,7% entre 2018 e 2023.

Com o aumento da expectativa de vida e a queda da taxa de natalidade, muitos estão buscando alternativas para garantir um envelhecimento mais digno e, principalmente, mais feliz.



A comunidade de Malinalco é um exemplo de como a convivência em grupo pode trazer benefícios inesperados. Para aqueles que convivem com doenças, como Alzheimer, estar rodeado de amigos e atividades pode ser uma verdadeira fonte de conforto.

Um dos moradores da comunidade, que sofria da doença, encontrou em “La Guancha” um espaço de acolhimento, onde podia jogar dominó e assistir a filmes com os amigos.

Para Tesha, Francisco e seus companheiros de “La Guancha”, esse modelo de vida representa mais do que uma simples mudança de casa – é uma nova forma de encarar o envelhecimento, com autonomia, solidariedade e, acima de tudo, cercados por pessoas que compartilham os mesmos valores e sonhos para o futuro.

O curador que não se cura...

  Quirão ou  Quíron  (  Χείρων,  transliterado de   Kheíron , "mão"  em grego )  nessa mitologia, é uma figura complexa e fascinan...