"4 características de pais e mães 'tóxicos', segundo os psicólogos Camila Saraco e Joseluis Canales"

Pais desempenham um papel fundamental na vida de uma pessoa. Não apenas são responsáveis em suprir as necessidades físicas de seus filhos, como alimentação, abrigo, cuidados de saúde e educação, mas também em atender às suas necessidades emocionais básicas.

Assim como a fome e a sede precisam ser saciadas para o bem-estar físico, as crianças necessitam de afeto, atenção, segurança e validação para desenvolver um senso saudável de si mesmas e do mundo ao redor. Um ambiente familiar que promove o vínculo emocional seguro é essencial para o desenvolvimento emocional e psicológico saudável da criança, influenciando diretamente sua autoestima, capacidade de estabelecer relacionamentos e bem-estar futuro.

Quando por incompetência ou por negligencia os cuidadores não atendem às necessidades emocionais de uma criança isso leva a consequências duradouras e significativas para seu desenvolvimento, tanto na infância quanto na vida adulta. Essas consequências podem afetar diversos aspectos da vida da pessoa, incluindo suas relações interpessoais, saúde mental e bem-estar geral.

Por isso quero postar a reportagem a seguir:



Há alguns anos, a psicóloga argentina Camila Saraco percebeu que muitos dos pacientes que a procuravam tinham algo em comum: tiveram uma "criação tóxica".


Isso não significa que apenas um pai abusivo seja tóxico. "Existem tantas outras maneiras pelas quais os pais machucam, às vezes inconscientemente", diz.

Ela decidiu, então, criar um curso:  "Pais Tóxicos", para ajudar a compreender quais comportamentos dos pais não são saudáveis, quais as consequências para os filhos e o que podem fazer aqueles que têm esses pais ou mães.

Saraco ressalta que um genitor ruim não é necessariamente uma pessoa má.


O psicólogo mexicano Joseluis Canales, autor de vários livros, entre eles Pais Tóxicos: Legado Disfuncional de uma Infância, publicado em 2014, concorda com isso.

Canales aponta que, às vezes, um pai é tão bondoso que não tem autoridade, algo que também é prejudicial para os filhos. Ainda assim, diz ele, "é importante entender que todos os pais cometem erros e isso não os torna tóxicos".

O que então torna uma criação pouco saudável?

O autor destaca que os pais têm duas funções principais: “Dar amor aos filhos e formá-los para a vida”.

Alguns pais geram prejuízos porque deixam de fazer o primeiro. Outros porque falham no segundo.

Curiosamente, parece haver uma diferença de geração entre esses dois grupos.

Os pais dos chamados Baby Boomers e Geração X costumavam ter mais problemas na hora de dar carinho e apoio emocional aos filhos.

Saraco conta que vários de seus pacientes, com mais de 40 anos, apresentam problemas de baixa autoestima e sensação de insuficiência que geram conflitos no relacionamento, algo que ela atribui a uma educação deficiente do ponto de vista afetivo.

Por outro lado, nas últimas décadas, o dano muitas vezes é causado por pais amorosos que não sabem impor limites e superprotegem seus filhos, criando "filhos tiranos" que não sabem administrar suas emoções e sofrem porque ficam frustrados ao menor obstáculo.

Como são os pais tóxicos

É importante esclarecer que tanto homens quanto mulheres podem ser pais tóxicos. E que, quando os dois são responsáveis pela criação, os danos são causados por ambos.

“Se um dos membros do casal é tóxico, o outro é um abusador passivo”, diz Canales.

A seguir, mostramos algumas das características dos pais tóxicos, segundo especialistas.


1. Abusivos

Sem dúvida, os pais que abusam sexualmente e são violentos com os filhos são os que afetam mais profundamente.

Mas não é necessário que um pai abuse fisicamente de uma criança para causar danos muito difíceis de curar, alertam os especialistas.

Agressões verbais e emocionais também são prejudiciais, apontam. Elas vão desde desqualificar uma criança ("não vai dar certo para você", "deixa para lá, é melhor que eu faça isso") a "insultá-la com palavras que ferem sua integridade, como chamá-la de 'idiota', dizendo que ninguém vai amá-la ou que se arrepende de tê-la tido."

Canales diz que “O risco é que tudo isso se torne uma voz interna”. E Saraco considera que, às vezes, "é mais fácil curar uma infância com agressões do que uma com abusos psicológicos".

"Há pais que se tornam violentos quando bebem. Nesses casos, a vítima pode entender que o pai bate nela quando ele se descontrola e que ele tem o problema. Por outro lado, se ele crescer ouvindo humilhação, ela a assimila como algo próprio".

2. Manipuladores

Outra característica de um pai ou mãe tóxico é a manipulação, que Canales chama de "abuso emocional".

“O eixo dessa forma de abuso tem a ver com a culpa. O adulto se faz de vítima na frente da criança para chantageá-la e conseguir o que quer”, descreve.

Saraco observa que esse recurso é mais visto em mães tóxicas.

“Acontece principalmente com filhas que moram com a mãe. A mãe não quer que formem casal para não saírem de casa, então ela começa com comentários e observações negativas sobre o casal, ou interferências que buscam separá-los", diz. "Isso faz com que a filha viva a relação com culpa."

3. Controladores

Esta é uma característica compartilhada por pais tóxicos de diferentes gerações. Mas quando antes os pais faziam restrições a seus filhos para conseguir sua submissão, hoje o fazem com a intenção de protegê-los.

“Antes, pais tóxicos se impunham, com limites muito agressivos, em vez de acompanhar a autonomia dos filhos”, diz Saraco.

Exemplos típicos são os pais que forçaram seus filhos a seguir determinadas carreiras ou seguir certas tradições familiares.

“O efeito no filho é que ele não consegue tomar decisões. Isso é muito visto em meninos que começaram a carreira, porque a desobediência aos pais lhes causava muita angústia, e depois de alguns anos eles abandonavam”, diz a psicóloga.

Hoje, a toxicidade envolve superproteger os filhos, querendo evitar qualquer sofrimento ou frustração, segundo os especialistas.

“A superproteção também é um abuso, porque a criança superprotegida aprende que não pode enfrentar a vida sozinha”, explica Canales.

"Parte do aprendizado de todo mundo é por meio do erro. E o erro gera frustração. Você tem que ensinar a tolerar a frustração, senão seu filho não vai conseguir se desenvolver na vida cotidiana", diz.

4. Negligentes

Outra característica dos pais tóxicos modernos é que "são muito permissivos e têm medo de impor limites aos filhos", o que os torna negligentes, segundo Canales, pois "negligenciam as necessidades físicas, emocionais, sociais e acadêmicas dos filhos".

Se o pai negligente de antigamente era o ausente, ou aquele que não dava atenção ao filho, hoje é quem "deixa ele comer o que quiser, faltar à escola, não fazer o dever de casa e desrespeitar os outros", exemplifica.

"Ao serem negligentes, eles dão às crianças um poder com o qual uma criança não consegue lidar de forma saudável. Os pequenos se tornam os adultos no sistema familiar", alerta.

Nesse tipo de educação, todo mundo sofre, acrescenta o psicólogo.

“A criança cresce sem conseguir se encaixar em uma escola, em uma universidade, em um mundo de trabalho, em uma sociedade em que não pode fazer o que quiser”, diz.

Os pais se sentem “aprisionados” pelas birras do filho.

E até a sociedade sofre, pois “está se formando uma geração de tiranos, que não respeitam a autoridade, não têm capacidade de se frustrar e, sendo crianças muito egocêntricas, têm pouquíssima empatia e capacidade de ceder ao problema dos outros e ver o bem comum", diz o psicólogo.

Como lidar com pais tóxicos

Se você cresceu com pais permissivos e superprotetores, o que você precisa fazer é “tomar a decisão de sair dessa superproteção”, diz Saraco. No entanto, ela esclarece que isso é algo que só pode ser feito quando se é adulto.

“Não se pode pedir a uma criança que saia do vínculo tóxico protetor”, adverte.

Nesse caso, há várias dicas práticas para lidar com pais abusivos, controladores e manipuladores.

"Primeiro, é importante que você perca a ilusão de que vai conseguir mudá-los."

"Também não tente argumentar com eles, nem entender como eles pensam, porque eles têm outra forma de ver as coisas, e você deve evitar entrar em discussões que não levam a lugar nenhum", diz. "Você tem que tentar sair desse lugar de tentar agradá-los e gostar deles o tempo todo, que é o que eles querem ou fazem a criança sentir."

"E é fundamental que você aprenda a estabelecer limites emocionais e, se necessário, até físicos", completa.

No entanto, o principal trabalho é consigo mesmo, afirmam os dois especialistas.

"Devemos tentar fortalecer nossa autoestima e segurança para não ceder às manipulações e não hesitar naqueles momentos em que as frases desses pais podem nos intimidar ou desestabilizar", diz Saraco.

Já Canales afirma que "o mais importante é desaprender o que te ensinaram a ser amor e reaprender o que é o verdadeiro amor, para estabelecer relações saudáveis".




Quando o zen budismo se encontra com a psicanálise de Magid.

Quando o zen budismo se encontra com a psicanálise de Magid.

Escrito por Marcio Sales Saraiva·


Barry Magid, psicanalista estadunidense e professor de Zen, busca em “Mente comum: um diálogo entre o zen-budismo e a psicanálise” (Rio de Janeiro: Folio Digital: Letra e Imagem, 2012) estabelecer uma “ponte” entre o que ensina no Zen-budismo de origem oriental e aquilo que a psicanálise trouxe de revolução psicossocial no mundo ocidental.


Com insights provocativos e uma escrita acessível, Magid demonstra um domínio notável sobre a psicologia do self de Kohut, mas seu livro peca por uma abordagem limitada de conceitos centrais da psicanálise clássica. Apesar disso, a obra oferece contribuições importantes para o diálogo interdisciplinar, especialmente no campo da integração da prática meditativa (zazen) ao cotidiano e à clínica.

 

Magid fundamenta seu Zen na ideia de “mente comum”, uma visão pragmática e despojada de ambições transcendentais de iluminação ou perfeição. Para ele, a prática do Zen não é um meio para atingir um estado especial, de “elite espiritual”, mas o Zen é a própria expressão contínua de quem somos verdadeiramente. Esse ponto ressoa com o ensinamento de Dogen sobre o zazen: a prática não visa um objetivo final, mas é em si mesma uma manifestação do caminho. Essa abordagem dialoga diretamente com a clínica do Real no último Lacan, em que a reconciliação com a falta e o sinthoma é uma forma de viver plenamente o que se é, sem ilusões de completude ou resolução plena.


Magid propõe uma visão integrada entre Zen e psicanálise, rejeitando divisões entre a dimensão psicológica e a dimensão espiritual, lembrando Ken Wilber e alguns textos da psicologia transpessoal. Ele critica o dualismo mente-corpo, oferecendo uma perspectiva mais próxima de sistemas interdependentes, como o conceito budista de originação codependente. Porém, sua abordagem psicanalítica revela limitações. O autor utiliza a noção de “disponibilidade emocional”, defendida por Donna Orange, em oposição à “neutralidade” clássica do analista, reduzindo a complexidade do que Freud-Lacan propuseram sobre a posição do analista. Para Magid, a “empatia” e a “presença emocional” tornam-se centrais na clínica, mas ele não reconhece o risco de “fusão simbólica” com o analisando, algo que Lacan, Bion e até Winnicott alertaram em suas obras.


Sua crítica a Bion — especialmente à ideia de “sem desejo, sem memória” ou ao conceito de “O” — carece de profundidade. Suspeita-se que ele nem tenha lido os textos em profundidade, pois Magid interpreta mal a postura bioniana, como se esta fosse uma forma de idealismo abstrato, ignorando que o “não saber” em Bion é uma ferramenta clínica e epistemológica importante. Da mesma forma, sua leitura de Freud parece ser uma apropriação de segunda mão, mediada por interpretações da psicologia do self, o que enfraquece seu potencial de diálogo com a psicanálise clássica.


Os pontos mais fortes do livro estão na exploração das sobreposições entre o Zen e algumas concepções da psicanálise do self e interrelacional. Magid argumenta que tanto o Zen quanto a psicanálise desafiam nossas fantasias de ganho e perfectibilidade. A prática meditativa, assim como a análise, envolve uma aceitação radical da vida como ela é, com suas lacunas, contingências e potencialidades. Esse aspecto é profundamente psicanalítico: reconhecer o furo na estrutura subjetiva e encontrar um modo ético de viver com ele. E sua ênfase, “a mente comum é o caminho”, reflete a simplicidade do Zen como prática de aceitação do cotidiano e ressoa com o esforço psicanalítico de possibilitar ao sujeito o encontro com o bem-dizer, ou seja, uma ética de reconciliação com sua singularidade.


“Mente comum” oferece uma visão instigante da interface entre Zen e psicanálise, mas sua contribuição é limitada pelo desconhecimento de autores fundamentais da psicanálise contemporânea que parecem ausentes no cenário estadunidense de Magid. A rejeição implícita de Lacan e a crítica superficial a Bion e Freud empobrecem o diálogo proposto por ele na capa do livro.


Por fim, o livro reflete mais um esforço de fertilização cruzada entre Zen e psicologia do self do que um diálogo robusto com a psicanálise. Ainda assim, “Mente comum” merece atenção por sua sensibilidade à prática cotidiana e por questionar concepções reducionistas sobre sofrimento e transformação pessoal. É uma leitura que desafia tanto psicanalistas quanto praticantes de Zen — e também de outros saberes espiritualistas — a repensarem suas práticas à luz de uma aceitação mais radical da condição humana, trágica e belíssima.


Em apertada síntese, “Mente comum” é um convite ao encontro entre duas tradições e, apesar de suas lacunas teóricas, Barry Magid oferece reflexões valiosas sobre o abandono de fantasias idealizadas de cura ou iluminação, propondo uma prática centrada na vida tal como ela é. Para aqueles interessados na interseção entre espiritualidade e psicanálise, o livro é instigante, mas requer uma leitura crítica e complementar para preencher os pontos cegos deixados pelo autor.



Barry Magid, MD, é psiquiatra, psicanalista e professor Zen que atua e ensina na cidade de Nova York.


Marcio Sales SaraivaPesquisador, professor, escritor e Doutor em Psicossociologia pela UFRJ com formação em Magistério, História, Sociologia e Filosofia. 



Segue o vídeo do quadro #FalandonIsso
do Professor Psicanalista Christian Dunker
que propõe uma conversa sobre
o tema Psicanálise e o Zen 



Em contraparte um vídeo do 
Professor no Zen Genshô Sensei
que responde se existe alguma semelhança
entre a psicanálise e o budismo.

BRASIL, A NAÇÃO ANSIOSA!

Texto de Carol Castro



A psiquiatra Márcia Morikawa recebeu em seu consultório, na cidade de São Paulo, um paciente de 11 anos com fobia de elevador, um tipo específico de transtorno de ansiedade. Quando ela conferiu o tempo de uso das redes sociais no celular do pré-adolescente, um choque: o garoto passava seis horas por dia só no TikTok. “Se ele fica cinco horas na escola, dorme outras oito e passa mais seis horas no aplicativo, não sobra tempo para mais nada”, relata a psiquiatra.

O caso exemplifica um hábito bem brasileiro. Segundo a pesquisa Digital 2024: Global Overview Report, somos o terceiro país que mais usa as redes sociais no mundo, com uma média diária de 3 horas e 37 minutos. E o tempo em frente às telas se traduz em dados alarmantes de ansiedade, frente ao Brasil no topo do ranking dos países com o maior índice do transtorno. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 19 milhões de brasileiros sofrem com transtornos de ansiedade, o que equivale a 9,3% da população.

O dado mais recente, no entanto, mostra algo inédito — e preocupante: pela primeira vez, os casos de ansiedade entre crianças e adolescentes superam os de adultos. O jornal Folha de S.Paulo fez um levantamento com base nos números de atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2013 e 2023. Enquanto 112,5 a cada 100 mil adultos que apresentavam sintomas de ansiedade foram atendidos, esse número era de 125,8 a cada 100 mil na parcela de crianças de 10 a 14 anos. Entre adolescentes de 15 a 18 anos, a situação era ainda mais grave: 157 a cada 100 mil. A quadro presente nos mais jovens piorou, segundo a pesquisa, a partir dos anos 2000, justamente com a popularização dos smartphones e das redes sociais.

Outra pesquisa, desta vez do Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, mostra que apesar do desconforto, há pouca assistência. Neste levantamento, 68% dos brasileiros relatam sentimento de nervosismo, ansiedade e tensão, mas 55,8% nunca procurou um profissional da saúde para lidar com questões relacionadas a transtornos de ansiedade. Ao todo, 26% dos brasileiros relatam que foram diagnosticados com transtorno de ansiedade e a busca por ajuda tem o fator gênero como diferencial: 65,4% dos homens alegam não terem procurado um profissional para lidar com questões relacionadas à ansiedade.

Desconectem-se -  O tema, no entanto, não é exclusividade nacional. Nesse movimento de alerta sobre as consequências do uso desenfreado de celulares, o psicólogo Jonathan Haidt, professor na New York University, defende que os aparelhos sejam banidos da infância. Ele é autor do livro A geração ansiosa: como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais, best-seller nos Estados Unidos com data de publicação no Brasil em julho deste ano, pela Cia. das Letras.


Segundo Haidt, a tecnologia afasta as crianças da vida real. Assim, ele sugere quatro soluções: acesso ao smartphone apenas quando ingressarem no ensino médio; nada de celulares na escola; proibição de redes sociais para menores de 16 anos; e mais independência, responsabilidade e brincadeiras às crianças. “Normalmente, as questões científicas foram enquadradas de forma um tanto restrita para torná-las mais fáceis de abordar com dados. Por exemplo, os adolescentes que consomem mais mídias sociais têm níveis maiores de depressão? Usar smartphone antes de dormir interfere no sono?”, escreveu Haidt em artigo para a revista The Atlantic. “As respostas a essas questões, geralmente, são ‘sim’, embora o tamanho dessa relação seja estatisticamente pequena. Isso levou alguns pesquisadores a concluir que as novas tecnologias não são responsáveis pelo gigante aumento de doenças mentais que começou no início dos anos 2010”, alerta. De acordo com o professor, a infância baseada no celular, que tomou forma há 12 anos, está deixando os jovens doentes e bloqueando o progresso para que floresçam na vida adulta. A reivindicação do psicólogo é precisa: “Precisamos de uma dramática correção cultural, e precisamos disso agora”.

Haidt já influenciou algumas milhares de pessoas mundo afora. Nos Estados Unidos, o movimento Wait Until 8th (“Espere até o Oitavo Ano”, em tradução livre) já reuniu mais de 50 mil famílias. Na Inglaterra, outras 60 mil famílias se engajaram no Smartphone Free Childhood (ou “Infância sem Smparthone”). No Brasil, pais e mães criaram o grupo Desconecta, que propõe um pacto: presentear os filhos com celulares somente depois dos 14 anos e liberar o acesso às redes sociais a partir dos 16. O movimento nasceu em abril, quando algumas pessoas não conseguiam afastar os rebentos do uso excessivo do aparelho. Para isso, era preciso que outras crianças também estivessem na mesma situação. Daí nasceu a proposta de ações coletivas para a conscientização de pais e filhos.

“Quando as crianças estão com o celular, elas deixam de interagir socialmente, deixam de brincar e de ampliar as regulações emocionais que têm nas vivências reais. O aparelho transforma essas vivências em artificiais”, explica a psicóloga Desiree Cordeiro, que faz parte do grupo de mães do Desconecta. “Não se trata de alienar as crianças da tecnologia, que existe e faz parte da nossa vida. É ensiná-las a lidar com essas ferramentas de forma saudável. Se adotarmos o ‘Eu não tenho, e você tem’, a criança será excluída. Então, é preciso que todos tenham o acesso restrito.”

Enquanto grupos da sociedade civil se articulam, alguns governos também se posicionam na discussão. No início do ano, o Estado da Flórida, nos Estados Unidos, proibiu o uso de redes sociais para menores de 14 anos. Na cidade do Rio de Janeiro, alunos da rede municipal de ensino não podem mais usar o celular nem mesmo durante o recreio. Em São Paulo, a Assembleia Legislativa já discute se vai banir ou não a entrada dos dispositivos nas escolas privadas e públicas do Estado.

O que diz a ciência - Importante lembrar que é sempre necessário contextualizar realidades antes de compará-las. O uso excessivo de mídias sociais não é a única causa para o alto índice de ansiedade em terras nacionais. Insegurança quanto ao futuro, desigualdade social e crise climática também prejudicam a saúde mental dos brasileiros. “Além dessas questões, ainda temos uma cultura de gastos irreal frente aos salários, bem como uma educação financeira ruim e um desejo de consumo — por exemplo, de um iPhone de última geração — mesmo sem ganhar o suficiente para isso”, pondera a psiquiatra Márcia.

No entanto, uma série de estudos aponta que internet descomedida entra como um ingrediente extra e poderoso na receita que nutre uma população ansiosa, ainda que não haja uma relação causal direta entre os fatores. O estudo “Upward social comparisons and posting under the influence: Investigating social media behaviors of U.S. adults with Generalized Anxiety Disorder” (“Comparações sociais e postagens: investigando comportamentos de mídia social de adultos dos EUA com transtorno de ansiedade generalizada”, em tradução livre), de um grupo de pesquisados das universidades de Nevada, Texas e Louisiana, ao avaliar o consumo das redes por pessoas com transtorno generalizado de ansiedade, concluiu que a maior parte era viciada em mídias sociais. E como consequência da “cultura do like”, comparavam as próprias vidas com a de terceiros muito mais do que o restante dos participantes do estudo. Quem sofria de ansiedade também tendia a se chatear mais quando perdia algum seguidor.

Uma revisão de estudos já publicados feita por pesquisadores da Universidade King’s College, de Londres, concluiu que existe uma correlação entre o uso de redes sociais por adolescentes e casos de estresse, depressão e ansiedade. Contudo, também alertaram que ainda há “fatores pouco explorados que possam explicar essa relação”. Como em todo vício, o sistema de recompensa do cérebro é ativado durante uma interação bem-sucedida ou um post cheio de curtidas. Quando a expectativa não se concretiza, vem a ansiedade — e a busca por novos likes. “As consequências são ainda piores para os jovens, que ainda têm um cérebro em desenvolvimento. São mais impulsivos, ainda aprendendo a se regularem emocionalmente, e mais intolerantes à frustração”, explica Márcia. “Quanto maior o consumo de redes sociais, maior a liberação de dopamina. E isso faz com que eles queiram consumir cada vez mais esse conteúdo, principalmente vídeos curtos, reels e shorts do YouTube, porque a sensação de recompensa imediata é maior.”

Além da saúde mental, diante do aumento dos casos de ansiedade e depressão entre os jovens, a psiquiatra alerta para a redução na capacidade de atenção entre crianças e adolescentes. Ela cita uma pesquisa que, em 2015, já apontava que, desde 2000, essa capacidade havia caído de 12 para 8 segundos. “Hoje, provavelmente, isso está ainda mais reduzido”, reforça Márcia.

Como traumas de infância afetam a saúde ao longo da vida!

 Como traumas de infância afetam a saúde ao longo da vida
- Palestra de Nadine Burke Harris* para a TEDMED em Setembro de 2014.


Traumas de infância não são algo que se supera quando se cresce.

A pediatra Nadine Burke Harris explica que o estresse constante da violência, da negligência e dos pais que sofrem de alguma doença mental ou de problemas como dependência química têm efeitos reais e tangíveis no desenvolvimento do cérebro. Isso se estende por toda a vida, ao ponto daqueles que passaram por altos níveis de trauma, tendo três vezes mais risco de desenvolver doenças cardíacas e câncer de pulmão. É um apelo apaixonado para que a medicina pediátrica encare a prevenção e o tratamento de traumas, de frente. Segue a transcrição de sua palestra ao TEDMED em Setembro de 2014.



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Em meados da década de 1990, o CDC (“Centros de Controle e Prevenção de Doenças” - em inglês: Centers for Disease Control and Prevention - agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos) e a Kaiser Permanente (um dos maiores planos de saúde sem fins lucrativos dos Estados Unidos) descobriu um tipo de exposição que aumentou significativamente o risco de sete das dez principais causas de morte nos Estados Unidos.

Em altas doses ela afeta o desenvolvimento do cérebro, do sistema imunológico, do sistema endócrino e até da forma como nosso DNA é lido e replicado.

Pessoas expostas a doses muito altas têm três vezes mais risco de morrer de doenças cardíacas e de câncer de pulmão e têm uma redução de 20 anos em sua expectativa de vida.

E ainda hoje, os médicos não estão preparados para exames de rotina e tratamento para ela. A exposição a que me refiro não é um pesticida ou um produto químico contido em embalagens, mas a traumas de infância.


Certo. Que tipo de trauma estou falando aqui? Não estou falando de ir mal em uma prova ou perder uma partida de basquete. Estou falando de ameaças tão graves e penetrantes que literalmente se infiltram em nosso corpo e mudam nossa fisiologia: coisas como violência e negligência, ou ser criado por pais que sofrem de alguma doença mental ou de dependência química.


Bem, por muito tempo, eu via essas coisas da forma como fui ensinada e vê-las: ou como um problema social -- encaminhar ao serviço social -- ou como um problema de saúde mental -- encaminhar ao serviço de saúde mental.

Então, algo aconteceu e me fez compensar toda a minha abordagem. Ao terminar minha residência, eu queria ir aonde realmente precisassem de mim, a onde eu poderia fazer diferença. Então fui trabalhar no Califórnia Pacific Medical Center, um dos melhores hospitais particulares do norte da Califórnia, e juntos abrimos uma clínica em Bayview-Hunters Point, uma das regiões mais pobres e carentes de São Francisco.

Mas, antes disso, só havia um pediatra em toda Bayview, para atender mais de 10 mil crianças. Então, abrimos um consultório particular e oferecemos atendimento de primeira, mesmo a quem não poderia pagar. Era muito legal e nosso alvo eram as disparidades de saúde típicas: acesso à saúde, taxas de imunização, taxas de hospitalização de asmáticos, e ótimos resultados em todos. Ficamos muito orgulhosos.


Mas aí comecei a notar uma tendência preocupante. Diversas crianças estavam sendo encaminhadas a mim com TDAH, ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, mas quando eu fiz todos os exames e analisei todo o histórico delas, eu descobri que, a maioria dos meus pacientes não poderia receber um diagnóstico de TDAH. A maioria das crianças que eu recebia havia passado por tantos traumas graves que eu senti que outra coisa estava acontecendo. De alguma forma, eu estava deixando passar algum detalhe importante.


Antes de fazer minha residência, fiz um mestrado em saúde pública, é uma das coisas que você aprende na escola de saúde pública é que, se você é médico e vê 100 crianças que bebem todas do mesmo poço e 98 delas apresentam diarreia, você pode, sem hesitar, prescrever diversas doses de antibióticos, ou você pode ir até lá e perguntar: "Que diabos há com este poço?" Então comecei a ler tudo que eu poderia sobre como a exposição a adversidades afeta o cérebro e o corpo no desenvolvimento dessas crianças.


Então, um dia, um colega entrou em meu consultório e disse: "Dra. Burke, você já viu isso?" Ele tinha nas mãos uma cópia de uma pesquisa chamada de Estudo de Experiências Adversas na Infância. Aquele dia mudou minha prática clínica e, por fim, minha carreira.


O Estudo de Experiências Adversas na Infância é algo que todos precisam conhecer. Ele foi conduzido pelo Dr. Vince Felitti na Kaiser, e pelo Dr. Bob Anda, juntos eles perguntaram a 17.500 adultos sobre seu histórico de exposição àquilo que chamaram de "experiências adversárias na infância", ou EAI, que incluem violência sexual, física ou emocional; negligência física ou emocional; doenças mentais, dependência química ou prisão dos pais; separação ou índice dos pais; ou violência doméstica.

Ali se montou um questionário onde se perguntava a presença ou não destes eventos na vida dessa criança.

Para cada "sim" que a criança respondia sobre esses eventos se colocava um ponto no seu quadro de EAI. Então, eles se correlacionaram as taxas de EAI e os resultados na saúde.

O que eles descobriram foi impressionante.

Duas coisas:

- Primeiro, as EAIs são extremamente comuns: Sessenta e sete por cento da população tinham pelo menos uma EAI, e 12,6%, uma em cada oito, tinham quatro ou mais EAIs.


- Segundo: Havia uma relação dose-reação entre as EAIs e os resultados na saúde! Quanto maior a pontuação da EAI, piores os resultados na saúde.


º Para uma pessoa com uma pontuação de EAI de quatro ou mais, o risco relativo de doença obstrutiva crônica dos pulmões era 2,5 vezes maior que o de alguém com uma pontuação zero de EAI.


º Para hepatite, também era 2,5 vezes maior. Para depressão, era 4,5 vezes maior.


º Para o suicídio, foi 12 vezes maior.


º Uma pessoa com uma pontuação de EAI de sete ou mais tinha três vezes mais risco de morrer de câncer de pulmão e


º Uma pessoa com uma pontuação de EAI de sete ou mais tinha  3,5 vezes mais risco de isquemia cardíaca, a principal causa de morte nos Estados Unidos.


Bem, é claro que faz sentido. Alguns viram esses dados e disseram: "Qual é! Se você tem uma infância difícil, fica mais propenso a fumar, beber e fazer diversas coisas que vão arruinar sua saúde. Isso não é ciência. É apenas comportamento ruim”.

Mas é exatamente aí que a ciência entra. Hoje entendemos mais do que nunca como a exposição precoce às adversidades afeta o desenvolvimento do cérebro e do corpo das crianças.

Afeta áreas como o núcleo accumbens, o centro de prazer e de recompensa do cérebro, que está envolvido no processo de dependência química.

Ele inicia o córtex pré-frontal, necessário para o controle de impulso e da função executora, uma região crucial para o aprendizado.

E, em ressonâncias magnéticas, vemos mudanças significativas na amígdala, o centro de ocorrência ao medo do cérebro. Então, há de fato razões neurológicas por que pessoas expostas a altas doses de adversidade são mais propensas a apresentar comportamento de alto risco, e é importante saber isso.

Mas ocorre que, mesmo que você não adote comportamentos de alto risco, ainda será mais propenso a desenvolver doenças cardíacas ou câncer. O motivo tem a ver com o eixo hipotálamo-pituitário-adrenal, o sistema de ocorrência ao estresse do corpo e do cérebro, que comandou nossa ocorrência de "luta ou fuga".

Como ele funciona? Bem, imagine que você está caminhando em uma floresta e vendo um urso. predominantemente, seu hipotálamo envia um sinal à sua glândula pituitária, que envia um sinal à sua glândula adrenal que diz: "Libere hormônios do estresse! Adrenalina! Cortisol!"

Então, seu coração começa a acelerar, suas pupilas se dilatam, suas vias aéreas se expandem e você fica pronto tanto para lutar com o urso quanto para correr dele. E isso é maravilhoso, se você estiver numa floresta e avistar um urso.

Mas o problema é o que acontece quando o urso aparece toda noite e esse sistema é ativado repetidas vezes, deixando de ser adaptável, ou de salvar a vida, para ser mal adaptado ou prejudicial à saúde.

As crianças são especialmente sensíveis a essa ativação repetitiva por estresse, porque seu cérebro e corpo ainda estão se desenvolvendo. Altas doses de adversidade não afetam apenas a estrutura e as funções específicas, mas também o sistema imunológico em desenvolvimento, o sistema endócrino em desenvolvimento e até a forma como nosso DNA é lido e replicado.


Para mim, esta informação divulgada pela batia com o que eu havia aprendido, porque, quando entendemos o mecanismo de uma doença, quando sabemos não apenas que partes estão danificadas, mas de que forma, é nossa função, como médicos, usar essa ciência para a prevenção e o tratamento. Esse é o nosso trabalho.


Em São Francisco, criamos o Centro para o Bem-estar da Juventude para prevenir, diagnosticar e curar o impacto das EAIs e do estresse tóxico. Começamos apenas com exames de rotina em todas as nossas crianças, em suas consultas de rotina, porque sei que, se meu paciente tem uma pontuação quatro de EAI, ela é 2,5 vezes mais propensa a desenvolver hepatite ou DOCP, ela é 4,5 vezes mais propensa a ficar deprimida e ela é 12 vezes mais propensa a tirar a própria vida que meus pacientes com nota zero de EAI.

Eu sei disso quando ela está em meu consultório. Para os pacientes que apresentam resultado positivo, temos uma equipe multidisciplinar que atua para reduzir a dose de adversidade e tratar os sintomas com as melhores técnicas, que inclui visitas domiciliares, coordenação de cuidados, assistência psiquiátrica, nutrição, disciplinas holísticas e, sim, medicação quando necessário.

Também instruímos os pais sobre o impacto das EAIs e do estresse tóxico da mesma forma como se ensina sobre fechar tomadas elétricas e sobre envenenamento por chumbo, e adaptamos os cuidados com nossos asmáticos e diabéticos de forma a considerar que talvez eles precisam de um tratamento mais agressivo, dada às mudanças em seus sistemas endócrinos e imunológicos.

Outra coisa que acontece quando entendemos essa ciência é querermos gritá-la aos quatro cantos, porque esse não é um problema só das crianças de Bayview. Eu percebi que, logo que todos tomassem conhecimento disso, haveria exames de rotina, equipes de tratamento multidisciplinares e teria uma corrida para os protocolos mais eficazes de tratamento clínico.

Pois é... Mas não foi assim que aconteceu. E foi um grande aprendizado para mim. Aquilo que pensei ser simplesmente a melhor prática clínica hoje exigia uma mudança de atitude.

Nas palavras do Dr. Robert Block, ex-presidente da Academia Americana de Pediatria, "As experiências adversárias na infância são a maior ameaça à saúde pública não combatida que nossa nação enfrenta hoje”. E, para muitas pessoas, esse é um panorama terrível. A escala e o alcance do problema parecem tão grandes que parecem difíceis pensar em como vamos lidar com isso.

Mas, para mim, é aí que mora a esperança, porque, quando tivermos a estrutura correta, quando considerarmos isso como uma crise de saúde pública, podemos então usar as ferramentas certas para gerar soluções. Do fumo, ao envenenamento por chumbo, ao HIV/AIDS, os Estados Unidos na verdade têm um histórico bem forte de enfrentamento de problemas de saúde pública, mas repetir esse histórico de sucesso com as EAIs e com o estresse tóxico exigirá determinação e comprometimento, e ao observar a ocorrência de nossa nação até agora, eu me pareço: "Por que ainda não levamos isso mais a sério?"

Sabe, no início eu descobri que não dávamos importância à questão por não se aplicar a nós, que era um problema hereditário das crianças e dos lugares onde vivem, o que é estranho, porque os dados não mostram isso.

O estudo original das EAIs foi realizado com uma população em que 70% eram brancos, 70% tinham nível superior. Mas, depois, ao conversar mais com as pessoas, comecei a achar que talvez eu tivesse feito tudo ao contrário. Se eu perguntar-se quantas pessoas nesta sala foram criados com um familiar que tinha alguma doença mental, aposto que alguns levantariam a mão. E se eu perguntar-se quantos tiveram pais que bebiam demais ou que acreditavam que se você não batesse na criança você a estragaria, aposto que mais algumas pessoas levantariam a mão. Mesmo nesta sala esse problema atinge muitos de nós e começo a acreditar que não damos importância a esse problema porque ele de fato se aplica a nós. Talvez seja mais fácil enxergá-lo em outras regiões porque não queremos encará-lo. Preferimos ficar doentes.


Felizmente, avanços científicos e, honestamente, realidades econômicas tornam essa opção menos viável a cada dia. A ciência é clara: adversidades na infância afetam significativamente a saúde ao longo da vida. Hoje, estamos começando a entender como intercalar a progressão da adversidade na infância para a doença e a morte precoce e, daqui a 30 anos, uma criança que tenha uma pontuação alta de EAI, sintomas de comportamento não apresentados anteriormente, cujo controle da asma não está correlacionado e que acabe desenvolvendo hipertensão e doença cardíaca e câncer precocemente serão tão incomuns quanto alguém com uma sobrevida de seis meses para o HIV/AIDS.

As pessoas verão essa situação e dirão: "Que diabos aconteceu?" Isso é tratável. É possível combatermos isso. A coisa mais importante do que precisamos hoje é a coragem de enfrentar esse problema é considerar que ele existe e que afeta todos nós. Acredito que nós somos uma mudança.


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* Nadine Burke Harris - pediatra Canadense-americana renomada por seu trabalho pioneiro na área da saúde infantil, mais especificamente no estudo dos efeitos da adversidade na infância no desenvolvimento a longo prazo da saúde. Considerada figura fundamental na sua área e tem dedicado sua vida em transformar a forma como cuidamos das crianças e das famílias. Seu trabalho tem inspirado profissionais de saúde, educadores, legisladores e a sociedade civil em geral a reconhecer a importância de promover a saúde e o bem-estar das crianças desde os primeiros anos de vida.

Autora do livro "Mal Profundo", onde ela narra sua jornada de descobertas e pesquisas, oferecendo ao público uma compreensão mais profunda sobre como os traumas da infância podem afetar nossa saúde e como podemos romper esse ciclo.

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