Antes peço que me perdoem se me repito,
mas é preciso lembrar que eu, Islan, não sou uma fonte confiável de crítica a
novela "Joia Rara", por dois motivos que sempre tentei deixar
claro:
- Não tenho a adequada formação na cultura
Budista;
- Não assisto novelas em geral.
Ainda assim, como um interessado, praticante leigo, leitor e estudante independente, considero que esta novela: "Joia Rara" é uma ótima oportunidade de divulgar e até DESmistifica a prática Budista Brasileira.
Mas é preciso ressaltar: VÃO OCORRER EQUÍVOCOS DE INTERPRETAÇÃO e não cabe a novela elucida-los.
EXISTEM BUDISTA BRASILEIROS praticando
em público ou de forma privada em um grande número hoje. O que parece
surpreender tanto os praticantes de outras religiões quanto muitos dos próprios
praticantes Budistas também.
Infelizmente o Brasil edificou nos
últimos 30 anos o hábito de transpor uma função de "didatismo" a um
instrumento útil, mas com uma vocação voltada para o entretenimento.
Compliquei? Vamos de novo: "TV pode ser ferramenta de ensino
MAS É FUNDAMENTALMENTE ENTRETENIMENTO". Não tem a OBRIGAÇÃO de ensinar ou
CORRIGIR nada. Nem deve ser tratada como tal, uma ferramenta de
entretenimento.
Uma novela é uma ficção que busca
distrair e emocionar. E uma empresa de televisão vive de LUCRO obtido com a
divulgação de produtos apresentados a um público massivo. Mesmo que para isto
criem monges com poderes paranormais ao estilo "Xico Xavier" ou o
"Monge aprova de balas" isto
trará o Busimo a discussão e DIVULGAÇÃO... Mais pessoas descobrirão que
existem budistas Brasileiros e isto pode ser útil ao Darma, pois quando tiverem
contato com estes, AÍ SIM, terão suas impressões e dúvidas sanadas...
Publicado pela Monja Isshin
setembro 17, 2013
Foram publicadas três entrevistas no dia 13 de setembro na página “Comportamento” do Jornal “O Tempo” (Belo Horizonte, MG) sobre a novela “Joia Rara”, que entrou no ar recentemente no ar, produzida pela Rede Globo. Foram entrevistados o Rev. Prof. Joaquim Monteiro, a Lama Sherab e a Monja Isshin:
Equívocos da novela ‘Joia Rara’
Monjas e especialista mostram conceitos usados erroneamente na atração que estreia no dia 16; interpretações sobre reencarnação e renascimento são o foco central
Por Ana Elizabeth Diniz
Especial para o jornal
O TEMPO
Tenzin Gyatso, o 14º dalai lama, líder espiritual tibetano, é considerado a reencarnação do bodisatyva da compaixão. É também visto como a manifestação de Chenrezig, na verdade o septuagésimo quarto numa linhagem que pode ser seguida até um menino brâmane que viveu na época de Buddha Shakyamuni.
“Frequentemente me perguntam se eu realmente acredito nisso. Não é simples responder. Mas quando levo em conta minha experiência nessa vida atual e minhas crenças budistas, não tenho nenhuma dificuldade em aceitar que eu estou conectado espiritualmente aos 13 dalai-lamas precedentes, a Chenrezig e ao próprio Buda”, disse ele, certa vez.
Inspiradas nessa história de reencarnação e em outras, as diretoras Thelma Guedes e Duca Rachid escreveram “Joia Rara”, próxima novela das 18h, que vai ao ar no dia 16. Nela, Mel Maia dá vida a Pérola, menina pura e preciosa que é a reencarnação de Ananda, vivido por Nelson Xavier, um líder espiritual budista.
Engana-se quem acredita que a reencarnação é um consenso dentro da filosofia budista. Segundo a monja Isshin Havens sensei, missionária internacional oficial do Soto Zen Budismo e líder do Jisui Zendô Sanga Águas da Compaixão, em Porto Alegre, “o budismo considera que não existe algo fixo, concreto, permanente, que se chamaria de alma, como se fosse uma pedrinha que vai de uma vida para outra, sendo polida, ou como se um motorista tivesse simplesmente trocado de carro”.
A monja comenta que hoje ela não tem mais nada a ver com aquela criancinha de três anos que ela foi um dia. “Mudou tudo, não trago mais em mim nenhum átomo daqueles, todos os meus pensamentos mudaram. A isso damos o nome de impermanência”.
Tudo muda e se transforma o tempo todo. Para os budistas, quando o homem entende o conceito de impermanência, elimina os apegos que geram o sofrimento. “O que pode continuar depois da morte é o fluxo de consciência que não é sólido. É a energia vital em movimento. São nossas ações positivas e negativas que criam um magnetismo que mantém essa consciência. O que vai eventualmente para outro renascimento é esse fluxo mental, a energia cármica, que guarda a somatória dos efeitos de todas as ações do passado”.
Monja Isshin explica que as memórias são voláteis. “Quando o corpo morre, esse fluxo de consciência vai se transformando, mas não é exatamente a continuação daquela pessoa. No zen, não falamos desse universo posterior. Focamos nossa atenção apenas nesta vida. Quando ficamos especulando sobre o que vem depois, desviamos nossa atenção sobre nosso trabalho aqui e agora, que é a libertação de todo sofrimento. Não temos como comprovar nada, tudo é especulação. Nos recusamos a falar se Deus existe ou não, mas não porque somos ateístas. Estamos renascendo milhares de vezes por segundo, e isso é tudo”, finaliza a monja.
Joaquim Antônio Bernardes Carneiro Monteiro, 57, doutor em estudos budistas pela Universidade de Komazawa, no Japão, e ministro de darma no budismo da Terra Pura (corrente do budismo japonês) está temerário sobre como a filosofia de Buda será abordada na novela “Joia Rara”.
“Esse é um tema de complexidade extraordinária, e não acredito que qualquer roteirista tenha a mínima noção do que se trata. Não vejo na TV Globo a capacidade de articular, em uma linguagem de novela, um discurso minimamente consequente sobre o assunto. Não percebo nada que seja vagamente parecido com o budismo”, alerta Joaquim.
Para ele, usar o termo reencarnação é um erro. “O budismo tem ideias como a impermanência e a insubstancialidade e não há como aceitar a ideia de uma mesma substância que se encarna, daí o termo renascimento”.
Para facilitar o entendimento sobre o tema, o especialista faz uma comparação usando as letras do alfabeto. “Sob a perspectiva da reencarnação, a letra A será sempre a mesma letra, mas muda de corpo, de roupagem. Pela ótica do renascimento, a letra A seria todo um conjunto de propensões mentais presentes no momento da morte e que vão provocar no futuro o surgimento de B, que surge em dependência causal de A. Existe um fluxo mental que tem independência relativa do corpo e não cessa com a morte. Não há coisas que sejam idênticas. O corpo morre, mas a mente é intangível”, finaliza. (AED)
Lama Sherab Drolma, 50, é professora do templo de budismo tibetano Chagdud Gonpa Khadro Ling, em Três Coroas, no Rio Grande do Sul.Ela avalia que a novela “Joia Rara” talvez aponte um novo caminho para as pessoas. “Elas poderão se interessar pela filosofia budista que mostra como lidar com as emoções e a felicidade interna. Por outro lado, será muito difícil que uma novela possa transmitir princípios e ensinamentos tão complexos, de maneira correta e clara. Esse não é um processo rápido e nem fácil”.
Lama Sherab explica que tulku é um termo tibetano que significa reencarnação. “Nesse contexto, tulku é aplicado apenas para os mestres espirituais, pessoas que têm a capacidade de escolher o lugar, a família e as experiências que deseja viver em seu próximo renascimento. Ao contrário, as pessoas comuns vão renascer, mas em função do seu carma. Quando o corpo físico morre, a mente ou consciência sobrevive e reencarna em um novo corpo”.
Sidarta Gautama, o Buda, conseguiu se libertar desse ciclo, alcançou o estado de iluminação e deixou ensinamentos e métodos para mostrar que todas as pessoas podem atingir essa liberação.
fonte:. Equívocos da novela ‘Joia Rara’ . Tema é inviável para o formato. Mente reencarna em novo corpo após morte
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