Freud, em 1905 descreveu sua percepção sobre como se dava o desenvolvimento humano. Para ele, a evuloção da neurologia humana desenvolvia a personalidade da pessoa. Não existia distinção entre “o ser”que se desenvolvia e sua biologia. Nesse sentido Freud era Monista (não existe nada fora da mente…) e o mais importante: O desenvolvimento NATURAL era aquele onde o desenvolvimento PSICOSESXUAL cumpria suas etapas em toda sua formação desde a tenra idade. E esse era um pensamento incomum.
Freud apresentava a Medicina da época uma nova interpretação sobre eventos SEMPRE identificados pela própria medicina. Naturalmente a sexualidade vem JUNTO com todo o aparato neurológico. Sempre esteve presente e sempre se manifestou… O observador é que não tinha tido coragem de “olhar” o que estava vendo.
Se hoje é difícil fazer um adulto de 2022 entender que “o esfregar a gengiva contra a própria mão” em um bebê usa as MESMAS ferramentas neurológicas e FUNDAMENTA respostas que serão usadas no beijo intenso e sexual do mesmo indivíduo quando adulto… imagina no fim do século XIX.
A NEGAÇÃO diante da interpretação de que os estímulos de prazer e desprazer de um recém-nascido vão se ressignificando e evoluindo na medida que a criança cresce MAS NUNCA deixam de existir… chocou os seus pares médicos e choca muitos adultos até hoje.
Se era inaceitável imaginar que existe NATURALMENTE alguma semente de sexualidade em crianças, imagina especular que TODO o Universo para a criança recém nascida é AUTO REFERENCIAL E AUTOERÓTICO!
Aliás, usar as palavras “criança recém-nascida” e “autoerótica” na mesma frase era motivo de cadeia.
Pensar que a boa relação experiencial da vivência corpórea infantil gera pessoas saudáveis. Que as fixações por ausências ou sobrecargas em alguma das fases geram pessoas com problemas complexos, instabilidades e sofrimento era inacreditável.
Embora seja preciso alguma clareza para entender a Fase Oral que Freud apresenta, esta Fase se apresenta razoavelmente entendida pela simples observação da sofreguidão e dedicação dos bebes nos dois primeiros anos em trazer tudo a boca.
Em outra medida, o próprio nome da Fase seguinte gera mais que desentendimento… gera desconforto. Hoje entender a Fase Anal já se tornou mais acadêmicamente aceitável… mas na época de Freud era um disparate.
Fase Anal
A partir dos dois anos SOMA-SE aos repertórios da criança um novo foco de atenção onde o prazer e o alívio tem uma nova forma! E é uma relação onde o “outro” (os pais, ou os que cuidam da criança) passa a participar do ensejo… Seja como espectador, seja como coadjuvante.
O controle do esfíncter anal e urinário é o novo centro da atenção, mas é a boa relação com o público que ajuda a significar esse momento.
Entenda, não é o fato de FAZER cocô! Isso a criança sempre fez.
A criança agora (sem ter consciência disso) percebe que a “atenção” dos pais (ou cuidadores) esta aumentada em relação ao QUANDO e ao COMO ela faz suas eliminações! Percebe a atenção desagradável dos pais de uma calça suja é maior que o desconforto de estar sujo… e a felicidade de “agradar” aos pais por evitar uma “troca da fralda” na ida para vaso… Descobre um tipo novo de prazer em fazer cocô… e TAMBÉM um novo prazer em NÃO fazer cocô imediatamente… em “guardar” para uma hora mais apropriada. E tem também o prazer do rito em fazer no local combinado…
A criança entende que O COCÔ É UMA EXTENSÃO DE SÍ!
É sua obra!
Mas, ao mesmo tempo que é um alívio eliminar o cocô… é uma perda… pois é uma parte sua.
Uma forma de AMBIVALÊNCIA SE FORMA ENTRE O QUE ELE FAZ E O QUE DEIXA PARA TRÁS.
Existem em uma mesma fase transbordos de emoções e construções psicológicas importantes:
1º Esse sentimento NARCÍSICO (de apego) de ter essa “capacidade de produzir”;
2º Se transforma em um “sentimento de amor” ao perceber que o que ele faz seja atrativo e de interesse aos/dos pais (nessa fase o cocô é um presente aos pais);
3º a ambivalência do receio de decepcionar os que ama por não fazer na hora ou local corretos por não ter controle sobre o próprio corpo;
4º uma nova forma de prazer e forma de orgulho diante do autocontrole que acaba sendo construído;
Tudo isso sendo vivenciado (mais ou menos) entre os dois anos e os quatro anos de idade.
Na sociedade ocidental esta fase está muito ligada ao convívio social. Crianças são tratadas de forma diferente quando entram no que é modernamente chamado de “desfralde”. Expostas a outras crianças com muito mais frequência… Mas em todas as sociedades o controle dos esfíncteres é parte constitutiva do amadurecimento emocional do bebe.
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Mas e DEPOIS?
Freud entendia que as características adultas que estão associadas à fixação parcial na fase anal são: ordem, parcimônia e obstinação.
Sim, o simples desenvolvimento dos esfíncteres serão BASE para esses três traços na vida adulta. Geralmente são encontrados juntos. Freud fala do "caráter anal" cujo comportamento está intimamente ligado a experiências sofridas durante esta época da infância.
Parte da confusão que pode acompanhar a fase anal é a aparente contradição entre o pródigo elogio e o reconhecimento, por um lado e, por outro a idéia de que ir ao banheiro é "sujo" e deveria ser guardado em segredo.
A criança não consegue compreender inicialmente que suas fezes e urina não sejam “apreciadas” PELOS OUTROS. As crianças pequenas gostam de observar suas fezes na privada, na hora de dar a descarga, e com freqüência acenam e dizem-lhes adeus. Não é raro uma criança oferecer como presente a seu pai ou mãe parte de suas fezes. Tendo sido elogiada por produzi-las, a criança pode surpreender-se ou confundir-se no caso de seus pais reagirem ao presente com repugnância. Nenhuma área da vida contemporânea é tão carregada de proibições e tabus como a área que lida com o treinamento da higiene e comportamentos típicos da fase anal.
Fonte: "Teorias da Personalidade" ~ James Fadigman e Robert Frager
A fase anal
À medida que a criança cresce, novas áreas de tensão e satisfação chegam à consciência. Entre as idades de 2 e 4 anos, as crianças geralmente aprendem a controlar o esfíncter anal e a bexiga. A criança presta especial atenção à urinação e à defecação. O treinamento higiênico estimula um interesse natural pela auto- descoberta. O aumento do controle fisiológico é acompanhado da percepção de que este controle é uma nova fonte de prazer. Além disso, as crianças rapidamente aprendem que o nível crescente de controle gera atenção e elogio dos pais. O inverso também ocorre: o interesse dos pais pelo treinamento higiênico permite à criança demandar atenção tanto pelo controle bem-sucedido quanto por erros.
As características adultas associadas à fixação parcial na fase anal são a excessiva disciplina, parcimônia e obstinação. Freud observou que estes três traços geralmente são vistos juntos. Ele fala do “caráter anal”, cujo comportamento pode estar ligado a difíceis experiências sofridas durante este período na infância.
Parte da confusão que pode acompanhar a fase anal se deve à aparente contradição entre o elogio e o reconhecimento generosos, por um lado, e a idéia de que a higiene íntima é “suja” e deve ser mantida em segredo, por outro. A criança inicialmente não entende que seus movimentos intestinais e sua urina não são valorizados. As crianças pequenas adoram ver as fezes desaparecendo pelo vaso sanitário quando se puxa a descarga, muitas vezes acenando ou dizendo adeus às suas evacuações. É comum que uma criança ofereça parte da evacuação aos pais como presente. Diante do elogio por tê-las produzido, a criança pode ficar surpresa e confusa se os pais reagem com nojo. Nenhum outro aspecto da vida contemporânea é tão sobrecarregado de proibições e tabus quanto a higiene íntima e os comporta- mentos típicos da fase anal.
Personalidade e Crescimento Pessoal ~ James Fadiman; Robert Frager
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Complemento:
É impossível entender a Teoria do desenvolvimento psicossexual sem ter alguma clareza do que é Libido (anseio/desejo), Pulsões (representante psíquico dos estímulos que se originam no corpo) e Sexualidade para Sigmund Freud!
MUITA, MUITA confusão ainda hoje nasce do entendimento inadequado destes três temas.
Sexualidade não é a mesma que existe na relação sexual dos adultos... mas as origens fundamentais do que MAIS TARDE se tornará referência para esta mesma sexualidade.
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Mas, de repente, o conceito de fixação também precise ser explicado: https://www.youtube.com/watch?v=ZrGWFghgrqE
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