Vídeos do Didatics resumindo os temas da PERSONALIDADE

Vídeos do Didatics resumindo os temas da PERSONALIDADE dentro de cada uma das teorias apresentadas em aula:



- O QUE É PERSONALIDADE? da série de vídeos “CONCEITOS EM PSICOLOGIA” da Didatics:


https://www.youtube.com/watch?v=QmnQ-p7JHa4



– A Teoria e a Estrutura da PERSONALIDADE para FREUD (ID, EGO, SUPEREGO)


https://www.youtube.com/watch?v=MZxykE_YihI&t=20s




– A teoria da PERSONALIDADE para JUNG na PSICOLOGIA ANALÍTICA


https://www.youtube.com/watch?v=y28W2naaI7Q&list=PLYb8MujOHWhCLtLc1DCKF-_lKw6PKIAXg



- A teoria da  PERSONALIDADE na Teoria HUMANISTA na Abordagem CENTRADA NA PESSOA de CARL ROGERS


https://www.youtube.com/watch?v=a0RYUICrnUE



- A teoria da  PERSONALIDADE na Teoria HUMANISTA conforme a TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA de MASLOW e a PIRÂMIDE DE NECESSIDADES 


https://www.youtube.com/watch?v=if_PvpV_JMQ

O construto de personalidade na perspectiva de Jung e sua Psicologia Analítica

Psicologia analítica é o termo designado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung para distinguir o seu método de interpretação da psique humana da metodologia da psicanálise de Sigmund Freud.

Jung, um dos mais profícuos alunos de Freud, em determinado momento se encontrou em um pesado dilema: Entendia que a pulsão de matriz sexual, ao contrário do que seu mestre assegurava, não contemplava todas as percepções que eram apresentadas por seus pacientes em terapia… Existiriam informações que tinha um teor transcendental. Que reivindicavam uma origem anterior à própria experiência do paciente.

Depois de muito conflito interno, Jung se afasta da tutela Freudiana e se dedica a explorar essas outras fontes do consciente e do inconsciente como um todo. Dava grande importância para as experiências simbólicas vividas por todas as pessoas e não apenas focava na história individual de cada um. Entendia que essas expressões oníricas e simbólicas estavam sendo alimentadas por mais que as pulsões individuais de origem sexual.

Jung entendia que era possível olhar para a humanidade por meio das mais variadas lentes, como religiosa, artística, intelectual… espiritual, entre outras, e todas tinham uma estrutura coletiva… Contínua e histórica.. que influencia o indivíduo. Estruturas, de certa forma hereditárias, norteiam as organizações internas da mente, lhe dando ambiente. Pano de fundo, para a história individual.

Ele reconheceu que as pessoas são influenciadas por fatores inconscientes, assim como Freud apontava, e que essas influências estão, geralmente, além de seu controle. Mas para Jung, diferente de Freud, fazem parte dessa ancestralidade e formam o inconsciente coletivo.

Existe também o inconsciente pessoal para jung, o qual contém todas as primeiras experiências vividas pelo indivíduo. Os eventos da primeira infância, em particular, causam grande impacto na psique humana.

Mas essa vivência usa de estruturas ancestrais: os arquétipos.

Pense desta forma: ANTES de aprender o que é o Número “UM” (1), você já tinha uma intuição, uma formulação latente do que era UNIDADE. Dessa noção de “unidade” associou-se todas as referências de “indivíduo”, de ser “único”, da qualidade de ser “uno”, e se transformou em o que não pode ser dividido… assim por diante.

Da mesma forma que ANTES de aprender o Número “DOIS” (2), você tinha uma pré concepção de “Dualidade”, de par, de casal, e estas pré formulações estruturam os conceitos de “opostos”, de que pode ser dividido, pluralizado… tudo antes das palavras existirem.

Jung acredita que assim como essas figuras primais existem heranças psicológicas, que resultaram das experiências de milhares de gerações de seres humanos no enfrentamento das situações cotidianas. As imagens dos arquétipos são encontradas em mitos, lendas, na literatura, nos filmes e até mesmo nos nossos sonhos.

No mesmo princípio do exemplo sobre os Números já citados existem figuras simbólicas arquetípicas: “O Sábio” que buscar a verdade por meio do conhecimento, “O Aventureiro” que busca por uma vida sem rotina e com autenticidade, “O Rebelde” que provocar e quebrar as regras vigentes, “O Mago” que é Intuitivo, visionário e inventor, “O Herói” que busca sempre provar o seu valor por meio de atitudes grandiosas, “O Amante” movido pelo desejo… O Pai, A Mãe…

Tipos psicológicos ~ Segundo Jung também estudou e elencou traços de personalidade que correspondiam a forma como utilizamos as nossas capacidades mentais. A predominância de certas rotinas em reagir diante da vida nos assenta em um perfil.

A extroversão e a introversão são, respectivamente, o mundo externo e interno, nos quais os indivíduos transitam. Cada um escolhe qual mundo irá dedicar mais energia e tempo.

O introvertido prefere momentos de reflexão e calmaria, refletindo sobre seus pensamentos e sentimentos enquanto o extrovertido gosta de estar rodeado de pessoas. Jung foi o primeiro a fazer essa definição, que se popularizou em outras áreas do estudo da psique humana e incentivou mais pesquisas.

Máscaras ~ A persona, outro arquétipo, é a cara que apresentamos ao mundo. É um personagem que assumimos diante da sociedade e quem é julgado pelos outros. Nossas roupas, modos de expressão, comportamentos e papel social são determinados pela persona. Comumente usamos máscaras em situações sociais para nos sentirmos incluídos, respeitados e amados.

A persona pode ser crucial para o desenvolvimento de um indivíduo, ajudando-a a passar por desafios ao assumir um personagem mais confiante momentaneamente. Quando a pessoa se identifica com a persona, porém, ela passa a viver em uma ilusão.

Para ser capaz de se redescobrir, é preciso derrubar esse personagem ilusório e encontrar os traços de personalidade verdadeiros.

Segundo Jung, este problema tende a ser mais evidente em pessoas que enfrentam exclusão social e preconceito, pois elas assumem papéis para suportar a realidade e procurar um espaço no ambiente hostil.

Uma revisão sobre Personalidade! Introdução a abordagens psicanalítica

Resumo pra AV1 de Personalidade de 2022.

Os temas da provas - Formular a ideia da "Constituição da Personalidade":

O que é personalidade?

Personalidade existe?

Analisar o construto de personalidade conforme as vertentes de pensamento;

- Avaliar as teorias da personalidade:

- o construto personalidade e as abordagens psicanalíticas;

- construto de personalidade na perspectiva de Freud;

- o construto de personalidade na perspectiva de Jung

- Personalidade na abordagem Humanista (centrada na pessoa) de Rogers;

- Personalidade na abordagem Humanista e a Teoria de Abraham Maslow e a teoria das necessidades;

- Personalidade na abordagem Humanista e a Personologia de Henry Murray .

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O que é Personalidade?

No livro Teorias da personalidade, de Jess Feist, Gregory J. Feist e Tomi-Ann Roberts esta a curta definição:
Personalidade é “um padrão de traços relativamente permanentes e características únicas que dão consistência e individualidade ao comportamento de uma pessoa”!
No século IV a.C., na Grécia Antiga, o médico e filósofo grego Hipócrates, considerado “o pai da medicina”, formulou a teoria dos quatro humores corporais: Sangue, Fleuma, Bile branca e Bile negra.

Na sua obra "Da Natureza do Homem", ele afirma que o que constitui o corpo humano o faz a partir dos quatro fluidos, e a saúde de cada ser humano seria mantida por um equilíbrio entre esses quatro humores. Os mesmos definiriam o comportamento de cada pessoa!

Esses princípios inspiraram o também médico e filósofo grego Cláudio Galeno a desenvolver uma subdivisão em nove temperamentos. Quatro deles são chamados de primários e levam em conta a dominância de uma das qualidades delimitadas por Hipócrates.

Outros quatro tipos de temperamentos são denominados de secundários e se derivam da combinação entre essas qualidades. A última categoria, considerada como temperamento ideal, é o resultado de uma associação estável entre as quatro qualidades.





Os quatro temperamentos primários definidos por Galeno são:

Sanguíneo (tendo o sangue como humor corporal predominante, caracteriza indivíduos atléticos);

Colérico (facilmente irritáveis, são indivíduos em que a bile amarela predomina);

Melancólico (com excesso de bile negra) e

Fleumático (pessoas mais lentas e cansadas, com excesso de fleuma).


Mas então o que é Personalidade?

É antes de tudo PERSONALIDADE É UM CONCEITO! Como CONCEITO personalidade é aquilo que a mente concebe ou entende. Uma ideia ou noção, uma representação. Não é uma estrutura percebida de forma inquestionável. Real. Circunscrita. É real dentro dos preceitos Teóricos (observado os métodos científicos) que lhe definem.

Nesse aspecto, Personalidade é um conjunto de características psicológicas que, percebidas dentro de um construto TEÓRICO, identificam os padrões de pensar, de sentir e de agir de uma determinada pessoa, ou seja, a individualidade pessoal e social de alguém. A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo.

Das várias definições existentes algumas são mais referenciadas, a saber:

- A do construto da personalidade sob a perspectiva das abordagens psicanalíticas;

- O construto de personalidade na perspectiva do Comportamentalismo (conforme orientação da professora, não veremos esse construto agora);

- O construto de personalidade na perspectiva da abordagem Humanista.


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Abordagem Psicanalítica ou Psicodinâmica

Esta abordagem psicológica iniciada por Sigmund Freud se centra nas pulsões de uma pessoa originadas de seu inconsciente. Ela também se concentra nas diferentes etapas das estruturas da personalidade de alguém que evoluem durante a vida.




Freud entendeu que a experiência da infância tem uma forte influência sobre a personalidade adulta.

“O desenvolvimento da personalidade envolve uma série de conflitos entre o indivíduo, que quer satisfazer os seus impulsos instintivos, e o mundo social (principalmente a família), que restringe este desejo.” (CLONINGER, 1999, p. 55).

Para explicar como se constituía a Mente humana Freud usou de nominar três conceitos bem distintos: O id, o ego e o superego ("Es", "Ich", e "Über-Ich" significam, literalmente, "isso", "eu" e "supereu") agentes distintos e interagentes no aparelho psíquico que lhe estruturam as atividades e interações da vida mental de uma pessoa.

Freud percebeu que todas as pessoas nascem cheias de uma energia que lhe impulsiona para viver a realidade. Essa energia alimenta todas as ações do ser. Chamou esta fonte de energia psíquica ligada à impulsividade de Id.

Mas como a realidade não vai satisfazer ou aceitar todas as impulsividades do individuo. A natureza criou então uma ferramenta “reguladora” desta energia. Freud chamou esse processo de EGO, que serve para filtrar o que é possível e o que não é possível fazer.

Mas Freud entendeu que a mente guarda estas regras e imposições externas como sendo uma parte de sua própria mente. Guarda o que a realidade externa (pais, família, sociedade e mundo) impõe dentro de si como uma parte sua, e chamou esta REPRESENTAÇÃO das “leis” externas de Superego.

Ainda, dentro desse arco teórico, existem cinco fases universais do desenvolvimento que são chamadas de fases psicossexuais. Freud acreditava que a personalidade estaria essencialmente formada ao fim da terceira fase, por volta dos cinco anos de idade, quando o indivíduo possivelmente já desenvolveu as estratégias fundamentais para a expressão dos seus impulsos, estratégias essas que estabelecem o núcleo da personalidade.

Na fase oral, o desenvolvimento ocorre desde o nascimento aos doze meses de vida. Nesta fase a zona de erotização é a boca, as atividades prazerosas são em torno da alimentação (sucção). Quando o bebê aprende a associar a presença da mãe à satisfação da pulsão da fome, a mãe vem a ser um objeto à parte, ou seja, o bebê começa a diferenciar entre si próprio e os outros. Uma fixação nessa fase provoca o desenvolvimento de um tipo de personalidade de caráter oral, do qual os traços fundamentais são o otimismo, a passividade e a dependência. Para Freud, os transtornos alimentares poderiam se dar às dificuldades na fase oral.

A fase anal ocorre durante o segundo e o terceiro ano de vida, onde o prazer está no ânus. Nessa fase a criança tem o desejo de controlar os movimentos esfincterianos e começa também a entrar em conflito com a exigência social de adquirir hábitos de higiene. Uma fixação nessa fase pode causar conflitos para o resto da vida em torno de questões de controle, de guardar para si ou entregar. O caráter anal é caracterizado pro três traços que são: ordem, parcimônia (econômico) e teimosia.

Na fase fálica que ocorre dos três aos cinco anos, a área erógena fundamental do corpo é a zona genital. Freud sustenta que nessa fase o pênis é o órgão mais importante para o desenvolvimento, tanto dos homens quanto das mulheres, por isso Freud é fortemente criticado e acusado de ser falocêntrico. O desejo de prazer sexual expressa-se por meio da masturbação, acompanhada de importantes fantasias. Nessa fase fálica também ocorre o complexo de Édipo, que consiste no menino desejar a própria mãe, mas por medo da castração abandona esse desejo, igualmente ocorre com a menina mudando apenas os papéis, onde o pai seria o seu objeto de desejo. Uma não resolução nessa fase pode ser considerada como a causa de grande parte das neuroses.

A psicanálise certifica que a fixação na fase fálica tem como consequência dificuldades na formação do superego (regras sociais), na identidade do papel sexual e até mesmo na sexualidade, envolvendo inibição sexual, promiscuidade sexual e homossexualismo. Dificuldades como a identificação de papéis sexuais podem derivar de dificuldades nesta fase. Freud propôs que os homens homossexuais tem uma forte angústia de castração, mas Freud é novamente criticado por não levar em conta as questões sociais que mudam de uma cultura para a outra e que influenciam o desenvolvimento das preferências sexuais. Ele acreditava também que a tendência homossexual poderia ser de caráter hereditário.

Freud declara que em grande parte a personalidade se forma durante esses primeiros três estágios psicossexuais, quando são estabelecidos os mecanismos essenciais do ego para lidar com os impulsos libidinais.

A fase de latência que ocorre desde os 5 anos e vai até a puberdade é considerado um período de relativa calma na evolução sexual, sendo que pouco é colocado por Freud com relação a tensão libidinal.


Na fase genital que tem início na puberdade, o indivíduo desenvolve a capacidade de obter satisfação sexual com um parceiro do sexo oposto. “O caráter genital é o ideal freudiano do desenvolvimento pleno, que se desenvolve na ausência de fixações ou depois da sua resolução por meio de uma psicanálise.” (CLONINGER, 1999, p.63). Contudo, o indivíduo livre de conflitos pré-edípicos significativos, aprecia uma sexualidade satisfatória preocupando-se com a satisfação do companheiro sexual, evitando assim a manifestação de um narcisismo egoísta. Assim sua energia psíquica sublimada fica disponível para o trabalho, que é prazeroso.

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Quatro livros sobre teorias da personalidade -  Elencado, então, quatro livros sobre teorias da personalidade para estudantes que buscam aprofundar o aprendizado sobre este tema:

 

- Teorias da personalidade, de Jess Feist, Gregory J. Feist e Tomi-Ann Roberts, 8ª edição - A obra aborda as teorias da personalidade como um resultado da bagagem cultural, das experiências familiares, da personalidade e da formação profissional. Com isso, o livro expõe os princípios das teorias da personalidade, as suas contribuições para o conhecimento científico e os dados biográficos de cada teórico.

- Teorias da personalidade, de Duane Schultz e Sydney Schultz, 10ª edição - O conteúdo é organizado por teoria e ainda discute diversas abordagens psicanalíticas, neopsicanalíticas, dos traços, humanísticas, do curso da vida, cognitivas, comportamentais e de aprendizagem social. O livro Teorias da personalidade ainda explora as maneiras como questões raciais, sexuais e culturais influenciam o estudo e a avaliação da personalidade.

- Teorias da personalidade, de Calvin S. Hall, Gardner Lindzey e John B. Campbell, 4ª edição - Destinado a definir o campo da personalidade, o livro tem sido atualizado constantemente. Assim, ao longo dos anos, a obra se consagra como uma referência para os estudos da área devido à maneira abrangente que explora as teorias da personalidade.

- Personalidade: teoria e pesquisa, de Lawrence A. Pervin e Oliver P. John, 8ª edição - De forma introdutória, o título aborda as principais teorias da personalidade, fazendo uma relação com pesquisas recentes e apresentando a aplicação de cada uma das teorias com estudos de caso. O livro vem apoiando diversos universitários a compreender e se aprofundar ainda mais no universo das personalidades humanas.


Todos disponíveis na Minha Biblioteca Digital da Estácio.

Sobre a Construção de Perfil Psicológico...

Ontem (21/04/2022) na aula da Professora Beatriz, eu falei de uma série da Netflix:  Mindhunter, onde uma parte da narrativa da mesma, no intento de “criar” as ferramentas de análise de perfil de criminosos (que ainda não existia de forma estruturada) os agentes buscam profissionais pesquisadores de universidades para fundamentar as informações que eles estavam juntando.


Na série eles encontram a (personagem) pesquisadora e Psicóloga Dra. Wendy Carr, então professora de ciências sociais em Boston.



A Dra. Wendy Carr foi inspirada em uma pessoa real. A Enfermeira, Mestra e Doutora Ann C. Wolbert Burgess, pesquisadora cujo trabalho se concentrou no desenvolvimento de maneiras de avaliar e tratar traumas em vítimas de estupro. Parece que ainda hoje tem cargo de professora na Escola de Enfermagem William F. Connell no Boston aos 85 anos.


Como pesquisadora foi pioneira na avaliação e tratamento de traumas em vítimas de estupro. Ela co-fundou um dos primeiros programas de aconselhamento de crise em hospitais no Boston City Hospital com a socióloga do Boston College, Lynda Lytle Holmstrom. Mais tarde, ela consultou com John E. Douglas , Robert Ressler e outros agentes do FBI na Unidade de Ciência Comportamental para desenvolver perfis psicológicos modernos para assassinos em série e prestou depoimento de especialista em casos de agressão sexual.


Escreveu vários livros relevantes, entre os quais “Agressão Sexual de Crianças e Adolescentes” (1978), “Homicídio sexual: padrões e motivos (1988), “Manual de Classificação de Crimes: Um Sistema Padrão para Investigar e Classificar Crimes Violentos (2013) e “Um assassino por design: assassinatos, caçadores de mentes e minha busca para decifrar a mente criminosa”.


Mitos e Verdades sobre o TDAH | Luis Rohde no TEDxUFRGS


Déficit de atenção é um assunto polêmico e que precisa de esclarecimentos. 

O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um transtorno mental com alta prevalência em crianças e adolescentes, causando prejuízos importantes no funcionamento dos indivíduos acometidos.

Será que há de fato uma epidemia dessa doença?

Ela é real ou apenas uma criação da indústria?

Ela é um produto da nossa cultura acelerada e consumista? 

Em sua talk, Luis A. Rohde esclarece essas e outras dúvidas comuns sobre a doença mais discutida da atualidade.

Médico, Mestre e Doutor pela UFRGS, Rohde é o chefe do PRODAH (Programa de Déficit de Atenção) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Com mais de 180 artigos e 50 publicações em livros, o psiquiatra foi o único brasileiro a participar da criação do DSM-5, manual internacional de doenças mentais.


MEMÓRIA ~ IVAN IZQUIERDO fala com Drauzio Varella

https://drauziovarella.uol.com.br/videos/memoria-ivan-izquierdo/

MEMÓRIA | IVAN IZQUIERDO


Dr. Drauzio fala sobre a memória humana com o neurocientista Ivan Izquierdo. Assista à entrevista.


Dr. Drauzio fala sobre a memória humana com o neurocientista Ivan Izquierdo. Assista à entrevista. A memória humana é repleta de mistérios, mas boa parte deles a ciência desvendou ao longo de décadas. Dr. Drauzio fala sobre o tema com o neurocientista Ivan Izquierdo, um dos maiores especialista na área.



Uma pequena história sobre o cérebro e a comida

Estudos recentes dos hominídeos primitivos indicam que a produção do fogo pelo Homo erectus (o ancestral imediato do homem moderno) só aconteceu no período neolítico, cerca de 7 mil anos AC. O Homo erectus descobriu uma forma de produzir as primeiras faíscas, através do atrito de pedras ou pedaços de madeira.

Antes disso estes hominídios e seu ancestrais só usavam dos “proveitos” do fogo por acidente. Quando um raio ou um evento aleatório de combustão natural provocava um incêndio em uma savana os Homo Erectus comiam as carnes dos animais inadvertidamente mortos no momento… e percebiam que ela era muito mais gostosa que a mesmas carnes quando cruas. O mesmo se deu com as frutas e legumes… Quando vasculhavam as áreas queimadas de um incêndio em uma savana primitiva procurando corpos de cobras, tatus, ou parentes de Antas e Capivaras azaradas, encontravam batatas que acidentalmente acabavam cozinhando na terra que queimara. Estes tubérculos passavam a ser comestíveis nesse formato.


Sem saber como “criar” fogo, as primeiras descobertas foram focadas em como “controlar” o fogo quando este aparecia… encontrando sua ocorrência tentavam MANTER o mesmo e depois em maneiras de transportá-lo.

Então a revolução culinária já estava em curso. Do “Crudismo” dos coletores e do último em uma cadeia alimentar a se aproveitar das sobras das carcaças deixadas por predadores mais eficientes os homens primitivos passaram a multiplicar por 10 às calorias retiradas de frutas, legumes e dos OSSOS de suas dietas… Sim… Ossos. A retirada do TUTANO.

O que chamamos de Tutano é um tecido gelatinoso, mole e esponjoso localizado no interior dos ossos longos. No organismo vivo ele é o responsável pela produção de elementos do sangue como leucócitos, plaquetas e hemácias e contém muitos nutrientes que são importantes para a saúde óssea, incluindo cálcio, magnésio e fósforo.


Com o fogo, esse material que ficava inerte e duro dentro das carcaças, passava a ser não só acessível como MAIS DIGERÍVEL e mais aproveitado! Carcaças abandonadas por grandes predadores e pelas aves de rapina passavam a ser úteis para os que soubessem retirar delas as bactérias que lhe putrefazem e os nutrientes escondidos em seu tutano.

Por um lado, os fósseis mostram com relativa clareza um processo gradativo de aumento do órgão. Até uns 2,5 milhões de anos atrás, os hominídeos tinham cérebros equivalentes aos dos modernos chimpanzés –mais ou menos um terço do tamanho do cérebro de quem está escrevendo ou lendo este texto.

Depois disso, porém, ocorreu uma expansão relativamente rápida (em termos evolutivos, claro) do tecido cerebral dos hominídeos, com órgãos de tamanho comparável aos nossos já presentes há cerca de 1 milhão de anos.

Nada parecido jamais aconteceu com outros primatas, cujos cérebros, em relação ao tamanho do corpo inteiro, são muito menores. O que, na verdade, faz sentido, porque cérebros são considerados órgãos "caros" do ponto de vista energético.

Quanto maior o conteúdo do crânio, mais energia seria necessário obter dos alimentos e, portanto, maior o tempo necessário para ir atrás de toda essa comida, para começo de conversa.

O resumo da ópera é que a conta não fecharia: primatas maiores tenderiam a ter cérebros menores, simplesmente porque não teriam como obter calorias suficientes de seus alimentos não processados, mesmo que passassem períodos ridiculamente longos comendo.

Diante desse dilema, Suzana Herculano-Houzel e Karina Fonseca-Azevedo, então na UFRJ, propuseram que cozinhar os alimentos teria sido a chave para que ancestrais do homem se tornassem donos de cérebros avantajados.

VEGETARIANOS

A ideia já era defendida por Richard Wrangham, da Universidade Harvard, que estuda os hábitos alimentares dos chimpanzés e notou como eles sofrem para obter calorias a partir de sua dieta majoritariamente vegetariana.

Cozinhar os alimentos, além de torná-los mais mastigáveis e fáceis de digerir (o que, por si só, já pouparia um bocado de energia), também liberaria nutrientes que o organismo não conseguiria absorver a partir do alimento cru.

O trabalho coordenado por Suzana, hoje na Universidade de Vanderbilt (EUA) e colunista da Folha, passou a ser visto como um argumento de peso em favor da tese de Wrangham. Para os autores da nova pesquisa, porém, o problema é que os cálculos da neurocientista se baseiam em primatas modernos que são majoritariamente vegetarianos.

"O cenário muda bastante se a gente imagina que esses hominídeos incluíam uma quantidade significativa de carne na dieta, como acontece em grupos de caçadores-coletores modernos", explica Costa. Nesse caso, bastaria um esforço moderado, em torno de cinco horas por dia procurando comida, para suprir as necessidades de um grande cérebro em crescimento, segundo os cálculos do grupo potiguar.

Dois outros argumentos são citados: o primeiro é que, de fato, os indícios sólidos do uso de fogo pelos ancestrais do homem aparecem bem depois do início da expansão do tamanho do cérebro, a partir de 1 milhão de anos atrás. O segundo é que, em testes com camundongos, houve maior obtenção energética com a ingestão de carne crua do que com a cozida –talvez por causa da gordura perdida no processo de cozimento.

Suzana argumenta que o novo estudo possui "falhas fundamentais que invalidam suas conclusões". Para ela, as estimativas para obtenção de calorias usadas pelo grupo são irrealistas no caso de primatas, além de não levar em conta a importância do tamanho corporal e do tempo que se gasta comendo.

"Em ambientes ricos em recursos, não seria irreal um hominídeo obter essas calorias. E nós usamos uma estimativa de gasto de energia que na verdade é até mais alta que a do trabalho dela", argumenta Costa.

Há, entretanto, alguns pontos de acordo. A equipe da UFRN defende que, antes que houvesse o domínio do fogo, ferramentas de pedra já seriam usadas para processar alimentos como carne e tubérculos –um empurrão e tanto para a obtenção de calorias e o crescimento do cérebro.



COLETÂNEA PARA APRESENTAR JUNG