Não é difícil perceber como a vida atua num processo dinâmico e contínuo de transformações, nada é estático e permanente. A tradição budista sempre enfatizou a impermanência de todas as coisas como condição natural da própria existência. Observando a natureza ou o mundo ao nosso redor, mesmo nossa própria natureza, constatamos essa dinâmica da vida num contínuo processo de aparição e desaparição, ou melhor, de construção e desconstrução, materialização e desmaterialização, nascimento e morte. Há sempre uma renovação sobre as coisas já existentes em todas as camadas do ser, seja ela material ou psicológica.
Aliás, esse assunto tem sido uma constante nos posts aqui do Anoitan, não por coincidência, mas por ser a base e o propósito de todo caminho iniciático. Uns dos motivos de eu trazer esse trecho do livro da Francresca Fremantle, é que a partir do ponto de vista do budismo tibetano, da pra fazer uma excelente analogia tanto em alquimia, cabala e claro em psicologia analítica. Não só percebemos os mesmos fundamentos, bem como, nos traz uma amplificação dos conceitos das tríades da Árvore da Vida; das três etapas da Grande Obra dos alquimistas; e também do processo de individuação em busca da realização do Self em psicologia.
Segundo o budismo a realidade não é apenas o mundo dos fenômenos, ou simplesmente as coisas que aparecem; é também não-aparição e potencialidade. Essa potencialidade ou não-aparição no budismo é conhecida como vazio, a dimensão aberta da realidade. Entre esses dois pólos existe um terceiro estado, o fluxo de energia que os liga e os une.
O nível mais alto ou mais profundo é o vazio, a essência de todos os fenômenos. O nível mais baixo ou mais externo é a matéria, a manifestação real da forma física, e entre esses dois, há o nível intermediário que é a energia pela qual o vazio se comunica e se revela.
A essência é invisível, completamente além das esferas dos sentidos, um estado de unidade e simplicidade. A matéria é multiplicidade e diversidade perceptível aos sentidos físicos. A energia que flui entre eles partilha de ambos e pode ser descrita em termos do reino dos sentidos embora não esteja contida neles.
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