Embora Charles Darwin tenha ficado reconhecido mundialmente como o grande criador do evolucionismo, nem sempre seus interesses como pesquisador estiveram voltados ao corpo humano. Em 1866, o biólogo britânico dedicou um bom tempo pesquisando sobre as emoções e como esse tema se manifestava em escala global.

O cientista buscava mais informações sobretudo relacionado aos povos que tiveram pouco contato com os colonizadores europeus, o que ele esperava que pudesse responder até que ponto as expressões emocionais eram culturais ou simplesmente algo instintivo e universal.


(Fonte: Pixabay)

Para coletar mais informações sobre o tema, Charles Darwin elaborou um questionário de 17 perguntas que foram enviadas a amigos, familiares e, principalmente, a naturalistas, missionários, comerciantes e viajantes baseados em lugares remotos. Os três primeiros questionamentos da lista eram:

  • As pessoas demonstram espanto abrindo muito os olhos e a boca e levantando as sobrancelhas?
  • A vergonha provoca um rubor e, especialmente, a que altura do corpo se estende esse rubor?
  • Quando um homem está indignado ou provocando, ele fica carrancudo, mantém o corpo e a cabeça erguidos, enquadra os ombros e aperta os punhos?

Após uma curta espera, as respostas começaram a surgir de todas as partes do planeta. Austrália, Nova Zelândia, Malásia, China, Sri Lanka, África Meridional e países da América do Norte e da América do Sul foram alguns exemplos de localizações que participaram do experimento.

Porém, o trabalho todo foi conduzido de dentro da sua casa. Em uma série de jantares que aconteceram entre março e novembro de 1868, Darwin pediu para os seus convidados interpretarem as expressões de um rapaz que aparecia em 11 fotografias feitas pelo anatomista francês Guillaume-Benjamin Duchenne, que tinham como objetivo examinar os movimentos dos músculos faciais.

Interesse pelas emoções


As emoções humanas podem não ter sido o tópico por qual Charles Darwin foi reconhecido, mas sem dúvida alguma sempre despertaram grande interesse em sua vida. Esse era um tema que lhe fascinava desde que havia viajado a bordo do navio Beagle e observou a comunicação dos povos da Terra do Fogo — extremo sul da América do Sul. 

Suas observações sobre essa viagem foram anotadas em um conjunto de cadernos e continuaram lhe causando recordações mesmo três décadas depois do seu regresso. Darwin também gostava de analisar as expressões emocionais de animais de estimação e também dos animais residentes do zoológico de Londres. 

Durante esse tempo, o pesquisador mantinha contato com especialistas de diversas áreas e volta e meia surgia com um pedido inusitado, como quando solicitou para que observassem se "quando um bebê grita violentamente, ele cerra os músculos orbiculares para comprimir os olhos e evitar que se encham de sangue". Foi graças a Darwin que mais pessoas passaram a investigar fenômenos que ampliaram o conhecimento fisiológico.

Trabalho desconhecido


Depois de publicar A Origem das Espécies, em 1859, o biólogo quase abandonou todos os seus outros trabalhos depois de passar por um logo período de enfermidade. Mesmo assim, continuou persistindo por mais uma década e terminou lançando o famoso A Origem do Homem e a Seleção Sexual em 1871.

Um ano depois, conseguiu publicar o trabalho dos seus sonhos: A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais, uma grandiosa obra que poucas pessoas tomaram conhecimento. Apesar de ter ficado conhecido mais pelo seu trabalho com as teorias do evolucionismo, tudo indica que todos os estudos de Darwin se complementavam.

Na visão do pesquisador, poucas coisas provavam mais a conexão entre os seres humanos e os animais do que as emoções. Portanto, se todos parassem para analisar, veriam que essa ligação entre espécies seria irrefutável.