Corpo e mente estão ligados
Aluno – Monge, tenho um questionamento que venho pensando há algum tempo sobre a diferença entre o corpo e a mente. Eles andam juntos, mas o corpo e a mente são a mesma coisa ou estão separados? Isso é muito confuso para mim…
Monge Genshô – Nós separamos as coisas com palavras na tentativa de entendê-las. Nosso corpo e nossa mente estão intrinsecamente ligados. Se você ficar com febre, irá se sentir mal, bastante impaciente e vai querer sair daqui, ir para casa deitar e dormir. Sua mente será diretamente atingida pela doença do seu corpo. Por outro lado, se você tiver uma mente com raiva e sentir ódio de alguém, seu coração vai bater mais rápido, você vai ter adrenalina circulando, etc. Se você sentar em zazen e começar a pensar em uma situação de briga, sentirá as consequências. Seu corpo estará parado, mas sua mente agitada. Seu corpo, portanto, está ligado à sua mente, eles não podem ser considerados separados.
Por isso nós usamos o corpo para controlar a mente. Nós aquietamos o corpo e isso ajuda a aquietar a mente. Não adianta você dizer: “ah, eu quero ter uma boa mente”, mas vive agitando o corpo todo o tempo sem parar, ou com fones de ouvido com música bem alta, balançando as pernas e pensando: “o que vamos fazer agora?”. Eu fui pegar um parente no aeroporto e ele disse: “E aí, qual é o programa?”. Eu disse: “não tem programa…nós vamos chegar em casa em uma reunião de família, quando sentirmos fome colocamos a mesa, comemos, conversamos, se tiver um tempo bom podemos sair para caminhar, ir à praia… não tem programa”. Para ele aquilo é muito difícil. Ele estava com as costas muito tensas, pois trabalhava em uma empresa muito competitiva. Tentei levá-lo para o zendo em casa. “Suas costas estão terríveis, vou bater um pouco com o kyosaku (bastão zen)”. Ele deve estar contando a história até hoje. Na realidade, ele tinha que tratar o corpo, que estava tão atingido por essa tensão constante porque a mente dele está constantemente turbulenta.
A maioria das pessoas está vivendo um sonho assim, um sonho agitado e de grande ilusão. Então não conseguem aproveitar e viver a vida. Meu mestre, Saikawa Roshi, diz assim: “Enjoy your life”, aproveite a vida. Mas o que é aproveitar a vida? Ah, vamos sentar no jardim e conversar um pouco. Vamos regar as plantas… Mas nunca, até hoje, eu recebi um Monge na minha casa que tenha dito assim: “E ai, vamos ver televisão?” Isso é bastante interessante. Isso diz muito sobre o que o treinamento budista acaba fazendo. Não estou dizendo que não podemos ver televisão, mas o que você está vendo? Por que está vendo? O que pretende com isso? Quer enriquecer sua vida? Hoje temos canais apenas com concertos e coisas assim, mas suponho que eles tenham tido grandes dificuldades para vender isso. Não é o que parece lógico para as pessoas, assistir um concerto ou uma missa. É coisa de louco!
Durante toda a história do Budismo, muitos mestres foram considerados pessoas loucas no seu tempo. Ryokan é um dos mestres mais interessantes. Ele viveu há uns 200 anos atrás. Grande poeta e calígrafo. Filho de um político, ele retirou-se e foi viver em uma cabana que tinha quatro tatames. Significa que a cabana tinha mais ou menos 4x2m. Esta era o espaço onde ele vivia. Este poeta e calígrafo muito famoso, Ryokan, estava um dia em sua cabana catando piolhos e colocando em uma folha de papel. E estava muito frio, por isso Ryokan pensou “Ah, eles vão passar frio!” e os recolocou na cabeça. Perfeitamente louco não é? Muito maravilhosa a atitude de Ryokan.
Monge Genshô – Nós separamos as coisas com palavras na tentativa de entendê-las. Nosso corpo e nossa mente estão intrinsecamente ligados. Se você ficar com febre, irá se sentir mal, bastante impaciente e vai querer sair daqui, ir para casa deitar e dormir. Sua mente será diretamente atingida pela doença do seu corpo. Por outro lado, se você tiver uma mente com raiva e sentir ódio de alguém, seu coração vai bater mais rápido, você vai ter adrenalina circulando, etc. Se você sentar em zazen e começar a pensar em uma situação de briga, sentirá as consequências. Seu corpo estará parado, mas sua mente agitada. Seu corpo, portanto, está ligado à sua mente, eles não podem ser considerados separados.
Por isso nós usamos o corpo para controlar a mente. Nós aquietamos o corpo e isso ajuda a aquietar a mente. Não adianta você dizer: “ah, eu quero ter uma boa mente”, mas vive agitando o corpo todo o tempo sem parar, ou com fones de ouvido com música bem alta, balançando as pernas e pensando: “o que vamos fazer agora?”. Eu fui pegar um parente no aeroporto e ele disse: “E aí, qual é o programa?”. Eu disse: “não tem programa…nós vamos chegar em casa em uma reunião de família, quando sentirmos fome colocamos a mesa, comemos, conversamos, se tiver um tempo bom podemos sair para caminhar, ir à praia… não tem programa”. Para ele aquilo é muito difícil. Ele estava com as costas muito tensas, pois trabalhava em uma empresa muito competitiva. Tentei levá-lo para o zendo em casa. “Suas costas estão terríveis, vou bater um pouco com o kyosaku (bastão zen)”. Ele deve estar contando a história até hoje. Na realidade, ele tinha que tratar o corpo, que estava tão atingido por essa tensão constante porque a mente dele está constantemente turbulenta.
A maioria das pessoas está vivendo um sonho assim, um sonho agitado e de grande ilusão. Então não conseguem aproveitar e viver a vida. Meu mestre, Saikawa Roshi, diz assim: “Enjoy your life”, aproveite a vida. Mas o que é aproveitar a vida? Ah, vamos sentar no jardim e conversar um pouco. Vamos regar as plantas… Mas nunca, até hoje, eu recebi um Monge na minha casa que tenha dito assim: “E ai, vamos ver televisão?” Isso é bastante interessante. Isso diz muito sobre o que o treinamento budista acaba fazendo. Não estou dizendo que não podemos ver televisão, mas o que você está vendo? Por que está vendo? O que pretende com isso? Quer enriquecer sua vida? Hoje temos canais apenas com concertos e coisas assim, mas suponho que eles tenham tido grandes dificuldades para vender isso. Não é o que parece lógico para as pessoas, assistir um concerto ou uma missa. É coisa de louco!
Durante toda a história do Budismo, muitos mestres foram considerados pessoas loucas no seu tempo. Ryokan é um dos mestres mais interessantes. Ele viveu há uns 200 anos atrás. Grande poeta e calígrafo. Filho de um político, ele retirou-se e foi viver em uma cabana que tinha quatro tatames. Significa que a cabana tinha mais ou menos 4x2m. Esta era o espaço onde ele vivia. Este poeta e calígrafo muito famoso, Ryokan, estava um dia em sua cabana catando piolhos e colocando em uma folha de papel. E estava muito frio, por isso Ryokan pensou “Ah, eles vão passar frio!” e os recolocou na cabeça. Perfeitamente louco não é? Muito maravilhosa a atitude de Ryokan.
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