ENCONTRADOS NO TRABALHO PSICANALÍTICO, de S. Freud. Assim, a Febrapsi solicitou
que alguns profissionais escrevessem textos dedicados a cada um dos três tipos de
caráter descritos no trabalho de Freud, sendo este fala sobre CRIMINOSOS EM CONSEQUÊNCIA DE UM SENTIMENTO
DE CULPA, texto feito pelo Médico, Psiquiatra e Psicanalista Ignacio A. Paim Filho.
Criminosos em Consequência de um Sentimento de Culpa ~ Uma Questão Contemporânea?
Em 1916, ainda, sob as ressonâncias da primeira guerra – o homem matando
o homem – Freud vai escrever uma trilogia, Alguns Tipos de Caráter Encontrados no
Trabalho analítico. Entre eles encontra-se o ensaio, que da titulo a esse texto.
Ensaio breve de apenas duas paginas. Entretanto, traz para reflexão o conceito
paradigmático da psicanalise: o complexo de Édipo, fazendo a interlocução entre o
individual e o coletivo. Nesse sentido, recorda que nos constituímos como sujeito e
um ser da cultura, a partir da interdição – função paterna – das duas grandes
intenções criminosas: matar o pai e ter relações sexuais com a mãe.
Esses desejos universais seguem vigente na vida psíquica, sepultados nas
profundezas da alma, e desde esse lugar influenciam o modo de ser de cada um de
nós. Com essa visão em mente, Freud pergunta-se, pensando das pequenas
transgressões da vida cotidiana ao crime propriamente dito, o porquê destes? Suas
cogitações direcionam-se no sentido inverso do pensamento vigente – a culpa
como consequência do ato – para afirmar que essa é movedora desse agir. Culpa
muitas vezes vivida, mas, não sentida. Tal assertiva referenda a tese do pecado
original, todos somos pecadores. Nesse contexto o criminoso, por sua precária
constituição psíquica, nos possibilita pensar na força da destrutividade humana de
maneira mais explicita. Não esqueçamos, Freud (1913) sustenta a tese da presença
de sentimento idênticos na vítima e no carrasco: o que varia são suas intensidades.
Com essa proposição pretende lançar uma luz na psicologia do crime.
Assim sendo, o castigo há de ser executado.
Resumidamente, podemos dizer:
a culpa – com a angustia decorrente – por ter desejado em fantasia inconsciente,
matar o pai e casar com a mãe, fragilmente metabolizada pela psique, determina
que esses sujeitos realizem o ato criminoso. Ato esse que dá um sentido consciente
a angustia culposa – paradoxalmente, produzindo alivio – abre as portas para o
acontecer da punição. Com isso feito, o cenário para o desfecho da tragédia edípica.
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