CONVERSAS ANÔNIMAS: "Sou homem e bancava uma mulher que eu via que era interesseira"!

 



A afirmação do Autor Anônimo revela a complexidade das questões psicológicas e emocionais. Permite uma investigação mais aprofundada se usarmos uma ótica psicanalítica…

Pensem:

No caso de um homem que ‘“bancava’ uma mulher”, podemos considerar que ele está lidando com questões relacionadas  À PRÓPRIA CASTRAÇÃO. Ele pode sentir que está perdendo algo e que está sendo enganado (pela mulher interesseira) que lhe “poda” e lhe tolhe… Mas ele SABE que ela é interesseira… e ele dá indícios de que PROCURA essa relação. Portanto esse é o caso de um homem que precisa dessa relação mais do que a mulher precisa dele!

O homem que “banca” a mulher pode estar buscando preencher uma falta (simbólica ou real) através de uma “identificação”. Ele pode estar projetando SUA PRÓPRIA BUSCA POR COMPLETUDE na figura da mulher.

A “mulher” É UMA MANIFESTAÇÃO DA SUA PRÓPRIA NECESSIDADE, que ele não consegue ter satisfeita e então PROJETA nela para então tentar sanar!

DE OUTRA FORMA:

O termo “interesseira” sugere uma RELAÇÃO DE PODER ANTES de um real interesse material. Na psicanálise, as relações interpessoais são frequentemente permeadas por questões inconscientes de poder e desejo.

O homem pode estar explorando SEU PRÓPRIO DESEJO e o poder de assumir as necessidades da mulher interesseira. Isso pode refletir OUTROS conflitos internos e desejos não resolvidos.


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Agora, RESPONDENDO AO AUTOR ANÔNIMO!!! TRATE-SE! Não é ela que tem um problema que você precise opinar ou resolver (nem com dinheiro)... é você que precisa de dar atenção aoS seus problemas que TE FAZEM PRECISAR DE GENTE ASSIM!! Trate deste problema! ELA é um SINTOMA TEU!

Se/quando você deixar essa mulher, VOCÊ ARRANJARÁ OUTRA IGUAL!




Três jesus Cristos e um psicólogo

 
Nome do filme: Três Cristos , de 2020 e estava disponível no acervo do Telecine em 2023

Direção: Jon Avnet
Roteiro Jon Avnet, Eric Nazarian Elenco: Richard Gere, Peter Dinklage, Walton Goggins
Título original; Three Christs.


Dr. Alan Stone (Richard Gere) é um psiquiatra que decide estudar três pessoas esquizofrênicas: Clyde (Bradley Whitford), Joseph (Peter Dinklage) e Leon (Walton Goggins). No processo de se aproximar do trio e entender mais de suas doenças, o médico tem que lidar com o fato dos pacientes alegarem ser a reencarnação de Jesus Cristo.

Três Cristos é um drama psicológico com grande elenco e sempre surpreende que não viu.

Contando a história de três pacientes psiquiátricos que acreditam ser Jesus Cristo, no final dos anos 50 eles foram submetidos ao estudo de um psicólogo ousado que acreditava que poderia “libertá-los” de seus delírios.

Com base no livro Three Christs of Ypsilanti, escrito por Milton Rokeach, o psicólogo da vida real que inspirou o personagem de Gere, Dr. Alan Stone, Milton Rokeach realmente constituiu um estudo psiquiátrico com o nome The Three Christs of Ypsilanti em 1959, onde tentou um tratamento em três pacientes que acreditavam ser Jesus Cristo.

Milton Rokeach foi um psicólogo social polonês-americano que a revista científica Review of General Psychology, de 2002, classificou Rokeach como o 85º psicólogo mais citado do século XX.

Curiosamente Milton Rokeach ficou famoso por outras questões! Rokeach conduziu um estudo de meados do século 20 no Sul dos Estados Unidos, no qual tentou determinar a base do preconceito racial.

Ele descobriu que o preconceito racial está inversamente relacionado ao status socioeconômico e, portanto, concluiu que tal preconceito é usado na tentativa de elevar o próprio status. Seu livro The Nature of Human Values (1973) e o Rokeach Value Survey, postulou que relativamente poucos "valores humanos terminais" são os pontos de referência internos que todas as pessoas usam para formular atitudes e opiniões, e que medindo a "classificação relativa" (Values scale - Wikipedia (en-m-wikipedia-org.translate.goog) desses valores seria possível prever uma ampla variedade de comportamento, incluindo afiliação política e crença religiosa. Esta teoria levou a uma série de experiências nas quais mudanças nos valores levaram a mudanças mensuráveis na opinião de uma pequena cidade inteira no estado de Washington.

Os Três Cristos - Em 1959, Milton Rokeach realizou um experimento psicológico intrigante no Hospital Estadual de Ypsilanti, em Michigan, EUA. Ele reuniu três pacientes que acreditavam ser Jesus Cristo: Clyde Benson, Joseph Cassel e Leon Gabor, todos em estado esquizofrênico paranoico. A ideia era que, ao colocá-los juntos, seus delírios poderiam ser curados.

No entanto, o resultado foi surpreendente: eles se recusaram a abdicar de suas crenças e frequentemente discutiam entre si.

Rokeach então adotou estratégias mais controversas, como enviar cartas para Leon Gabor em nome de “Madame Yeti”, sua “esposa imaginária”, na tentativa de desafiar sua identidade como Jesus Cristo. No entanto, mesmo após dois anos de experimento, os “três cristos de Ypsilanti” não abandonaram suas crenças.

“Embora eu não tenha conseguido curar os três Cristos de suas ilusões, eles conseguiram curar a minha – a ilusão divina de que eu poderia mudá-los de forma onipotente e organizando e rearranjando de maneira onisciente sua vida cotidiana dentro da estrutura de uma ‘instituição total’ ”.

Rokeach concluiu que seu trabalho foi antiético e reconheceu que não podia mudá-los de forma onipotente. O experimento inspirou o livro “Os Três Cristos de Ypsilanti”, publicado por Rokeach em 19641. Um filme baseado nesse experimento, chamado “Three Christs”, foi lançado em 2017.



Neurastenia, Burnout e a Normose!

A Neurastenia, o Burnout e a Normose são termos diferentes que em períodos diferentes estavam relacionados à saúde mental e ao bem-estar dos profissionais e usadas quando relacionadas com o esgotamento mental e físico.


1. Neurastenia - A expressão neurastenia foi usada pela primeira vez em 1829, e o termo deriva do grego antigo: νεῦρον (Neuro: que significa “nervo”) e ἀσθενής (Astenia: que significa “fraco”). O neurologista George Miller Beard reintroduziu o conceito no final do século XIX e início do século XX na América do Norte, tornando-o um diagnóstico importante nessa época. O primeiro a publicar sobre a neurastenia como termo psicopatológico foi o alienista Michigan E. H. Van Deusen, em 1869. Além disso, o neurologista de Nova York, George Beard, também usou o termo em um artigo publicado no Boston Medical and Surgical Journal para descrever uma condição com sintomas de fadiga, ansiedade, dor de cabeça, palpitações cardíacas, pressão alta, neuralgia e humor deprimido. Van Deusen associou a condição a mulheres rurais doentes devido ao isolamento e à falta de atividades envolventes, enquanto Beard a relacionou a mulheres da sociedade ocupadas e homens sobrecarregados. Embora a neurastenia tenha sido um diagnóstico na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial da Saúde, ela foi depreciada e não é mais diagnosticável na CID-11. Além disso, não está mais incluída como diagnóstico no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria. Os americanos eram considerados particularmente propensos à neurastenia, o que resultou no apelido de “Americanitis” (“Americanite”). Outro termo (embora raramente usado) para neurastenia é nervosismo.  Alguns escritores viam a “Americanite” como consequência da “pressa, a agitação e o impulso incessante do temperamento americano”, como o definiu o psiquiatra William S. Sadler – como uma causa de doença, responsável pela hipertensão arterial, endurecimento das artérias, ataque cardíaco, nervosismo. exaustão e até insanidade.

Era descrita como;
- O esgotamento mental e físico, acompanhada por dor de cabeça, alterações do sono e outros sintomas, sem uma causa aparente específica.
- Também era descrito como um cansaço acompanhado de tristeza que afetavam as pessoas em diversos contextos, como na vida familiar, no trabalho ou diante das exigências sociais.
- Ela estava sempre relacionada ao excesso de exigências e demandas da sociedade.


2. Burnout - O termo Burnout foi utilizado pela primeira vez na década de 50 por Schwartz e Will em um estudo de caso, no qual descreveram a história de uma enfermeira que ficou desapontada com seu trabalho. Posteriormente, em 1960, Graham Greene relatou outro caso de um arquiteto que abandonou sua profissão devido à frustração com ela. No entanto, foi em 1974 que o psicanalista Herbert Freudenberger introduziu oficialmente o conceito de Burnout. Ele observou que seu trabalho já não lhe trazia o prazer de antes e relacionou essa sensação de esgotamento à falta de estímulo, originada pela escassez de energia emocional.

A Síndrome de Burnout é caracterizada por três componentes principais:
- Exaustão emocional/física: Sentimento de cansaço extremo e esgotamento.
- Perda de sentimento de realização no trabalho: Redução da produtividade e despersonalização extrema, manifestada por atitudes negativas nas relações interpessoais no ambiente de trabalho.
- Despersonalização/cinismo: Atitude negativa e distanciamento em relação aos outros. Profissões que envolvem interação com pessoas e cuidado com o outro, como professores, médicos, fisioterapeutas e enfermeiros, são particularmente suscetíveis ao Burnout.


3. Normose - A normose é um conceito mais amplo e menos conhecido. Refere-se à "adesão excessiva às normas e padrões/espectativas sociais", mesmo que esses padrões sejam prejudiciais ou não saudáveis. O termo foi cunhado por Jean-Yves Leloup, um psicólogo, teólogo e sacerdote francês. Ele dedicou sua vida à exploração do universo interior e é um defensor fervoroso da conexão entre ciência e espiritualidade.
Segundo ele a Normose refere-se a um conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos e hábitos de pensar ou agir que são aprovados pela maioria de pessoas em uma determinada sociedade, que no entanto, podem levar a sofrimentos, doenças e até mesmo morte, muitas vezes sem que os autores e atores tenham consciência da natureza patológica dessas ações.

O normótico é diagnosticado através de seu padrão de comportamento, ou seja, pessoas que vivem padrões em relação às crenças, paradigmas e repetições em excesso. Quando o normótico sai dessa sequência que foi auto imposta, ele se sente perdido, frustrado e começa a apresentar sintomas físicos:
- Pessoas que sofrem de normose tendem a seguir cegamente as expectativas da sociedade, muitas vezes ignorando suas próprias necessidades e bem-estar.
- A normose pode contribuir para o desenvolvimento de burnout, pois a pressão para se conformar com padrões sociais rígidos pode levar ao esgotamento.
- Ansiedade;
-  Depressão;
- Irritabilidade e 
- Insônia.

Em resumo, enquanto a neurastenia se concentra no esgotamento mental e físico de uma forma genérica e sem causa aparente, o burnout foi associado ao estresse crônico no trabalho e a normose a incompatibilidade entre seguir padrões sociais sem questioná-los e a natureza do indivíduo. Cada um desses conceitos refletem um pouco de suas épocas e das atenções que os pesquisadores davam aos temas que se apresentavam a sua volta, tendo suas próprias características e impactos na saúde mental.

Em comum todos os três temas destacam a importância de questionar e conscientizar-se sobre o que "se é", o que "se quer" e "como se conseguir" em uma sociedade que se impõem aos individuo. Reconhecer os sinais de esgotamento, avaliar as normas sociais e buscar autenticidade são passos cruciais para lidar com essas condições.


CONVERSAS ANÔNIMAS! Porque a "maioria das pessoas" acha que os "profissional funcionário público" se acham demais?

 


Bom... isso não é bem verdade…


Existe sim uma parte das pessoas que têm essa perspectiva e preconcepção mas não se pode afirmar que é a maioria. Talvez, no máximo, a maioria das quais você falou em sua amostra pessoal. Mas essa amostra não é significativa para além da sua população e contexto… mas a postagem NÃO é sobre isso.


De uma forma ou de outra a postagem é sobre O EFEITO DA AUTO-IMAGEM dos outros na sua PROJEÇÃO e sobre MECANISMOS DE DEFESA.


Podemos falar sobre Auto-imagem, mecanismos de defesa e projeções… Mas vamos por partes:


A auto-imagem é a representação mental que construímos de nós mesmos. Essa percepção não necessariamente está consciente de sua existência e não se baseia apenas na aparência física, mas também leva em conta nossa identidade como um todo, incluindo gestos, modo de falar, modo de vestir, ideias e sentimentos. Ela pode ser razoavelmente saudável mas pode ser muito distorcida. Isso envolve: Uma “Concepção realista de si mesmo” (autoconceito), o quanto se tem “Confiança em si mesmo”, na “Forma que nos Relaciona” com os outros, no ”Reconhecer” tanto nossas fraquezas quanto nossas habilidades e na estruturação do Amor próprio e embora a autoimagem seja geralmente estável, ela muda constantemente conforme VOCÊ MUDA.


Daí falar sobre “Os mecanismos de Defesa”, que são estratégias que seu “Eu”, de forma inconsciente, constroi para proteger a sua personalidade e até a sua “auto imagem” contra o que ela considera “ameaça”, afastando eventos que geram sofrimento da percepção consciente. Alguns dos principais mecanismos de defesa incluem o “Recalque”, a “Regressão” e a “Sublimação”... Existem muitos. São processos psíquicos que ajudam a manter o equilíbrio psicológico, mas também podem manifestar problemas.


Por exemplo A PROJEÇÃO: Na tentativa de não se sentir “diminuído” uma pessoa pode precisar “diminuir os outros”…  Neste processo, características intoleráveis em si mesmo são atribuídas ao outro. Desejos e sentimentos recusados são depositados no outro, como se fossem dele. Em termos de mecanismo de defesa, a inveja pode ser uma maneira de lidar com sentimentos de inferioridade, transferindo-os para o objeto de inveja.


Isso  quer dizer o quê?


Que existem sim funcionários públicos com auto estima deslocada (cheios de si), mas estão longe de serem a maioria.


Existe um número muito maior de trabalhadores privados… e a possibilidade de existir um número muito maior de funcionários PRIVADOS com auto estima deslocada (cheios de si) é grande.


Existe uma FANTASIA em torno do funcionalismo público, assim como parte da população acredita que existem MUITOS engenheiros e advogados trabalhando como UBER por não existirem campos bem remunerados para eles em seus campos de formação.


Entende o ponto? Tudo está focado onde projetamos nossa fantasia como parâmetro!


A fantasia aqui se refere a uma percepção idealizada ou irrealista. No contexto do funcionalismo público, muitas pessoas acreditam que trabalhar no setor público é mais estável, seguro e bem remunerado do que em outras áreas.


Da mesma forma: muitos profissionais qualificados (engenheiros e advogados) que não encontram oportunidades bem remuneradas em suas áreas de formação e, portanto, recorrem a empregos alternativos, como dirigir para o Uber.


Isso pode ser verdade em alguns casos, mas não é uma regra geral.


É uma IDEALIZAÇÃO! A percepção sobre o funcionalismo público e as oportunidades de emprego para engenheiros e advogados são complexas e variadas. É importante considerar as nuances e não generalizar com base em estereótipos ou ideias preconcebidas.




KafKa e a Boneca Viajante

Essa história foi contada pela última namorada do Franz Kafka, o grande escritor autor de “A Metamorfose”, “O Processo”, entre outras obras-primas. Sem dúvida alguma um dos maiores escritores do século 20. Ele morreu muito jovem, com 40 anos, ele teve tuberculose, já estava com os dois pulmões filtrados, morava em Berlim e costumava ler os jornais em um parque que havia na frente de sua casa…


Um dia, nesse parque, lendo os jornais, ele percebeu uma menina que chorava desesperadamente porque tinha perdido a sua boneca.


Ele se aproximou da babá que estava com a criança e disse que provavelmente a boneca tinha sido roubada! Até porque elas já tinham procurado em todo parque e não haviam encontrado a boneca.

Ele procurou com elas e não encontraram, e ele voltou para casa com a imagem daquela criança desolada na mente.

Na manhã seguinte Kafka voltou ao parque. A menina estava lá!  Ele então se apresentou a ela como “um Carteiro de Bonecas”! E disse a ela que ele estava trazendo uma carta da boneca que tinha desaparecido no dia anterior! 

Nessa carta a boneca (que era nosso querido Franz Kafka) pedia desculpas pela ausência tão rápida e abrupta… Mas aquela já tinha marcado uma viagem com outras bonecas ao redor do mundo!

Assim, ao longo das semanas e dos dias, Kafka foi trazendo cartas que descrevia a ela, que eram “cartas da boneca” para essa menina contando mundo que ela estava vendo! Ela foi a França, ela foi a Espanha, ela chegou a ir à África. Ela viu o mundo!


No final ele já não sabia mais aonde a boneca poderia ir! Então ele comprou uma nova boneca levou para menina;

E a menina muito espertamente disse: “Essa não é minha boneca!”


Mas Kafka disse: “Ela te mandou uma última carta!”

Nesta última carta a boneca então dizia: “Eu andei por tantos lugares maravilhosos e eu conheci tanta gente interessante que me deu tanto aprendizado… que eu me transformei numa outra boneca!” e termina dizendo:

 “Tudo aquilo que você ama forçosamente você vai perder! 

Mas tenha a certeza de que tudo voltará em forma de amor!”

Texto tirado da "Narração" de Miguel Falabella: https://www.youtube.com/watch?v=CopCs-HyyWo


O PROBLEMA FUNDAMENTAL DO HOMEM É O VAZIO!






“Pode surpreender o que eu diga, baseado em minha prática profissional, assim como na de meus colegas psicólogos e psiquiatras, que o problema fundamental do homem, em meados do século XX é o vazio.

Com isso, quero dizer não só que muita gente ignora o que quer, mas também que frequentemente não tem uma ideia nítida do que sente. […]

O que as leva a buscar ajuda talvez seja, por exemplo, o fato de romperem sempre seus relacionamentos amorosos, ou não conseguirem concretizar seus planos de casamento, ou a insatisfação com o companheiro escolhido. Mas não é preciso falarem muito para revelar que esperam que o cônjuge atual ou futuro preencha uma falta, um vácuo no seu íntimo e ficam ansiosos e zangados quando ele ou ela não conseguem.”

Rollo May (2004)

CONVERSAS ANÔNIMAS! Como curar a ferida do abandono e a rejeição?

Lembrando que não sou psicólogo, mas um mero interessado/acadêmico que gosta de destrinchar os assuntos da natureza humana… dito isso, Vamos lá!

Nossa vida é profundamente emocional.

O que acontece com nossas emoções balizam as nossas ações, nossa vida e até a maneira de percebermos o mundo.

Pro bem ou para o mal.

Quando nossas vidas emocionais são atingidas por experiências negativamente marcantes podem formar “Feridas emocionais”. Essas "dores" são muito vívidas, mesmo depois de bastante tempo de ocorridas... mesmo experiências do período da infância, acabam por desenvolver uma constante atualização na memoria afetiva de um adulto.

Podemos chamamos isso de "Trauma".

Essas dores, como abusos, humilhações, abandonos, disputam com os amores, afetos positivos, entre outras experiências o peso que vão influenciar não só os nossos sentimentos, mas a forma com a qual nos relacionamos e experimentamos o mundo ao nosso redor.

São como LENTES que mudam a cor da realidade. Nós vivemos tanto tempo com essas lentes que não somos capazes de distinguir as cores do mundo sem elas.

Infelizmente a Evolução nos condicionou a dar MAIS VALOR as coisas que causam sofrimento e dor que as coisas que nos trazem prazer e felicidade!

Essas feridas, esses traumas podem ser tão marcantes que acabam criando bloqueios ou limitações emocionais na nossa mente, refletindo nas nossas escolhas e comportamentos.

As feridas emocionais podem ser extremamente reais e, por mais que a gente tente ignorá-las, os seus efeitos são nítidos no nosso dia a dia.

É importante reconhecer e compreender essas feridas para que possamos superá-las e viver uma vida mais plena e saudável.

Note: Isso não é uma sugestão de esquecimento ou de abandono da experiência... mas tomar consciência que existe diferença entre o que vivemos hoje e o que um dia sofremos no passado...

A ferida do abandono e rejeição estão entre as feridas emocionais mais profundas que existem. Ela pode se alojar profundamente em nossa alma e conviver conosco pelo resto das nossas vidas. 

Mas como lidar com elas?

Entenda a origem da ferida: A ferida da rejeição geralmente tem sua origem na experiência primária com os pais e se reproduz posteriormente em outros tipos de relações futuras.

Aceite a ferida como real e parte de sua história. Você só pode "agir" sobre o que você entende que existe. Fingir que não existe só te faz sofrer e te torna mais fragilizado.

Entenda a sua experiência! Você não pode evitar ser rejeitado, mas pode escolher aceitar ou não essa rejeição.

Assuma a direção de suas "lentes". Comece a se valorizar e a se reconhecer por si mesmo, sem precisar da aprovação dos demais.

Reconheça seus sintomas: Medo das pessoas, inibição pessoal, falta de expressão natural em uma ou várias áreas da vida, devido ao medo e desconfiança experimentados.

Lembre-se, é importante procurar a ajuda de um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psicanalista, se você estiver lutando com essas questões. Eles podem fornecer estratégias e ferramentas adicionais para ajudá-lo a curar essas feridas emocionais.

Escuta Compassiva.

O monge budista Thich Nhat Hanh diz que OUVIR pode ajudar a acabar com o sofrimento de um indivíduo. 

A escuta profunda é o tipo de escuta que pode ajudar a aliviar o sofrimento de outra pessoa.

 Podemos chamar-lhe escuta compassiva. 

Escuta-se com um único objetivo: ajudar a pessoa a esvaziar o seu coração. 

Mesmo que ele diga coisas cheias de percepções erradas, cheias de amargura, somos capazes de continuar a ouvir com compaixão. 

Porque sabe que, ouvindo assim, dá a essa pessoa a possibilidade de sofrer menos. 

Se quisermos ajudá-la a corrigir a sua percepção, esperamos por outra altura. 

Para já, não interrompe. 

Não discute. 

Se o fizer, ela perde a sua oportunidade. 

Limita-se a ouvir com compaixão e ajuda-o a sofrer menos. 

Uma hora como essa pode trazer transformação e cura. 


ACALME-SE



A técnica A.C.A.L.M.E.-S.E. é um acrônimo (uma palavra formada pela junção das primeiras letras ou das sílabas iniciais de um grupo de palavras) usado como estratégia da Psicoterapia Cognitivo-Comportamental que oferece passos práticos para lidar com a ansiedade durante uma crise.

Esses passos ajudam a pessoa a se acalmar e a lidar com as sensações desagradáveis de forma mais eficaz. É uma técnica útil que pode ser praticada sozinha ou com a ajuda de um terapeuta. Aqui está um resumo dos passos:


1. ACEITE a sua ansiedade. Aceitar é o primeiro passo para a mudança.
Um dicionário define aceitar como dar “consentimento em receber”. Concorde em receber as suas sensações de ansiedade. Mesmo que lhe pareça absurdo no momento, aceite as sensações em seu corpo assim como você aceitaria em sua casa um visitante inesperado ou desconhecido ou uma dor incômoda. Substitua seu medo, raiva e rejeição por aceitação. Não lute contra as sensações. Resistindo você estará prolongando e intensificando o seu desconforto. Ao invés disso, flua com elas.

2. CONTEMPLE as coisas ao seu redor para se afastar da observação interna.
Não fique olhando para dentro de você, observando tudo e cada coisa que você sente. Deixe acontecer com o seu corpo o que ele quiser, sem julgamento: nem bom nem mau. Olhe em volta de você, observando cada detalhe da situação em que você está. Descreva-os minuciosamente para você, como um meio de afastar‐se de sua observação interna. Lembre‐se: você não é sua ansiedade. Quanto mais você puder separar‐se de sua experiência interna e ligar‐se nos acontecimento externos, melhor você se sentirá. Esteja com ansiedade, mas não seja ela; seja apenas observador.

3. AJA com sua ansiedade, mantendo-se ativo e diminuindo o ritmo.
Aja como se você não estivesse ansioso(a), isto é, funcione com as suas sensações de ansiedade. Diminua o ritmo, a velocidade com que você faz as suas coisas, mas mantenha‐se ativo(a)! Não se desespere, interrompendo tudo para fugir. Se você fugir, a sua ansiedade vai diminuir, mas o seu medo vai aumentar, donde na próxima vez a sua ansiedade vai ser pior. Se você ficar onde está ‐ e continuar fazendo as suas coisas ‐ tanto a sua ansiedade quanto o seu medo vão diminuir. Continue agindo, bem devagar!

4. LIBERTE o ar de seus pulmões, respirando devagar e calmamente.
Respire bem devagar, calmamente, inspirando pouco ar pelo nariz e expirando longa e suavemente pela boca. Conte até três, devagarzinho, na inspiração, outra vez até três, prendendo um pouco a respiração e até seis, na expiração. Faça o ar ir para o seu abdômen, estufando‐o ao inspirar e deixando‐o encolher‐se ao expirar. Não encha os pulmões. Ao exalar, não sopre: apenas deixe o ar sair lentamente por sua boca. Procure descobrir o ritmo ideal de sua respiração, neste estilo e nesse ritmo, e você descobrirá como isso é agradável.

5. MANTENHA os passos anteriores, repetindo-os até que a ansiedade diminua.
Repita cada um passo a passo. Continue a: (1) aceitar sua ansiedade; (2) contemplar; (3) agir com ela e (4) respirar calma e suavemente até que ela diminua e atinja um nível confortável. E ela irá, se você continuar repetindo estes quatro passos: aceitar, contemplar, agir e respirar.

6. EXAMINE seus pensamentos para evitar previsões catastróficas.
Você talvez esteja antecipando coisas catastróficas. Você sabe que elas não acontecem. Você mesmo já passou por isso muitas vezes e sabe que nunca aconteceu nada do que você pensou que fosse acontecer. Examine o que você está dizendo para você mesmo(a) e reflita racionalmente para ver se o que você pensa é verdade ou não: você tem provas sobre se o que você pensa é verdade? Há outras maneiras de você entender o que está lhe acontecendo? Lembre‐se: você está apenas ansioso(a): isto pode ser desagradável, mas não é perigoso. Você está pensando que está em perigo, mas você tem provas reais e definitivas disso?

7. SORRIA, reconhecendo que você conseguiu superar o momento desagradável.
Você merece todo o seu crédito e todo o seu reconhecimento. Você conseguiu, sozinho(a) e com seus próprios recursos, tranquilizar-se e superar este momento. Não é uma vitória pois não havia um inimigo, apenas um visitante de hábitos estranhos que você passou a compreendê‐lo e aceitá‐lo melhor. Você agora saberá como lidar com visitantes estranhos.

8. ESPERE o melhor, lembrando que a ansiedade é uma resposta normal.
Livre‐se do pensamento mágico de que você terá se livrado definitivamente de sua ansiedade, para sempre. Ela é necessária para você viver e continuar vivo(a). Em vez de considerar livre dela, surpreenda‐se pelo jeito como você a maneja, como você acabou de fazer agora. Esperando a ocorrência de ansiedade no futuro, você estará em uma boa posição para lidar com ela novamente.


A chave para lidar com um estado de ansiedade é aceitá‐lo totalmente.

Permanecer no presente e aceitar a sua ansiedade fazem‐na desaparecer.

Para lidar com sucesso com sua ansiedade você pode utilizar a estratégia “A.C.A.L.M.E.‐S.E.“, você estará apto(a) a aceitar a sua ansiedade até que ela desapareça.



Dr. Bernard Rangé - 
É professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRJ, ativo e respeitado psicólogo clínico, pesquisador e autor de importantes livros e artigos, incluindo a  estratégia A.C.A.L.M.E.-S.E.: https://incb.com.br/estrategia-acalme-se/.

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