A lição da grama
agosto 13, 2011 — Monja Isshin Como a propriedade havia ficado fechada durante alguns meses, os jardins da casa que alugamos para ser a nossa sede encontravam-se num estado de “abandono”. A grama estava bastante alta e nós ainda não temos máquina de cortar grama. Precisávamos encontrar uma solução.
Um dos praticantes da nossa Sanga, o Mestre de Hapkidô (4º dan) e postulante de monge Giovani (Centro de Cultura Oriental Tigre Coreano) lembrou de suas experiências pessoais e resolveu convidar dois alunos de Espada Coreana (Haedong Kumdo) para um treino especial – treinando o “corte” na nossa grama.
Ele explicou a parte técnica aos alunos e a Monja Isshin explicou o aspecto “sutil”, do cultivo da sensibilidade para “sentir” profundamente e tornar-se um com a grama e a ferramenta: “sentir” a grama, “explicando” como a grama “queria” ser cortada, e “sentir” a ferramenta, “explicando” como a ferramenta “queria” ser usada.
Foi interessante observar o desenvolvimento deles, durante aquele breve período de tempo. Inicialmente, eles “lutavam” com a grama e com as ferramentas. Parecia que a grama “resistia” ser cortada e que as ferramentas estavam “cegas”. Mas ficava bem nítido a cada instante quando eles conseguiam se harmonizar com a atividade – os movimentos, as ferramentas, a grama. Nestes instantes, quase que parecia que a grama caía por si mesma, de tão leve ficava a passada da lâmina.
Aos poucos, os instantes de “acerto” ficaram mais freqüentes que os instantes de “erro”, até que uma boa parte da grama foi cortada e chegou a hora do zazen.
Terminado o treino com a grama, praticaram o zazen. O dia finalizou-se com chá e bate-papo sobre a experiência.
Segue o depoiamento dos dois alunos:
Ao aprendermos uma técnica nova, se tivermos pressa e não deixamos o aprendizado fluir naturalmente de acordo com nossa capacidade, podemos até aprender os movimentos, mas deixamos de lado pequenos detalhes que fazem toda diferença no final.
Um dos praticantes da nossa Sanga, o Mestre de Hapkidô (4º dan) e postulante de monge Giovani (Centro de Cultura Oriental Tigre Coreano) lembrou de suas experiências pessoais e resolveu convidar dois alunos de Espada Coreana (Haedong Kumdo) para um treino especial – treinando o “corte” na nossa grama.
Ele explicou a parte técnica aos alunos e a Monja Isshin explicou o aspecto “sutil”, do cultivo da sensibilidade para “sentir” profundamente e tornar-se um com a grama e a ferramenta: “sentir” a grama, “explicando” como a grama “queria” ser cortada, e “sentir” a ferramenta, “explicando” como a ferramenta “queria” ser usada.
Foi interessante observar o desenvolvimento deles, durante aquele breve período de tempo. Inicialmente, eles “lutavam” com a grama e com as ferramentas. Parecia que a grama “resistia” ser cortada e que as ferramentas estavam “cegas”. Mas ficava bem nítido a cada instante quando eles conseguiam se harmonizar com a atividade – os movimentos, as ferramentas, a grama. Nestes instantes, quase que parecia que a grama caía por si mesma, de tão leve ficava a passada da lâmina.
Aos poucos, os instantes de “acerto” ficaram mais freqüentes que os instantes de “erro”, até que uma boa parte da grama foi cortada e chegou a hora do zazen.
Terminado o treino com a grama, praticaram o zazen. O dia finalizou-se com chá e bate-papo sobre a experiência.
Segue o depoiamento dos dois alunos:
Treino Especial em Contato com a Natureza
por Roger M. Cruz e Matheus F. Luz.
“Quando um mestre, um professor de arte marcial, propõe algum desafio, é porque ele confia em você, sabe da sua capacidade de vencer e principalmente da sua capacidade de aprender com esse desafio.
Recebemos um desafio: cortar grama. Com máquina? Não, com facas e as técnicas de cortes aprendidas no Haedong Kumdo.
Ando lendo a respeito das diferenças culturais entre os lados ditos oriental e ocidental do planeta. O que, para nós ocidentais, pode parecer um castigo, (alguns até entenderiam como humilhante) na realidade muito nos honrou.
No começo foi difícil ouvir: ouvir a si mesmo – ok. Ouvir a grama – acho que consigo. Ouvir a lâmina – a lâmina? Sim, a lâmina! Cortar, nesse caso, não era simplesmente apresentar a faca ou a foice à vegetação, pois quando se passa a compreender os elementos e todo o movimento flui de maneira harmoniosa, a lâmina até parece mais afiada.
O nível de concentração, nesse momento, é tamanho que não se nota o tempo passar, se faz frio ou calor, e se está chovendo ou fazendo sol. Por uma tarde, só o que acontecia ali era o facão, a grama e a técnica.
A lição que fica é a da paciência. Compreendemos que tudo deve fluir a seu tempo, do mesmo jeito que não adiantava ter pressa para cortar e terminar rápido o “serviço”. O aprendizado de nossas técnicas, e de tudo na verdade, flui da mesma maneira.
Ao cortar rápido a grama, nos cansávamos mais, nos machucávamos e não fazíamos direito, pecando nos detalhes do acabamento.
Concluindo: na vida também devemos ter essa paciência e deixar as coisas fluírem a seu fluxo natural.
Após o treino passamos a sentir mais a natureza e as coisas ao nosso redor. Este é o legado que levamos…
Claro que as dores musculares de quem não está acostumado com essa “lida campeira”, por assim dizer, vieram no dia seguinte, mas isso é assunto para outro momento. Mesmo assim, que aprendizado valioso!”
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