Públicado originalmente no "_Dharmalog"
“Muitos de nós somos escravos de nossas mentes. Nossa própria mente é nosso pior inimigo. Tentamos nos focar, e nossas mentes devaneiam. Tentamos manter o estresse lá fora, mas a ansiedade nos mantém acordados durante a noite. Tentamos ser bons com as pessoas que amamos, mas então as esquecemos e colocamos nós mesmos em primeiro lugar de novo. E quando queremos mudar nossas vidas, mergulhamos na prática espiritual e esperamos resultados rápidos, só até perder o foco depois que a lua-de-mel passou. E voltamos ao nosso estado de desorientação. Nos sentimos desamparados e desanimados. Parece que todos concordamos que treinar nossos corpos com exercício, dieta e relaxamento é uma boa coisa, mas porque não pensamos em treinar nossas mentes?”
Alguém se arrisca a responder a pergunta de Sakyong Rinpoche? Posso tentar com uma das possíveis razões: nos identificamos tanto, mas tanto, com nossa mente, que muitos de nós sequer sabe que ela é passível de ser treinada como “algo”. A própria expressão “treinar a mente” deve ser estranha nesse sentido. Talvez outra razão seja a noção de que isso vá implicar em ter que controlar, limitar ou mesmo abandonar certos desejos ou situações de zona de conforto (física e mental) que temos, e isso não é nada atraente.
The Sakyong, Jamgön Mipham Rinpoche é um dos lamas budistas mais importantes da nova geração, vem da tradição Shambhala, uma sociedade considerada de iluminados, e da linhagem Nyingma do Budismo Tibetano, cujo ancestral mais longínquo é creditada a transmissão do dharma pelo próprio Buda. Filho do celebrado lama Chögyam Trungpa Rinpoche (1939-1987), é poeta, artista e esportista (corredor de maratonas nos Estados Unidos) e autor de dois livros: “Turning the Mind into An Ally” e “Ruling Your World”.
Um nota que eu gostaria de colocar antes do vídeo abaixo, e inspirado nas palavras do próprio Sakyong Mipham Rinpoche, é que a meditação não tem nenhuma relação obrigatória com a religião nem com teísmos nem com qualquer outra associação baseada em dogma ou cultura, e sim com um método universal de auto-conhecimento. Como ele diz, “A meditação é baseada na premissa que o estado natural da mente é calmo e claro… Meditação é uma maneira de desacelerar e ver como nossas mentes funcionam. Isso não tem nada a ver com religião ou com caminho espiritual. Isso tem tudo a ver com simplesmente ser humano“.
Abaixo, um precioso vídeo instrucional (7min39seg) de Sakyong Rinpoche ensinando como meditar, e como a atitude da meditação é importante, priorizando a tarefa de estar presente. É uma introdução e está legendada em português.
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