O Budismo, desde o seu início com o Shakamuni Buda na Índia, sempre foi uma religião de não discriminação. A religião hindu, na época de Buda, ensinava o sistema das castas e uma grande parte da população ficava classificada como “intocável, sem casta” e, no fundo, considerada “não humana”. A maneira de arrumar o cabelo sinalizava a qual casta a pessoa pertencia.
Também havia muita discriminação contra as mulheres.
A Sanga (comunidade dos seguidores do Buda) recebia a todos, sem exceção. Ao se tornar monge, todos raspavam a cabeça, simbolizando que não seguiam mais o sistema de castas e os que haviam sido considerados “intocáveis” eram reconhecidos como iguais. Os sutras falam de “ex-intocáveis” que alcançaram a iluminação.
O Buda também ensinava que a mulheres podiam igualmente alcançar a iluminação e as autorizou a se tornarem monjas e rasparem a cabeça. Ele as submeteu a regras adicionais – mas não sabemos se foi para protegê-las (devido às atitudes sócio-culturais da época) ou se, na verdade, estas regras foram acrescentados mais tarde (e não ensinados pelo Buda, na realidade) por influência de preconceitos culturais.
Isto não significa que não houveram erros na prática e na interpretação dos ensinamentos em muitos países durante uma boa parte da história do Budismo, devido às limitações e preconceitos humanos. Mas, atualmente, percebemos grandes esforços para corrigir estas falhas para melhor respeitar o espírito de não discriminação, em acordo com os ensinamentos clássicos de Buda.
Lembrando disto, aproveitamos o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) para compartilhar um vídeo dirigido e produzido por um membro da nossa Sanga, a praticante Andreia Vigo (cujo nome de Darma é “Sôtoku”) como parte do Projeto RS Negro, do governo estadual do Rio Grande do Sul.
Abaixo seguem trechos do material do “kit” que foi produzido neste projeto:
O Primeiro 20 de Novembro
O 20 de novembro representa resistência. Foi com esse espírito que um grupo de jovens negros liderado por Oliveira Silveira, Antonio Carlos Cortes, Ilmo da Silva, Vilmar Nunes, entre outros, se reuniam, periodicamente, na Rua da Praia, no centro da capital gaúcha para discutir outra data comemorativa e, assim, retomar a história de resistência e afirmação da identidade da população negra. O primeiro 20 de Novembro que homenageou Zumbi foi organizado pelos militantes do Grupo Palmares, em 1971, e festejado no Clube Náutico Marcílio Dias, uma organização social localizada, na época, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. O Grupo Palmares se desfez, mas deixou um importante legado à sociedade brasileira.
- Revista RS Negro
SOU
O documentário SOU é um registro histórico-poético sobre a identidade afro-gaúcha, tendo como base a vida e a obra do poeta gaúcho Oliveira Silveira (1941-2009). Oliveira também é conhecido como o poeta da Consciência Negra, por ter sido um dos idealizadores da proposta de criação do 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra.
Filmado em Porto Alegre, Rosário do Sul e na Serra do Caverá. Inverno/2010.
O documentário SOU faz parte do projeto “RS Negro: educando para a diversidade”, uma realização da Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social do RS (SJDS), da Fundação de Educação e Cultura do Internacional (Feci), com financiamento da Companhia Estadual de Energia Elétrica do RS (CEEE), através da Lei da Solidariedade.
Este projeto consiste em um kit multimídia composto pela 2 ed. do livro “RS Negro: cartografias da produção do conhecimento”; Revista RS Negro; Poster book RS Negro; CD de aulas RS Negro; CD de áudios “Negro Grande” e o Vídeo-documentário “SOU”;
O kit do projeto será distribuido gratuitamente à escolas, bibliotecas e centros de pesquisa, numa ação alinhada à Lei 10.639, que inclui a “história e cultura afro-brasilera” no currículo oficial da rede nacional de ensino.
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