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CONVERSAS ANÔNIMAS! “Como psicólogo, como você analisa a época do Carnaval?”




 
Adorei o tema! A pergunta é: “Como psicólogo, como você analisa a época do Carnaval?”



Lembrando que não sou psicólogo, mas um mero interessado/acadêmico que gosta de destrinchar os assuntos da natureza humana… dito isso, Vamos lá!

Primeiro: O Carnaval existe desde antes do carnaval! Não é um evento moderno que representa algum estágio evolutivo/regressivo qualquer … mas é uma RECORRÊNCIA ANTROPOLÓGICA!

Não é de hoje que culturas/povos do mundo todo tendem a se permitir (ou tentar circunscrever em um momento no ano) dar “escape” para as emoções e simbolismos que SUBVERTAM a sua própria cultura e seu “status quo”.

Essa necessidade antropológica se repete em culturas diferentes, de formas diferentes, em tempos diferentes, mas mantendo a importante recorrência da “PERMISSIVIDADE” temporária de comportamentos, condutas e expressões de representações do que, no cotidiano normal, seria considerado atitudes constrangedoras e transgressoras e até imorais!

Se hoje o Carnaval é um evento de irreverência e descontração, em que os foliões se permitem adotar outras posturas, mais descontraídas, mais desprendidas e despudoradas, extravasando suas vontades e desejos reprimidos o ano todo, sem o medo de julgamentos alheios, no passado de várias nações e de outras culturas também manifestaram os mesmos princípios, mostrando que essa “necessidade” transcendente no tempo e a cultura instalada!

Vou listar alguns exemplos famosos sem o cuidado de me preocupar com a linha do tempo ou com datas e motivações… apenas na atenção para a configuração de ser um evento onde se “permite a transgressão” através da festa!

- As Festas Dionísicas, eram celebrações em honra ao deus Dionísio, associado ao vinho e ao êxtase. Essas festas aconteciam em datas determinadas pelo calendário grego e eram marcadas por euforia, despudor sexual e regadas a vinho;

- As Saceias, na Babilônia, eram festividades que durava onze dias de festividades, tinham fantasia e a inversão temporária de papéis (escravos se vestiam de reis e nobres se vestiam de escravos) e junto com músicas e a entrega aos prazeres físicos, temporariamente permitidos;

- No Egito Antigo, celebrava-se o “Navigium Isidis”, festa que honrava a deusa Isis e envolvia um verdadeiro barco liderando um cortejo (desfile) com músicas e danças pelo rio Nilo. Há quem diga que a palavra “carnaval” se origina do termo em latim "carrum navale";

- Claro, também a Saturnália Romana que também era uma festa vibrante e cheia de alegria, que derrubava as normas sociais romanas e enchia os corações de esperança para o novo ano que se aproximava!

São exemplos de “festas populares” em tempos e culturas distintas onde a prática de exageros de liberdade, entrega a celebração da vida, e a PAUSA nas preocupações com convenções sociais são presentes… embora as “motivações” culturais sejam diferentes!

Agora, entendido que a humanidade exercita essa prática a milhares de anos… porque a faz?

Qual a perspectiva psicológica relacionada a essas festividades?

Uma forma de encarar é a através da necessidade de “Desindividualização”!

Desindividualização é um conceito que se refere à perda ou diminuição da “individualidade” de uma pessoa quando ela está inserida em um grupo ou multidão. Esse fenômeno ocorre quando as características pessoais e a identidade de alguém se tornam menos proeminentes em comparação com a influência do coletivo.

Isso traria um tipo particular de ALÍVIO! Pois desliga a necessidade de policiamento do próprio Ego e as pressões do Superego sobre o indivíduo.

Durante o Carnaval, as pessoas, ao estarem em grupos, tendem a perder parte de seu autoconhecimento e autocontenção. Elas agem de maneira diferente do que fariam se estivessem sozinhas. Esse processo pode ter efeitos poderosos, tanto positivos quanto negativos.

Por exemplo, em grupos, as pessoas podem se sentir menos responsáveis por suas ações individuais, o que pode levar a comportamentos mais ousados.

Numa perspectiva psicológica, a fantasia durante o Carnaval proporciona essa sensação de liberdade. Os foliões interagem de forma despreocupada, sem temer julgamentos e críticas.

A festividade cria um ambiente menos propenso a diferenças e preconceitos, encorajando as pessoas a serem mais ousadas e autênticas.

O Carnaval pode ser interpretado como uma expressão coletiva dos desejos reprimidos e das pulsões mais profundas da psique humana. Durante essa festa, os indivíduos têm a oportunidade de se libertarem das restrições sociais e morais, permitindo que seus impulsos mais primordiais venham à tona de forma LÚDICA e aceitável.

Assim o Carnaval funciona como uma válvula de escape diante das rotinas estressantes do resto do ano!

Ele nos permite experimentar o relaxamento das formalidades e tensões, esquecendo temporariamente das amarras e dos papéis que assumimos no dia a dia.

Nesse sentido, o Carnaval é um momento em que as pessoas podem se expressar, liberar emoções e vivenciar uma experiência única de comunhão e diversão. Como psicólogo, observar esses aspectos sociais e psicológicos nos ajuda a compreender melhor o comportamento humano durante essa festividade.

Similar ao que Freud explica sobre o efeito de “massa” onde o Carnaval é uma “entidade temporária”, composta por elementos heterogêneos que se uniram por um momento e validam a extravasamento de emoções reprimidas e assume-se um lado de cada um que se manifesta de forma SUBLIMADORA dos seus processos repressivos!

O que vocês acham?

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