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Cadeia de Probabilidades e as Artes Divinatórias

Jeff Alves | 4 de outubro de 2011 Por Irmão Johannes Coelho




A credologia humana tem uma gama variável de filosofias e assuntos de teor sobrenatural ou, como define certo amigo, “coisas que vão alem das manifestações do cotidiano”.



Intencionando tocar em um ponto fecundo de teorias a respeito desse extraordinário, temos como exemplos dessas suposições as ditas artes (ou ciências como são referidas por outros) adivinhatórias, que outrora germinaram suas ações em todas as civilizações. Essas mancias (do grego: mancia: Profecia, adivinhação) foram perseguidas, agraciadas, denegridas e alteradas com o passar dos tempos. Muitas dessas artes da adivinhação que vogam nos dias atuais estão repletas de aspectos e informações que em muitos casos geram confusões ao contrario de esclarecer algo para aqueles que às procuram.


Fato interessante sobre as artes de prever acontecimentos futuros é que as mesmas também são associadas a outras ciências que de proféticas não tinham exatamente muita coisa. Caso da Astrologia e do Tarô, duas ciências distintas especificamente comparando as artes tidas por adivinhatórias (apesar das mesmas terem sua relação com o que podemos denominar de misticismo interativo entre Deus, o Universo, e o Homem).


Elas são reconhecidas pela psicologia Junguiana como ciências ricamente dotadas de simbolismos arquétipos, onde se pode traçar paralelos entre as tendências psicológicas dos homens em interação com o cosmo, mas que em conjunto com esses artefatos de prever o futuro compartilham de um padecer claro a respeito de todas essas teorias do sobrenatural e do natural que são a mesma coisa em graus variados de manifestação: são “probabilísticas”.


Probabilísticas, no sentido de que nenhuma delas expressa Ipso Facto de qualquer adivinhação, ou efeito inevitavel de tendências psicológicas no Ser Humano.


Até mesmo as bases da psicologia forense, experte em peritagem, avaliação do nível psicológico e circunstanciais do contexto, aspectos emocionais de influencia no delito e capacidade de cognição, comete seus equívocos. No caso, até mesmo as tendências a se manifestarem a partir de incitações, traumas e complexos aos níveis da psique são em si também de teor Probabilístico.


Esse não fatalismo em um aspecto analisado por uma arte adivinhatória é mais comum de se averiguar, já que é tão constante vivenciarmos situações em que determinadas pessoas dispõem previsões futuras de acontecimentos que nunca ocorreram.


No âmbito das ciências tendenciosas e psicológicas, no caso da astrologia, vemos que sua exatidão também é muito variável, mesmo mostrando utilidade significante para a sua existência.


Seguindo a linha de raciocínio da cadeia de probabilidades, para que serve uma ciência que nos mostra as tendências de comportamento das marés ou dos homens, se não for para trabalhar a favor ou contra essas prováveis revelações de um futuro?


As probabilidades se mostram claras nessas teorias, já que se formos nos conformar com todas as previsões, tendenciosas ou proféticas, onde se encontrará o sentido do livre arbítrio estabelecido pelas religiões e culturas?


Plotino Celebre Filosofo do Século II, foi um dos que ressaltou a cadeia de probabilidades, eis o que o sábio expôs sobre a astrologia:

“O Curso dos astros anuncia os acontecimentos, mas não os faz” – Enéadas (novenas) II e IV.

Utilizando-se da astrologia como exemplo, já que a mesma se encontra em um âmbito que se mescla entre os conceitos de arte adivinhatória e de ciência demonstrativa das tendências psicológicas e cosmogonicas, eis o que São Tomaz de Aquino, em sua Suma Teológica, especificamente no Tratado da Criação, determina a respeito da ciência astrológica:

“Os corpos celestes exercem por si mesmos uma influencia direta sobre os corpos inferiores, mas só exercem uma influência indireta e acidental sobre as potências da alma…de uma maneira indireta e acidental, as impressões dos corpos celestes podem ter alguma ação sobre nosso intelecto e nossa vontade, no sentido em que nosso intelecto e nossa vontade sofrem alguma influencia por parte das forças inferiores, isto é, das forças ligadas aos órgãos corporais… A maioria dos Homens deixa-se levar por suas paixões, que nascem da impulsão dos apetites sensitivos, e sobre as quais podem ter influencia, em conseqüência, os corpos celestes; são poucos os sensatos que se mostram capazes de resistir a essas paixões. É por isso que os astrólogos com freqüência podem acertar suas predições, sobretudo quando falam em geral; pois o erro é mais provável quando eles querem particularizar, já que nada impede que um homem resista a suas paixões através do livre-arbítrio. E daí surge essa palavra dos próprios astrólogos: Sapiens homo dominatur astris, o que quer disser que o sábio reina sobre suas próprias paixões.” – Suma Teológica (tratado da criação, PI, Q 115, A4).

Encontramos nessas precedentes linhas, uma concepção de que tanto as ditas artes adivinhatórias como as ciências que estabelecem as tendências de influencia entre o ser Humano e o Cosmo, são sujeitas simplesmente a cadeia de probabilidades, não sendo exatas em suas previsões e demarcações.


Concluindo, deixo solta a proposta para reflexões a respeito de tudo que nos é passado e demonstrado. Não deixemos adentrar em nossas mentes todas as coisas que nos é empurrado goela abaixo, como se fossem verdades inquestionáveis e inevitáveis, não somos sujeitos a mercê de ciências, que na verdade foram formatadas ao entendimento humano para nos servir em prol de nossa evolução.


EXERÇA SUA VONTADE E FAÇA JUS AO QUE IDENTIFICAMOS COMO LIVRE ARBÍTRIO.


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Anne Barbault – Introdução à Astrologia, Ed. Nova Fronteira;
Frances Sakoian e Louis Acker – O Manual do Astrólogo, Ed. Agora;
Papus – As Artes Adivinhatórias, Ed. Edições 70.
Tomás Aquino – Suma Teológica. 8 Vols. ( V.1 Teologia – A Criação )- SP. Ed.Loyola. 2000-2003;

Texto de Irm. ASNA, um dos autores do blog O Alvorecer.

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