Brasileiros transformam paredes e vidros em telas sensíveis ao toque

Laura Brentano Do G1.

 

Empresa sediada no Rio de Janeiro desenvolve tecnologia desde 2008. Diferente do iPad, tela sensível ao toque capta movimentos por câmera.

Allan Diegues, Simon Medeiros e Rafael Amaro, sócios da ICE interactive. (Foto: Divulgação)
 

Allan Diegues, Simon Medeiros e Rafael Amaro,
sócios da ICE interactive (Foto: Divulgação)
 
 
Um grupo de engenheiros brasileiros de 27 anos desenvolveu uma solução alternativa às telas sensíveis ao toque, mais simples e mais barata. Diferentemente de equipamentos como o iPad, quem detecta os toques na própria tela, essa tecnologia capta os movimentos do usuário por meio de uma câmera.

“A forma de interação do iPad e da nossa solução é a mesma. O que muda é como os comandos são detectados”, explica Rafael Amaro, um dos sócios da empresa ICE Interactive, que está incubada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


A tecnologia já foi aproveitada em shoppings e museus do mundo todo. “Umas das aplicações mais comuns são os pisos interativos em centros comerciais”, conta Amaro. Por utilizar uma webcam, o conteúdo pode ser projetado em paredes, mesas, vitrines e até mesmo no chão. “A câmera fica focada onde a pessoa vai interagir. Ou seja, tudo o que ela fizer, será capturado. Por isso, o material da tela pode ser qualquer coisa”.
No entanto, há restrições. Na parede ou em um piso, por exemplo, o controle dos movimentos é apenas gestual. Já em telas de acrílico, é possível clicar e enviar comandos como em um computador. Nesses casos, é utilizado um projetor. A tela LCD de TV, por exemplo, também é uma alternativa. “Elas não precisam do projetor porque a imagem já está na tela”, conta.

A parte central da tecnologia já existia quando os engenheiros resolveram criar a empresa. “Um dos sócios foi procurado por uma agência de publicidade para desenvolver esse tipo de solução”, conta Amaro. Depois de chamar os amigos para estudar a tecnologia, eles descobriram as diversas aplicações que ainda não tinham sido exploradas. “Queremos fugir do entretenimento. Pode-se usar também na medicina, em casas noturnas e na própria educação”.


Infográfico de tela sensível ao toque alternativa (Foto: Reprodução)

Interface para médicos

Em 2010, eles submeteram ao fundo de apoio à pesquisa FAPERJ uma interface interativa para médicos. Nessa solução, os profissionais poderiam ver imagens de diagnósticos e manipulá-las com os dedos, dispensando o uso do computador.

“Outra vantagem é que vários médicos poderiam usar a tela e tomar decisões de forma colaborativa”, explica Amaro. “Em vez de o médico pegar um raio-X e colocá-lo naquelas telas iluminadas para enxergar as imagens, ele usa a interface para ampliar e mostrar mais detalhes, apenas com os dedos, como se a imagem estivesse na mão dele”, completa.

Biblioteca de gestos

A câmera captura os movimentos da pessoa e envia as informações para um software instalado em um computador, que processa as imagens. Com gestos já pré-definidos, a tecnologia identifica o movimento do usuário e o transforma em um comando, que pode ser clicar, ampliar ou mover.

“Estamos criando uma biblioteca de gestos para cadastrar diferentes formas de interação com a tela. Além dos movimentos tradicionais, como os usados no iPad, pensamos em outros que dispensam os dedos. Mover a cabeça para a esquerda, se for um aplicativo de leitura, por exemplo, poderia ser virar a página”, explica Amaro.

Projetos já desenvolvidos por outras empresas permitem inclusive pisar no conteúdo projetado no chão para interagir com ele. “Queremos possibilitar o maior número possível de interação”.

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