O texto que segue é uma adaptação livre minha de uma parábola que já ouvi em versão Budista, sufi/Islã e até judaica...
"Era uma vez um rei que administrava seu reino com extremo zelo e que para tanto contava com bons conselheiros e até mesmo com um sábio em sua corte, além de fiéis cavaleiros bem preparados para um combate inesperado.
Um dia o Rei pediu para que o sábio lhe desse uma proteção que pudesse usar e lhe trouxesse alento e sabedoria para governar... algo para deixar para seu herdeiro.
O sábio pediu que o rei mandasse confeccionar uma anel que pudesse guardar um pequeno papiro com apenas três palavras e lhe entregasse.
O rei pediu ao joalheiro que criasse tal jóia. Um anel com um pequeno compartimento, onde um pequeno pedaço de papiro pudesse ser armazenado. Como o compartimento era muito pequeno, qualquer coisa que se escrevesse naquele pequeno pedaço de papel não poderia ultrapassar as três palavras palavras.
Quando o anel ficou pronto o rei mandou chamar o sábio. O rei então pediu ao sábio que lhe desse as quatro palavras “mágicas” que lhe pudessem ser úteis num momento de extrema necessidade ou desespero e que trouxesse sabedoria para si e para seus herdeiros.
O sábio assentiu e pensou por um instante. Chovia há dias e o sábio disse ao rei que assim que a chuva passasse ele entregaria ao rei as quatro palavras já escritas no pequeno papiro tendo-o colocado no compartimento do anel da sorte do rei.
Dito isto, o rei concordou e entregou o anel ao sábio.
Passados dois dias e também as chuvas que irrompiam no reino há quase uma semana, o sábio devolveu o anel ao rei e disse:
- Majestade: abra o compartimento do anel somente num momento de extrema necessidade ou de grande júbilo.
O rei estranhou mas concordou e colocou o anel no dedo.
Passadas muitas semanas, o reino foi invadido por bárbaros e estes queriam a cabeça do rei para poderem tomar posse do reino. O rei percebeu que seu exército era muito mais fraco que o do inimigo e que fôra pego de surpresa. Era a ele que eles queriam. Pensou em fugir para evitar perdas desnecessárias de vida.
Sem alarde pediu a seu servo imediato que preparasse seu melhor cavalo e partiu sem rumo. Os bárbaros o perseguiam e o rei se sentia acuado e em desespero.
Foi então que o rei lembrou-se do anel. Abriu o compartimento e pegou o pequeno pedaço de papel onde estava escrito:
- ‘Isso vai passar.’
O rei tinha decidido poupar seus soldados, partiu para uma região vizinha a do seu reinado, quando próximo da fronteira foi avistado pelos guardas do reino vizinho. Que alarmados se armaram e frearam a perseguição. Porém atrás dos perseguidores os soldados de seu próprio exército corriam em socorro de seu rei. Cercados entre as fronteiras e sob ataque de dois exércitos os bárbaros foram dizimados.
Já seguro, o rei retornou ao povoado onde todos o aguardavam ansiosos, uma vez que não acreditavam que ele ainda pudesse estar vivo. Quando o viram retornar são e salvo, houve festa e exultação geral entre todos. O rei sentia-se orgulhoso de si mesmo e em êxtase por estar vivo e por ter retornado ao seu reino que permanecera intacto.
Neste momento, o rei recordou-se das palavras escritas no pequeno pedaço de papel contido no anel pelo sábio e o mandou chamar. Ele agradeceu o sábio pelas palavras escritas. O sábio pediu ao rei que lesse novamente o papel.
O rei questionou pois ele estava tão feliz, tão alegre, não havia motivo algum para desespero naquele momento e nenhuma vida de seu povo tinha sido perdida na batalha. O rei estava orgulhoso de si mesmo e alegre.
O sábio repete:
- Majestade: lhe peço que leia novamente o pequeno papel.
O rei olha com atenção ao semblante sério do sábio e abre o compartimento do anel e lê:
- Isso também vai passar..."
Um comentário:
Não devemos nos sentir demasiadamente tristes com as derrotas e nem demasiadamente felizes com as vitórias, porque TUDO PASSA.As balanças devem estar em equilíbrio!!
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