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Pra não dizer que só falei de monges.... "Penny Dreadful"

Leticia_Helena
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A era vitoriana no Reino Unido foi o berço da literatura inglesa no século 19, tendo consagrado diversos autores clássicos como Arthur Conan Doyle (Sherlock Holmes) e Oscar Wilde (O Retrato de Dorian Gray). Nessa época, a literatura se propagou de maneira bem característica: por meio dos “Dreadfuls” e dos “Penny Bloods”. Esses folhetins eram obras populares que buscavam produzir conteúdo para a massa leitora que surgia. Por isso, eram preenchidos com grande teor de sangue, violência, sexo e terror, com personagens sinistros e histórias apelativas.
Resgatando essa ideia, Penny Dreadful, série produzida por John Logan e Sam Mendes e exibida no Brasil pela HBO e pelo Netflix, vem para reviver o horror gótico presente nessas histórias. A trama se passa na Londres da Revolução Industrial, uma cidade movimentada e cheia de mistérios.
Na trama, Sir Malcom Murray (Timothy Dalton) monta uma equipe para procurar sua filha desaparecida Mina (Olivia Llewelyn). Além de Vanessa Ives (Eva Green), melhor amiga da menina, Malcolm também recruta Ethan Chandler (Josh Hartnett), um pistoleiro norte-americano que faz apresentações teatrais temáticas e que, devido a suas habilidades no manuseio de armas, é convocado para uma emboscada. Somos também apresentados ao Dr. Victor Frankenstein (Harry Treadaway), que é recrutado por suas habilidades médicas excepcionais.
A trama se torna cada vez mais complexa, se transformando em uma jornada para entender o sobrenatural que reside nas ruas da cidade. Repleta de suspense e sombras, essa série aposta no terror, contando com uma abordagem psicossexual. Se você ainda não está convencido, dá uma olhada em 7 motivos que vão te viciar!
1) Os personagens são inspirados em clássicos da literatura inglesa
Penny Dreadful
Durante a trama, somos apresentados a diversos personagens notáveis da literatura britânica da época. Conhecemos primeiramente o Dr. Victor Frankenstein, personagem do romance de Mary Shelley publicado em 1818. Nessa adaptação, ele é um jovem médico atrás do lirismo da ciência. Junto dele, claro, o Monstro.
Ainda temos a presença de Drácula e Van Helsing, personagens do romance Drácula, de Bram Stroker. Mas o grande destaque está com o imortal Dorian Gray, personagem inspirado no livro de Oscar Wilde e que é adaptado de forma encantadora, com cenas de grande carga erótica e diálogos arrebatadores. Tudo isso somado à inserção de figuras e criaturas características do terror gótico, como bruxas, vampiros e lobisomens. É feita referência até a Jack, o Estripador.
2) O roteiro é bem trabalhado
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O roteiro foi escrito por John Logan, dramaturgo conhecido por seus trabalhos emGladiadorO Aviador e Hugo, pelos quais foi indicado ao Oscar de melhor roteiro original. Seu texto consegue trazer a sensação de harmonia. Por meio das divagações existenciais entre os personagens, ele é capaz de mostrar toda a aflição em que estão mergulhados.
Os diálogos trazem muito lirismo, oriundo das poesias de Shakespeare e de princípios filosóficos (que se encaixam de maneira perfeita). O ponto forte do roteiro é o fato de os personagens não serem heróis e sim seres humanos, com vários defeitos e dúvidas morais. Ao longo do seriado, eles tentam se redimir pelos erros do passado.
3) O elenco é ótimo
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O núcleo do seriado é formado por atores renomados, que não deixam a desejar em suas atuações. Começando com Eva Green, que realiza uma atuação memorável repleta de melancolia e tristeza, roubando as cenas (acreditam que nem sequer a indicaram ao Emmy?!).
Completando o elenco principal temos Timothy Dalton (o ex-James Bond) e Josh Hartnett, nomes conhecidos e que carregam grande talento. Harry Treadaway dá vida ao Dr. Victor Frankestein de maneira arrebatadora, juntamente com Reeve Carney, o nosso querido Dorian Gray. Billie Piper, conhecida por seu papel como Rose Tyler em Doctor Who, interpreta Brona Croft, uma imigrante irlandesa com tuberculose. Na segunda temporada, Helen McCory (Narcisa Malfoy na série de filmes de Harry Potter) traz um ar macabro ao interpretar Madame Kali, uma espiritualista.
4) A trilha sonora é impecável
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Penny Dreadful conta com uma trilha sonora original adequada ao rumo escabroso e sombrio que a história toma. A abertura do seriado já mostra seu potencial, com um violino estridente ressoando entre cenas dark. Durante a trama, podemos perceber a sincronia das músicas ao transitar entre cenas de tensão e de tristeza com naturalidade. Isso tudo sem contar que a soundtrack foi indicada a dois Emmys: Melhor composição musical para uma série e Melhor tema de abertura original.
5) A fotografia é simplesmente maravilhosa
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Uma característica marcante do seriado é, definitivamente, a fotografia, contrastando de maneira encantadora as cores mais vivas e escuras. Os episódios sempre têm um tom sombrio com as noites escuras de Londres, os tons cinzentos das construções e os porões quase sem luz.
6) O figurino é espetacular
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O figurino elegante e subjetivo reforça o visual da série. A figurinista Gabriela Pescuci realizou um ótimo trabalho ao adaptar as roupas da Era Vitoriana em majestosos trajes sóbrios e realistas.
Os vestidos escuros de Vanessa Ives remetem à sua afinidade com as aranhas e, frequentemente, ela veste roxo, representando sua mediunidade. Já Dorian Gray traz o erotismo nas cores vibrantes de seus ternos e blusas de cetim. Sir Malcom, homem de origem rica, está sempre vestindo roupas de qualidade, enquanto Ethan é visto com seu colete de atirador e calças forradas. A conciliação entre figurino e traços de personalidade é algo que chama atenção.
7) Os monstros são realmente horripilantes!
O interessante da série está na releitura das criaturas do terror gótico, tais como o vampiro e as necromantes. A maquiagem remete aos moldes “originais” dos monstros que conhecemos, com visuais horripilantes dignos de uma série do gênero.
Os vampiros são seres de olhos vermelhos e dentes afiados, assustadoramente leais à descrição clássica, enquanto as necromantes aparecem como criaturas calvas cheias de cicatrizes e as bruxas têm seus castelos colossais e rituais envolvendo vodu. A maquiagem está tão boa que a primeira temporada foi indicada a mais um Emmy: Melhor Maquiagem Protética para uma Série, Série Limitada, Filme ou Especial de TV.
Se você ainda não viu, corra que dá tempo. A série foi renovada e a terceira temporada está sendo filmada, com previsão de estreia para 2016

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