CONVERSAS ANÔNIMAS: Minha mulher me trai e me abandona... mas eu volto!




Membro Anônimo, bom dia!

Vamos por partes, pois espero que essa resposta possa ser útil para você, mas para outras pessoas também.

Então, vamos lá! Sigmund Freud percebeu, a um século atrás, que muitas das dinâmicas da nossa infância organizam nossas ações e pensamentos na vida adulta SEM a nossa consciência perceber! Então, uma forma de se avaliar o seu texto é que, SEM VOCÊ SE DAR CONTA, você "escolheu" a sua parceira e "responde" a "sua" "mulher" baseado em estruturas de pensamentos e ideias que forjou lá na infância.

Vários autores e pesquisadores da saúde mental no último século revisaram ou tentaram criar outras respostas para justificar as escolhas das pessoas e nisso se criaram diversas linhas (escolas, teorias) psicológicas até hoje!

O psiquiatra e psicanalista John Bowlby, trabalhou nas décadas de 1950 e 1960 essa teoria e desenvolveu a partir daí a "Teoria do Apego" onde ele comparou os "vínculos" formados na primeira infância e que papel eles desempenhavam no desenvolvimento emocional e mental de um adulto...

A teoria do apego, então, descreve a dinâmica de longo prazo das relações entre humanos, especialmente entre crianças e seus cuidadores. De acordo com essa teoria, existem quatro tipos mais comuns de apego e cada pessoa reage a essa dinâmica na vida adulta.

Por exemplo: se uma criança se sente segura e protegida pelos seus cuidadores e explora livremente o seu ambiente infantil, enquanto o cuidador está presente e ficam angustiadas na ausência dele, mas retorna a tranquilidade quando percebe o cuidador lhe dando atenção... Tudo bem! Essa criança será um adulto com "apego seguro" e tendem a ter uma visão positiva de si mesmos e de suas relações, com habilidades saudáveis de comunicação e uma confiança básica de que podem depender dos outros.

Agora pense em uma criança que PERDE A REFERÊNCIA do adulto e não tem certeza se esta protegida ou que pode se virar (se proteger) no ambiente infantil!!! Acaba se desenvolvendo uma criança excessivamente dependente, ansiosa, insegura e temendo o abandono, demonstrando "desespero" quando o cuidador está ausente.

Quando se torna adulto essa pessoa pode ser excessivamente carente, inseguro e ansioso em suas relações, constantemente buscando validação e temendo rejeição. Aceitando relações que vão falhar com ele... certamente.

Não porque ele se odeie...

Não por não saber amar...

Mas porque foi a única maneira de SER AMADO que ele conheceu!

Se ele se habituou a ser traído e abandonado pelos cuidadores e PASSOU A ACREDITAR QUE ISSO É AMOR... ele não conhece outra forma de ser amado!

Então, essa sua situação pode ser interpretada como um padrão de apego inseguro, possivelmente ansioso.

Esse tipo de apego tende a ter um medo profundo de abandono e uma necessidade constante de validação, o que pode levar a uma tolerância excessiva ao comportamento nocivo de parceiros.

Pessoas nessa estrutura de apego podem estar aceitando a traição e voltando para a relação por medo de ficar sozinha e pela esperança de receber amor e validação, mesmo que de forma torta e dolorosa. Isso cria um ciclo onde a busca por "segurança emocional" e a "evitação do abandono" que resultam em uma dinâmica prejudicial e autodestrutiva.

Em uma terapia com você eu tentaria pesquisar com você as raízes do seu sentimento de o que é "AFETO", o que é "AMOR" e o que deveria ser : "Ser amado!" em primeiro lugar.

Te ajudar a compreender SEUS reais "padrões" e a construir um sentido de segurança interna, que não dependa das ações voláteis das parceiras.

Você já pensou em como esses padrões de apego podem estar presentes em outras áreas da sua vida?

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