NECESSIDADES EMOCIONAIS BÁSICAS - uma leitura!


A Teoria do Esquema, desenvolvida pelo psicoterapeuta Jeffrey Young, é uma abordagem terapêutica que se baseia na ideia de que existem "necessidades emocionais" que se não são adequadamente satisfeitas na infância podem levar a padrões de comportamento disfuncionais na vida adulta. Essas necessidades emocionais básicas são fundamentais para o desenvolvimento saudável e incluem:

Aceitação e Conexão: Sentir-se aceito e conectado com os cuidadores, incluindo segurança, estabilidade e cuidado;

Autonomia e Competência: Ter a oportunidade de tentar coisas sozinho(a) e experimentar o mundo, passando pelo sucesso ou fracasso de suas tentativas;

Limites Realistas: Desenvolver uma compreensão realista dos próprios limites e do mundo ao redor;

Espontaneidade e Lazer: Ter a liberdade de se expressar e se divertir sem medo de julgamento;

Liberdade de Expressão e Emoções Válidas: Ser capaz de expressar suas emoções e necessidades de maneira saudável.

Essas necessidades emocionais surgem naturalmente no processo da infância no contexto ambiental, variam em suas manifestações em contextos culturais diversos e não ocorrem de uma forma linear no desenvolvimento... mas se manifestam em toda trajetória de vida em que as crianças são criadas e são "atendidas" principalmente pelos pais ou responsáveis: os cuidadores, resultam em um ótimo desenvolvimento do adulto que se formará. Isso quer dizer que o Adulto que tem essas necessidades básicas atendidas não ai sofrer ou seja uma garantia de felicidade? NÃO... quer dizer que esse adulto terá garantido as FERRAMENTAS emocionais necessárias para enfrentar a vida!

Mas e quem NÃO TEM ESSAS NECESSIDADES ATENDIDAS? A evolução garantiu uma capacidade de adaptação para aproveitar ao máximo o ambiente criado por esses cuidadores "
faltantes". Mesmo quando essas necessidades não são satisfeitas a pleno, a criança desenvolve "esquemas" que lhe adaptam ao ambiente como ele se apresenta, como formas de proteger a criança da "pior das hipótese", do pior cenário, e aí surgem os "esquemas desadaptativos", que são padrões de pensamento e comportamento disfuncionais que persistem na vida adulta.

Em uma simplificação: Um adulto com comportamentos emocionais disfuncionais esta usando os "esquemas" que a sua infância precisou criar para se proteger do ambiente que precisou enfrentar.

No melhor senário possível o papel evolutivo dessas "necessidades" é garantir que a criança se sinta segura, amada e capaz de explorar o mundo ao seu redor, o que é essencial para o desenvolvimento de uma personalidade saudável e funcional. Quando essas necessidades são atendidas, a criança cresce com uma base emocional sólida, o que facilita a resiliência e a capacidade de lidar com desafios futuros. Mas não é só isso, o cérebro infantil se desenvolve de maneira saudável, promovendo o crescimento de áreas críticas de suas estruturas neurais.

Por exemplo: A adequada relação com a necessidades emocionais de ser aceita e de desenvolver conexão com os cuidadores promove a liberação de oxitocina, que fortalece os laços afetivos e a segurança emocional.

Uma contínua demonstração de aceitação na sua autonomia e o estímulo em demonstrar confiança na suas competências instrumenta o desenvolvimento do córtex pré-frontal, essencial para a tomada de decisões e controle dos impulsos.

Ajudar a formar uma compreensão clara do mundo lhe apresentando limites realistas para suas capacidades e entendimento de progressos e esforço, além de contribuir para a regulação emocional e comportamental lhe ajuda a perceber que o mundo é composto de regras que vão além de nossos desejos...

Ainda assim demonstra que existirão ambientes onde a expressão criativa e a resiliência emocional será bem vinda, promovendo um ambiente seguro para explorar e aprender.

Isso permite que a criança desenvolva habilidades de comunicação eficaz e regulação emocional saudável. Esses fatores combinados contribuem para um desenvolvimento cerebral equilibrado, preparando a criança para enfrentar desafios futuros com resiliência e adaptabilidade.

Os humanos, como animais sociais, dependem fortemente de interações e vínculos emocionais para sobreviver e prosperar. As necessidades emocionais básicas são parte essencial para o desenvolvimento neurológico e social da criança, permitindo que elas cresçam de maneira saudável em seus ambientes sociais e, quando adultos, sejam capazes de gerarem ambiente seguros para as próximas gerações.

Essas necessidades garantem que as crianças desenvolvam habilidades como empatia, cooperação e comunicação eficaz, fundamentais para a vida em sociedade.

Em termos evolutivos, atender a essas necessidades fortalece os laços sociais e a coesão grupal, aumentando as chances de sobrevivência e bem-estar coletivo. Assim, criar um ambiente que satisfaça essas necessidades básicas é crucial tanto para o desenvolvimento individual quanto para a prosperidade de nossa espécie.

Jeffrey Young desenvolveu a sua base teórica para a Terapia do Esquema integrando várias abordagens psicológicas para tratar transtornos psicológicos crônicos que não respondiam bem a outras terapias.

As principais escolas e linhas psicológicas que ele incorporou são:

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Young expandiu os conceitos da TCC tradicional, desenvolvida por Aaron T. Beck, para incluir um foco mais profundo nos padrões de pensamento e comportamento desadaptativos que se formam na infância.

Gestalt: Elementos da terapia Gestalt são usados para ajudar os pacientes a se tornarem mais conscientes de suas experiências e emoções no momento presente.

Psicanálise: Young incorporou conceitos psicanalíticos, especialmente no que diz respeito à importância das experiências da infância e dos relacionamentos iniciais na formação dos esquemas.

Teoria do Apego: A teoria do apego de John Bowlby também é uma influência significativa, enfatizando como os vínculos emocionais formados na infância afetam o desenvolvimento emocional e comportamental.

Construtivismo: Esta abordagem enfatiza a construção ativa do conhecimento e da realidade pelo indivíduo, influenciando como os esquemas são formados e mantidos.

Ainda autores como Jean Piaget e seus trabalhos sobre o desenvolvimento cognitivo, que descrevem como as crianças constroem ativamente seu conhecimento do mundo e Diana Baumrind e seus estudos sobre estilos parentais (autoritário, autoritativo e permissivo) ajudaram Young a entender como diferentes práticas parentais influenciam o desenvolvimento de esquemas mentais nas crianças.

Esses teóricos forneceram uma base sólida para Young integrar conceitos de desenvolvimento infantil em sua abordagem terapêutica, permitindo uma compreensão mais profunda de como os esquemas desadaptativos se formam e se mantêm ao longo da vida.

Essas influências combinadas permitem que a Terapia do Esquema aborde uma ampla gama de problemas emocionais e comportamentais, oferecendo uma abordagem mais integrativa e abrangente para o tratamento.

Então, vamos conhecer as Necessidade Emocionais Básicas que Jeffrey Young elencou em seu trabalho:


A Aceitação e Conexão

"Aceitação e Conexão" são necessidades emocionais essenciais no desenvolvimento infantil, e envolvem sentir-se amado, seguro e valorizado pelos cuidadores. Isso cria uma base emocional sólida, promovendo esquemas adaptativos, que são padrões saudáveis de comportamento e pensamento.

 - Esquemas AdaptativosQuando uma criança se sente aceita e conectada, ela desenvolve confiança e autoestima. Ela aprende que suas necessidades e emoções são importantes e que pode contar com os outros para suporte. Isso resulta em esquemas adaptativos como:

Confiança em Relacionamentos: A capacidade de formar laços seguros e confiáveis com os outros.


Autovalor: Sentimento de merecimento de amor e respeito.


- Esquemas Desadaptativos - Por outro lado, a falta de aceitação e conexão pode levar a esquemas desadaptativos. Por exemplo:

Desconfiança/Abuso: Expectativa de que os outros irão machucar, enganar ou abusar.


Isolamento Social: Sensação de ser diferente dos outros e não pertencente.

Esses esquemas desadaptativos podem surgir de experiências como negligência, rejeição ou críticas excessivas. A criança pode crescer sentindo-se insegura, não merecedora de amor ou desconfiando das intenções dos outros.

Então, o cultivo de aceitação e conexão é vital não só para a felicidade imediata da criança, mas também para seu desenvolvimento psicológico a longo prazo. Se você deseja explorar mais algum aspecto específico, sinta-se à vontade para me dizer!


Autonomia e Competência 

Quando as crianças têm a oportunidade de explorar o mundo ao seu redor, tomar decisões e enfrentar desafios, elas desenvolvem um senso de independência e habilidade, formando esquemas adaptativos importantes.

 - Esquemas Adaptativos - Em um ambiente que promove a autonomia, a criança aprende que pode confiar em si mesma para resolver problemas e lidar com dificuldades. Isso contribui para:

Autoeficácia: A crença de que é capaz de realizar tarefas e objetivos.

Independência: A capacidade de tomar decisões e agir por conta própria.


- Esquemas Desadaptativos - Por outro lado, a falta de oportunidades para desenvolver autonomia e competência pode levar a esquemas desadaptativos, como:

Dependência/Incompetência: Sensação de não ser capaz de lidar com responsabilidades e de depender excessivamente dos outros.

Fracasso: Crença de que é incapaz de alcançar o sucesso em atividades importantes.

Esses esquemas desadaptativos podem surgir em ambientes onde a criança é superprotegida ou excessivamente criticada, impedindo-a de desenvolver a confiança em suas próprias habilidades.

A promoção de autonomia e competência é essencial para o desenvolvimento emocional e psicológico saudável das crianças, permitindo que cresçam como indivíduos resilientes e capazes.


Limites Realistas 

Estabelecer limites realistas é vital para o desenvolvimento infantil pois estes ajudam as crianças a entenderem o que é aceitável e o que não é, contribuindo para o desenvolvimento de autocontrole e responsabilidade.

 - Esquemas Adaptativos - Quando os pais ou cuidadores estabelecem e mantêm limites claros e consistentes, as crianças desenvolvem esquemas adaptativos saudáveis, como:

Autodisciplina: Capacidade de controlar seus impulsos e comportamentos.

Responsabilidade: Entendimento das consequências de suas ações.

 

- Esquemas Desadaptativos - Por outro lado, a ausência de limites claros ou a imposição de limites excessivamente rígidos pode levar a esquemas desadaptativos. Por exemplo:


Permissividade/Indisciplina: Sensação de que podem fazer qualquer coisa sem consequências, levando à falta de autocontrole.


Submissão: Sentimento de estar constantemente sob controle e incapaz de tomar decisões independentes, resultando em conformidade excessiva ou rebeldia.

Estabelecer limites realistas, que são adequados à idade e às necessidades da criança, ajuda a formar um senso de segurança e compreensão do mundo. Eles aprendem que existem regras e que essas regras servem para protegê-los e guiá-los.

Esses limites não devem ser vistos apenas como restrições, mas como uma estrutura que permite às crianças explorar e crescer dentro de um ambiente seguro.


Espontaneidade e Lazer

Outro aspecto que desempenha um papel crucial no desenvolvimento infantil é o que envolve o estímulo ou permissão para a Espontaneidade e Lazer. Eles permitem que as crianças explorem suas emoções, se expressem livremente e desenvolvam uma sensação de bem-estar e alegria.

 - Esquemas Adaptativos - Quando as crianças têm oportunidades para serem espontâneas e se envolverem em atividades lúdicas, elas desenvolvem esquemas adaptativos proativos como:

Criatividade: Capacidade de pensar fora da caixa e encontrar novas soluções para problemas.

Alegria de Viver: Sentimento de felicidade e satisfação com a vida.


- Esquemas Desadaptativos -  Por outro lado, a falta de espontaneidade e lazer pode levar a esquemas desadaptativos. Por exemplo:

Repressão Emocional: Dificuldade em expressar emoções e sentimentos de maneira saudável.

Rigidez: Inabilidade de lidar com mudanças e falta de flexibilidade em situações novas.

O papel evolutivo da espontaneidade e do lazer é permitir que as crianças aprendam a regular suas emoções, façam conexões sociais e desenvolvam habilidades de resolução de problemas em um ambiente seguro e divertido. Atividades lúdicas também ajudam a desenvolver habilidades motoras e cognitivas, contribuindo para um desenvolvimento equilibrado.

Fomentar um ambiente onde as crianças podem ser espontâneas e se envolver em brincadeiras não estruturadas é essencial para um crescimento emocional e psicológico saudável. Isso as prepara para enfrentar os desafios da vida com resiliência e criatividade. Se quiser explorar mais algum aspecto, estou aqui!


Liberdade de Expressão e Emoções Válidas

Para Jeffrey Young, a possibilidade de liberdade de expressão e validação emocional é a capacidade de expressar emoções de maneira saudável e sentir que essas emoções são reconhecidas e valorizadas pelos outros. Essa validação emocional expressa pelos cuidadores e pais permitem que as crianças se sintam seguras para expressar seus sentimentos e necessidades sem medo de julgamento ou punição. 

 - Esquemas Adaptativos - Quando o ambiente familiar consegue naturalmente atender essas necessidades elas promovem esquemas adaptativos, como:

Aceitação Emocional: A criança aprende que suas emoções são válidas, o que promove a autocompreensão e a autoaceitação.

Capacidade de Resolução de Conflitos: Estimula a ser capaz de expressar emoções de maneira saudável e facilita a resolução de problemas e a comunicação eficaz.


- Esquemas Desadaptativos - Mas quando o ambiente familiar é limitado e não permite a liberdade de expressão e a manifestação de emoções como sendo válidas essas repressões promovem respostas como:

Supressão Emocional: Se a criança é criticada ou punida por expressar suas emoções, pode aprender a reprimi-las, levando a problemas de saúde mental e dificuldades em relacionamentos.

Insegurança Emocional: A falta de validação pode causar sentimentos de invalidez e insegurança, dificultando a confiança nas próprias emoções.

O papel evolutivo dessas necessidades é garantir que a criança desenvolva um senso de identidade e autoestima saudável. Validação emocional ensina que todas as emoções são válidas e dignas de serem expressas. Isso ajuda a criança a desenvolver resiliência emocional e a habilidade de lidar com desafios de maneira eficaz.

Ambientes que encorajam a expressão livre e a validação emocional tendem a produzir indivíduos mais equilibrados, empáticos e emocionalmente inteligentes. Através da evolução, quando se pode garantir a satisfação dessas necessidades se fortaleceu as conexões sociais, essenciais para o desenvolvimento individual e prosperidade da espécie humana.



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