Um rumor entre membros da comunidade científica internacional indica que o maior colisor de partículas do mundo pode ter encontrado o bóson de Higgs, por enquanto só descrita na teoria e base para a explicação de diversos conceitos físicos.
O boato é baseado em um suposto vazamento de uma nota interna trocada entre físicos que trabalham no Grande Colisor de Hádrons (LHC), a maior máquina do mundo, uma estrutura circular de 27 km de extensão construída a 100 m de profundidade na fronteira entre a França e a Suíça.
Não há a certeza de que a nota seja verdadeira e sobre qual assunto se referem os físicos.
No começo deste mês, um estudo publicado na revista americana Physical Review Letters dizia que em breve, uma equipe internacional de cientistas deveria revelar em breve nos Estados Unidos a possível existência de uma nova força da natureza, uma descoberta que, caso confirmada, poderá ser a mais importante da física nos últimos 50 anos.
Saiba mais: "Fermilab anuncia descoberta", 09/04/2011
Segundo o site estadunidense Live Science, o atual burburinho começou quando um comentário anônimo foi publicado no blog de Peter Woit, matemático da Universidade Columbia, nos Estados Unidos.
Alguns físicos dizem que a nota pode ser uma brincadeira, enquanto outros falam que pode se tratar apenas de uma conclusão precipitada, baseada em erros estatísticos que pode cair por terra assim que forem feitos estudos mais aprofundados. Mas, se for verdade, a descoberta pode trazer avanços significativos para a Física.
O Modelo Padrão da Física, que explica como as partículas interagem com as forças básicas da natureza – gravidade, eletromagnetismo e forças nucleares forte e fraca – prevê que o bóson de Higgs, se é que realmente existe, pode explicar a massa de todas as outras partículas.
A suposta nota descreve sinais consistentes do que se esperava do bóson de Higgs em relação a sua massa e outras características, mas outros aspectos não coincidem com as previsões, como explicou o físico Sheldon Stone, da Universidade Syracuse, via e-mail ao site Science.com.
"Sua taxa de produção é muito maior do que o esperado para o bóson de Higgs no Modelo Padrão. Portanto, pode ser sinal de alguma outra partícula que, em certo sentido, seria ainda mais interessante, ou pode ser o resultado de uma física que vai além do Modelo Padrão."
Stone alerta que a nota não é um resultado oficial da equipe de investigação do LHC. Portanto, segundo ele, especular sobre sua validade é prejudicial.
Entenda o que Deus tem a ver com o "bóson de Higgs"
SALVADOR NOGUEIRA para a FOLHA
Tecnicamente, a partícula é conhecida como bóson de Higgs.
Mas o outro apelido conferido a ela acabou ficando até mais famoso: Partícula de Deus.
A alcunha foi dada pelo prestigiado físico Leon Lederman, vencedor do Prêmio Nobel em Física, pelo fato de o bóson de Higgs ser a partícula que permite que todas as outras tenham diferentes massas.
Ele fez uma analogia com a história bíblica da Torre de Babel, em que Deus, num de seus típicos acessos de fúria, faz com que todos falem línguas diferentes.
Da mesma maneira, o Higgs faria com que todas as partículas tivessem massas variadas.
O nome pegou, mas a maior parte da comunidade científica prefere chamar mesmo de bóson de Higgs, para que a brincadeira não distorça o real significado do trabalho de pesquisa ou atribua a ele alguma conotação religiosa imprópria.
Editoria de Arte/Folhapress |
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