Perguntas mais frequentes sobre zazen

Devo parar de pensar? Como me concentrar com tantos pensamentos?



- Os pensamentos não devem ser obstáculos à prática. Apenas observe os pensamentos surgindo e desaparecendo. Mantenha a atenção na respiração. Inspirando e expirando. Gradualmente seu sentar será mais profundo. Procure não dar atenção aos pensamentos. Apenas os identifique como pensamentos e volte o foco para o seu corpo, a sua postura e a sua respiração.


Há uma analogia interessante: quando iniciamos a prática de zazen, observamos, admirados(as), quantos pensamentos circulam e insistem em circular por nossa mente. É como estar à beira-mar: no princípio, observamos apenas as marolas na praia. Depois, não ficamos mais observando as ondas. Percebemos que é possível ir além. Pouco a pouco adentramos o mar. Há menos movimento. Há intervalos entre os pensamentos, que nem percebíamos. Aprendemos a respirar de forma adequada - inspiração e expiração tão suaves e prolongadas que às vezes surge a impressão de que não estamos mais respirando. Então podemos mergulhar nas profundezas mais tranquilas e silenciosas - do oceano e da mente. As marolas continuam lá? Onde estão os pensamentos incessantes?


Meditar é tranquilizar a mente e o corpo? O que devo fazer?


- Não. Zazen é conhecer mente e corpo. Não é relaxamento. É o despertar da mente. Não é para adormecer, mas para entrar em contato com o mais íntimo de si mesmo - e aí está o Nirvana: a paz que surge da sabedoria e da compaixão. Essa é a tranquilidade zen. Se mantiver a postura e a respiração corretas, naturalmente corpo e mente entrarão em equilíbrio e harmonia.


(Zazen, a prática essencial do zen - Comunidade Zen Budista Zendo Brasil)


Postado por Zendo Brasília





No Hannya Shingyo nós lemos.


Fazendo profundo prajanparamita e Dogen Zenji diz, aqui, de uma bela maneira:

Clara visão do corpo inteiro...
...
Como pode o corpo ter visão clara?
...
O corpo inteiro, ele mesmo é a própria visão!
...
O corpo todo é!

Esse tipo de visão não dual

é o que significa transcendente.


Essa questão da dualidade é bastante importante no Budismo Mahayana. No budismo mais antigo a ênfase é em que as coisas são claramente separadas em certas ou erradas. Isso é certo, isso é errado. Isso é bom, isso é ruim. Essa é uma prática com a qual nós começamos, nós temos isso no Zen, quando fazemos a cerimônia de preceitos, o Jukai, usamos os preceitos, nós damos regras claras, não matar, não roubar etc são regras que dizem isto é certo, aquilo é errado. Quando nós chegamos no Budismo Mahayana, Nagarjuna põe ênfase na questão da não dualidade e da vacuidade. A questão da não dualidade é um passo a mais que diz que não existe esta divisão clara, isso pode deixar alguns budistas confusos, porque de um lado a nossa conduta pode ser classificada em certo, errado, convencionalmente. De forma absoluta é que não se pode dizer isto. No exemplo da árvore que nós estávamos dando no início, eu disse: nascimento e morte para ela não existe, esta é a visão não dual e ela é a própria vida e a vida continua, não nasce nem morre, essa é a visão não dual, mas do ponto de vista convencional nós sabemos esta árvore nasceu e vai morrer.
(Comentário de Monge Genshô)


Pergunta: na linguagem relativa, uma percepção relativa?

Resposta: Sim, do modo relativo é assim mesmo, nasce, morre, estraga, seca, no modo absoluto não, não é assim não há morte nem nascimento porque nós estamos olhando a floresta e a floresta continua. Lá no topo do morro se forma uma nuvem que estou vendo quando o vento passa e sobe a umidade do ar se condensa e forma-se uma nuvem com gotículas de água. Aquelas gotículas passam para o outro lado, sobem, mas a nuvem está sempre lá no topo do morro porque se tem sempre vento subindo, condensando fica lá a nuvem. Não é a mesma nuvem, mas é a mesma nuvem.


Pergunta: Só trocou as substâncias?

Resposta: Exatamente, você trocou a substância do seu corpo, só que é menos visível na questão da nuvem, mas é isso mesmo.Você perde ferro, ingere ferro, vai trocando as substâncias que estão no seu corpo como a nuvem, então de uma certa forma é o mesmo e não é o mesmo. Em sua substância não é o mesmo, mas na sua manifestação que nós estamos vendo é a mesma pessoa. Essa é a diferença entre relativo e absoluto. Tem um poema famoso chamado Sandokai sobre o relativo e absoluto que nós recitamos freqüentemente em cerimônias também.

Postado por Monge Genshô 

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