Declaração Pública do CBB
Declaração Pública
O Colegiado Buddhista Brasileiro (CBB) vem nesta expressar sua profunda
preocupação com a indicação e com a nomeação do Deputado Marcos
Feliciano (PSC) para a diretoria da Comissão dos Direitos Humanos e
Minorias (CDHM) da câmara.
Nossa preocupação se deve ao inequívoco discurso intolerante e alienador
que caracteriza as ideias do referido deputado. Suas palavras e
atitudes de fundo racista e segregador o tornam um claro exemplo de tudo
o que deveria ser denunciado pelo mais importante órgão de promoção e
defesa dos direitos humanos em nosso país. Que as lideranças políticas
brasileiras, por força de omissão ou deliberada troca de favores,
permitam a tal pessoa assumir a coordenação da CDHM, demonstra um
preocupante cenário de alienação ética no Brasil.
Acreditamos que a pregação do ódio contra quaisquer grupos étnicos,
comunidades sociais ou instituições religiosas motiva com frequência
atos de violência contra indivíduos e contra essas mesmas organizações e
minorias. O CBB entende que, ao citar "comunidades sociais" deve-se
considerar quaisquer grupos e comportamentos que não violentam os
direitos alheios, entre os quais a comunidade LGBT. O CBB rejeita
implicitamente as declarações homofóbicas do deputado citado juntamente
com todas as outras manifestações discriminatórias. Esta
cultura de ódio e fanatismo, sendo ela mesma fruto de uma profunda
falta de consciência e grande desrespeito humano, torna-se ao final
desse processo destrutivo e ignorante um câncer a devorar mentes e
corações em todas as camadas sociais, atingindo a todos sem exceção.
Tais práticas são essencialmente incompatíveis com qualquer proposta
construtiva e unificadora para toda sociedade humana fundamentada em
direitos e liberdades, base do estado laico e do próprio estado de
direito.
O Colegiado Buddhista Brasileiro, fundamentado na tradição do Dharma de
Buddha, entende que o bem comum em uma sociedade somente prevalece
quando suas instituições políticas e sociais são capazes de criar
condições para que o diálogo, a compreensão, a compaixão, a justiça
social e o verdadeiro exercício da tolerância sejam não apenas possíveis
a todos os seus cidadãos, mas adequadamente exemplificados pelos seus
mais altos representantes.
Neste sentido, a atual condição da gestão política brasileira tem
reiteradamente sido um demonstrativo de grave desprezo aos mais
fundamentais elementos éticos e de justiça ao permitir que indivíduos
alienados em suas crenças pessoais e tacanhos em suas opiniões assumam
posições em que a consciência, o equilíbrio e a clareza de visão são
qualidades essenciais.
É preciso que haja uma real mudança de atitudes no congresso brasileiro,
e que os direitos humanos sejam exercidos e definidos com sabedoria e
correção. A nomeação do deputado Marcos Feliciano apenas reflete a
medíocre interpretação dos modos e fundamentos que integram o conceito
legislativo da sociedade brasileira por parte de seus representantes
políticos. Ela também simboliza a assustadora corrupção de valores que
domina os poderes políticos atuais em nosso país, que distorce a
democracia para favorecer interesses escusos.
O Brasil, já há muito tempo, é liderado e legislado por parcialidades.
Doutrinas populistas e manipuladoras da ignorância e das carências
sócio-educacionais neste país estão cada vez mais assumindo nichos
políticos essenciais, e defendendo por meio de suas visões particulares a
sustentação da cobiça dos poderosos.
O CBB repudia esta cultura da mediocridade, este desrespeito aos valores
de consciência e coerência que grassa na sociedade brasileira, e
conclama aos seus representantes políticos a terem mais visão e
dignidade, mais honestidade e valor humano. Que seja revertida a
nomeação do deputado Marcos Feliciano para coordenação da Comissão dos
Direitos Humanos e Minorias da Câmara, e que seja realizada uma ampla
reforma ética nas ações políticas de nosso país.
Colegiado Buddhista Brasileiro assinam:
Presidente Rev. Shaku Haku-Shin
Rev. Genshô Sensei
Dhammacariya Dhanapala
Shaku Hondaku
Rev. Miklos Kômyô
Presidente do Conselho do CBB
Rev. Prof. Dr. Ricardo Mário Gonçalves
Conselho
Lama Chagdud Khadro
Rev. Monge Rinchen Khienrab
Rev. Heyla Downey
Ven. Uttaranyana Sayadaw
Rev. Shaku Sogyo
Rev. Monja Sinceridade
Rev. Coen Sensei
Colegiado Buddhista Brasileiro:
Lama Chagdud Khadro
Rev. Monge Rinchen Khienrab
Rev. Heyla Downey
Ven. Uttaranyana Sayadaw
Rev. Shaku Sogyo
Rev. Monja Sinceridade
Rev. Coen Sensei
Aliam-se a declaração:
- Choyu Otani (Mestres das Missões da Ordem Otani-ha)
- Rinban Kensho Kikuchi (Ministro Superior da Ordem Otani-ha no Brasil)
- Rev. Ricardo Mario Gonçalves
- Rev. Hiroshi Matsuda
- Rev. Massaharu Suguiura
- Rev. Severino Sales Silva
- Rev. Leninha Brasileiro
- Rev. Hiroyuki Higashi
- Rev. Tsuyami Ueno
- Rev. Tadao Sawanaka
- Rev. Yassuo Nakashima
- Rev. Mitsue Nakashima
- Rev. Meishi Nakazawa
- Rev. Shu Izuhara
- Rev. Linda Morimoto
- Rev. Yaeko Togawa
- Rev. Minako Iso
- Rev. Kasuro Nanao
- Rev. Margarida Nakaoka
- Yuka Kikuchi
- Rev. Seigo Nawa
Ainda são colaboradores do CBB:
- Rev. Isshin Havens
- Samuel Cavalcante
- Luiz Fernando e Silva
- Flávio Marcondes Velloso
- Cerys Tramontini
- Prof. Joaquim Monteiro
- Gustavo MokusenCBB:
O Colegiado Buddhista Brasileiroé uma reunião de pessoas, não de instituições, que assim tem um fórum onde podem partilhar seus interesses. O CBB não é um órgão executivo dedicado a fazer seminários, retiros ou quaisquer coisas do gênero, estas são atividades dos centros do Dharma ou outras instituições. Pertencem ao CBB os professores que, por interesse em convivência harmônica desejam se filiar e são aceitos por seus pares. Não pertencer aos quadros do CBB não significa demérito mas simplesmente dificuldade associativa com a diversidade de escolas/pessoas.
O CBB representa a associação dos indivíduos que a ele se filiam. Como estes
representam a grande maioria das escolas e lideram ou participam das
instituições mais numerosas, tem um peso que lhe permite algumas ações.
Portanto não representa o "budismo" mas sim este conjunto de pessoas.
Em respota a algumas "contribuições":
Lamento não poder dar mais tempo e atenção para o tema desta postagem (assim como ao próprio blog, que anda meio parado, eu sei), mas acho importante fazer entender alguns pontos importantes:
O Colegiado Buddhista Brasileiro (CBB) representa a associação dos indivíduos que a ele se filiam. Não o Dharma ou os “Budistas”. Mas NESTE CASO estas opiniões se aproximam da minha própria a ponto de eu reproduzir seu texto na íntegra.
Em nenhum momento, repito, NENHUM momento a CBB apontou que o problema do deputado é ser de uma religião “x” ou “y”, mas a PÚBLICA posição expressa em seus discursos divulgados na web de inflamada intolerancia e recheado de palavras e atitudes de fundo racista e segregador.
Que estas posições são INCOMPATÍVEIS com a função de presidir a diretoria da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da câmara dos Deputados.
Sito: “Acreditamos que a pregação do ódio contra quaisquer grupos étnicos, comunidades sociais ou instituições religiosas motiva com freqüência atos de violência contra indivíduos e contra essas mesmas organizações e minorias.”
Se o alvo dos ataques do Deputado Marcos Feliciano fossem os Evangélicos teria a mesma reação por parte da CBB, eu imagino.
Grupos FUNDAMENTALISTAS e fascistas eficientes se “propagam” assim: elegem pessoas para cargos e posições significativas de maneira regular e democrática e paulatinamente, podam os direitos das minorias que lhes interessam de maneira legal, mas anti-ética.O nazismo Alemão e o fascismo Italiano agiram assim.
A Compaixão Budista NÃO DEVE ser confundida ou deturpada em desculpa para a apatia. Sobretudo a apatia política.
6 comentários:
Boa tarde,
tenho dúvidas se palavras e ações desse tipo em se tratando de budistas tem ou teriam algum efeito imediato talvez vá atiçar mais lenha na fogueira do politicamente correto em que vivemos, um horror mas hoje é o que conta e a maioria vai nesse barco levada pelos discursos das redes sociais enfim vivemos a era do espetaculo, da exposição em excesso. Fico só me perguntando se os cabeças de tal manifesto exercitaram a compaixão budista antes de divulgar suas opiniões e visões parciais. Alguém se colocou ou tentou se colocar no lugar do tal pastor, saber da história de vida dele, como foi sua formação pessoal etc. e tal.
Creio que o buraco é mais embaixo,e penso que seria mais interessante questionar as estruturas de tais orgãos de governo, quem os formou, a quem servem, qual o alcançe de seus discursos e suas praticas reais na sociedade como um todo a médio longo prazo. Me parece muito ingenuo atacar pessoas em manadas qdo o que está em jogo são discursos e praticas politicas desses 10 ultimos anos,que só futuras gerações vão colher tanto para o bem como o mau viver.
Me assusta esse comportamento meio oportunista para tentar ser visivel, ter voz ou o que mais se queira.Me mete medo pensar para onde vamos caminhar se cada grupo religioso começar a se manifestar contra outros grupos.Não seria assim que os grupos fundamentalistas começam?Acho complicado usar o rotulo do grupo a qual se pertence para bater em grupos que não concordamos, ainda mais usando o nome budista de iniciação. Fiquei me perguntando cade os cidadãos brasileiros atrás desses nome budistas?Para pensar e manter distancia de grupos msm, melhor errar só, do que ser induzido ao erro, manipulado, massa de manobra. Fico me perguntando como o Buda agiria nesse caso, faria um manifesto usando o nome de Dharma ou usaria seu nome de cidadão brasileiro? Aguardaria a oportunidade de falar usando de sabedoria e compaixão, fazendo analises do contexto todo não só a nivel de Brasil mas, mais amplo. A coisa é muito mais complexa e começa em organismos internaçionais e reflete por aqui, não é tão simples como queiram alguns doutores do budismo brasileiro.
estou chocado, triste, envergonhado com atitudes oportunistas como essas.
obrigada pela oportunidade.
http://www.erikakokay.com.br/portal/public/arquivos/3084CartaAbertaCDHM.pdf
Bom dia!
ainda assim que tais lideres evangelicos tenham se manifestado, não justifica o modus operandis dos tais doutores budistas que se manifestam escondendo-se atras de um nome de Dharma. Oras eu na minha humilde ignorancia entendo que o nome de Dharma é da condição da vida privada de cada um, e não para ser usado como convem, ou qdo se quer pegar pesado com grupos que não concordamos. Fico me perguntando quais os reais interesses particulares dos assinantes desse tal manifesto. Por que não dão a cara a tapa tb como muitos dão. Será que o nome de Dharma é para ser usado nas transações comerciais, bancárias, ou o que seja? ou seria uma oportunidade de reflexão e aprendizado particulares. Desculpe sei que vc só reproduziu o tal repudio em seu blog, mas são detalhes como esses que vão fazer a diferença e dar credito e voz dos budistas na sociedade. Que tal passar para os responsaveis meu comentário, quem sabe da proxima vez qdo houver tal ansia em se manifestar se repense mais o modus operandis.
Desculpe usar seu espaço para manifestar meu desassossego, minha tristeza com certa praticas grupais. Tb me pergunto será que assinariam manifestos individuas com seus nome civis? Tempos dificeis esses heim?
Fique em paz e continue blogando, o blog é interessante.
Lamento não poder dar mais tempo e atenção para o tema desta postagem (assim como ao próprio blog, que anda meio parado, eu sei), mas acho importante fazer entender alguns pontos importantes:
O Colegiado Buddhista Brasileiro (CBB) representa a associação dos indivíduos que a ele se filiam. Não o Dharma ou os “Budistas”. Mas NESTE CASO estas opiniões se aproximam da minha própria a ponto de eu reproduzir seu texto na íntegra.
Em nenhum momento, repito, NENHUM momento a CBB apontou que o problema do deputado é ser de uma religião “x” ou “y”, mas a PÚBLICA posição expressa em seus discursos divulgados na web de inflamada intolerancia e recheado de palavras e atitudes de fundo racista e segregador.
Que estas posições são INCOMPATÍVEIS com a função de presidir a diretoria da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da câmara dos Deputados.
Sito: “Acreditamos que a pregação do ódio contra quaisquer grupos étnicos, comunidades sociais ou instituições religiosas motiva com freqüência atos de violência contra indivíduos e contra essas mesmas organizações e minorias.”
Se o alvo dos ataques do Deputado Marcos Feliciano fossem os Evangélicos teria a mesma reação por parte da CBB, eu imagino.
Grupos FUNDAMENTALISTAS e fascistas eficientes se “propagam” assim: elegem pessoas para cargos e posições significativas de maneira regular e democrática e paulatinamente, podam os direitos das minorias que lhes interessam de maneira legal, mas anti-ética.
O nazismo Alemão e o fascismo Italiano agiram assim.
A Compaixão Budista NÃO DEVE ser confundida ou deturpada em desculpa para a apatia. Sobretudo a apatia política.
Poderiam fazer a gentileza de assinar seus comentários.
Eu ficaria agradecido.
Gasshô!
Bom dia,
que tal sugerir ao pessoal do CBB que antes de lançar manifestos,se aliando a manada dos que não pensam e não sabem ler fatos politicos e suas entrelinhas que comecem a se informar melhor a ver opiniões mais aprofundadas do contexto como um todo. O tiro pode sair pela culatra e a posição de maria vai com as outras passando por cima dos preceitos do Bhuda para ser simpatico a causa gay pode gerar frutos não tão esperados para para o longo prazo.
ainda continuo com a minha posição que religião ou o exercicio da espiritualidade,bem como a nossa sexualidade são questoes da vida privada de cada um, cada qual faz o que quizer com seus apretrechos sexuais e assuma as consequencias no curto, medio e longo prazo.
mas o principal é que vc e cia não leram direito o meu questionamento ou seja: vc afirma que o CBB e uma sociedade civil e tal tal... pergunto então pq se esconder atrás do nome de Dharma, que repito é questão da vida privada de cada um, e não assinem manifestos ou o que seja com seus nomes civis ou seja usem sua posição de cidadãos.
Paz!
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/gays-estao-sendo-usados-como-massa-de-manobra-para-projeto-que-busca-solapar-a-democracia-representativa-esta-e-apenas-uma-etapa-da-luta-no-fim-do-tunel-esta-o-controle-d/
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