Cordiais Saudações: NADA DISSO É PSICOLOGIA!!


NADA DISSO É PSICOLOGIA!!

NADA DISSO É TERAPIA!!!

É UM EXERCÍCIO EXCLUSIVAMENTE PARA ANALISAR um TEXTO E OBSERVAR O QUE ELE ME TRAZ EMOCIONALMENTE!


Quero fazer uma experiência diferente hoje!

Eu tenho um hábito de analisar "cartas"! É um exercício onde uso a analise de texto como analise de discurso e busco destacar onde nosso discurso apresenta subjetividades na forma de narrativas, chistes, cacoetes narrativos, conveniências semânticas, significados e significantes indiretos ou camuflados em uma fala espontânea!

Para meu arquivo pessoal quero guardar aqui alguns desses exercícios! Desta vez de uma publicação Anônima do Facebook!

Esse é o texto!

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Cordiais saudações (Percebo que a escrita força uma tentativa de trazer "formalidade", de demonstrar "educação" e até "cultura"... claramente isso não é a toa... Provavelmente ter cultura e educação são coisas particularmente importantes para o autor! E ele falha nas pontuações... pode ser erro de digitação (pode ter sido escrito no Celular) ou pode ser imperícia exatamente pela falta de Educação formal! Nota-se que ele tem uma "auto estima" mal elaborada - baixa auto estima - e talvez tente exagerar no que lhe falta!)


É a primeira vez que escrevo. Poderia colocar meu perfil visível mas parece que é como as coisas funcionam assim. (Essa forma de concordância não é comum no Português do Brasil!! Ou talvez seja muito regionalizada... Pode ser de outra nacionalidade?!? E nessa pagina do Facebook pode se postar como Anônimo ou como perfil público... Pode ser que o Autor não saiba. Mas pode ser que esteja apenas justificando que não tem força para falar sem ser PROTEGIDO de forma anônima! O que seria um medo de julgamento alheio!)

O motivo que faz com que eu escreva (outra concordância estranha na língua portuguesa do Brasil! Ou pode ser apenas erro por imperícia? Ou por ser muito regionalizada!) é um pedido de orientação.

Estou (estava) com uma moça há um ano. (Fez questão de demonstrar ambuiguidade! Fez questão de demonstras distanciamento - "uma moça"? Pode ser que tenha consciência da ambivalência dos papeis que "ele" e "ela" ocupam no texto e na sua vida! Pode ser que esteja ferido e magoado! Veremos!)

Desde então as coisas aconteceram muito rápido. Ela ficou grávida (*infelizmente qualquer texto que a frase "Ela ficou grávida" se envolve já tira do "ele" o peso da responsabilidade aponta para uma posição de Pseudo Passividade confortável! Note que essa descrição do fato faz parecer que o Autor NÃO TEM PARTICIPAÇÃO NENHUMA NA DECISÃO de fazer sexo com intenção de não ter gestação! Não se cogita, nesse texto, a possiblidade de ele ter intenção de usar camisinha, por exemplo... De que ele intencionalmente tenha tentado evitar o sexo "inseguro"... Parece que a menina do texto caiu sentada sobre uma armadilha mágica que gera filhos! Ele não tem NENHUMA participação no ato: foi "Ela, simplesmente, que ficou grávida!" Como por GESTAÇÃO ESPONTÂNEA! Geralmente o que segue a argumentos assim são falas profundamente Passivo-agressivo!) 

e decidimos deixar a gravidez. (*Novamente uma expressão que não faz sentido em português do Brasil! "Deixar a gravidez" quer dizer "deixar que ocorra?" Prosseguir com a gravidez? Ou "deixar de acontecer?" Interromper a gravidez?)

Quando ela perguntou o que aconteceria então, eu disse que tudo dependia dela, pois as consequências de gravidez ou aborto seria mais impactante para ela que eu. (Aqui temos a clareza da escolha da posição passiva ter sido uma ESCOLHA do autor: Embora ele trate, inicialmente, como se fosse um "acordo" _ "e decidimos" - aqui ele devolve a mulher a responsabilidade e o peso das consequências - que faz com que eu comece a ter dúvidas de que é adulta e independente? - a responsabilidade e o peso das consequências do "que foi escolhido" é DEVOLVIDA A ELA: "eu disse que tudo dependia dela, pois as consequências de gravidez ou aborto seria mais impactante para ela". Ou seja, o autor do texto se exime de responsabilidade passando toda a responsabilidade textualmente par ela!)

Ela decidiu em deixar a grávida por 4 meses. (Outra frase que não faz sentido em Português do Brasil) A família dela não me conhecia e através desta gravidez, fui obrigado a ir me apresentar pessoalmente família e conversar os passos subsequentes. (*Novamente a falsa passividade! EM NENHUM momento o texto parece se tratar de um Homem Adulto e independente! Trata-se, claramente, de um jovem sem autonomia nem capacidade de mando na suas escolhas. Mostra ainda uma ingerência propositada! O autor só assume posição QUANDO COBRADO POR TERCEIROS... do contrário ele prefere não se envolver! Como se ele não tivesse obrigação/responsabilidade nenhuma na situação! ele SEMPRE se coloca como PASSIVO no texto... Texto puro suco Passivo-agressivo! Para eu não me perder do foco um pequeno auto-lembrete: O comportamento passivo-agressivo envolve expressar indiretamente sentimentos negativos em vez de abordá-los abertamente. Isso tem a intenção de criar uma desconexão entre o que a pessoa diz e o que ela realmente gostaria de dizer ou fazer, dando uma sensação de "conforto" pessoal, pois a pessoa se crê/vê como uma boa pessoa assim! Pessoas com esse padrão muitas vezes usam frases conciliadoras, mas com um tom de agressividade, deixando os outros em dúvida sobre o que está acontecendo. Assim o Autor evita conflitos diretos! Faz isso por medo de rejeição ou retaliação - não quer ferir a sua imagem de bom moço - e é uma forma de se proteger ou se sentir no controle da situação, de alguma forma)

A família não foi com minha cara, por razões étnicas e económicas. (Será? Tenho minhas dúvidas??? Notem: o que me vem a minha mente quando eu leio é que todo o texto trata sobre uma mulher sem autonomia e maturidade que se relacionou com um homem sem autonomia e maturidade, fazendo sexo inconsequente e precisando de terceiros para lidar com as consequências naturais de relações sem maturidade! A Mulher é possivelmente uma MENOR DE IDADE?!?! Ou alguém tão insegura quanto...)  Mas tudo ficou acordado, que deixariam a gravidez e assim foi. (Primeiro, da pra entender que "deixar a gravidez "parece" significar deixar que a gravidez "ocorra"! Mas ainda é uma expressão pouco usual em português do Brasil... Já não sei se não é apenas uma forma iletrada, ou sei lá... coloquial/regional... de falar?! Outra coisa: "Acordado por quem?" Sugere que os Pais da menina - não dá mais pra chamar mais de mulher - tomaram a decisão. Aqui temos uma complicação para a trama: O Autor TAMBÉM NÃO É MAIOR DE IDADE!!! Visto que em nenhum momento ele se assume com Pai/Responsável. Mas como se fosse, inadvertidamente, levado a situação pelo acaso!!! Em nenhum momento ele se assume como pai ou com interesse em assumir a mulher e o filho! É sempre como se os adultos decidissem e ele precisasse de autorização para se posicionar!

se passaram 4 dias, e um dia ,no aniversário de minha namorada (Oi? Voltou a ser namorada? Note que aqui se faz analise do TEXTO e não da pessoa! O texto fala de uma instabilidade no papel dele e da ex! ELE faz isso por INTERNAMENTE não estar seguro do que sente em relação a ela e a seu papel, e ora é "Ex" ora é namorada...) 

,ela ficou desligada/bloqueou meu contacto. Fiquei confuso. mas estava relaxado.(Essas ambivalências, ambuiguidades me parecem ser uma ferramenta natural de alívio do autor, sua ROTINA NEURÓTICA! Li em um texto de 2018 que: a estratégia de um neurótico é Morrer a conta-gotas! Ele não se da conta das contradições da sua escrita ou dos paradoxos que ele escreve... o que me suscita ser espontânea mesmo... é suas estratégias frente ao mundo!  O que também é informação! A ambivalência na retórica aponta à coexistência simultânea de sentimentos ou ideias distintas em relação a algo ou alguém, ok! Seja por não se ter seguro sobre o que se sente, seja por não ter experiência e assim não se ter decidido sobre o que se fala... como quando uma pessoa experimenta emoções ou pensamentos contraditórios sobre o mesmo assunto. Por exemplo, alguém pode sentir amor e ódio por uma pessoa ao mesmo tempo. Quanto às incongruências entre o que se diz e o que se faz, isso também é relevante na retórica. Ele se sentiu confuso por um lado, mas os ADULTOS tomaram a posição de DECIDIR e isso lhe trousse de volta ao relaxamento. Parece ambivalência, mas não é)

Dia depois ela me liga a dizer que já fez aborto pq a família a obrigou e que eu não era aceite. (eita... difícil ter certeza do que essa frase quer dizer... reforça que o autor é tão "de menor" quanto a menina! Ao menos se comportam como se fossem. Ninguém fala dos direitos legais dos dois como casal - sinal de que NÃO SÃO UM CASAL nem entre eles nem para a família dela - são dois menores de idade! No entanto nem o autor nem a família da menina falam dos pais do autor - ou o autor sequer falou da família dele mesmo... o que levanta a ideia que ele não seja estruturado nesse campo a ponto de não envolve-la no assunto) 

A notícia me chocou profundamente pelas expectativas que eu já tinha sobre tudo. (Como assim? Que expectativas? O texto todo ele fala como se não tivesse interesse real e deixa para a menina as decisões que acabam no colo dos pais ela???? Quando que no texto ele demonstrou interesse na ideia de ser pai?? Quando falou sobre amor pela menina? Quando falou com carinho sobre o assunto? Não é um texto sobre expectativas quebradas! É um texto PARA JUSTIFICAR A RAIVA! Para endossar sua conduta! É um texto sobre buscar VALIDAÇÃO!)

Perante tudo isto, eu decidi terminar. (Essa situação é me remete a aquelas em que alguém decide terminar um relacionamento ANTES que a outra parte o faça! O autor parece querer manter algum "Pseudo controle" da situação e assim evitar a sensação de ser rejeitado, terminado primeiro! Finge assim ter alguma autonomia de decisão. O medo de ser rejeitado é uma emoção poderosa, encerrar o relacionamento é uma forma de evitar a dor de ser deixado pela outra pessoa. É uma forma de proteger a autoestima. Ainda é uma posição PASSIVA de lidar com as coisa! Pois é uma forma de evitar o conflito a todo custo. Terminar primeiro é uma maneira de evitar discussões ou confrontos emocionais. Se alguém se sente culpado por algo no relacionamento, pode decidir terminar antes que a outra pessoa descubra ou tome a iniciativa!

primeiro porque perante a situação, me senti humilhado pela minha condição económica e porque a família não me quer, e por fim por está ousadia de abortar como se fosse algo bem fácil e tranquilo. deixou minha cabeça no ar. (Bom... Parece que a negação do papel do autor das suas responsabilidades e participação não esta no tema... e o foco dele é a desculpa que ele adquiriu nos erros dos outros. No Brasil o aborto só é ilegal para pobres... Mas homens que assumem a paternidade tem seus direitos garantidos por lei... mas dai tem que assumir a paternidade e a situação... Não parece o caso.

eu disse para ela ,precisava focar em mim e não passar mais essa humilhação. até porque estou no bom caminho! (Essa parte é a pérola da auto condescendência! Ele fala como se fosse vítima do destino? Tchê, Tu escolheu não usar camisinha e engravidar uma menina! Em nenhum momento esse autor se assume responsável por nada! Focar em si? QUANDO ELE NÃO FEZ ISSO? Não demonstrou interesse em NENHUM MOMENTO nos sentimentos da menina?  Não acolheu, não foi parceiro. Não esteve do lado em nada! QUE BOM CAMINHO É ESSE?

Ela não quer terminar. já pedi por bem que nos tenhamos um espaço para reflexão. ela não que! (Claramente essa menina é uma confusa sem estrutura emocional e dependente deste outro perdido... Depois vem dizer que ele é narcisista, mas ela é incapaz de constituir seu ego nela mesmo...  buscou esse analfabeto emocional e depois aos pais - que claramente não sabem trazer segurança emocional para ela... Ela precisa mesmo se afastar deste rapaz e adquirir "Ferramentas de Autonomia"!)

pedi para a gente terminar ou seja ,terminei com ela e ela ainda insiste em me procurar. (coitada... Como já falei: Terminar primeiro é uma maneira de evitar discussões ou confrontos emocionais. Se alguém se sente culpado por algo no relacionamento, pode decidir terminar antes que a outra pessoa descubra ou tome a iniciativa!

o que eu faço? (Segue sua rotina: deixe ela em paz e que os pais cuidem dela! Avise aos pais dela que ela esta te incomodando! Outra coisa: VAZECTOMIA! Para homens é reversível... Pense nisso... você só teria que se preocupar com doenças venéreas mas sei que isso nem passa pela sua cabeça!)

eu já fiz de tudo para me livrar dela, e ela não quer saber. já tratei até mal , mas parece que ela está obcecada. o que eu faço ,por favor peço ajuda para esse tipo de caso . com que tipo de indivíduo estou a lidar com? Com sorte esse texto é fake... Não acreditei que a preocupação do autor é com a presença desta menina na sua vida!!! Torço que ela venha a se recuperar... torço que a família dela, que já lhe deixou perdida e sem referências saudáveis, tome consciência e lhe de respeito, amor e conformo... para lhe proteger de outros alienado com esse autor deste texto...

Torço que esse autor procure terapia e consiga se tornar um adulto responsável... um dia!

Mas suspeito que nada disso vai acontecer!


BOM! NADA DISSO É PSICOLOGIA OU TERAPIA!!! É UM EXERCICIO EXCLUSIVAMENTE PARA ANALISAR O TEXTO  aleatório e OBSERVAR O QUE ELE ME TRAZ EMOCIONALMENTE! 

Me trouxe azia. Esse texto me trouxe fúria e vontade de sacudir esse autor pelos ombros até ao cérebro pegar no tranco!

Em uma seção de verdade essas impressões são sentidas e na estrutura da transferência e a construção de relação entre nos dois vai canalizar essas minha impressões para serem alinhadas com uma reação e fala que ajude ao autor se ver nas suas próprias falas...  Ajude a entender suas redundâncias..., seus gatilhos, suas fragilidades!

AQUI NÃO!

Que fique claro!

 



O segredo para ter conversas melhores

O segredo para ter conversas melhores


Escrito por David Robson, para a BBC Future em 17 março 2024.

Conversas ricas e profundas podem ser maravilhosas, mas parecem cada vez mais raras no nosso dia a dia.

Seja com o parceiro, membros da família ou colegas, começamos facilmente a falar de coisas diferentes ou entramos muitas em disputas sem sentido, sem conseguirmos nos entender direito.

Como podemos evitar essas armadilhas ?

Para descobrir, conversei com o jornalista e escritor Charles Duhigg (Dúig), autor de O Poder do Hábito: porque fazemos o que fazemos na vida e nos negócios e Mais Rápido e Melhor: os segredos da produtividade na vida e nos negócios, ambos lançados no Brasil pela editora Objetiva.


Charles Duhigg: Tenho uma pergunta. Se você estiver em um dia ruim e quiser ligar para um amigo, sabendo que falar com aquela pessoa faria você se sentir melhor – vem algum nome à sua mente?

Robson: Com certeza, eu penso imediatamente em uma das minhas melhores amigas.

Charles Duhigg: Então, para você, ela é uma supercomunicadora – e, provavelmente, você é um supercomunicador para ela. Vocês dois sabem como ouvir um ao outro de forma que vocês realmente escutem o que a outra pessoa está dizendo.

E vocês sabem comprovar que estão ouvindo. Você sabe fazer as perguntas certas, as questões que realmente fazem você perceber coisas sobre si próprio, e ela oferece evidências de que quer estar presente para você.

Agora, algumas pessoas fazem isso consistentemente. Elas conseguem se conectar com quase qualquer pessoa. E essas pessoas são supercomunicadores consistentes.

Quando comecei a escrever este livro, imaginei que essas pessoas deveriam ser realmente carismáticas ou extrovertidas. Mas o resultado é que se trata simplesmente de um conjunto de técnicas ou ferramentas que qualquer pessoa pode aprender.

Robson: O que a neurociência nos conta sobre os segredos da boa comunicação?

Charles Duhigg: Quando há uma comunicação entre duas pessoas, há também um engajamento de corpo e cérebro. As pupilas dos olhos começam a se dilatar basicamente à mesma velocidade e os nossos padrões de respiração começam a se igualar.

E, o mais importante, nossa atividade neural se torna cada vez mais parecida, à medida que começamos a pensar da mesma forma.

A questão sobre a comunicação é que eu posso descrever uma emoção que estou sentindo ou uma ideia que estou vivendo e você sente alguma versão daquilo. Os nossos cérebros passam a ficar cada vez mais parecidos.

Robson: No seu livro, você menciona pesquisas surpreendentes do neurocientista Beau Sievers, que revela como os supercomunicadores alteram a dinâmica do grupo.

Charles Duhigg: É realmente fascinante. Ele reuniu grupos de pessoas e pediu que eles discutissem trechos de filmes que realmente eram confusos.

Ele descobriu que alguns grupos simplesmente se uniram e se conectaram – e as suas respostas eram muito melhores.

Dentro de cada um daqueles grupos, havia pelo menos uma pessoa que era um supercomunicador. Eles faziam coisas como perguntar 10-20 vezes mais questões do que a média das pessoas.

Algumas das suas perguntas se destinavam a convidar outras pessoas para o diálogo, enquanto outras permitiam que as demais pessoas expusessem algo mais significativo sobre si próprias.

Mas o mais importante é que eles reconheciam que havia diferentes tipos de conversa.

A maioria de nós acha que uma discussão é sobre um assunto. Estamos falando sobre o meu dia no trabalho ou sobre as notas do meu filho.

Mas, na verdade, toda discussão é composta de diferentes tipos de conversa e a maioria se enquadra em um desses três tipos.

Existem conversas práticas, quando fazemos planos ou resolvemos problemas. Existem conversas emocionais, quando eu conto a você como estou me sentindo e quero que você ouça e se solidarize comigo.

E existem as conversas sociais, que são como nos relacionamos com os demais e as identidades sociais que carregamos conosco.

Sievers descobriu que os supercomunicadores são tão eficazes porque eles prestam atenção ao tipo de conversa que está ocorrendo. Eles se adaptam às outras pessoas do grupo e convidam essas pessoas a também se adaptarem. Por isso, todos eles têm o mesmo tipo de conversa ao mesmo tempo.

Robson: Isso me lembra a pesquisa da psicóloga Anita Williams Woolley sobre inteligência coletiva. Ela concluiu que a sensibilidade social individual dos membros de uma equipe determina sua capacidade de resolver problemas juntos.

Charles Duhigg: Certamente e, quando você pensa no que chamamos de sensibilidade social ou de ter empatia, isso realmente significa que você está simplesmente prestando atenção no que a outra pessoa está dizendo que precisa no momento e qual tipo de conversa ela quer ter.

Robson: Você defende que devemos fazer mais perguntas "profundas". Por quê?

Charles Duhigg: As questões profundas perguntam a alguém sobre seus valores, crenças ou experiências.

Quando falamos sobre essas coisas, nós falamos sobre quem realmente somos. E são perguntas realmente fáceis de fazer, não é verdade?

Se você encontrar alguém que é médico, pode perguntar: "o que fez você decidir cursar a faculdade de medicina?" ou "do que você mais gosta sobre a prática da medicina?"

São duas questões profundas, que convidam a outra pessoa a dizer algo real e significativo sobre si mesma. E facilitam uma reciprocidade, para que nós possamos falar sobre por que decidimos fazer nosso trabalho.

Robson: Bem, nesta entrevista, eu queria fazer a você uma questão profunda. Quais experiências pessoais levaram você a escrever o livro Supercommunicators?

Charles Duhigg: Eu trabalhava como gerente na época e, na verdade, eu era terrível naquele trabalho. Eu era bom na parte de estratégia e logística, mas a comunicação era minha dificuldade.

Eu caía em um mesmo padrão com a minha esposa. Eu chegava em casa depois de um longo dia de trabalho e começava a reclamar do meu chefe e dos meus colegas.

E ela, com toda razão, dava alguns conselhos, como "por que você não leva o seu chefe para almoçar, para que vocês possam se conhecer um pouco melhor?"

Mas, em vez de conseguir ouvi-la, eu ficava ainda mais irritado. E, então, ela também ficava irritada, porque, de repente, eu começava a gritar com ela, simplesmente porque ela me deu um conselho.

Quando contei isso aos pesquisadores, eles disseram que eu estava tentando ter uma conversa emocional, enquanto minha esposa tinha uma conversa prática. Se vocês não tiverem o mesmo tipo de conversa ao mesmo tempo, vocês realmente não irão ouvir um ao outro e, definitivamente, não irão se conectar.

Isso é conhecido na psicologia como o princípio da combinação. A comunicação real exige que vocês tenham o mesmo tipo de conversa ao mesmo tempo.

Robson: Qual o papel da comunicação não verbal?

Charles Duhigg: Sabemos que cerca de 50% da forma com que enviamos sinais e recebemos informações em uma conversa não estão ligados ao conteúdo das palavras, mas a tudo o que nos rodeia: o tom de voz, a velocidade da fala, a linguagem corporal, as expressões no rosto.

O nosso cérebro tem essa capacidade de detectar o que as pessoas sentem, prestando atenção a duas coisas: a energia e o humor.

Os bebês conseguem perceber o humor dos seus pais, mesmo antes de aprender a falar ou entender as palavras.

Mas, quando ficamos mais velhos, as palavras se tornam tão cativantes, tão ricas de informações, que nossa tendência é parar de prestar atenção a todo o resto e, às vezes, precisamos nos relembrar de fazer isso.

Robson: No seu livro, você ilustra isso com a série The Big Bang Theory...

Charles Duhigg: No início, The Big Bang Theory foi um completo fiasco. Ela teve sucesso porque os roteiristas descobriram como fazer os personagens expressarem seus sentimentos sem usar palavras.

A série é sobre esses físicos que são muito ruins em transmitir suas emoções ou sentimentos. É daí que vem o humor – eles são muito esquisitos e é aí que está a graça.

Mas a questão é como escrever uma comédia quando seus personagens principais não conseguem fazer o telespectador entender o que eles estão pensando ou sentindo.

Personagens sentados no sofá em cena da série 'The Big Bang Theory' CRÉDITO,SONJA FLEMMING/CBS VIA GETTY IMAGES







Legenda da foto, O constrangimento social e as dificuldades de comunicação dos personagens dificultaram a elaboração do roteiro de 'The Big Bang Theory' usando apenas os diálogos.

Após o fracasso do primeiro piloto, os roteiristas criaram uma nova receita, na qual cada um dos personagens demonstra o que está sentindo através do seu astral e sua energia.

Por isso, no novo piloto, há uma cena em que dois físicos encontram aquela bela mulher, Penny, pela primeira vez e tudo o que eles dizem é "olá", "olá" e "olá". Mas, a cada vez em que eles dizem "olá", eles dizem de forma diferente.

Eles alteram o humor, mudam a energia e [subitamente] você sabe exatamente o que eles estão sentindo. No início, eles estão animados, depois eles se sentem realmente constrangidos, então sentem que precisam meio que recuar, mesmo sem mudar as palavras.

Com apenas suas mudanças de humor e energia, nós, o público, sabemos o que eles estão pensando e sentindo. E o mesmo é verdadeiro sobre qualquer conversa que ocorra.

Robson: Como escrever sobre a supercomunicação mudou sua vida?

Charles Duhigg: Agora, no início de praticamente qualquer conversa, minha esposa e eu falamos sobre qual tipo de conversa queremos ter.

Liz dirá algo como "você quer que eu ajude você a resolver este problema? Ou você precisa apenas respirar e tirar isso do peito?" E eu faço a mesma coisa com ela.

Então provamos um ao outro que estamos realmente ouvindo, com perguntas complementares ou repetindo o que o outro disse.

O mais importante é que simplesmente mostramos um ao outro - e dizemos um ao outro - que queremos nos conectar. Porque, quando sabemos que alguém quer se conectar conosco, nós queremos nos conectar com essa pessoa.

O livro de Charles Duhigg, Supercomunicadores: Como Destravar a Linguagem Secreta da Conexão
Publicado (em inglês) pela editora Cornerstone Press, no Reino Unido, e
pela Random House, nos EUA.






David Robson é escritor de ciências e autor do livro O Efeito da Expectativa: Como sua Mentalidade pode Transformar sua Vida (em inglês), publicado pela editora Canongate, no Reino Unido, e pela Henry Holt, nos EUA. Você pode encontrá-lo como @d_a_robson no X (antigo Twitter) e como @davidarobson no Instagram e no Threads.

Você é narcisista? Faça o teste! A criminosa febre dos testes rápidos de psicologia barata!

Você é narcisista? Faça o teste!

A criminosa febre dos testes rápidos de psicologia barata











Para o estudante de psicanálise, o capítulo sobre o narcisismo, um dos mais geniais, complexos e revolucionários escritos por Freud, rende pelo menos umas cinco aulas tão exaustivas quanto fascinantes. Depois de alguns meses ou anos, ao retornar ao texto, a sensação de que ainda falta extrair muito daquelas linhas continuará lá. Talvez você sinta que precisa recomeçar a formação (ou nascer de novo?), pois deixou escapar zilhões de caixinhas e gavetinhas que não foram abertas. E é por isso, por me causar tanto incômodo (e por me fazer voltar todos os dias para a sensação da primeira leitura), que Freud sempre será minha pessoa favorita no mundo.

Mas, com a febre dos testes rápidos de psicologia barata (travestidos de joguinhos de autoconhecimento) no TikTok e no Instagram, ignoram-se completamente estágios do desenvolvimento psicossexual, as fases autoerótica e fálica e os conceitos de ego, objetos de amor, alteridade e pulsão de autoconservação.

Também são escanteadas as teorias brilhantes e radicais de Melanie Klein (em contraposição ao narcisismo freudiano), como ego precoce, projeção e introjeção, investimento libidinal, instinto destrutivo e seio persecutório. O mesmo para Winnicott, que fala sobre o amálgama mãe-bebê (ou bebê-ambiente/cuidador).

Se você porventura um dia se atreveu a ler sobre o estádio do espelho, sabe que Lacan não só abriu todas as zilhões de caixinhas e gavetinhas do narcisismo de Freud como ainda achou buracos (que chamou elogiosamente de "texto aberto"), criando assim seus escritos sobre formação do Eu e constituição do sujeito humano. E se isto não é literatura finíssima, eu não sei o que é: "um drama cujo impulso interno precipita-se da insuficiência para a antecipação", ou então "a armadura enfim assumida de uma identidade alienante".

Afinal, para que livros densos (desonram até a mitologia grega, os poetas, Ovídio, Tirésias, ninfas, Eco e rios com águas límpidas margeadas por flores) se podemos dar aquela zapeada maníaca e, bovinamente, nos entreter com um teste sobre narcisismo? São rapidinhos, dançantes e trazem quase sempre um idiota apontando para o ar, onde surgem perguntas digitalizadas: "Sua mãe faz chantagem emocional? Faz você sentir que é responsável pela felicidade dela?".

'Eco e Narciso' (1903), de John William Waterhouse - Reprodução

Meus amigos, minha mãe é descendente de italianos. Chorou por 15 anos quando eu saí de casa "criança", aos 26 anos. Ela diz que ali, naquele dia, começou a morrer e nunca mais parou. Mas esse personagem sensacional é dramático o suficiente para estar em todos os meus delírios de grandeza artística, em meus livros e crônicas e jamais caberá num teste de psicologia marqueteira.

Quem ainda aguenta estas chamadas? "Descubra se você é uma mãe narcisista, se a sua mãe é narcisista, se você é um filho de mãe narcisista, se a sua mãe é narcisista como a mãe de Larissa Manoela, se a mãe de Larissa Manoela é narcisista e se a sua mãe ou você enquanto mãe é tão ou mais narcisista que a mãe de Larissa Manoela."

A febre desses questionários simplificados e criminosos é fácil de explicar: eu, minha família inteira, você e sua família temos, segundo eles, transtornos e síndromes. Quer ver outro jogo da modinha, bem gostosinho, para estragar sua vida? Não conheço uma amiga cujo filho não tenha pontuado pelo menos 80% na provinha do transtorno opositor desafiador. A analista da minha filha disse que "esse TOD" consegue fazer mais mal do que aquela bebida de nome parecido, cheia de açúcar, que um parente (não direi qual) insiste em dar para a pequena.

E pensar que um dia, fazendo coro com os Titãs, tivemos medo de que fosse a televisão a nos deixar burros demais.

E a Meditação como técnica de auxilio para lidar com a ansiedade?

O medo é uma emoção natural e instintiva que todos nós experimentamos em algum momento de nossas vidas.

Por mais estranho que pareça, é uma ferramenta PROTETIVA e faz parte das funções evolutivas mais eficiente... mesmo quando ERRA.

Quando estamos com medo, nosso cérebro libera uma série de substâncias químicas, como adrenalina e cortisol, que nos ajudam a reagir rapidamente.

Essas substâncias aumentam nossa frequência cardíaca, aceleram nossa respiração e nos deixam mais alertas. Isso é conhecido como a resposta de luta ou fuga.

A amígdala, uma parte do lobo temporal, desempenha um papel fundamental na resposta ao medo. Ela processa informações emocionais e desencadeia essa resposta. Além disso, o hipocampo armazena memórias relacionadas ao medo. Experiências traumáticas podem levar a uma resposta exagerada ao medo, resultando em transtornos de ansiedade.

A neuroplasticidade permite que o cérebro se adapte e mude ao longo do tempo, o que significa que é possível reprogramar a resposta ao medo.

O uso de técnicas de relaxamento e mindfulness pode ajudar a regular a resposta ao medo e reduzir a ansiedade.

Compreender a neurociência do medo pode nos ajudar a lidar melhor com situações assustadoras e desenvolver estratégias eficazes para superar o medo.



O Medo Comum, portanto, é uma resposta natural do corpo a situações estressantes. Já a ansiedade é uma condição crônica de preocupação e nervosismo, com sintomas menos intensos, mas mais prolongados NEM SEMPRE COM A PRESENÇA REAL DO OBJETO CAUSADOR DA ANSIEDADE! E essa recorrência pode se converter em um ataque de pânico, que é mais intenso e breve, enquanto o medo comum ou ansiedade é mais duradouro.

Os sintomas de um ataque de pânico podem variar de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem:

  • Palpitações ou batimentos cardíacos acelerados. Pode sentir o coração batendo rapidamente ou irregularmente;
  • Sudorese excessiva, Suor frio e intenso, mesmo em situações não quentes;
  • Tremores ou sensação de fraqueza. Pode ocorrer nas mãos ou pernas;
  • Dificuldade para respirar. Sensação de sufocamento ou falta de ar;
  • Dor no peito ou desconforto. Pode ser confundido com um ataque cardíaco;
  • Tontura, vertigem, Sensação de desmaio ou instabilidade;
  • Náusea ou desconforto abdominal;
  • Formigamento ou dormência. Principalmente nas extremidades;
  • Medo intenso de morrer ou enlouquecer.

Lembrando que esses sintomas podem ser assustadores, mas os ataques de pânico geralmente duram apenas alguns minutos. Se você está enfrentando esses sintomas com frequência, é importante procurar ajuda médica para avaliação e tratamento adequado.

E a Meditação como técnica de auxilio para lidar com a ansiedade?

A meditação tem efeitos positivos no tratamento do estresse e da ansiedade. Um estudo investigou a técnica Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR) em voluntários maiores de 18 anos. Após o treinamento de oito semanas, houve redução significativa nos níveis de estresse e ansiedade. Como uma intervenção não medicamentosa se mostrou muito eficaz e sem efeitos colaterais, para tratar esses problemas na população adulta. Além disso, ao praticar a meditação regularmente pode reduzir o estresse e promover calma e tranquilidade, focando sua atenção no momento presente e afastando pensamentos negativos.

Mindfulness, é o nome das diversas técnicas que focam em desenvolver o que é chamado de "atenção plena". Mas o que é isso? O Mindfulness são técnicas de desenvolvimento pessoal que visam atingir um estado de presença e consciência intencional do corpo e da mente. Com essa técnica, a pessoa se torna mais ciente de suas emoções, pensamentos e sensações físicas no momento presente, sem julgamento.

O termo mindfulness remete a um estado mental caracterizado pela auto regulação da atenção para a experiência presente, com uma atitude aberta, curiosa e tolerante. É quando conseguimos manter nossa mente focada no que está acontecendo no momento, mesmo que os pensamentos venham e vão. A meditação mindfulness é uma das formas mais utilizadas e efetivas para alcançar esse estado.

As práticas de mindfulness combatem o "Estado de Piloto Automático”, ajudando o indivíduo a manter o foco e fazer escolhas conscientes. Além disso, trabalham com o reconhecimento do momento presente, reduzindo a preocupação excessiva com o passado ou o futuro.

Como praticar a meditação mindfulness?

Escolha um local calmo onde você possa sentar ou deitar sem ser incomodado.

Você vai criar o ambiente para esse fim, escolha se quer colocar uma música suave ou não, quão iluminado deve ser, dedique um tempo para a organização da sua prática, comece com 5 minutos apenas.

Sempre que sua mente se distrair, volte a atenção ao que estava fazendo.

Prestar atenção no exercício. É difícil desacelerar e perceber as coisas em um mundo agitado.

Viva o momento. Tente intencionalmente trazer uma atenção aberta, receptiva e perspicaz para tudo que você faz. ...

Aceite a si mesmo. Trate-se como trataria um bom amigo.

E concentre-se na sua respiração.





Meditação sentada.
Sente-se confortavelmente com as costas retas, pés apoiados no chão e mãos sobre as pernas ou no colo. Respirando pelo nariz, concentre-se no ar entrando e saindo do corpo. Se sensações físicas ou pensamentos interromperem sua meditação, observe a experiência e, em seguida, volte o foco para a respiração.



Meditação andando. Encontre um lugar tranquilo de 3 a 6 metros de comprimento e comece a andar devagar. Concentre-se na experiência de caminhar, tendo consciência das sensações de ficar em pé e dos movimentos sutis que mantêm seu equilíbrio. Quando chegar ao fim do caminho, vire-se e continue andando, mantendo a consciência de suas sensações.


Meditação de varredura do corpo:
 
A Meditação de Varredura do Corpo envolve concentrar a atenção lenta e deliberadamente em cada parte do corpo, cultivando a consciência e a conexão com as sensações físicas. 


Preparação: Encontre um local tranquilo onde você possa deitar-se confortavelmente.

Deite-se de costas com as pernas estendidas e os braços ao lado do corpo, as palmas das mãos voltadas para cima.

Feche os olhos e respire profundamente.

Concentre sua atenção lenta e deliberadamente em cada parte do seu corpo, em ordem, dos pés à cabeça ou da cabeça aos pés.

Esteja ciente de quaisquer sensações, emoções ou pensamentos associados a cada parte do seu corpo.

Comece no topo da cabeça. Observe qualquer sensação, calor ou tensão nessa área. Mantenha sua atenção lá por pelo menos 30 segundos.

Desça lentamente! Mova sua atenção para o rosto, pescoço, ombros, braços, peito, abdômen, quadris, pernas e pés. Sinta cada parte do corpo.


Aceitação e Observação: Se você notar tensões ou desconfortos, simplesmente observe-os sem julgamento. Respire profundamente e continue.

Respiração Consciente: Lembre-se de focar na respiração enquanto explora cada parte do corpo.

Finalização: Quando terminar, abra os olhos lentamente e retome sua consciência do ambiente ao seu redor.






Efeitos da meditação no tratamento do estresse e da ansiedade: https://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-00862021000200590




O "Fenômeno Baader-Meinhof" ou "Ilusão de Frequência"

Nas salas de aula da Psicologia presenciei um fenômeno que deve se repetir em muitos outros lugares do mundo.

A última vez que associei essa ocorrência foi a poucos meses... Estávamos em uma aula sobre psicopatologias e reparei que eu me identificara com a descrição que a professora apresentava de um CID10 (Classificação Internacional de Doenças) específico no ato da descrição. Quando ela passou para outra patologia eu lembrei de uma pessoa que eu conhecia que tinha muita relação com os sintomas descritos... e comecei a rir sozinho... Reparei que os demais colegas também se entreolhavam dando a impressão que também reconheciam ou a si ou a  outras pessoas que lhe vinham a mente. Foi um dia esquisito. Nos dias seguintes a coisa continuava acontecendo: eu reconhecia os sintomas em tudo que era lugar que eu ia... Nas pessoas com quem eu cruzava no meu cotidiano...

Mas não foi a primeira vez que eu percebia isso. Lembrei, então, que nas primeiras aulas de Psicanálise... essa ocorrência já tinha se apresentado! Onde eu ia e com quem eu falasse os "sintomas" descritos por Freud se manifestavam a minha volta! E nas primeiras aulas de TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) também aconteceu! Onde eu ia os eventos descritos na aula se manifestavam em eventos aleatórios do meu dia a dia... e finalmente eu percebi o PADRÃO!


O fenômeno Baader-Meinhof!

Também conhecido como "ilusão de frequência", o fenômeno Baader-Meinhof ocorre quando aprendemos algo específico pela primeira vez e, em seguida, começamos a notá-lo repetidamente em nosso ambiente domestico ou nas nossa relações ou até em nós mesmo! Por exemplo, depois de conhecer uma nova palavra, você pode começar a encontrá-la em todos os lugares. Isso não significa que o mundo mudou; é apenas nossa percepção que se tornou mais consciente dessa informação. É uma tendência cognitiva que nos faz pensar que algo está ocorrendo com mais frequência do que realmente é.

História

O termo foi cunhado por Terry Mullen em 1986, quando ele enviou uma carta à St. Paul Pioneer Press contando uma anedota sobre um artigo de jornal no qual ele descobriu pela primeira vez a organização terrorista alemã Facção do Exército Vermelho, mais conhecida como gangue Baader-Meinhof ( após o sobrenome de seus membros mais importantes), e a partir desse momento começou a ver o termo em vários lugares sem procurá-lo conscientemente. Após a publicação do artigo, Terry Mullen recebeu centenas de cartas nas quais os leitores afirmavam ter tido a mesma experiência.


Explicação

O fenômeno Baader-Meinhof ocorre porque o cérebro humano tem predileção por padrões e quando detecta que um elemento ou informação aparece mais de uma vez, o cérebro utiliza repetições para formar uma sequência possível. Para construir essas sequências, a mente tem a capacidade de ignorar tudo o que não se repete ou que não pode funcionar como elemento de algum padrão, e descartá-lo como informação irrelevante.

Carl Jung já havia falado sobre esse fenômeno antes, embora de forma mais ampla, chamando-o de "sincronicidade", e englobava tanto o aparecimento próximo de dois conceitos quanto todos os tipos de eventos e fatos que ocorrem repentinamente (como uma pessoa começando a fazer algo, como plantar uma árvore, e de repente outros fazem a mesma coisa sem ter qualquer relação com a anterior). Jung explicou isso como manifestações de uma espécie de consciência coletiva através da qual todos os seres humanos estavam conectados de alguma forma.

Inconscientemente tendemos a organizar a gigantesca, caótica e inimaginável quantidade de informações que chegam até nós com base em padrões e categorias que nos ajudam a gerenciá-la e lidar com elas. É por isso que somos tão sensíveis às repetições e tentamos enquadrá-las em algum tipo de ordem ou lógica que, de alguma forma, possa agrupá-las.


Nisso quando nossa atenção é estimulada por uma novidade atraente... resgatamos as informações que ficariam invisíveis aos nossos sentidos de outra forma.


https://es.wikipedia.org/wiki/Fen%C3%B3meno_Baader-Meinhof

CONVERSAS ANÔNIMA - WYSIATI ou quando O QUE VOCÊ VÊ É TUDO O QUE EXISTE!

 CONVERSAS ANÔNIMA - WYSIATI ou quando O QUE VOCÊ VÊ É TUDO O QUE EXISTE!


Pense no significado da palavra “Viés”! No dicionário a explicação do que é um “Viés” é “Aquilo que “tende” a seguir um “certo caminho” próprio… ou Aquele que tende a agir de “determinada maneira”, é uma forma de  “tendência”! Mas também é uma “Tira de pano” que, “cortada na diagonal” e “separada” da peça inteira!

Então Viés é algo que tenta ter uma característica de “Particularidade” em algo; uma “característica” só sua. Uma “Maneira enviesada” ou “retorcida” de finalizar, de “fazer” ou conseguir alguma coisa de direcção ou maneira oblíqua. A palavra viés deriva do francês “biais”, pela locução adverbial “de biais”, “Aquilo cujo corte não foi feito no sentido do fio”.

Assim… a palavra “Viés” na PSICOLOGIA é usada para quando uma pessoa usa de estruturas de pensamento que lhe servem de guia, de linha de raciocínio, de caminho que é só seu… ou fora da motivação dos demais.

E é mais ou menos isso… uma pessoa, diante da realidade, enxerga essa realidade e pensa ou faz escolhas usando essas linhas de pensar que lhe são úteis ou lhes são seguras… pra não precisar pensar muito no que vê, e em como fazer escolhas…

Essas ferramentas são chamadas de “VIÉS COGNITIVO”.

“Viés Cognitivo”, então, é um “padrão de pensamento” que nos faz desviar da lógica e da racionalidade. Esses atalhos mentais surgem como uma forma de economizar energia e tomar decisões mais rapidamente, mas também podem nos levar a erros de pensamento e julgamento. Existem três tipos principais de viés cognitivo:

Viés atencional: É a tendência para atender a um tipo de estímulo em comparação a outros quando eles se apresentam ao mesmo tempo. Por exemplo, uma pessoa pode se fixar mais em informações ameaçadoras ou prejudiciais, ignorando as neutras ou benéficas.

Viés interpretativo: Refere-se à tendência para interpretar as situações de uma determinada maneira. Nossas interpretações podem ser influenciadas por esses vieses, afetando nossas emoções e comportamentos.

Viés de memória: É a tendência para recordar certos eventos de forma seletiva, moldando nossa percepção da situação atual. Por exemplo, lembrar apenas os aspectos negativos de uma experiência passada pode afetar nossa visão do presente.

Entender esses vieses é importante para o autoconhecimento e para tomar decisões mais conscientes. Eles afetam nossa vida diária de forma inconsciente. Portanto, estar ciente desses padrões de pensamento nos ajuda a lidar com eles de maneira mais eficaz.

  
Então SEMPRE que alguém lhe disser “As coisa sempre foram assim…” ou “As coisas nunca foram assim!” podemos estar diante de  uma pessoa que não percebe que SEU VIÉS FILTROU A REALIDADE e lhe faz ver o que ele quer ver ou o que lhe dá suporte a suas crenças pessoais inconscientes!

Existem centenas de tipos diferentes de Vieses… E esses se estruturam em fundamentar “‘ATALHOS”’ para os pensamentos, percepções ou escolhas que cada um de nós toma.

Por exemplo: O conceito de WYSIATI (What You See Is All There Is), criado pelo psicólogo (que já ganhou um prêmio NOBEL) Daniel Kahneman.

Kahneman destaca como nossa mente tende a tirar conclusões com base apenas nas informações visíveis ou acessíveis, sem questionar o que pode estar faltando na nossa informação. Quando apresentados com evidências, especialmente aquelas que reforçam o seu modelo mental, raramente questionamos o que pode estar ausente. E esse viés cognitivo pode levar a decisões equivocadas. Por exemplo, em um experimento, grupos que receberam apenas um lado de um caso legal deram julgamentos mais distorcidos e excessivamente confiantes do que aqueles que receberam ambos os lados. 


O fenômeno “O que você vê é tudo que há” ocorre quando nosso “pensamento rápido”, ou “pensamento falsamente intuitivo” (ou Sistema 1, segundo Kahneman) constroi uma narrativa coesa com base no que está à nossa frente, sem examinar a qualidade ou quantidade das informações.

Em situações cotidianas, isso é aceitável, mas em decisões importantes, devemos estar cientes desse viés e buscar informações mais completas antes de tirar conclusões.

Assim a mente é “uma máquina para tirar conclusões precipitadas”, ela é campeã em basear suas conclusões em sua crença de que “O que você vê é tudo que existe”.

Mas na psicologia chamamos os nossos “erros” de Viés… e nossos ACERTOS de Heuristica.

A heurística é uma estratégia mental que permite tomar decisões rápidas e eficientes, mesmo diante de informações incompletas ou ambíguas.

Diferente dos Vieses, a Heurística ATUALIZA as escolhas!

Essas regras práticas também são desenvolvidas ao longo da vida e baseiam-se em experiências passadas. Na psicologia, a heurística é estudada como uma abordagem para compreender como as pessoas raciocinam e tomam essas decisões. Ela difere da abordagem lógica, que busca soluções ótimas, ao focar em soluções razoáveis e práticas. Por exemplo, a heurística do “representante” considera exemplos que parecem representativos da situação, enquanto a heurística do “afeto” baseia-se nas emoções associadas às escolhas que podem ser feitas. Esses atalhos mentais permitem simplificar o processo de tomada de decisão, mas também podem levar a erros de julgamento (os tais vieses). A heurística é um conceito fundamental na psicologia cognitiva e tem aplicações em áreas como teoria da complexidade, teoria dos jogos e pesquisa operacional.

OUTROS EXEMPLOS DE VIESES:


1. Viés da ancoragem - É a tendência de confiar demais, de ancorar-se em uma referência do passado ou em um detalhe da informação na tomada de decisões. Esse viés pode ser muito prejudicial e limitador, uma vez que a cognição pode ficar presa a uma experiência antiga. 


2. Viés de informação - O viés da informação é a tendência humana por buscar mais informações que o necessário, na busca por soluções. É aquela pessoa indecisa, que vive analisando todas as possibilidades, não sai do lugar e nunca acha que sabe o suficiente.


3. Viés da adesão - O famoso “Maria vai com as outras”. É como nossos avós chamavam as pessoas acometidas com esse viés. É acreditar em algo porque a maioria do grupo ao qual pertencem também acredita. 


“Todo mundo sabe que é melhor assim, então é isso que eu acho também”.


4. Viés da pró-escolha - É a tendência em justificar suas escolhas sem embasamento científico. Um clássico exemplo é quando você discute a escolha do seu time favorito com uma pessoa que torce para um time diferente do seu e usa argumentos lógicos, o que na verdade, todo mundo sabe que você torce somente por paixão. 


5. Viés da confirmação - É o pensamento seletivo que confirma as respectivas crenças e ignora ou desvaloriza qualquer ponto que as contradiga. Ao dar mais peso para algo que suporta as nossas crenças ao invés de tentar embasá-las, alimentamos os preconceitos.


6. Viés de positividade - Também conhecido como Síndrome de Poliana, o viés cognitivo da positividade ocorre quando somos muito otimistas, ao considerar um fato e nos atentarmos somente para o lado mais positivo, como “vai dar tudo certo”, “você vai superar”, “o bem sempre vence”, e assim por diante.


7. Viés de resultado - É a ilusão mental de julgar a qualidade de uma ação ou estratégia de acordo com o resultado obtido. Parte da “pegadinha” dos vieses é que eles até fazem sentido, de certo modo, e por isso, caímos tão facilmente neles.


8. Viés do excesso de confiança - O viés do excesso de confiança provoca um comportamento arriscado. O viés do otimismo soa parecido com esse viés, mas não é a mesma coisa. O excesso de confiança está relacionado às características próprias, enquanto o viés de positividade maximiza os resultados exógenos que não podem ser controlados.


9. Viés do placebo - O viés ligado ao efeito placebo é o viés de confirmação, segundo o qual tendemos a buscar, interpretar e nos recordarmos de informações que confirmam as nossas opiniões e visão de mundo. 


10. Viés da sobrevivência - O viés cognitivo da sobrevivência é a propensão que uma pessoa tem de, ao analisar um fenômeno ou mercado, tomar como base apenas a experiência daqueles que sobreviveram a ele. Exaltamos os feitos dos vitoriosos e procuramos copiar todos os fatores que os levaram ao sucesso com a ilusão que teremos a mesma “sorte” ou destino.


11. Viés de “Soma Zero” - É um tipo de erro lógico humano MUITO COMUM, que gera a tendência de acreditar que os ganhos de uma parte em um sistema automaticamente produzem perdas de igual dimensão para outra parte. Isto é, para um ganhar 1, o outro tem que perder 1 - e vice versa. Dessa forma um filho pode acreditar que se seu irmão ganha uma demonstração de afeto algo está sendo TIRADO dele! Ele esquece que os afetos não são bens que se extinguem com o “consumo” ou com o uso…


Quem tiver interesse pode pesquisar o List of cognitive biases

(https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_cognitive_biases)


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