Domando o Mamute: Por que você deveria parar de se preocupar com o que os outros pensam – Parte I e II.
Parte 1: Conheça seu Mamute
Parte 2: Domando o Mamute.
Algumas pessoas já nascem com seus mamutes razoavelmente domados ou crescem com uma educação parental que ajuda a manter seus mamutes sob controle. Outros morrem sem jamais conseguir ter controle algum sobre seu mamute , vivendo suas vidas inteiras sob os caprichos dele. A maioria de nós fica próximo ao meio termo – nós controlamos nosso mamute em algumas áreas de nossas vidas enquanto em outras ele ainda causa estragos. Ser controlado pelo seu mamute não te faz uma pessoa ruim ou fraca – apenas significa que você ainda não aprendeu como lidar com ele. Talvez você nem esteja ciente que você possui um mamute ou do quanto sua Voz Autêntica foi silenciada.
Independente de qual for a sua situação, existem três passos para controlar o seu mamute.
Primeiro passo: Examine-se.
O primeiro passo é fazer uma auto-avaliação honesta sobre o que se passa em sua mente, e existem três etapas para isso:
1. Conheça sua Voz Autêntica
Isso não parece ser muito difícil, mas é. Requer muita reflexão para encontrar quem realmente somos no meio do oceano de opiniões e pensamentos dos outros. Você convive com muitas pessoas – quais delas você realmente gosta? Como você usa o seu tempo de folga, e você realmente gosta de tudo o que faz nele? Existe alguma coisa com a qual você gasta dinheiro com certa frequência e que não esteja confortável com a situação? Como você realmente se sente sobre seu emprego e seu relacionamento? Qual sua opinião política verdadeira? Você possui alguma opinião “secreta” sobre algum aspecto político ou moral que nunca externou pois sabe que as pessoas que você conhece ficariam ofendidas se soubessem?
Existem algumas frases cliché para este processo- “busca na alma” ou “encontrando você mesmo” – e isso é exatamente o que precisa acontecer. Talvez você possa refletir de qualquer cadeira onde estiver sentado neste momento – ou talvez você precise ir para longe, sozinho, e “sair” um pouco de sua vida para que possa examiná-la efetivamente. De qualquer forma, é necessário descobrir o que realmente importa para você e começar a sentir orgulho do que quer que sua Voz Autêntica seja.
2. Descubra onde seu mamute se esconde.
Na maioria das vezes em que o mamute está no controle, nós nem mesmo notamos isso. Mas você não consegue progredir se não souber claramente quais são suas áreas mais problemáticas.
A maneira mais óbvia para encontrar seu mamute é descobrindo onde seu medo está – onde você está mais suscetível à vergonha e ao constrangimento? Em quais partes da sua vida você pensa e um sentimento incômodo, assustador lhe percorre? Onde a prospecção de falhar se parece com um pesadelo? O que você é tímido demais para tentar publicamente mesmo sabendo que você é bom naquilo? Se você estivesse aconselhando a si mesmo, quais partes da sua vida diria que claramente precisam de uma mudança e que você vem evitando tomar uma atitude?
O segundo lugar onde o mamute se esconde é onde você fica demasiadamente feliz quando se sente aceito ou enaltecido por outras pessoas. Você fica agradando demais as pessoas em seu trabalho ou relacionamento? Tem pavor de desapontar seus pais a ponto de fazer escolhas para deixá-los orgulhosos mas que não irão te satisfazer? Você fica muito empolgado por ser associado à coisas ou pessoas de prestígio ou se preocupa muito com seu status? Vangloria-se mais do que deveria?
A terceira área onde o mamute está é em todas as situações em que você não se sente confortável em tomar uma decisão sem a “permissão” ou a aprovação dos outros. Você tem opiniões que está regurgitando da boca de alguma outra pessoa, que você só está confortável em tê-la agora que sabe que as pessoas concordam? Quando você apresenta um(a) namorado(a) novo(a) para seus amigos e familiares, a reação deles consegue mudar seus sentimentos sobre ele(a). Existe algum Mestre de Marionetes em sua vida? Se sim, quem e por quê?
3. Decida de onde o mamute precisa ser expulso.
Não é possível simplesmente chutar o mamute para fora de sua mente – você é um ser humano e seres humanos têm um mamute em suas cabeças, ponto final. O que nós todos devemos fazer é esculpir determinadas áreas “sagradas” em nossas vidas que devem, obrigatoriamente, estar sob domínio da Voz Autêntica e completamente livre da influência do mamute. Existem algumas áreas óbvias que precisam ser parte dos domínios da VA como a escolha de seu parceiro, sua carreira profissional e a forma com que cria seus filhos.Outras são questões pessoais – “Em quais partes de sua vida você deve ser completamente sincero consigo mesmo?”.
Segundo passo: Tome coragem internalizando que o mamute tem um QI baixo.
Os mamutes de verdade foram medíocres o suficiente para serem extintos, e os mamutes da sobrevivência social não são nem um pouco melhores. Apesar do fato de nos assombrarem tanto, nossos mamutes são criaturas primitivas e bestas que não possuem entendimento do mundo moderno. Entender e internalizar isso é um passo crucial para domar o seu. Existem duas razões principais para não levar o seu mamute a sério:
1. Os medos do mamute são completamente irracionais.
Aqui vão cinco coisas que o mamute está completamente errado sobre:
a) Todo mundo está falando sobre mim e minha vida, imagine o que mais irão dizer se eu fizer uma coisa arriscada ou estranha.
Veja como o mamute pensa que a realidade é:
Veja aqui como as coisas realmente são:
Ninguém se importa de verdade com o que você está fazendo. As pessoas são altamente egocêntricas.
b) Se eu der o meu melhor, eu posso satisfazer a todos.
Sim, talvez em uma tribo de 40 pessoas com uma cultura unificada. Mas no mundo atual, independente de quem você seja, uma porção de pessoas vai gostar de você e outra porção não vai. Ser aprovado por um tipo de pessoa significa desagradar a outro tipo. Então ser obcecado em tentar agradar a todos é ilógico, especialmente quando estamos falando de pessoas completamente diferentes de você. Você irá ter todo esse trabalho e, enquanto isso, as pessoas que você realmente gosta estarão ocupadas, sendo amigas uma das outras, em algum outro lugar.
c) Ser desaprovado, desdenhado ou alvo de comentários maldosos tem consequências reais em minha vida.
Qualquer um que desaprova quem você é ou o que faz sequer está no mesmo ambiente que você em 99,7% do tempo. É um erro clássico do mamute fabricar uma visão de consequências sociais futuras que são muito mais pessimistas do que de fato acaba acontecendo – que normalmente é: nada.
d) Pessoas muito julgadoras importam.
Eis como pessoas julgadoras funcionam: elas são altamente controladas por seus mamutes e se tornam íntimas de outras pessoas julgadoras altamente controladas por seus mamutes. Uma das principais atividades que elas fazem é falar bosta de quem quer que não esteja por perto – talvez elas sintam alguma inveja e virar os olhos com ar de desaprovação as ajude a se sentirem melhores e menos invejosas, ou talvez elas não sejam invejosas e usam os outros como uma forma de deleitar-se em schadenfreud. Em qualquer um dos casos, o julgamento apenas serve para alimentar seus mamutes famintos
Quando as pessoas falam mal das outras, elas inventam uma divisão de categorias na qual sempre estão do lado certo. Elas fazem isso para se colocar em um pedestal que também servirá de alimento para seus mamutes.
Ser o material que uma pessoa julgadora usa para se sentir melhor sobre si mesma é, compreensivelmente, uma situação enfurecedora – porém não tem consequências reais e é claramente um problema da pessoa julgadora e seu mamute, não seu. Se você perceber que está tomando decisões de forma a não ser mal falado por uma pessoa julgadora, reflita profundamente sobre o que está acontecendo e pare.
e) Eu serei uma má pessoa se eu desapontar ou ofender a(s) pessoa(s) que me amam e/ou investiram tanto em mim.
Não. Você não é uma pessoa má por ser qualquer coisa que sua Voz Autêntica seja. Essa é uma daquelas coisas simples na vida: se eles realmente amam você, eles irão superar e aceitar tudo uma vez que perceberem que você está feliz. Se não aceitarem mesmo ao verem você feliz, eis o que está acontecendo: os sentimentos deles sobre o que você deveria ser ou fazer são, na verdade, os mamutes deles falando, e o principal motivo da preocupação deles é o que as outras pessoas irão dizer. Eles estão deixando seus mamutes passar por cima do amor que têm por você, e devem ser sumariamente ignorados.
Outras duas razões pelas quais a obsessão do mamute por aprovação social não fazem sentido:
I) Você vive aqui
Então quem se importa com qualquer merda?
II) Você e todas as pessoas que você conhecem vão morrer. Tipo, logo.
É, isso mesmo.
2. Os esforços do mamute são contraproducentes.
A grande ironia sobre isso tudo é que o pesado-e-obsessivo mamute sequer é bom em seu trabalho. Seus métodos para ganhar aprovação podem ter sido efetivos em tempos mais simples mas, hoje, eles são transparentes e dispensáveis. O mundo atual é o mundo das Vozes Autênticas e, se os mamutes querem prosperar socialmente, eles devem fazer o que mais os assusta: deixar a VA assumir o controle. Eis o porquê:
VAs são interessantes. Mamutes são chatos. Toda Voz Autêntica é única e complexa, o que é inerentemente interessante. Mamutes são todos iguais – eles copiam e se conformam, e suas causas não são baseadas em nada autêntico ou real, eles apenas fazem o que acreditam que se espera deles. Isso é chato pra cacete.
VAs lideram. Mamutes seguem. Liderança é algo natural para a maioria das VAs, pois elas formam suas idéias e opiniões a partir de um local original, o que as dá uma perspectiva original. E se elas forem espertas e inovadoras o suficiente, elas podem mudar o mundo e inventar coisas que rompem o status quo. Se você entregar para alguém um pincel e uma tela em branco, essa pessoa pode até não pintar algo bom – mas ela irá mudar a tela de um modo ou de outro.
Mamutes, por outro lado, seguem – por definição. É para isso que eles foram criados – se misturar e seguir o líder. A última coisa que um mamute vai fazer é mudar o status quo porque ele está tentando desesperadamente ser o status quo. Quando você dá a alguém um pincel e uma tela, porém a tinta é exatamente da mesma cor que a tela, essa pessoa pode pintar o quanto quiser, mas não vai conseguir mudar nada.
Terceiro passo: Comece a ser você mesmo.
Esse post foi leve e descontraído até “seja você mesmo” entrar em cena. Até agora, ele foi uma reflexão interessante sobre porque os humanos se importam tanto com o que outras pessoas pensam, porque isso é ruim, como isso é um problema em sua vida e porque não há um bom motivo para que continue te afetando. Mas efetivamente começar a fazer algo depois de terminar de ler esse artigo é uma coisa completamente diferente que requer um pouco mais do que reflexão: requer alguma coragem.
Mas coragem para quê, extamente? Como já discutimos, não há perigo real algum envolvido em ser você mesmo – mais do que qualquer coisa, apenas requer uma epifania o-rei-está-nu, que é tão simples quanto:
Quase nada do que você teme socialmente é assustador de fato.
Absorver esse pensamento irá diminuir o medo que você sente e, sem medo, o mamute perde parte de sua força.
Com um mamute enfraquecido, começa a se tornar possível defender quem você é e até mesmo fazer mudanças drásticas – e quando você vê essas mudanças dando certo com poucas consequências negativas e nenhum remorso, reforça a epifania e uma Voz Autêntica empoderada se torna um hábito. Seu mamute então perde a capacidade de tomar as rédeas e então, está domado.
O mamute ainda está com você – ele sempre estará – mas será mais fácil ignorá-lo ou prevalecer quando ele tentar falar ou agir, porque sua VA é quem comanda agora.Você pode começar a saborear o sentimento de ser visto como estranho, inapropriado ou confuso para as pessoas, e a sociedade passa a ser seu playground e tela em branco, não algo para bajular e esperar aceitação dela.
Fazer essa mudança não é fácil para todos, mas vale a pena ser tentada. Sua Voz Autêntica recebeu uma única vida – e é sua missão fazer com que ela tenha a oportunidade de vivê-la.
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