CONVERSAS ANÔNIMA - WYSIATI ou quando O QUE VOCÊ VÊ É TUDO O QUE EXISTE!

 CONVERSAS ANÔNIMA - WYSIATI ou quando O QUE VOCÊ VÊ É TUDO O QUE EXISTE!


Pense no significado da palavra “Viés”! No dicionário a explicação do que é um “Viés” é “Aquilo que “tende” a seguir um “certo caminho” próprio… ou Aquele que tende a agir de “determinada maneira”, é uma forma de  “tendência”! Mas também é uma “Tira de pano” que, “cortada na diagonal” e “separada” da peça inteira!

Então Viés é algo que tenta ter uma característica de “Particularidade” em algo; uma “característica” só sua. Uma “Maneira enviesada” ou “retorcida” de finalizar, de “fazer” ou conseguir alguma coisa de direcção ou maneira oblíqua. A palavra viés deriva do francês “biais”, pela locução adverbial “de biais”, “Aquilo cujo corte não foi feito no sentido do fio”.

Assim… a palavra “Viés” na PSICOLOGIA é usada para quando uma pessoa usa de estruturas de pensamento que lhe servem de guia, de linha de raciocínio, de caminho que é só seu… ou fora da motivação dos demais.

E é mais ou menos isso… uma pessoa, diante da realidade, enxerga essa realidade e pensa ou faz escolhas usando essas linhas de pensar que lhe são úteis ou lhes são seguras… pra não precisar pensar muito no que vê, e em como fazer escolhas…

Essas ferramentas são chamadas de “VIÉS COGNITIVO”.

“Viés Cognitivo”, então, é um “padrão de pensamento” que nos faz desviar da lógica e da racionalidade. Esses atalhos mentais surgem como uma forma de economizar energia e tomar decisões mais rapidamente, mas também podem nos levar a erros de pensamento e julgamento. Existem três tipos principais de viés cognitivo:

Viés atencional: É a tendência para atender a um tipo de estímulo em comparação a outros quando eles se apresentam ao mesmo tempo. Por exemplo, uma pessoa pode se fixar mais em informações ameaçadoras ou prejudiciais, ignorando as neutras ou benéficas.

Viés interpretativo: Refere-se à tendência para interpretar as situações de uma determinada maneira. Nossas interpretações podem ser influenciadas por esses vieses, afetando nossas emoções e comportamentos.

Viés de memória: É a tendência para recordar certos eventos de forma seletiva, moldando nossa percepção da situação atual. Por exemplo, lembrar apenas os aspectos negativos de uma experiência passada pode afetar nossa visão do presente.

Entender esses vieses é importante para o autoconhecimento e para tomar decisões mais conscientes. Eles afetam nossa vida diária de forma inconsciente. Portanto, estar ciente desses padrões de pensamento nos ajuda a lidar com eles de maneira mais eficaz.

  
Então SEMPRE que alguém lhe disser “As coisa sempre foram assim…” ou “As coisas nunca foram assim!” podemos estar diante de  uma pessoa que não percebe que SEU VIÉS FILTROU A REALIDADE e lhe faz ver o que ele quer ver ou o que lhe dá suporte a suas crenças pessoais inconscientes!

Existem centenas de tipos diferentes de Vieses… E esses se estruturam em fundamentar “‘ATALHOS”’ para os pensamentos, percepções ou escolhas que cada um de nós toma.

Por exemplo: O conceito de WYSIATI (What You See Is All There Is), criado pelo psicólogo (que já ganhou um prêmio NOBEL) Daniel Kahneman.

Kahneman destaca como nossa mente tende a tirar conclusões com base apenas nas informações visíveis ou acessíveis, sem questionar o que pode estar faltando na nossa informação. Quando apresentados com evidências, especialmente aquelas que reforçam o seu modelo mental, raramente questionamos o que pode estar ausente. E esse viés cognitivo pode levar a decisões equivocadas. Por exemplo, em um experimento, grupos que receberam apenas um lado de um caso legal deram julgamentos mais distorcidos e excessivamente confiantes do que aqueles que receberam ambos os lados. 


O fenômeno “O que você vê é tudo que há” ocorre quando nosso “pensamento rápido”, ou “pensamento falsamente intuitivo” (ou Sistema 1, segundo Kahneman) constroi uma narrativa coesa com base no que está à nossa frente, sem examinar a qualidade ou quantidade das informações.

Em situações cotidianas, isso é aceitável, mas em decisões importantes, devemos estar cientes desse viés e buscar informações mais completas antes de tirar conclusões.

Assim a mente é “uma máquina para tirar conclusões precipitadas”, ela é campeã em basear suas conclusões em sua crença de que “O que você vê é tudo que existe”.

Mas na psicologia chamamos os nossos “erros” de Viés… e nossos ACERTOS de Heuristica.

A heurística é uma estratégia mental que permite tomar decisões rápidas e eficientes, mesmo diante de informações incompletas ou ambíguas.

Diferente dos Vieses, a Heurística ATUALIZA as escolhas!

Essas regras práticas também são desenvolvidas ao longo da vida e baseiam-se em experiências passadas. Na psicologia, a heurística é estudada como uma abordagem para compreender como as pessoas raciocinam e tomam essas decisões. Ela difere da abordagem lógica, que busca soluções ótimas, ao focar em soluções razoáveis e práticas. Por exemplo, a heurística do “representante” considera exemplos que parecem representativos da situação, enquanto a heurística do “afeto” baseia-se nas emoções associadas às escolhas que podem ser feitas. Esses atalhos mentais permitem simplificar o processo de tomada de decisão, mas também podem levar a erros de julgamento (os tais vieses). A heurística é um conceito fundamental na psicologia cognitiva e tem aplicações em áreas como teoria da complexidade, teoria dos jogos e pesquisa operacional.

OUTROS EXEMPLOS DE VIESES:


1. Viés da ancoragem - É a tendência de confiar demais, de ancorar-se em uma referência do passado ou em um detalhe da informação na tomada de decisões. Esse viés pode ser muito prejudicial e limitador, uma vez que a cognição pode ficar presa a uma experiência antiga. 


2. Viés de informação - O viés da informação é a tendência humana por buscar mais informações que o necessário, na busca por soluções. É aquela pessoa indecisa, que vive analisando todas as possibilidades, não sai do lugar e nunca acha que sabe o suficiente.


3. Viés da adesão - O famoso “Maria vai com as outras”. É como nossos avós chamavam as pessoas acometidas com esse viés. É acreditar em algo porque a maioria do grupo ao qual pertencem também acredita. 


“Todo mundo sabe que é melhor assim, então é isso que eu acho também”.


4. Viés da pró-escolha - É a tendência em justificar suas escolhas sem embasamento científico. Um clássico exemplo é quando você discute a escolha do seu time favorito com uma pessoa que torce para um time diferente do seu e usa argumentos lógicos, o que na verdade, todo mundo sabe que você torce somente por paixão. 


5. Viés da confirmação - É o pensamento seletivo que confirma as respectivas crenças e ignora ou desvaloriza qualquer ponto que as contradiga. Ao dar mais peso para algo que suporta as nossas crenças ao invés de tentar embasá-las, alimentamos os preconceitos.


6. Viés de positividade - Também conhecido como Síndrome de Poliana, o viés cognitivo da positividade ocorre quando somos muito otimistas, ao considerar um fato e nos atentarmos somente para o lado mais positivo, como “vai dar tudo certo”, “você vai superar”, “o bem sempre vence”, e assim por diante.


7. Viés de resultado - É a ilusão mental de julgar a qualidade de uma ação ou estratégia de acordo com o resultado obtido. Parte da “pegadinha” dos vieses é que eles até fazem sentido, de certo modo, e por isso, caímos tão facilmente neles.


8. Viés do excesso de confiança - O viés do excesso de confiança provoca um comportamento arriscado. O viés do otimismo soa parecido com esse viés, mas não é a mesma coisa. O excesso de confiança está relacionado às características próprias, enquanto o viés de positividade maximiza os resultados exógenos que não podem ser controlados.


9. Viés do placebo - O viés ligado ao efeito placebo é o viés de confirmação, segundo o qual tendemos a buscar, interpretar e nos recordarmos de informações que confirmam as nossas opiniões e visão de mundo. 


10. Viés da sobrevivência - O viés cognitivo da sobrevivência é a propensão que uma pessoa tem de, ao analisar um fenômeno ou mercado, tomar como base apenas a experiência daqueles que sobreviveram a ele. Exaltamos os feitos dos vitoriosos e procuramos copiar todos os fatores que os levaram ao sucesso com a ilusão que teremos a mesma “sorte” ou destino.


11. Viés de “Soma Zero” - É um tipo de erro lógico humano MUITO COMUM, que gera a tendência de acreditar que os ganhos de uma parte em um sistema automaticamente produzem perdas de igual dimensão para outra parte. Isto é, para um ganhar 1, o outro tem que perder 1 - e vice versa. Dessa forma um filho pode acreditar que se seu irmão ganha uma demonstração de afeto algo está sendo TIRADO dele! Ele esquece que os afetos não são bens que se extinguem com o “consumo” ou com o uso…


Quem tiver interesse pode pesquisar o List of cognitive biases

(https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_cognitive_biases)


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