“No centro do seu ser, você tem a resposta; você sabe quem é e o que quer.” – Lao Tzu
Esse é um espaço para conversar sobre as nossas Filosofias, nossas emoções e nossas ferramentas para nos conhecermos melhor e viver com plenitude!
Recebi nesta quarta-feira (30.03) representantes e advogados de funcionários da Fugast (Fundação Riograndense Universitária de Gastroenterologia).
Na pauta da audiência esteve a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 211/2011, que regulariza a vida funcional de quase 500 servidores.
Sou relator da PEC na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Assembleia Legislativa.
Recebi importantes elementos que vão subsidiar meu relatório.
Quando há repercussão social, o Poder Público tem a obrigação de intervir.
A proposta de emenda constitucional tem esse objetivo.
Postado por Jorge Pozzobom
Enquanto isto os funcionários da Fugast CONTINUAM sem rescisão
Desligados das funções que exerciam em hospitais gaúchos, funcionários da Fundação Riograndense Universitária de Gastroenterologia (Fugast) ainda não receberam o dinheiro da rescisão. Um parecer da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) avaliou que não é responsabilidade do Executivo pagar as indenizações, mas o governador Tarso Genro decidiu avaliar o caso.
Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), trabalhadores contratados para atuar na área da saúde por meio da Fugast foram dispensados em 8 de março. A decisão atingiu 479 profissionais que atuavam em instituições como o Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas (o governo do Estado repassava recursos à prefeitura da Capital para pagamento dos profissionais), o Hospital Psiquiátrico São Pedro, o Hemocentro, Hospital da Colônia Itapuã e Sanatório Partenon.
No fim de fevereiro, a Fugast havia dado aviso prévio aos trabalhadores e enviado os valores devidos a cada um deles à Secretaria Estadual da Saúde (SES). Semanas depois, a SES divulgou nota informando que, por recomendação da PGE, não caberia ao Estado bancar as rescisões (FGTS, multa rescisória, 13° salário e férias proporcionais e aviso prévio). A partir disso, criou-se um impasse.
– Estamos numa situação bem complicada, com contas vencendo e sem trabalho. Parece que fizemos algo muito grave para merecer isso – lamentou Regina Rodrigues dos Santos, integrante da comissão dos trabalhadores da Fugast e que durante 20 anos atuou no São Pedro.
Diretora administrativa da Fugast, Rosa Vieira disse que consta em contrato a obrigação do Estado no pagamento dos direitos trabalhistas, tarefa que o governo não teria se eximido:
– Esperamos que o governo se manifeste logo sobre a questão, pois é um direito dos trabalhadores e um dever do Estado. Zero Hora
Recebi nesta quarta-feira (30.03) representantes e advogados de funcionários da Fugast (Fundação Riograndense Universitária de Gastroenterologia). Na pauta da audiência esteve a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 211/2011, que regulariza a vida funcional de quase 500 servidores.
Sou relator da PEC na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Assembleia Legislativa. Recebi importantes elementos que vão subsidiar meu relatório. Quando há repercussão social, o Poder Público tem a obrigação de intervir. A proposta de emenda constitucional tem esse objetivo.
Simpatizantes: Sempre temos tempo para começar
Pense cuidadosamente no que importa, de verdade, agora; pergunte-se o que deixará para trás e o que poderá levar, quando morrer. Mesmo que encontrasse um tesouro escondido, não poderia carregar com você.
Sua prática, entretanto, é como uma moeda especial que irá com você através da fronteira da morte, vida após vida.
Se disser que não tem tempo para meditar, você não entendeu, de verdade, a impermanência.
Você pode trabalhar oito horas por dia, mas ainda tem dezesseis horas sobrando.
Alegar que não tem tempo, que tem responsabilidade por seus filhos e um trabalho, não é desculpa.
O eminente rei do Darma, Indrabhuti, governava todo um reino e, ainda assim, conseguiu alcançar a iluminação em uma única vida.
Muito poucos de nós temos tantas responsabilidades quanto ele.
Se formos diligentes, sempre será possível encontrar tempo suficiente.
Se não, sempre encontraremos uma razão para não praticar.
Somente depois da morte é que não teremos tempo.
Até lá, mesmo que estejamos doentes ou ocupados, temos tempo.
Chagdud Tulku Rinpoche (Tibete, 1930 – Brasil, 2002) “Portões da Prática Budista“, parte 2 | 9
É desesperador o caso dos funcionários demitidos da Fugast em cumprimento à decisão judicial que mandou o Estado e o município suspenderem as contratações de funcionários por meio dessa fundação. Além de terem perdido o emprego nos hospitais em que trabalhavam, alguns há mais de 20 anos, os servidores enfrentam agora um novo drama: não têm perspectiva de receber os direitos trabalhistas. Gente que trabalhou por anos a fio para o Estado ou para o município, mas que tinha sido contratada pela Fugast, agora não tem a quem recorrer.
Como qualquer trabalhador regido pela CLT, os demitidos têm direito a Fundo de Garantia, multa rescisória, 13º proporcional, férias atrasadas e aviso prévio. Nada disso foi pago, segundo os trabalhadores, porque a Fugast diz que só terá dinheiro quando o governo repassar o valor para cobrir as indenizações. Sem se desligar formalmente da Fugast, os demitidos não têm como se habilitar ao seguro desemprego e não conseguem formalizar um novo vínculo de trabalho.
A Fugast distribuiu uma carta contando como começou a relação com o governo do Estado. A carta diz que simplesmente recebia ordens do secretário da Saúde da hora para contratar pessoas que o próprio governo recomendava. Que o combinado no início era uma contratação provisória, mas acabou virando permanente.Leia aqui a íntegra da carta da direção Fugast.
De uma médica demitida da Fugast recebi carta que vou colar aqui para que vocês leiam, nas palavras dela, o que está acontecendo com os demitidos. Mantive as palavras grafadas em letras maiúsculas, porque dão bem a ideia do grito que essas pessoas têm trancado na garganta. Embora ela tenha se identificado, não darei o nome da médica que escreveu essa carta porque não pedi autorização a ela. “Bom dia Rosane,
Desculpe se roubo um pouco do teu tempo, mas acho que tenho o dever moral de te contar como anda aquela história das nossas demissões da FUGAST, perda de empregos e quase perda de esperança em autoridades (perdão mas farei alguns desabafos pessoais, rss).
Te mando em anexo um documento que está circulando e que acho que deveria ser publicado em todos os jornais de Porto Alegre, pois nas entrelinhas dele tem algo que cheira muito mal (desculpe os termos chulos). Se puderes leia.
O resumo da missa é que eu trabalhei 15 anos da minha vida numa instituição, com chefia, com gestor, subordinada a ordens superiores, portanto tinha patrão (aliás é o atual secretário da saúde de Porto Alegre), tinha um contracheque, recebia em dia. Tenho todos os meus DIREITOS adquiridos por lei e agora a minha fonte pagadora simplesmente manda dizer que não tem dinheiro pra me pagar e que não vai nos pagar????? Como assim, se ela não faliu, não pediu concordata, funciona e funciona muito bem, segundo o próprio documento????
Afinal o que é que existe por trás da FUGAST??? Da onde vinha todo este dinheiro que manteve todos nós aqui e agora de uma hora pra outra sumiu????
Muito bem, e agora??? Quem será que vai se responsabilizar ????
Já existem ações em andamento pra tentar reverter estes fatos mas até lá nós funcionários vamos viver do que????
Eu era funcionária de hospital, não sou considerada funcionária do Estado, trabalhei em órgão público, prestei serviço à comunidade de Porto Alegre, recebia um salário, existo como contribuinte, gozei dos direitos e deveres de um trabalhador e simplesmente não sei quem foi meu chefe estes anos todos??????????????
Tu que és uma pessoa sensata consegue decifrar este enigma???
Quem é que vai me indenizar???
Quer dizer que SEREMOS DUPLAMENTE PUNIDOS???? E o ESTADO vais sair à francesa desta história???
Seria cômico se não fosse trágico.
Este documento em anexo me parece bastante esclarecedor no que tange ao contrato FUGAST e ESTADO. Mas eu sou uma mera funcionária esperando e torcendo pra que os preceitos básicos da vida, como a decência, dignidade, honestidade, sejam atitudes normais em nossos governantes.
Obrigada pelo teu tempo.
Acho que eu tinha obrigação de compartilhar estas ideias com alguém que se mostra sempre atenta e com inteligência nos ajuda a analisar melhor os acontecimentos.
Esta não é a primeira vez que a FUGAST se declara UM LARANJA DO ESTADO e do MUNICÍPIO.
Os ditos órgãos competentes CALAM-SE e com isto, endossam e reforçam que eles, FUGAST, NÃO ESTÃO MENTINDO. Realmente o estado do Rio Grande do Sul e o Município de Porto Alegre foram coniventes, senão comparsas, em um embuste que APONTA PARA UM CRIME ADMINISTRATIVO:
"Face às notícias que estão sendo veiculadas pela imprensa e que não espelham toda a verdade a respeito o encerramento dos contratos de trabalho de servidores que prestavam serviço ao ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, em órgãos e hospitais vinculados à Secretaria Estadual da Saúde e ao MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE no Hospital Presidente Vargas, a FUGAST, vem a público prestar alguns esclarecimentos que se fazem necessários, evitando ilações e interpretações distorcidas:
1. A FUGAST, entidade privada, sita na Rua Silva Só 255, há 36 anos é um Centro Médico de Referência Nacional e Internacional em Gastroenterologia, especialmente, na prevenção do câncer do aparelho digestivo, atendendo pacientes conveniados e particulares;
2. Há aproximadamente 25 anos, atendendo ao apelo do Exmo. Senhor Secretário da Saúde do Estado, que estava encontrando dificuldades para realizar contratações emergenciais, para suprir vagas de pessoal nos hospitais públicos do Estado, a FUGAST, a título de colaboração desinteressada, concordou que seu nome fosse usado pelo Estado para que fossem feitas ditas contratações emergenciais, por, aproximadamente um ano, período que a Secretaria Estadual da Saúde entendia possível homologar um Concurso Público para o suprimento daquelas vagas. Só admitiu que estas contratações fossem feitas em seu nome, porque recebeu a garantia do Secretário de que a FUGAST, não sofreria qualquer prejuízo, recebendo o repasse da verba necessária para o pagamento dos salários e de todos os encargos fiscais, sociais e trabalhistas correspondentes, inclusive aqueles decorrentes de possíveis Reclamatórias Trabalhistas.
3. Desde então, até 1999, quando foi concedida a liminar da Ação Civil Pública, a FUGAST recebeu ofícios da Secretaria Estadual da Saúde, determinando a contratação de centenas de pessoas, já selecionadas pela Secretaria, que informava apenas, o cargo, o salário e o órgão onde o contratado prestaria serviço. É claro que, passado aquele prazo de um ano, mesmo instados, por diversas vezes, os Secretários da Saúde, para que a situação daqueles servidores fosse resolvida, a FUGAST, se viu obrigada a continuar com a colaboração, pois todos os sucessores, cerca de dez secretários, garantiam a impossibilidade do afastamento imediato dos servidores, sob pena de serem obrigados a fechar os hospitais, até a homologação dos Concursos Públicos que estavam para ser realizados.
4. Mesmo com a mudança dos Secretários, a Secretaria sempre cumpriu, sem solução de continuidade, com o compromisso de repassar para a FUGAST as verbas necessárias para o cumprimento daquelas obrigações trabalhistas, fiscais e sociais, inclusive, com os valores referentes às condenações de Reclamatórias Trabalhistas. Sem aqueles repasses de verba, fique claro, a FUGAST não teria e NÃO TEM como cumprir o pagamento de todos os salários e encargos sociais e trabalhistas relativos àqueles servidores, até porque seria absurdo que, além de prestar uma colaboração desinteressada, como sempre fez, fosse obrigada a arcar com os custos e despesas para pagar pessoas que nunca lhe prestaram qualquer serviço;
5. É verdade que alguns Secretários até tentaram resolver a situação, realizando Concursos Públicos, cujos resultados, entretanto, face impugnações de Representantes do Ministério Público, só foram homologados depois de muitos anos, o que gerou a desistência da maior parte dos candidatos aprovados, impedindo que fosse solucionada a situação dos servidores contratados através da FUGAST.
6. Com a decisão Judicial da Ação Civil Pública, parte dos anseios da FUGAST se realizaram, pois foram impedidas novas contratações e, com a saída de muitos dos contratados o número se reduziu, todavia, nestes mais de dez anos de tramitação do processo nos Tribunais Superiores, a situação dos servidores não pode ser, totalmente, resolvida: parte em razão de uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado que impedia a demissão dos servidores, enquanto não transitasse em julgado a decisão da Ação Civil Pública e, parte, porque tanto o Estado, como o Município, tiveram dificuldade de realizar os Concursos ou seleções para a admissão de funcionários para a substituição daqueles servidores contratados neste curto espaço de tempo de seis meses fixado pela decisão, para a “pretensa” devolução dos cedidos (como se viu acima, nunca houve cedência de servidores e sim contratação direta pelo Estado). Cabe salientar e é de conhecimento de todas as partes (Estado e Município) que os servidores deveriam ser dispensados, de vez que a FUGAST não tem como os absorver em seu pequeno quadro de pessoal.
7. Cabe um esclarecimento sobre a frustração do pretenso acordo, levado a homologação na Audiência Pública. A FUGAST foi surpreendida naquela data quando lhe foi apresentado um acordo, já firmado pelas demais partes (Ministério Público, autor da Ação, Procurador do Município e Procuradores do Estado), no qual era prorrogada a utilização de alguns servidores contratados através da FUGAST, por no máximo 90 dias, com o Estado se responsabilizando com o pagamento dos salários dos mesmo neste período. Não regulava, entretanto, a responsabilidade pelo pagamento dos demais encargos trabalhistas correspondentes, destes e dos demais servidores que seriam dispensados, esquecendo-se, provavelmente, que as despesas com empregados não se resumem apenas aos salários, importando custos de todos os encargos fiscais, sociais e trabalhistas, inclusive rescisórios.
8. Os Avisos Prévios destes servidores e os cálculos individuais das rescisões contratuais foram entregues e protocolados na Secretaria Estadual da Saúde no dia 23.02.2011, para que fosse repassado o valor correspondente, como é compromisso, sempre cumprido, por todos os Secretários da Saúde, desde o primeiro, até o atual. Cabe salientar, para encerrar esta nota de esclarecimentos, que a FUGAST pretende efetivar os pagamentos das rescisões assim que receber o repasse das verbas por quem de direito, sem as quais, como informado acima, não terá como cumprir este pagamento muito acima de suas possibilidades financeiras.
Porto Alegre, 16 de março de 2011. ROSA MARIA LAZARI
Diretora Presidente
O coordenador da Assessoria Jurídica do SIMERS, Vítor Dossa, e o diretor administrativo do Sindicato dos Municipários (Simpa), João Ezequiel, falam sobre o drama gerado pela demissão dos funcionários da Fundação de Gastroenterologia (Fugast).
Quando, em 1921, perguntado pelo rabino H. Goldstein, de New York, se acreditava em Deus, o físico Albert Einstein respondeu:
"Acredito no Deus de Espinosa, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pelo destino e pelas ações dos homens".
Einstein enfrentou críticas, e o cardeal O’Connel, de Boston, publicou uma declaração na qual dizia que a teoria da relatividade "encobre com um manto o horrível fantasma do ateísmo, e obscurece especulações, produzindo uma dúvida universal sobre Deus e sua criação". Hoje o Papa parece conviver bem com a idéia de Deus ser uma força por trás do Big Bang, conciliando (na medida do possível) ciência e religião.
Seis anos depois, em uma carta escrita a um banqueiro do Colorado, Einstein explica: "Não consigo conceber um Deus pessoal que influa diretamente sobre as ações dos indivíduos, ou que julgue, diretamente criaturas por Ele criadas. Não posso fazer isto apesar do fato de que a causalidade mecanicista foi, até certo ponto, posta em dúvida pela ciência moderna.
Minha religiosidade consiste em uma humilde admiração pelo espírito infinitamente superior que se revela no pouco que nós, com nossa fraca e transitória compreensão, podemos entender da realidade. A moral é da maior importância - para nós, porém, não para Deus".
No artigo Religião e Ciência, que faz parte do livro Como vejo o mundo, publicado em alemão em 1953, Einstein escreve: "Todos podem atingir a religião em um último grau, raramente acessível em sua pureza total. Dou a isto o nome de religiosidade cósmica e não posso falar dela com facilidade já que se trata de uma noção muito nova, à qual não corresponde conceito algum de um Deus antropomórfico (...) Notam-se exemplos desta religião cósmica nos primeiros momentos da evolução em alguns salmos de Davi ou em alguns profetas. Em grau infinitamente mais elevado, o budismo organiza os dados do cosmos (...) Ora, os gênios religiosos de todos os tempos se distinguiram por esta religiosidade ante o cosmos. Ela não tem dogmas nem Deus concebido à imagem do homem, portanto nenhuma Igreja ensina a religião cósmica. Temos também a impressão de que hereges de todos os tempos da história humana se nutriam com esta forma superior de religião. Contudo, seus contemporâneos muitas vezes os tinham por suspeitos de ateísmo, e às vezes, também, de santidade. Considerados deste ponto de vista, homens como Demócrito, Francisco de Assis e Spinoza se assemelham profundamente".
Quem foi Espinosa, a inspiração para Einstein?
Bento de Espinosa foi um dos grandes filósofos racionalistas do século XVII, juntamente com René Descartes. Nasceu nos Países Baixos em uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Foi profundo estudioso da Bíblia, de obras religiosas judaicas e de filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Demócrito, Epicuro e Lucrécio.
Foi excomungado pela Igreja devido aos seus pensamentos em relação a Deus. Espinosa ficou considerado como maldito por muitos anos após sua morte. Quem recuperou sua reputação foi o crítico Lessing em seus diálogos com Jacobi, em 1784. Na seqüência, o filósofo foi citado, elogiado e inspirou pessoas como os teólogos liberais Herder e Schleiermacher, o poeta católico Novalis e o grande Goethe.
Em Haia, onde morreu, foi construído um monumento em homenagem a Espinosa, assim comentado por Ernest Renan em 1882:
"Maldição sobre o passante que insultar essa suave cabeça pensativa. Será punido como todas as almas vulgares são punidas – pela sua própria vulgaridade e pela incapacidade de conceber o que é divino. Este homem, do seu pedestal de granito, apontará a todos o caminho da bem-aventurança por ele encontrado; e por todos os tempos o homem culto que por aqui passar dirá em seu coração: Foi quem teve a mais profunda visão de Deus".
A VISÃO DE DEUS DE ESPINOSA
Espinosa defendeu que Deus e Natureza eram dois nomes para a mesma realidade. Ele afirmou que Deus sive Natura ("Deus ou Natureza" em latim) era um ser de infinitos atributos, entre os quais a extensão (sob o conceito atual de matéria) e o pensamento eram apenas dois conhecidos por nós.
Deus não é entendido por Espinosa como um Ser à parte e/ou externo ao mundo, que o governa como um engenheiro ou habilidoso artesão, mas sim, de forma muito sutil e holística, a Divindade da Ordem Eterna da Natureza, muito superior ao entendimento fragmentado e antropomorfista humano. É, enfim, o Grande Uno que se expressa nos Muitos a que se faz a partir de Si mesmo. Uma visão estranha ao modo ocidental, mas bem de acordo com as mais sofisticadas concepções orientais do Divino.
Will Durant estabelece a seguinte comparação entre o sistema ético de Espinosa e os sistemas clássico e cristão: "Hoje só subsistem três sistemas de ética, três concepções de caráter ideal e de vida moral. Uma é de Buda e Jesus, que dá preponderância às virtudes femininas; que considera todos os homens igualmente preciosos; que resiste ao mal contrapondo-lhe o bem; que identifica virtude com amor e se inclina, em política, para a ilimitada democracia. Outra, é a ética de Maquiavel e de Nietzsche, que dá preponderância às virtudes masculinas, que aceita a desigualdade dos homens; que se deleita nos riscos do combate, da conquista e do mando; que identifica virtude com poder e exalta a aristocracia hereditária. Uma terceira é a de Sócrates, Platão e Aristóteles, que nega a aplicabilidade universal quer das virtudes masculinas, quer das virtudes femininas; que considera que somente os espíritos maduros e bem informados podem decidir, de acordo com as circunstâncias, quando deve imperar o amor e quando deve imperar o poder; que identifica virtude com inteligência e advoga no governo uma mistura de democracia e de aristocracia. O que distingue a ética de Espinosa é que ela reconcilia inconscientemente essas filosofias aparentemente hostis e as enlaça numa unidade harmoniosa e nos apresenta, desse modo, um sistema de moral que é o do pensamento moderno."
A filosofia de Espinosa tem muito em comum com o estoicismo, mas difere muito dos estoicos num aspecto importante: ele rejeitou fortemente a afirmação de que a razão pode dominar a emoção.
Um outro pensador, que eu coloco no mesmo nível de Espinosa, é Eckhart de Hochheim (1260–1327), mais conhecido como Mestre Eckhart (em reconhecimento aos seus títulos acadêmicos). Foi um frade dominicano, conhecido por sua obra como teólogo e filósofo, mas especialmente por suas visões místicas.
O psicólogo Carl Jung escreve sobre ele em seu livro "Aion: Estudos sobre o simbolismo do Si-mesmo":
A teologia de Mestre Eckhart conhece uma "divindade" à qual não se pode atribuir nenhuma outra qualidade exceto a da unidade e do ser. Ela "atua"; ainda não é dona de si própria e representa uma coincidência absoluta dos opostos:
Entretanto, sua natureza simples é, quanto à forma, sem forma; quanto ao devir, sem devir; quanto à essência, sem essência, e quanto ao conteúdo, sem conteúdo.
Até onde a lógica humana alcança, a unificação dos opostos eqüivale a um estado de inconsciência, pois o estado de consciência pressupõe uma diferenciação e uma relação entre o sujeito e o objeto. Somente quando o Pai, "que flui" da divindade, isto é, de Deus, "percebe-se a si mesmo", é que "se torna consciente" e "se contrapõe a si próprio como pessoa". É deste modo que o Filho emana do Pai como conceito que este último tem de sua própria essência. Na sua unidade original "Ele nada conhece", exceto o "Uno supra-real" que Ele é. Do mesmo modo que a divindade é essencialmente inconsciente, assim também o é o homem que vive em Deus. No seu sermão a respeito dos "Felizes os pobres de espírito" (Mateus 5:3), diz o Mestre:
O homem que tem esta pobreza, tem tudo o que era quando não existia, em absoluto, nem para si, nem para a verdade, nem para Deus; e mais: deve tão-somente tomar consciência de si próprio, tal como se nele não existisse nenhum conhecimento de Deus. Quando o homem se encontra na eterna forma de Deus, então nele já não vive outra coisa: o que vive é o que ele próprio era. Por isso dizemos que o homem deve conhecer-se apenas a si mesmo, como se não tivesse outra coisa a fazer, deixando Deus realizar nele o que lhe aprouver. Que o homem seja apenas o que era quando veio de Deus.
É por isso que Eckhart diz que o homem deve "conceber" Deus da seguinte maneira:
Tu deves concebê-lo tal como Ele é: um não-Deus, um não-espírito, uma não-pessoa, uma não-imagem; e mais: como um ser uno, puro, luminoso, isento de toda dualidade, e neste uno devemos mergulhar por toda a eternidade, do nada para o nada. Assim Deus nos ajude! Amém.
O pensamento universal e abrangente de Mestre Eckhart conhece, sem o saber, tanto a primitiva experiência indiana quanto a gnóstica, e é inclusive a mais bela flor da árvore do "livre espírito" que caracteriza o início do século XIV. Por certo que os escritos do Mestre permaneceram sepultados no esquecimento durante 600 anos, uma vez que "seu tempo ainda não havia chegado". Só no século XIX é que se encontrou um público em condições de avaliar de perto a grandiosidade do pensamento de ECKHART.
Semelhantes afirmações a respeito da natureza de Deus constituem transformações das imagens de Deus, em paralelo com as mudanças que se verificam na consciência do homem, sem que se possa precisar sempre qual é a causa um do outro. A imagem divina não é uma invenção qualquer, mas uma experiência que ocorre espontaneamente ao indivíduo, fato que qualquer um pode saber à saciedade, desde que não prefira o obcecamento dos conceitos ideológicos à clareza da verdade. Por isso a imagem de Deus (de início, inconsciente) tem condições de modificar o estado de consciência, do mesmo modo que este pode introduzir suas correções na imagem (consciente) de Deus. É óbvio que isto nada tem a ver com a veritas prima (verdade primeira), o Deus desconhecido, como poderíamos provar de algum modo. Psicologicamente, porém, a idéia da agnosia (não-conhecimento, inconsciência) de Deus é da máxima importância, na medida em que ela assimila a identidade da divindade com a numinosidade do inconsciente; deste fato dão testemunho a filosofia do Atman e do Purusha, no Oriente, e Mestre Eckhart — como vimos — no Ocidente.
E assim Jung termina sua análise sobre a doutrina de Eckhart, que o filósofo Schopenhauer comparou a Buda:
Se formos à raiz das coisas, veremos que Sakiamuni (Buda) e Mestre Eckhart ensinam a mesma coisa, só que o primeiro se atreveu a expressar suas idéias de forma clara e positivamente, ao passo que Eckhart é obrigado vesti-los com a roupa do mito cristão, e assim ter de adaptar suas expressões (Schopenhauer; O Mundo como Vontade e Representação)
Eckhart foi acusado de heresia pelo Papa João 22, mas ficou famoso pelas suas defesas, que refutaram todas as acusações. Foi discretamente "reabilitado" pela Igreja no séc XX, através do Papa João Paulo II.
CONCLUSÃO
Minha idéia de Deus expressei aqui no blog muito antes de conhecer Espinosa ou Eckhart (que, confesso, só li sobre eles agora). E é similar, baseada no Taoísmo e no Hinduísmo, e desenvolvida no Budismo (que considero a "última jornada da mente", o mais próximo que se pode chegar de entender esse mecanismo no qual estamos imersos). Minha "idéia-Deus" não vê lados, engloba a Totalidade. Mas acredita sim no poder Divino que reside em nós, e se manifesta pela Vontade (e aí está minha ponte com Nietzsche e aquele pastiche de "O Segredo").
A minha "crítica" a Einstein é ele acreditar que Deus seja apenas Ordem, não jogando dados com o Universo. A Totalidade contém em si a Ordem e o Caos. Se Deus fosse um mero ordenador, não seria mais do que um computador poderosíssimo. E o que veio antes do computador? O próprio hinduísmo coloca Brahman anterior a Brama (o Criador) e Vishnu (o Ordenador). "Deus é mais" hehehe.
Na época do meu post de 2002 achava que não, mas hoje penso sim que Deus possa jogar dados com o universo. E o Karma pode estar no meio desse jogo de dados. Como já mencionei aqui, o budismo explica que ao longo das vidas assumimos "personagens". Em palestra com o Lama Padma Samten ele desenvolveu mais o tema, pra explicar que nem sempre o personagem que você acha que foi em uma vida passada é realmente seu espírito de HOJE encarnado naquele tempo. Isso é mais explicado no post sobre o "Eu" no budismo. Padma Samten disse que o conceito de reencarnação no budismo parece às vezes contraditório porque o estamos analisando de DENTRO do Samsara. Não temos acesso ao quadro todo. E esse reconhecimento de nossa ignorância/envolvimento é a coisa mais bela que o budismo pôde oferecer ao tema, pois amplia o espectro e nos faz ver coisas como o Tsunami do Japão de uma perspectiva menos vingativa ("o povo fez isso no passado e agora está pagando, huahuahua!") e - ironicamente - mais cristã ("Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes"). Os japoneses foram os nossos irmãos mais velhos, que receberam (pela terceira vez) a responsabilidade de lidar com a irresponsabilidade humana em relação à radioatividade. A tristeza e consternação de hoje se traduzirá em benefícios para uma futura geração, que (espera-se) não dependerá desse tipo de energia.
Vamos caçá-lo, porque ele agüenta. Porque ele não é um herói, é um guardião silencioso, um protetor zeloso (Final de Batman: O cavaleiro das trevas)
Vou compartilhar com vocês um exemplo musical de caos e ordem, que representa um pouco minha visão de Deus. Sempre fui uma pessoa que gosta muito de ordem, de organização, mas de forma saudável, não chega a ser um TOC. Isso se reflete também no meu gosto musical, que privilegia a harmonia. Solos "virtuosi" de rock progressivo, do jazz e da música clássica me deixam irritado com a desincronia (que eu interpreto em minha mente como uma assimetria). Eis que, nos idos de 1998, procurando conhecer o trabalho de uma famosa cantora pop japonesa, me deparei com a música a seguir:
Namie Amuro - Toi e moi
Minha primeira reação ao chegar ao final da música foi deletá-la. Essa música me dava um curto-circuito cerebral por conta de sua percussão sem sentido e mudança rápida de estilos (rap japonês (!) com baladinha, mistura de inglês com japonês, etc). Mas depois de 1 hora me peguei cantarolando a melodia, e um conflito se estabeleceu em meu cérebro, que rejeitava e ao mesmo tempo queria aquilo. Recuperei a música e passei a ouvi-la uma, duas, três vezes seguidas... sempre estranhando-a, reclamando da agonia da bateria x calma do refrão. Pensei em tentar eliminá-la com filtros, mas era uma tarefa impossível. Depois eu passei a semana inteira ouvindo, e não é que eu prestava cada vez mais atenção (e dava valor) à bateria? De alguma forma eu senti que ela COMPLETA a música de uma maneira que a tornava ÚNICA. Ainda hoje a ouço de vez em quando, pois confesso que me causa uma sensação de estranheza e beleza, uma harmonia no caos que eu ainda não decifrei/decodifiquei racionalmente.
Talvez ela remeta musicalmente ao meu símbolo interior da Totalidade, que todos nós temos e se manifesta das mais variadas formas; mas mais comumente como a Imagem de Deus (Imago Dei). É algo que também pude verificar na terapia, ao exprimir essa Totalidade através de figuras (símbolos) opostos, perturbadores. É por isso que encerro com o comentário de Jung, que sintetiza o que vimos no post de hoje:
Se a Psicologia se apodera destes fenômenos, só o pode fazer quando renuncia expressamente a fazer julgamentos metafísicos, e desiste da presunção de sustentar uma convicção que sua experiência científica pretensamente autoriza. Mas não é isto que vem ao caso. O que a Psicologia pode constatar é única e exclusivamente a existência de símbolos plásticos cuja interpretação, a priori, é totalmente incerta. O que se pode dizer com alguma certeza é que os símbolos apresentam um certo caráter de totalidade e por isso, presumivelmente, significam "totalidade". Via de regra, trata-se de símbolos "de unificação", isto é, de conjunções de opostos. Eles surgem do entrechoque da consciência com o inconsciente e da confusão causada por este choque, que os alquimistas chamavam de Chaos (caos) ou Nigredo (escuridão). Empiricamente, tal confusão se expressa sob a forma de inquietação e de desnorteamento. Este simbolismo circular e quaternário aparece então sob a forma de um principio ordenador compensatório, que apresenta a unificação dos opostos conflitantes como já realizada e prepara um estado de inquietação salutar ("redenção"). De início, a única coisa que a Psicologia consegue constatar é que o símbolo da totalidade expressa a totalidade do indivíduo.