Meditação pode COMPROVADAMENTE 'desligar' estresse no cérebro e meditadores PERCEBEM melhor a realidade


Pesquisas recentes indicam que é possível modificar a estrutura cerebral de forma a reduzir os impactos do estresse a partir de técnicas de meditação.
Programa da BBC de Londres repetiu pesquisa que gerou o curso sobre o estado de "atenção plena", alcançado por meio da meditação.

Estado de preocupação: Quando o cérebro está preocupado, vê-se pontos vermelhos espalhados

O voluntário Todd German afirmou que gostaria de tentar a meditação porque enfrenta dificuldades de sono.

Segundo pesquisas da Universidade de Londres, King's College, pessoas que meditam seriam capazes de "desligar" as preocupações ou pensamentos negativos.

Após uma semana de testes, German afirmou não ter se convencido totalmente, mas admite que a técnica permite se desligar um pouco, limpar a cabeça e também sentir a calma se transferir para o corpo.

Procurada pela BBC, a pesquisadora Elena Antanova, especialista em estudos sobre o cérebro da universidade londrina King's College, afirmou ser possível mudar a configuração do órgão voluntariamente por meio da meditação, afastando os efeitos danosos do estresse.

Fonte.

Encontrado aqui primeiro: Esteja Aqui e Agora...




Ja em 2010 Elena Antanova foi premiada por pesquisas com meditadores Zen*.


Em 2010 Antonova ganhou um prêmio por uma pesquisa que comprovou que meditadores experiêntes conseguiam maior espectro de absorção das informações sobre a realidade a sua volta que as pessoas normais. O Centro de Psicologia Positiva da Universidade da Pensilvânia e a Fundação John Templeton (www.templeton.org) dão um prêmio em dinheiro para financiar a investigação na interseção da neurociência e da Psicologia Positiva em trabalhos que irão ajudar a entender como o cérebro permite o florescimento humano.

Eles exploram uma variedade de tópicos, desde as bases biológicas do altruísmo, por exemplo, como para investigar efeitos de intervenções positivas no cérebro e o desenvolvimento humano.


A pesquisa de Antonova tentou demonstrar mapeando o cerebro de voluntários se a meditação realmente podia fazer seus praticantes terem uma visão mais clara da realidade.

Em geral nós não seríamos capazes de perceber qualquer coisa, se nós observamos tudo, se nossos sentidos nos obrigassem a dara atenção a todos os detalhes e a todas as informações disponíveis a eles.

Por isso nosso cérebro nos ajudar a "habituação" aos repetidos sinais sensoriais, "filtrando" a maioria das informações do radar de atenção.

  A pesquisa premiada de Antonova mostrou que meditadores experientes ensinam seu cérebro a não se habituar a estímulos como a maioria de nós, mas SEM PERDER-SE no mar de informações como ocorre com as pessoas com esquizofrenia (que também tem maior contato com as informações sensoriais). A pesquisa só não conseguiu avaliar qual é a proteção que a meditação gera em seus praticantes... mas pode observar sua presença.






* O Nobre Caminho Óctuplo, indicado por Budha com um dos caminhos certos para a realização do Nirvana descreve dois caminhos de sabedoria, ou de análise introspectiva (Sabedoria ~ Prajñā • Paññā):

  • Visão ou Entendimento correcto (samyag-dṛṣṭi • sammā-diṭṭhi): "(...)E o que é o entendimento correto? Compreensão do sofrimento, compreensão da origem do sofrimento, compreensão da cessação do sofrimento, compreensão do caminho da prática que conduz à cessação do sofrimento. A isto se chama entendimento correto.(...)"
  • Intenção ou Pensamento correcto (samyak-saṃkalpa • sammā-saṅkappa): "(...)E o que é pensamento correto? O pensamento de renúncia, o pensamento de não má vontade, o pensamento de não crueldade. A isto se chama pensamento correto.(...)"

Três de análise e "Conduta Ética" (Śīla • Sīla):

  • Palavra ou Linguagem correcta (samyag-vāc • sammā-vācā): "(...)E o que é a linguagem correta? Abster-se da linguagem mentirosa, da linguagem maliciosa, da linguagem grosseira e da linguagem frívola. A isto se chama linguagem correta.(...)"
  • Atividade ou Ação correcta (samyak-karmānta • sammā-kammanta): "(...)E o que é ação correta? Abster-se de destruir a vida, abster-se de tomar aquilo que não for dado, abster-se da conduta sexual imprópria. A isto se chama de ação correta.(...)"
  • Modo de vida correto (samyag-ājīva • sammā-ājīva): "(..)E o que é modo de vida correto? Aqui um nobre discípulo, tendo abandonado o modo de vida incorreto, obtém o seu sustento através do modo de vida correto. A isto se chama modo de vida correto.(...)"

E três dedicados a explicar e praticar a Meditação (Samādhi) que (somada as práticas anteriores) leva a realização plena:

  • Esforço correto (samyag-vyāyāma • sammā-vāyāma) : "(...)E o que é esforço correto? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo para que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (ii) Ele gera desejo em abandonar estados ruins e prejudiciais que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (iii) Ele gera desejo para que surjam estados benéficos que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. (iv) Ele gera desejo para a continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a realização através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. A isto se denomina esforço correto.(...)"
  • Atenção correcta (samyak-smṛti • sammā-sati): "(...)E o que é atenção plena correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu permanece focado no corpo como um corpo - ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. (ii) Ele permanece focado nas sensações como sensações – ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. (iii) Ele permanece focado na mente como mente - ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. (iv) Ele permanece focado nos objetos mentais como objetos mentais - ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. A isto se denomina atenção plena correta.(...)"
  • Concentração correcta (samyak-samādhi • sammā-samādhi): "(...)E o que é concentração correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. (ii) Abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. (iii) Abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ (iv) Com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a equanimidade purificadas. A isto se denomina concentração correta.."

O trabalho de Antonova aponta que as práticas descritas por Budha REALMENTE geram as mudanças que ele descrevia. A um nível NEUROLÓGICO de mudança.

PACIÊNTES MELHORAM MAIS QUANDO TERAPEUTAS FAZEM MEDITAÇÃO ZEN.

ScienceDaily ~ 18 de novembro de 2007 ~ Patients Do Better With Psychotherapist Who Practice Zen Meditation, Study Suggests


Uma investigação feita por pesquisadores alemães, liderado pelo Professor Marius  Nickel indica a prática da meditação Zen (*Meditação da atenção plena, ou Zazen) para melhorar a performace de psicoterapeutas em tratar os seus pacientes.

Todos os terapeutas dirigem a sua atenção de alguma forma durante a psicoterapia. Uma forma especial de aprender a dirigir a atenção é a meditação praticada no Zen, recomenda a pesquisa germânica de 2007.

Este estudo teve por objetivo analisar se e em que medida, o exercício que a prática budista chama de atenção plena (Zazen, ou “mindfulness”) por parte dos psicoterapeutas pode influenciar os resultados do tratamento de seus pacientes.

O estudo se deu em um curso de terapêutica e cruzou com os resultados do tratamento de 124 pacientes internados, que foram tratados por 9 semanas por 18 psicoterapeutas.

Os psicoterapeutas foram aleatoriamente designados para um de dois grupos: (I) aqueles que praticam a meditação Zen ou (II) grupo controle, que não realizava a meditação.

Os resultados do tratamento foram examinados por meio de 3 questionários comparativos:


º  Session Questionnaire for General and Differen-tial Individual Psychotherapy (STEP);

º  Questionnaire of Changes in Experience and Behavior (VEV);

º   e o Symptom Checklist (SCL-90-R).



Em conclusão o trabalho afirma que os terapeutas que praticavam meditação Zen tinham pontuações significativamente maior na capacidade de avaliar seus pacientes e na capacidade de esclarecimento e de ajudar na percepção de resoluções.


Suas avaliações também foram significativamente maiores para todo o resultado terapêutico na VEV. Além disso, o grupo de “pacientes” dos terapeutas que meditavam gerou maior redução dos sintomas do que o grupo controle no Índice Global de Severidade, incluindo os de psico-somatização, insegurança no contato social, obsessão, ansiedade, raiva / hostilidade, ansiedade fóbica, pensamento paranoico e psicoticismo .

Este estudo indica que a “atenção plena” promovida em práticas meditativas quando praticado por terapeutas pode influenciar positivamente o curso terapêutico e os resultados do tratamento em seus pacientes.



Journal reference: Grepmair, L. ; Mitterlehner, F. ; Loew, T. ; Bachler, E. ; Rother, W. ; Nickel, M. Promoting Mindfulness in Psychotherapists in Training Influences the Treatment Results of Their Patients: A Randomized, Double-Blind, Controlled Study Psychother Psychosom 2007;76:332-338


 * Atenção Plena ou Zazen: O termo atenção plena, mente alerta ou ainda consciência plena (ing. mindfulness, al. Achtsamkeit, fr. pleine conscience) designa uma atitude mental que se caracteriza por uma atenção ampla e tolerante dirigida a todos os fenômenos que se manifestam na mente consciente - ou seja todo tipo de pensamento, fantasias, recordações, sensações e emoções percebidas no campo de atenção são percebidas e aceitas como elas são[1]. O treinamento e aprendizado dessa forma de atenção, geralmente através de meditação e de outros exercícios afins, permite ao indivíduo uma maior tomada de consciência de seus processos mentais e de suas ações. A atenção plena, originalmente um conceito da meditação budista, desempenha um papel importante em várias formas recentes de psicoterapia, como a terapia comportamental dialética, o programa de redução do estresse baseado na mente alerta e a terapia de aceitação e compromisso.


Atenção plena no Budismo


Na tradição espiritual budista a quarta das Quatro Nobres Verdades refere-se ao caminho que conduz ao fim do sofrimento. As oito seções em que se subdivide esse caminho, chamado por isso Nobre Caminho Óctuplo, apresentam-se divididas em três grupos, o terceiro dos quais (Samadhi, meditação ou concentração) refere-se à disciplina necessária para se obter o controle sobre a própria mente, e assim, o fim do sofrimento. A disciplina meditativa engloba assim três seções: o esforço correto (Samma Vayamo) para melhorar, a atenção plena correta (Samma Sati) e a meditação correta (Samma Samadhi). Atenção plena designa, nesse contexto, um prestar atenção àquilo que é, de momento a momento. A prática da atenção plena ensina a suspender temporariamente todos os conceitos, imagens, juízos de valor, interpretações, comentários mentais e opiniões, conduzindo a mente a uma maior precisão, compreensão, equilíbrio e organização[2].
Atenção plena e psicoterapia

O uso de técnicas de meditação budista para fins medicinais-psicoterapeuticos é registrado pelo menos desde o século VIII, quando o monge zen-budista japonês Guifeng Zongmi descreveu, entre seus cinco tipos de meditação, um tipo dedicado às pessoas comuns, completamente isento de objetivos religiosos e voltado à saúde física e mental[3]. Uma maior divulgação da meditação ocorreu, no entanto, apenas na década de 60 do séc. XX, com a vinda do monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh[4] [5].

Nos últimos anos um grande número de autores e pesquisadores, entre eles o médico americano Jon Kabat-Zinn e os psicólogos americanos Marsha M. Linehan e Steven C. Hayes, vêm se dedicando ao trabalho de oferecer para a meditação um referencial teórico científico, possibilitando assim seu uso terapêutico independentemente da conceituação religiosa budista e abrindo sua prática para um público mais amplo. A pesquisa mais recente oferece indícios de que uma série de terapias baseadas na atenção plena podem ser bem sucedidas no tratamento de dores crônicas[6], de estresse[7], e de comportamento suicidal[8]. recorrente
Referências

   1. ↑ Bishop, S.R., Lau, M., Shapiro, S., Carlson, L., et al. (2004). "Mindfulness: A Proposed Operational Definition", Clin Psychol Sci Prac 11:230–241.
   2. ↑ Bhavana Society Plena atenção hábil - Parte 1.
   3. ↑ Fischer-Schreiber, Ingrid, Franz-Karl Ehrhard, Michael S. Diener & Michael H. Kohn (trans.) (1991). The Shambhala Dictionary of Buddhism and Zen. Boston: Shambhala.
   4. ↑ Thich Nhat Hanh. BBC (2006-04-04). Página visitada em 2008-05-25. "Thich Nhat Hanh is a world renowned Zen master, writer, poet, scholar, and peacemaker. With the exception of the Dalai Lama, he is today's best known Buddhist teacher"
   5. ↑ Thich Nhat Hanh. Time (November 5, 2006). Página visitada em 2008-05-25. "One of the most important religious thinkers and activists of our time, Nhat Hanh understood, from his own experience, why popular secular ideologies and movements?nationalism, fascism, communism and colonialism?unleashed the unprecedented violence of the 20th century.[...] Nhat Hanh, now 80 years old and living in a monastery in France, has played an important role in the transmission of an Asian spiritual tradition to the modern, largely secular West."
   6. ↑ McCracken, L., Gauntlett-Gilbert, J., and Vowles K.E. (2007). "The role of mindfulness in a contextual cognitive-behavioral analysis of chronic pain-related suffering and disability", Pain 131.1:63-69.
   7. ↑ Grossman, P., Niemann, L., Schmidt, S., and Walach, H. (2004). "Mindfulness-based stress reduction and health benefits: A meta-analysis", Journal of Psychosomatic Research 57:35–43.
   8. ↑ Williams, J.M.G., Duggan, D.S., Crane, C., and Fennell, M.J.V. (2006). "Mindfulness-Based cognitive therapy for prevention of recurrence of suicidal behavior", J Clin Psychol 62:201-210.

Bibliografia

    * Bell, L. G. (2009). "Mindful Psychotherapy". J. of Spirituality in Mental Health 11:126-144.
    * Bishop, S.R., Lau, M., Shapiro, S., Carlson, L., et al. (2004). "Mindfulness: A Proposed Operational Definition", Clin Psychol Sci Prac 11:230–241. (Em inglês)
    * Fischer-Schreiber, Ingrid, Franz-Karl Ehrhard, Michael S. Diener & Michael H. Kohn (trans.) (1991). The Shambhala Dictionary of Buddhism and Zen. Boston: Shambhala. ISBN 0-87773-520-4
    * Germer, Christopher K.; Siegel, Ronald D. & Fulton, Paul R. (2005). Mindfulness and Psychotherapy. The Guilford Press. ISBN: 1593851391
    * Grossman, P., Niemann, L., Schmidt, S., and Walach, H. (2004). "Mindfulness-based stress reduction and health benefits: A meta-analysis", Journal of Psychosomatic Research 57:35–43.
    * Hanh, Thich Nhat (2004). Os cinco treinamentos para a mente alerta. Vozes. ISBN: 8532630308.
    * Kabat-Zinn, John(2009). Achtsamkeit für Anfänger. Freiamt a. Sch.: Arbor-Verlag. ISBN 978-3-936855-61-6
    * McCracken, L., Gauntlett-Gilbert, J., and Vowles K.E. (2007). "The role of mindfulness in a contextual cognitive-behavioral analysis of chronic pain-related suffering and disability", Pain 131.1:63-69.
    * Melemis, Steven M. (2008). Make Room for Happiness: 12 Ways to Improve Your Life by Letting Go of Tension. Better Health, Self-Esteem and Relationships. Modern Therapies. ISBN 978-1-897572-17-7
    * Williams, J.M.G., Duggan, D.S., Crane, C., and Fennell, M.J.V. (2006). "Mindfulness-Based cognitive therapy for prevention of recurrence of suicidal behavior", J Clin Psychol 62:201-210.
    * Williams, Mark, John Teasdale, Zindel Segal, and Jon Kabat-Zinn (2007). The Mindful Way through Depression: Freeing Yourself from Chronic Unhappiness. Guilford Press. ISBN 978-1-59385-128-6.


Meditação altera estrutura do cérebro em oito semanas


27/01/2011 - Redação do Diário da Saúde


Este estudo reforça resultados de pesquisas anteriores ao eliminar outros efeitos e documentar que as diferenças foram efetivamente produzidas pela meditação.
 
Dois meses de prática de meditação são suficientes para gerar mudanças mensuráveis nas regiões do cérebro associadas à memória, ao sentido de si mesmo, à empatia e ao estresse.

Em um estudo que será publicado na revista Psychiatry Research, uma equipe liderada por cientistas do Hospital Geral de Massachusetts (MGH) relata os resultados deste que é o primeiro estudo a documentar alterações na massa cinzenta do cérebro produzidas pela meditação.

Os praticantes de meditação sempre afirmaram que, além da sensação de relaxamento e tranquilidade física, eles experimentam benefícios cognitivos e psicológicos de longa duração.

Os cientistas agora confirmaram essas alegações e demonstraram que elas estão associadas a alterações físicas reais no cérebro.


Meditação que altera o cérebro

Estudos anteriores de vários grupos encontraram diferenças estruturais entre os cérebros de praticantes de meditação experientes e de indivíduos sem história de meditação, sendo observado um espessamento do córtex cerebral em áreas associadas com a atenção e a integração emocional.

Este estudo reforça essas conclusões ao eliminar outros efeitos e documentar que tais diferenças foram efetivamente produzidas pela meditação.

O estudo usou imagens de ressonância magnética do cérebro dos participantes.

Os participantes relataram também redução do nível de estresse, que foram correlacionados com a diminuição da densidade da massa cinzenta na amígdala, que é conhecida por desempenhar um papel importante na ansiedade e no estresse, mas também na sociabilidade.

Plasticidade do cérebro

Por muito tempo os cientistas acreditaram ter "evidências" de que o cérebro era uma estrutura fixa, com um número de neurônios que só fazer decrescer ao longo da vida.

Hoje já é reconhecido não apenas que o cérebro é dotado de uma incrível plasticidade, mas também que mudanças no cérebro podem ser induzidas voluntariamente.

"É fascinante ver a plasticidade do cérebro e que, praticando a meditação, podemos desempenhar um papel ativo para mudar nosso cérebro e aumentar o nosso bem-estar e nossa qualidade de vida," diz Britta Hölzel, da Universidade de Giessen, na Alemanha, coautora do estudo.



Journal Reference:

  1. Britta K. Hölzel, James Carmody, Mark Vangel, Christina Congleton, Sita M. Yerramsetti, Tim Gard, Sara W. Lazar. Mindfulness practice leads to increases in regional brain gray matter density. Psychiatry Research: Neuroimaging, 2011; 191 (1): 36 DOI: 10.1016/j.pscychresns.2010.08.006

PAULO SANT’ANA - recorte da coluna - Erro seletivo

ZERO HORA 24/01/2011...


Eu não acredito no que me mandou dizer por escrito o Dr. Ricardo Meyer, Cremers 16572: que uma sentença judicial ordenou que fossem demitidos 295 funcionários da Fundação de Gastroenterologia que exercem suas funções no Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas.



Eles são 30% do quadro funcional do HMIPV, essas demissões implicarão o fechamento do setor de neonatologia, com 20 leitos.



Cem por cento da enfermagem noturna pertence também aos quadros da Fugast, o mesmo acontecendo com o setor de cirurgia pediátrica.



Pode uma sentença judicial mandar demitir centenas de funcionários de um hospital que presta relevantes serviços ao SUS? Será que houve tal insensibilidade por parte da Justiça? Eu repito que não acredito.



Ou será que por questões corporativas a sentença tratou somente de afastar esses 295 funcionários e fazê-los retornar à Fugast? Não foi o que meu informante, nomeado acima, me informou. Disse que estão sendo demitidos.



Entre os que serão demitidos, há funcionários que servem ao Hospital Presidente Vargas há 15 anos.



Há funcionários com idade avançada que não têm mais condições de concorrer a novos empregos no mercado de trabalho.



É uma judiaria com gente que suou a camiseta para manter bem acesa a chama do Presidente Vargas.



Alguma alta autoridade vai ter de dar outra solução para esse problema.

"Se dispensarmos todos de uma vez, será o caos"


diz diretora de hospital - ZERO HORA - 28/01/2011 ~ 13h35min

Hospital Presidente Vargas corre o risco de perder cerca de 30% do efetivo com afastamento de contratados pela Fugast


A diretora do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, Maria Isabel Bitencourt, está preocupada com os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determina que funcionários e terceirizados contratados por intermédio da Fundação Riograndense Universitária de Gastroenterologia em Porto Alegre (Fugast) sejam dispensados até março.

— Não queremos nem pensar nisso, mas se dispensarmos todos os 285 funcionários de uma vez, será o caos — diz Maria Isabel.

Os contratados pela Fugast representam cerca de 30% do quadro funcional do hospital. De acordo com a diretora, são profissionais que atuam desde setores administrativos, até especialidades médicas e na formação de especialistas, com o trabalho de residência.

UTI neo-natal e centro de obstetrícia seriam os mais prejudicados
Com o desligamento dos contratados da Fugast, a quebra de efetivo seria mais drástica na UTI neo-natal, onde 75% dos enfermeiros são ligados à fundação, e no centro de obstetrícia, que conta com 83% de profissionais nessa situação. Dos médicos do centro de obstetrícia, 60% são da Fugast. Na emergência pediátrica, também são 60%.

— Seria impossível a substituição imediata de todos esses profissionais. Não se consegue pessoas especializadas para esse atendimento da noite para o dia — avalia a diretora do hospital.

Para amenizar o problema, caso a emenda constitucional não seja aceita, Maria Isabel aposta no acerto por uma fase de transição, para não prejudicar a assistência à população.

Outro fator que preocupa a administração do hospital é a motivação dos funcionários, enquanto permanece o impasse:

— Como manter as pessoas motivadas para trabalhar no atendimento de saúde, quando estão ameaçados de demissão?

Modelo de proposta de emenda constitucional foi entregue ao Piratini
Uma comissão de funcionários da Fugast foi recebida pelo chefe da Casa Civil do Estado, Carlos Pestana Neto, na quinta-feira. Eles apresentaram um modelo da proposta de emenda constitucional que poderia assegurar a permanência dos profissionais. De acordo com a diretora do hospital Presidente Vargas, que acompanhou a comitiva, Pestana foi receptivo à causa e se comprometeu a levar o assunto para o governador Tarso Genro.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência (Sindisprev), cerca de 500 funcionários, que atuam em cinco hospitais de Porto Alegre, além de órgãos do governo, como a Farmácia Popular, seriam afetados.

— Não há outros servidores no quadro para dar sequência ao trabalho e isso teria reflexo no atendimento à população, que sairia prejudicada — diz a diretora de imprensa do Sindisprev, Dinara Fraga Del Rio.

Para Dilene, houve descaso por parte dos governos, que não efetivaram esses contratos ao longo do tempo.

O vereador Thiago Duarte (PDT), presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, falou sobre o tema em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade nesta sexta-feira.
Ouça a entrevista do vereador Thiago Duarte:

ZERO HORA

Ao senhor Paulo Sant'ana, meu agradecimento.

Infelizmente a única vóz da mídia a dar atenção para os funcionários da FUGAST e ao hospital Presidente Vargas de Porto Alegre tem sido a do senhor Paulo Sant'ana. Embora esta vóz nos seja muito admirada ela fica como um eco em uma sala vazia... pois quem deveria dar ouvidos esta em outras discuções menos profícuas (para o povo) mas, ainda assim políticamente interessante para eles. Divagando sobre a cortina de fumaça que eles mesmos criaram.

O resto dos profissionais de notícia tem se rezervado ao papel de estimular a discução em torno do ENGODO no qual a prefeitura, o estado e os sindicatos de profissionais de saúde vem engendrando.

O "engodo" esta em dois discursos mentirosos, que tanto os governantes como os sindicatos (em posições antagonicas) vem construíndo: o de que o assunto deve se focar no tal "Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf)". Buenas, como se o problema estivesse na AUSÊNCIA de "Fundações" na saúde de Porto Alegre.

Fundações na saúde pública de Porto Alegre nós temos. E hoje elas são parte do problema. Os mesmo problemas que vemos no serviço público SE REPETEM NAS FUNDAÇÕES. Privilégios para poucos, horários rígidos apenas para os que não são do "time" na chefia... Fucionários que estão ausentes (em férias) e assinam ponto como se estivessem presentes. Todos os malefícios de que reclama o Senhor prefeito SE REPETEM NAS FUNDAÇÕES. Na mesma proporção.

O que quer dizer que proporcionalmente A MAIORIA dos trabalhadores tanto das fundações quanto estatutários TRABALHA CORRETAMENTE.

Se existem pessoas usando de má fé na máquina pública não é por ser estatutário, MAS PORQUE NUNCA FOI INTERESSE DO MUNICÍPIO SOLUCIONAR O PROBLEMA. Os funcionários da FUGAST por exemplo, tem parte da verba originada no governo federal. Não sai dos cofres do município. Era cômodo SUSTENTAR uma situação por mais de 15 anos, mesmo que ilegal, pois esta geraria problema para um governo muito distante no futuro e não gerava despesa... Hoje este futuro chegou.

Além da Fugast, anualmente fundações e empresas privadas como a "FAURGS - FUNDAÇÃO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL" e a ULBRA ou a PUC, vem ocupando os espaços que deveriam ser estatutários, atravéz de "cartas contrato". A última foi com a PUC. Sabe-se lá quanto ganhou a PUC para NÃO resolver os problema de falta de funcionários, ja que as contratações (temporárias) só se dão no período de inverno e empurram os problemas de pessoal para o anos seguinte. Tem sido assim a mais de 10 anos.

Se a lei Magna não permite este instrumento (de fundações públicas de direito privado) é preciso viabilizar OUTRO modo de não permitir que o Hospital Materno infantil Presidente Vargas fique SEM FUNCIONÁRIOS e venha a fechar as portas para centenas de mulheres e crianças.

Ninguém quer ilegalidade. A proposta pela prefeitura de uma fundação de direito privado para gerir servíços de saúde QUE DEVERIAM SER PÚBLICOS não só é ilegal como deve criar um novo problema. Basta lembrar os problemas AINDA NÃO SOLUCIONADOS com a ULBRA na Restinga. Nem se quer cabides de emprego. As pessoas que trabalham no HMIPV são tão vítimas quanto a clientela do hospital. Vítimas desta disputa de vaidades que joga servidor e polulação uns contra os outros. A burla ao concurso público tem sido uma regra em todo o país, principalmente com os processos de terceirização e nada nos garante que nas fundações será diferente.

Sou muito grato pelo espaço de denúncia que o senhor Paulo San'ana tem dado para o Hospital e seus funcionários (estatutários ou não) e espero que seja separado desta discução (justa) por cumprimento de horário da eminente total falta de um servíço importantíssimo para a população porto alegrense. Não é justo que todos os estatutários sejam juntados hà figura de irresponsáveis e exploradores. É horrível dedicar-se tanto a uma profissão e ver toda uma gama de trabalhadores serem enxovalhados pela conduta de um número "x" de péssimos profissionais e irresponsáveis escondidos em jalecos e gabinetes arcondicionados.
O funcionalísmo NÃO É um espaço de desocupados. Somos pessoas dígnas que com esforço conquistamos uma posição que serve PARA O BENEFÍCIO DO CIDADÃO. Os funcionários da FUGAST são pessoas para qual o Hospital Presidente Vargas  (e seu público) tem uma dívida de gratidão que não poderá ser paga.


Islan Conceição, tecnico de enfermagem do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas.


Audiência com Tarso Genro deve evitar demissão de servidores da Fugast

24.1.11

 

Sossella articula ações para suspender decisão judicial

Foto: Mariane Selli

Na condição de presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, o deputado Gilmar Sossella (PDT) participou de uma reunião com a mesma Comissão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre na terça-feira, 18 de janeiro. O encontro tratou da decisão judicial de suspender, em 10 de março, o contrato de trabalho de aproximadamente 400 servidores da Fundação de Gastroenterologia do Estado (Fugast) emprestados para a Secretaria da Saúde da Capital. Um grupo constituído na reunião já esteve na Secretaria Estadual da Saúde e terá uma audiência com o governador Tarso Genro.


O empréstimo dos funcionários da Fugast foi feito por meio de convênio, agora considerado inválido. A discussão na Justiça sobre a legalidade do acordo durou oito anos e passou por todas as instâncias estaduais e federais, inclusive pelo Supremo Tribunal Federal. Caso a decisão judicial seja cumprida, o Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas perderá 256 profissionais, a maioria técnicos de enfermagem e médicos especialistas. Também seriam prejudicados os serviços prestados no Hospital Psiquiátrico São Pedro, no Sanatório Partenon e no Hospital da Colônia Itapuã, todos voltados para a população de baixa renda.


O representante da Secretaria Municipal da Saúde presente na reunião extraordinária, Roberto Izquierdo, adiantou que o prefeito da cidade já foi notificado oficialmente sobre a ordem de retirar os servidores dos atendimentos. Já o governo estadual, a princípio, não tem onde realocar os quase 400 profissionais, contratados em regime CLT.


Uma comissão formada ao final do encontro – e liderada pelo vereador Dr. Thiago Duarte, presidente da Cosmam – visitou a Secretaria Estadual da Saúde. A ideia é formular uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) a ser votada pelo Legislativo do Estado legalizando o convênio com a Secretaria da Saúde de Porto Alegre. Com o respaldo da pasta, uma audiência com o governador Tarso Genro deve adiantar as negociações e suspender a decisão judicial. Mais de 80 servidores da Fugast acompanharam a reunião na Câmara de Vereadores da Capital.

Divulgado pelo gabinete do Deputado Gilmar Sossella,  p

Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) busca por alternativas à retirada de

Extraído de: Câmara Municipal de Porto Alegre  -  18 de Janeiro de 2011
 
 
Comissões

Aproximadamente 400 servidores do Sistema Único de Saúde de Porto Alegre poderão deixar de atender ao público em 10 de março por conta de decisão judicial. O grupo de servidores pertence à Fundação de Gastroenterologia do Estado - Fugast, mas está emprestado há vários anos para a Secretaria Municipal de Saúde por meio de convênio agora considerado inválido. Batalha judicial sobre se o convênio seria legal e ilegal durou oito anos e já passou por todas as instâncias da Justiça Estadual e Federal, inclusive o Supremo Tribunal Federal.

A situação é considerada grave e motivou reunião extraordinária, na manhã desta terça-feira (18/1), da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidida pelo vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), em conjunto com a mesma comissão da Assembléia Legislativa, presidida pelo deputado estadual Gilmar Sossella, que também participou do encontro. O vereador Carlos Todeschini (PT), outro integrante da Cosmam, participou da primeira parte dos trabalhos e afirmou sua solidariedade com as medidas que forem tomadas para manter os profissionais em seus locais de trabalho.

A reunião foi acompanhada ainda por mais de 80 funcionários da Fugast, alguns com 35 anos de trabalho na Fundação. Representantes dos sindicatos das diversas categorias de servidores completaram o grupo que debateu o impacto da decisão. Os servidores advertiram que a saída do grupo de técnicos e pessoal de apoio colocará em colapso o atendimento no Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, de onde sairão 256 profissionais, em sua grande maioria técnicos de enfermagem e médicos especialistas - entre os quais coordenadores dos programas de residência médica da instituição.

"Seriam trezentos e oitenta atendimentos a menos por mês", alertou o Dr Thiago. A debandada, sob ordem judicial, criará problemas em outros três pontos de atendimento à população de baixa renda: o Hospital Psiquiátrico São Pedro, o Sanatório Partenon e o Hospital da Colônia Itapuã. A Secretaria Municipal da Saúde enviou como representante o médico Roberto Izquierdo. Ele adiantou que o prefeito José Fortunati já foi notificado oficialmente sobre a necessidade de retirar esses servidores do atendimento.
Ao final da reunião foi formada uma comissão liderada pelo Dr.Thiago com a finalidade de tentar reverter a decisão judicial, ainda que a solução seja complexa e demorada. A ideia é negociar politicamente um Proposta de Emenda Constitucional (PEC) a ser aprovada pelo Legislativo Estadual, legalizando o convênio. As partes reconheceram que a aprovação de uma lei dessa complexidade poderá demorar de seis meses a um ano, a menos que transite em caráter de urgência no Legislativo Estadual.

O diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul Marcelo Matias - ginecologista-obstetra do Presidente Vargas - sugeriu que uma saída provisória seria a contratação dos servidores por meio da formação de uma cooperativa, uma vez que o Município de Porto Alegre já vem implantando esse sistema de terceirização.

Foi lembrado também que já existem antecedentes em Brasília e no Rio de Janeiro de servidores que também enfrentaram esse problema e conseguiram reverter as demissões. Por enquanto, além da retirada de profissionais qualificados do atendimento à saúde da população, os 400 empregos desses servidores estão ameaçados porque o governo estadual, a princípio, não tem onde recolocar o grupo, contratado em regime CLT.


Fernando Cibelli de Castro (reg. prof. 6881)

A dor é inevitável, mas as escolhas NÃO SÃO. FUGAST & SUS em Porto Alegre. Lacunas restabelecidas

Este artigo foi publicado na Zero Hora de hoje por Francisco Paulo Sant'Ana, com o nome de : "Lacunas restabelecidas";



24 de janeiro de 2011


A notícia de que uma decisão judicial causaria a devolução de mais de 295 funcionários que atuam Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas para a Fundação Riograndense Universitária de Gastroenterologia em Porto Alegre (Fugast) sensibilizou a médica Lizia Motta.


O risco de demissão deles é iminente, segundo relato da profissional.


Abaixo, reproduzo o comentário enviado pela nefrologista (Cremers 18213).

“Estimado Santana:


Sou médica nefrologista há 3 anos no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas e hoje me deparei com tua coluna. Aliás, em nada surpresa, pois estás sempre na vanguarda da defesa do SUS, o que me causa há muito profunda e deveras admiração.


Para quem não sabe… Em breve – prazo final é 8 de março de 2011 – haverá da devolução de quase 285 funcionários da FUGAST ( Fundação de Gastroenterologia do Estado do RS), que exercem atividades há 15 anos no Hospital Presidente Vargas(HMIPV), por força de decisão judicial já transitada em julgado no Supremo Tribunal Federal para a mesma.


Provavelmente ao serem devolvidos estes funcionários serão demitidos, pois a FUGAST não irá aproveitá-los( e quiça terá dinheiro para pagar as recisões…) . Destes, 52 são médicos…são colegas de profissão, preceptores das nossas residências médicas de ginecologia, pediatria e psiquiatria, especialistas com subespecialidades que formam futuros profissionais com perfil de atuação no SUS.


Isto gerará impacto de redução de 33% de nossa força de trabalho – atualmente em quadro reduzidíssimo de 871 funcionários – e em torno de 6% a menos no SUS de POA.

O que será dos pacientes neonatais, quando a UTI do HPV reduzir 50% da sua força de trabalho que imediatamente não será reposta?


De certo leitos deste tipo abundam no estado?


E a UTI pediátrica?


E residência médica que forma recursos humanos para o SUS?


E o centro obstétrico, que atende qualquer gestante que chega de qualquer lugar, inclusive interior do RS?


E dos exames que realizamos – mamografias, rx, colonoscopias, endoscopias?


E nossa internação psiquiátrica?


E dos quase 30% de pacientes do interior do estado que consultam diariamente nos ambulatórios de HMIPV?


De certo, as já comblaidas e superlotatadas emergências dos hospitais portoalegrenses absorverão todos eles?


E não esqueçamos que o pessoal da FUGAST entrou no hospital justamente para repor lacunas de RH que na época só podiam ser feitas desta forma… Imagina agora….


Santana, como servidora municipal em Porto Alegre há 11 anos, médica há 20, com maior parte de trabalho na saúde pública e funcionária do HMIPV, confesso extrema preocupação com o caos que poderá se estabelecer com, no mínimo, a dessassistência à saúde materrno infantil portolegrense que vai advir.


Conto com tua sensibilidade, relevância, importância e força na mídia falada, televisada e escrita, para mobilizar o apoio e sensibilizar segmentos da sociedade, políticos e gestores e reverter esta situação, pois a ninguém mais resta recorrer.


Mais uma vez, com profunda admiração e apreço, um grande abraço.


Lizia Maria Meirelles Mota


Cremers 18213”






Mas do que mesmo se esta falando? De empregos? De política?

Não.

Estamos falando de outra coisa.

Estamos GRITANDO pela "vida" do SUS.

Vou dar um exemplo:










Esta história teria que fim sem o Presidente Vargas e os funcionários da FUGAST que lá trabalham???







SEM OS LEITOS DO PRESIDENTE VARGAS DE PORTO ALEGRE ONDE SERÃO ATENDIDAS AS CRIANÇAS QUE NÃO ENCONTRAM VAGAS NAS SANTAS CASAS???


A unidade que trabalhava assim:



Hoje é assim:





Leitos de UTI acumulando pó...

Equipamentos abandonados...

Como se não tivessem CRIANÇAS precisando de leito em Porto Alegre...


Divulguem e opinem POR FAVOR!!!

A Primeira Nobre Verdade: "a dor e inevitável mas o sofrimento é opcional"

Texto de Sylvia Boorstein, extraído do livro: "É mais fácil do que você pensa".


A principal lição que Buda usava para transmitir seus ensinanentos a respeito da jornada para a felicidade é chamada de As Quatro Nobres Verdades.


Na primeira Nobre Verdade, o Buda explica que na vida "a dor e inevitável mas o sofrimento é opcional". O Buda não pronunciou exatamente essas palavras ele expressou-se no seu vernáculo. Minha versão em idiomas mais atuais contém o sentido que o Buda preendia transmitir, e espero não ter sido irreverente.


A vida é difícil. Scott Peck disse isso na primeira linha do livro The Road Less Traveled e vendeu centenas de milhares de cópias. As vezes, penso que as pessoas liam a primeira frase e ficavam tão entusiasmadas por alguém estar dizendo aquilo que a experiência lhes mostrava ser verdade que acabavam comprando o livro. A vida é tão misteriosa! Não importa quais sejam os nossos planos, ela é sempre imprevisível. Durante anos, deixei um aviso no espelho de meu banheiro para lembrar-me, diariamente, de que "A vida é aquilo que nos acontece enquanto estamos fazendo outros planos". Mesmo assim, continuo passando boa parte do tempo tentando conseguir algo agora para poder ser feliz num futuro mítico.


Eu tinha trinta e poucos anos de idade quando percebi, com certa apreensão, que estava totalmente despreparada para lidar com os aspectos mais assustadores da vida. De alguma maneira, eu havia conseguido esconder de mim mesma o tênue equilíbrio de que depende a nossa felicidade a cada momento. Eu tinha crescido e feito todas as coisas que supostamente poderiam garantir a minha felicidade. Havia aprendido uma profissão que estava exercendo e com a qual sentia-me gratificada; havia-me casado e tivera quatro filhos adoráveis, os quais eu amava profundamente. De algum modo, nunca pensei em quanto tudo isso era frágil e, assim, nunca pensara em nenhuma questão de cunho existencial.


Certo dia, descendo a rua onde eu morava, duas garotinhas que iam para a escola foram atropeladas e mortas por um carro desgovernado. Elas tinham seis e sete anos de idade e eram irmãs. Eu não as conhecia, mas já ouvira falar delas por serem colegas de classe de Elizabeth, minha filha. De repente, despertei para o fato de que estar vivo é muito perigoso, e que cada momento da vida é muito precioso. Se eu talvez tivesse atentado para esse fato de uma maneira equilibrada ou, pelo menos, de uma forma mais madura, eu teria passado por um daqueles momentos de transformação, sobre os quais lemos, após o que eu haveria de me modificar totalmente e de viver o resto da vida em constante estado de iluminação. Isso não aconteceu comigo. Ao contrário, mergulhei na tristeza e no desespero. Não conseguia entender por que as pessoas continuavam vivendo se a vida era finita, na melhor das hipóteses, e, do começo ao fim, imprevisível. Percebi que todos os relacionamentos terminam em perda e que a perda era muito dolorosa. Eu não conseguia imaginar uma razão para agirmos assim.


O fato de eu agora poder escrever sobre esse período de minha vida com alguma leveza não significa que essa não tenha sido uma época terrível para mim. Pois foi! Eu lia filósofos existencialistas, Camus e Sartre, e me perguntava como havia conseguido esconder de mim essa terrível verdade ao longo de todos aqueles anos. Eu me perguntava por que todas as outras pessoas não enxergavam isso. Como as pessoas podiam viver a vida como se tudo estivesse bem enquanto eu tinha certeza de que as coisas não eram assim? Lembro-me de falar para os meus alunos de psicologia a respeito da "angústia existencial" e de lhes contar a piada de Kierkegaard. Alguém disse a Kierkegaard: "Vejo-o na próxima terça" e, ao que se supõe, ele teria respondido: "Vejo você na próxima terça se, ao sair da minha casa, uma telha não se soltar do telhado e acertar a minha caheça e se, ao atravessar a rua, você não for atropelado por uma carruagem desgovernada." Essa não é uma piada engraçada. Eu não Conseguia dizer "Vejo vocês depois" aos meus filhos quando eles saiam para a escola ou, mesmo, "Espero que se divirtam", sem que receios sinistros passassem pela minha cabeça.


Parte do meu desespero consistia em pensar que eu era a única pessoa que se sentia assim. Todas as pessoas à minha volta pareciam sentir que a vida era realmente bela e nem um pouco angustiante.

Foi para mim um alívio ir ao meu primeiro retiro de meditação e ouvir as pessoas falarem a verdade de forma tão clara — a Primeira Nobre Verdade, de que a vida é difícil e dolorosa pela sua própria natureza e não porque estejamos agindo errado. Fiquei extremamente aliviada em conhecer pessoas que estavam dispostas a dizer que a vida é difícil, freqüentemente dolorosa, mas que, mesmo assim, aparentemente não tinham dificuldade em admitir isso. Mais importante, elas pareciam felizes. Para mim isso foi extraordinariamente tranqüilizados Pensei comigo mesma: "Aqui estão pessoas que são como eu, cuja vida é igual a minha, que conhecem a verdade, dispõem-se a admiti-la e se sentem à vontade com relação a isso.


Biografia: Sylvia Boorstein é uma professora co-fundadora do "Spirit Rock Meditation Center" em Woodacre, Califórnia, e professora sênior na "Insight Meditation Society in Barre" em Barre, Massachusetts. Amada por seus estudantes, Boorstein tem uma habilidade especial para mostrar como nós podemos permanecer atentos tanto em uma fila de supermercado como sentando em meditação. Em 1995 a Harper São Francisco publicou seu primeiro livro, "It's Easier Than You Think: The Buddhist Way to Happiness" (É Mais fácil Que Você Pensa: O Caminho budista para Felicidade), que permaneceu como bestseller na lista da "Chronicle Bay Area" de São Francisco por muitas semanas. Um ano mais tarde ela publicou "Don't Just Do Something, Sit There", e posteriormente "That's Funny You Don't Look Buddhist: On Being a Faithful Jew and a Passionate Buddhist" .


Iluminação Neuronal

Reportágem da edição 154, de  Novembro 2005 da revista Mente & Cérebro, por Ulrich Kraft.




Meditação é muito mais que um exercício de relaxamento. Neurocientistas constatam que exercícios mentais regulares modificam nossas células cinzentas - e, portanto, também nosso modo de pensar e sentir.



Vermelho, amarelo, verde. Diante das diferentes cores nas imagens de ressonância magnética funcional, Richard Davidson identifica as regiões do cérebro de seu voluntário que apresentam atividade significativa enquanto este tenta conduzir a própria mente ao estado conhecido como "compaixão incondicional". O tubo estreito do barulhento tomógrafo de ressonância magnética está, com certeza, entre os locais mais estranhos nos quais Matthieu Ricard já praticou essa forma de meditação, central na doutrina budista, nos seus mais de 30 anos de experiência.



Para o francês, o papel de cobaia no laboratório de Davidson, na Universidade de Wisconsin, em Madison, é também uma viagem ao passado - a seu passado como cientista. Em 1972, aos 26 anos, Ricard obteve seu doutorado em biologia molecular no renomado Instituto Pasteur, de Paris. Pesquisador iniciante, com futuro promissor pela frente, decidiu-se pela "ciência contemplativa". Viajou, então, para o Himalaia e passou a dedicar a vida ao budismo tibetano. Hoje, é monge do mosteiro Schechen, em Katmandu, escritor, fotógrafo e, na condição de tradutor, integrante do círculo mais próximo ao Dalai Lama. Ricard, no entanto, retornou à "ciência racional" porque Davidson queria saber que vestígios a meditação deixa no cérebro.



Sem o Dalai Lama, é provável que a insólita colaboração entre o neuropsicólogo e o monge jamais tivesse acontecido. Há cinco anos, ao lado de outros pesquisadores, Davidson visitou o chefe espiritual do budismo tibetano em Dharmsala, local de seu exílio na Índia. Lá, discutiram animadamente as descobertas neurocientíficas mais recentes e, em particular, como surgem as emoções negativas no cérebro. Raiva, irritação, ódio, inveja, ciúme - para muitos budistas praticantes, essas são palavras desconhecidas. Eles enfrentam com serenidade e satisfação até mesmo o lado ruim da vida. "A meta suprema da meditação consiste em cultivar as qualidades humanas positivas. Então, vimos isso como algo que precisaríamos investigar com o auxílio das ferramentas modernas da ciência", conta Davidson.



Ele foi pioneiro nessa área, mas nomes importantes da pesquisa cerebral seguiram seus passos. Com auxílio da medição das ondas cerebrais e dos procedimentos de diagnóstico por imagem, os cientistas buscam descobrir o que nosso órgão do pensamento faz enquanto mergulhamos em contemplação interior. E os esforços já deram frutos. Os resultados dessa pesquisa high-tech, no entanto, dificilmente surpreenderiam o Dalai Lama, uma vez que não fazem senão comprovar o que os budistas praticantes vêm dizendo há 2.500 anos: a meditação e a disciplina mental conduzem a modificações fundamentais na sede do nosso espírito.



No início da década de 90, seria muito difícil que algum pesquisador sério ousasse fazer tal afirmação publicamente. Afinal, uma das leis fundamentais das neurociências dizia que as conexões entre as células nervosas do cérebro estabelecem-se na infância e mantêm-se inalteradas até o fim da vida. Hoje se sabe que tanto a estrutura quanto o funcionamento de nossa massa cinzenta podem se modificar até a idade avançada. Quando alguém se exercita ao piano, além do fortalecimento dos circuitos neuronais envolvidos, novas conexões são criadas, aumentando a destreza dos dedos. O efeito produzido pelo treinamento é algo que devemos à chamada plasticidade cerebral. Em sua curta história, essa plasticidade já foi examinada sobretudo no contexto dos exercícios físicos e dos sinais provenientes do exterior, como os ruídos, por exemplo.




Campeões da mente

Pesquisador das emoções, porém, Davidson queria saber se atividades puramente mentais também poderiam modificar o cérebro e, em caso afirmativo, de que forma isso atuaria sobre o estado de espírito e a vida emocional de uma pessoa. Os budistas vêem sua doutrina como uma "ciência da mente", e a meditação, como meio de treinar a mente. Para Davidson, era natural buscar respostas com esses "campeões olímpicos do trabalho mental".



Seu primeiro voluntário, um abade de um mosteiro indiano, trazia na bagagem mais de 10 mil horas de meditação e, uma vez no laboratório, logo causou surpresa. Seu córtex frontal esquerdo - porção do córtex cerebral localizada atrás da testa - revelou-se muito mais ativo que o de outras 150 pessoas sem experiência de meditação, estudadas a título de comparação. Como já havia constatado, tal padrão de excitabilidade sinaliza bom estado de espírito - um "estilo emocional positivo", nas palavras de Davidson. Decisiva é aí a relação entre a atividade nos lobos frontais esquerdo e direito.



Nas pessoas mais infelizes e pessimistas, o predomínio é do lado direito - em casos extremos, elas sofrem de depressão. Tipos otimistas, ao contrário, que atravessam a vida com um sorriso nos lábios, têm o córtex frontal esquerdo mais ativo. Experimentos mostraram que essas pessoas superam com mais rapidez emoções negativas, como as que necessariamente resultam, por exemplo, da contemplação das fotos de uma catástrofe. Fica evidente que essa região cerebral mantém sob controle os sentimentos "ruins" e, dessa forma, talvez responda também pelo equilíbrio mais feliz e pela paz de espírito que caracteriza tantos budistas.
 
 
A fim de comprovar essa suposição, Davidson continuou testando mais monges e, dentre eles, Matthieu Ricard. Com todos, o resultado foi o mesmo. "A felicidade é uma habilidade que se pode aprender, tanto quanto um esporte ou um instrumento musical", concluiu o pesquisador. "Quem pratica fica cada vez melhor."




De imediato, choveram críticas: como podia ele saber, afinal, se aqueles mestres da meditação já não possuíam cérebro "feliz" antes mesmo de pisar num mosteiro? A objeção não poderia ser descartada assim, sem mais. Por isso mesmo, seu grupo lançou-se a novos estudos. Os pesquisadores recrutaram voluntários entre funcionários de uma empresa de biotecnologia, dividindo-os em dois grupos aleatórios. Metade formou um grupo de controle, enquanto os 23 restantes receberam treinamento em meditação ministrado por Jon Kabat-Zinn, um dos mais conhecidos mestres americanos da chamada mindfulness meditation. Nesse exercício mental, trata-se de contemplar de forma imparcial e isenta de juízo os pensamentos que passam pela cabeça, como se assumíssemos o ponto de vista de outra pessoa. As aulas ocuparam de duas a três horas semanais, complementadas por uma hora diária de treino em casa.



Como se supunha, o treinamento mental deixou vestígios. De acordo com as medições efetuadas por eletroen-cefalograma (EEG), a atividade no lobo frontal daqueles que participaram do curso de meditação deslocou-se da direita para a esquerda. Isso refletiu em seu bem-estar: os voluntários relataram diminuição dos medos e um estado de espírito mais positivo.



Entre os que não meditaram, nenhum deslocamento se verificou no padrão das ondas cerebrais. Dessa vez, porém, Davidson conteve-se na avaliação de seu estudo, que não autorizaria conclusões definitivas. Mas é provável que, em segredo, tenha se alegrado com a perfeição com que os novos resultados corroboravam sua hipótese inicial: a meditação é capaz de modificar de forma duradoura a atividade cerebral. E, ao que parece, isso funciona não apenas para os mestres da reflexão espiritual, mas também para leigos.
 
 
 
Emoções básicas


Nesse meio tempo, Paul Ekman, uma das estrelas da cena neurocientífica, interessou-se também pela figura do monge. Na verdade, o psicólogo da Universidade da Califórnia, em São Francisco, ocupa-se das emoções básicas, ou seja, daquelas reações emocionais fundamentais que nos são inatas - o susto que nos faz tremer as pernas, por exemplo, quando um rojão explode inesperadamente perto de nós. Respondemos de forma automática a esses ruídos súbitos, graças ao startle reflex, o reflexo de susto. Dois décimos de segundo após a explosão, sempre os mesmos cinco músculos da face se contraem e, passados outros três décimos de segundo, nossa expressão facial se descontrai. Essa reação de susto é sempre idêntica em todas as pessoas, e isso porque, simplificando, assim é o "cabeamento" do cérebro. Como todos os reflexos comandados pelo tronco encefálico, também essa reação escapa ao controle da consciência, isto é, não se deixa reprimir intencionalmente. É, pelo menos, o que reza o estágio atual do nosso conhecimento.



Que, no entanto, nem todos se assustem com a mesma intensidade era uma questão que interessava Ekman havia algum tempo. O motivo é que a intensidade individual da contração muscular permite inferir o estado de espírito de uma pessoa. Quem sente emoções negativas com freqüência - em especial, medo, raiva, pesar e nojo - apresenta um startle reflex bem mais pronunciado que pessoas tranqüilas.



Por essa razão, Ekman estava autorizado a esperar uma reação de susto abaixo da média ao testar um lama budista e solicitar-lhe que buscasse ocultar ao máximo a inevitável contração muscular. Ainda assim, o resultado o deixou perplexo, uma vez que praticamente nada se moveu no rosto do monge. "Quando ele tentou reprimir o susto, a reação quase desapareceu", relatou Ekman, incrédulo. "Nenhum pesquisador jamais encontrou alguém capaz de fazer isso." Nem mesmo um som tão alto como um tiro de revólver assustou o lama. O motivo, na explicação do próprio monge: meditação. "Enquanto eu rumava para o estado aberto, a explosão me pareceu mais suave, como se eu estivesse bem longe." Bastante espantoso, do ponto de vista neurocientífico, é que o monge obviamente conseguiu, por força da vontade, modificar uma reação do cérebro que, na verdade, é automática.



Ao que parece, o órgão do pensamento dos budistas em meditação funciona de modo diferente da massa cinzenta do homem comum - mas como? Em busca de respostas, Olivia Carter e Jack Pettigrew acabaram indo parar na parte indiana do Himalaia, em direção a Zanskar, onde se encontram mosteiros budistas muito antigos. Lá, os pesquisadores da Universidade de Queensland, Austrália, investigaram um fenômeno de que a ciência vem se ocupando desde o século XVI: a chamada rivalidade binocular ou perceptiva.
 
 
Em geral, não constitui problema para o cérebro fundir numa única imagem a informação visual recebida pelos olhos. Os "instantâneos" percebidos pelos olhos direito e esquerdo encaixam-se à perfeição, porque ambos os lados contemplam a mesma cena. Mas o que acontece quando, por meio de um aparelho apropriado, cada olho vê uma imagem diferente - digamos, o esquerdo, listras azuis horizontais, e o direito, listras azuis verticais? Não podemos ver as duas coisas ao mesmo tempo, razão pela qual o cérebro resolve a disputa de forma diplomática: primeiro, decide-se por uma das imagens para, então, passados alguns poucos segundos, mudar para a outra. E sai pulando daqui para lá e de lá para cá: nossa percepção consciente alterna sem cessar as imagens percebidas por um olho e pelo outro.




Decerto, se concentrarmos toda a nossa atenção numa das imagens, ela se manterá por mais tempo diante do nosso olho interior, mas essa forma de balizamento é bastante limitada. Algumas características das imagens modulam a rivalidade binocular. Se confrontados a um só tempo com um estímulo visual fraco (finas linhas verticais, por exemplo) e outro forte (um grosso traço horizontal), voluntários vêem o último por mais tempo. Em virtude desses dois efeitos, o fenômeno suscita muita discussão neurocientífica, já que, no fundo, trata-se de como o cérebro regula a percepção visual. A modalidade do estímulo, ou seja, as imagens apresentadas aos olhos, determina para que lado penderá a disputa - ou seria isso algo controlável de forma deliberada?



O controle deliberado é a resposta certa - é o que afirma a descoberta, surpreendente até para especialistas - que o grupo de Olivia Carter trouxe de sua expedição investigativa ao Himalaia. Ao menos, essa é a conclusão que se aplica ao objeto específico de estudo da pesquisadora: 76 monges budistas com intensa prática de meditação, com idade entre 5 e 54 anos.



"Na meditação, pessoas experimentadas são capazes de alterar de forma mensurável as flutuações normais do estado de consciência a que a rivalidade binocular induz." Assim resumem os cientistas os resultados obtidos, publicados em junho na revista Current Biology.



Carter solicitou a seus voluntários que praticassem a chamada meditação focada em um só ponto. Eles concentraram-se por inteiro num único objeto ou pensamento. Durante essa prática, ou pouco depois dela, os monges, dotados de óculos especiais, foram obrigados a contemplar ao mesmo tempo dois padrões diferentes - um para cada olho. Com o auxílio do mergulho meditativo, mais da metade conseguiu prolongar nitidamente cada fase das comutações típicas da rivalidade binocular. Alguns foram capazes até mesmo de reter uma imagem por mais de cinco minutos - façanha impensável para os voluntários sem experiência meditativa empregados para comparação, que, em média, limitaram-se a reter cada imagem por 2,6 segundos. O feito, no entanto, revelou-se dependente da técnica de meditação utilizada. Quando, em vez da meditação focada em um só ponto, os monges empregaram outro método - voltado antes a um mergulho interior mais genérico que a um objeto concreto -, a alternância constante das imagens manteve-se a habitual. Decisivo, pois, para a estabilização da percepção visual é não apenas a meditação em si, mas o modo como ela é praticada.
 
 
 
Concentração é tudo


Além da rivalidade binocular, outro fenômeno interessava aos pesquisadores australianos: a "cegueira induzida por movimento". Também ela escapa ao controle consciente - ou, pelo menos, assim se pensava. Nesse tipo de experimento, o voluntário contempla uma grande quantidade de pontos que disparam por uma tela. Entre eles, porém, vêem-se alguns pontos fixos, em geral de outra cor. A requerida concentração nos exemplares em ágil movimento faz com que os imóveis pareçam sumir, como se o cérebro os apagasse. Mas não por muito tempo: volta e meia, eles tornam a se imiscuir por um instante na percepção, e o participante não tem como impedir que o façam.



Um dos monges, no entanto, não teve dificuldade alguma com isso. O eremita, que se dedicava havia décadas e em total solidão ao mergulho interior, pôde perfeitamente eliminar os pontos fixos que em geral afloram cintilantes à consciência. Mais de 12 minutos se passaram até que ele anunciasse o reaparecimento de um deles. A partir das alterações nas funções visuais observadas, a equipe deduziu que, na mente desses mestres da meditação, algumas coisas transcorrem de modo não usual. "Diferentes modalidades de meditação e tempos de treinamento diversos conduzem a modificações de curto e longo prazo no plano neuronal", concluíram os pesquisadores.



Seu colega Richard Davidson vai gostar de ouvir isso, sobretudo porque, em 2004, também ele encontrou outras comprovações dessa tese, graças à ajuda de Matthieu Ricard e de mais sete monges enviados pelo Dalai Lama ao laboratório em Madison. Eram todos mestres da contemplação mental, trazendo na biografia algo entre 10 mil e 50 mil horas de meditação - objetos de estudo ideais para as neurociências, como crê o ex-cientista Ricard: "A fim de verificar que porções do cérebro se ativam em diversos estados emocionais e mentais, são necessárias pessoas capazes de atingir esses estados e permanecer neles com lucidez e intensidade".



No caso dos monges de Davidson, a forma de meditação solicitada foi aquela conhecida como compaixão incondicional: amor e compaixão penetram na mente, fazendo com que o praticante se disponha a ajudar os outros sem qualquer reserva. Os monges deveriam se manter nesse estado por um curto período de tempo e, em seguida, deixá-lo. Enquanto isso, Davidson registraria suas ondas cerebrais com auxílio de 256 sensores distribuídos por toda a cabeça. A comparação com um grupo de novatos na prática da meditação revelou diferenças gritantes. Durante a meditação, a chamada atividade gama sofreu forte aumento no cérebro dos monges, ao passo que mal se alterou nos voluntários inexperientes.



Além disso, essas ondas cerebrais velozes e de alta freqüência esparramaram-se por todo o cérebro dos lamas. Trata-se de um resultado bastante interessante. Em geral, ondas gama só aparecem no cérebro por um breve período de tempo, limitadas não apenas do ponto de vista temporal, mas também em termos espaciais.




Que significado elas têm, os neurocientistas ainda não sabem dizer. Essas ondas cerebrais ritmadas, com freqüên-cias em torno de 40 hz, parecem acompanhar grandes desempenhos cognitivos - momentos de concentração mais intensa, por exemplo. Talvez representem o estado de alerta extremo, descrito por tantos praticantes da meditação, especulam alguns. Portanto, por mais relaxado que um monge budista possa parecer, seu cérebro não se desliga de modo algum enquanto ele medita. Ao contrário: durante o mergulho espiritual, fica evidente que está, na verdade, a toda. "Os valores medidos em Ricard estão de fato acima do bem e do mal", relata o psicobiólogo Ulrich Ott com audível espanto. Mas o que fascina ainda mais o pesquisador é o fato de as estimulações terem atravessado de forma tão coordenada todo o cérebro dos lamas. E a razão do fascínio é que há ainda uma segunda hipótese a respeito do significado e do propósito das ondas gama, hipótese que, aliás, envolve um dos maiores mistérios da pesquisa cerebral: a questão de como surgem os conteúdos da consciência.



Quando tomamos um cafezinho, o que percebemos conscientemente é a impressão geral - os componentes isolados são processados pelo cérebro em diversas regiões. Uma reconhece a cor preta, outra identifica o aroma típico, uma terceira, a forma da xícara e assim por diante. Mas não se descobriu até hoje que área cerebral junta todas as peças desse quebra-cabeça. Por isso, os estudiosos da consciência supõem que os neurônios envolvidos se comuniquem por intermédio de uma espécie de código identificador; - a freqüência gama. Quando as células nervosas para "preto", "aroma" e "xícara" vibram juntas a uma freqüência de 40 hz, o cafezinho surge diante do nosso olho interior. De acordo com essa tese - e diversos experimentos parecem confirmá-la -, as ondas gama constituiriam, portanto, um tipo de freqüência superior de controle que sincronizaria e reuniria regiões diversas, espalhadas por diferentes partes do cérebro.



Isso explicaria por que a meditação é tida como um caminho para alcançar outros estados de consciência. Em condições normais, as oscilações gama extremamente coordenadas que Davidson observou nos monges jamais ocorreriam, acredita Ott. "Se todos os neurônios vibram em sincronia, tudo se unifica, já não se distingue nem sujeito nem objeto. E essa é precisamente a característica central da experiência espiritual."



Mesmo antes da meditação, a atividade gama no cérebro dos monges era visivelmente mais intensa que no restante dos voluntários, em especial sobre o córtex frontal esquerdo, tão decisivo para o equilíbrio emocional.



Na opinião de Davidson, essa é mais uma prova de que, pela via da meditação - ou seja, do trabalho puramente mental -, é possível modificar aspectos específicos da consciência e, portanto, da personalidade como um todo. "As conexões no cérebro não são fixas. Isso quer dizer que ninguém precisa ser para sempre o que é hoje." Disso, Ricard não tinha dúvida nenhuma, mesmo antes de sua visita a Madison: "Meditação não significa sentar-se embaixo de uma mangueira e curtir o momento. Ela envolve profundas modificações no ser. A longo prazo, nos tornamos outra pessoa".



 
Para conhecer mais


O monge e o filósofo: o budismo hoje. Jean-François Revel e Matthieu Ricard. Mandarim, 1998.



Studying the well-trained mind. M. Barinaga, em Science, 302 (5642), págs. 44-46, 2003.



Meditation alters perceptual rivalry in tibetan buddhist monks. O. Carter et al., em Current Biology, 15 (11), págs. R412-413, 2005.



Alterations in brain and immune function produced by mindful meditation. R. Davidson et al., em Psychosomatic Medicine, 65, págs. 564-570, 2003.



Long-term meditators selfinduce high-amplitude gamma synchronity during mental practice. A. Lutz et al., em Proceedings of the National Academy of Sciences, 101 (46), págs. 16369-16373, 2004



Ulrich Kraft é médico e jornalista científico. -Tradução de Sergio Tellaroli









O cérebro espiritual, de Mario Beauregard

Por Ricardo de Mattos
no Digestivo Cultural
"O cérebro, contudo, não é a mente; é um órgão apropriado para ligar a mente ao resto do universo." (Mario Beauregard)

Acompanha a Humanidade, desde sua descida da árvore, a divergência entre imanência e transcendência. Por imanência podemos entender a concepção segundo a qual o ser humano limita-se ao que é no mundo, nada havendo que esperar além. Por transcendência entende-se a concepção de algo que não apenas sobrevive à passagem do Homem pelo mundo, mas também caracteriza-o como tal.

A reflexão descuidada pode apressar-se em criar os binômios imanência-materialismo e transcendência-espiritualismo. Na antiguidade grega pode-se encontrar o exemplo de imanência não materialista, quando acreditava-se que tudo ― material e imaterial ― vinculava-se a este mundo. Assim, tínhamos os deuses ocupando o Monte Olimpo e as almas dos mortos encaminhadas às profundezas do reino de Hades. Devassado o orbe em seu interior e investigado o céu por sondas espaciais que vão cada vez mais longe e transmitem-nos imagens impressionantes, desvaneceu-se a construção helênica ― e posteriormente dantesca ― do lugar fixo e "pronto".

No correr dos séculos formaram-se alianças que por um lado tiveram seu proveito, mas por outro pecaram pelo reducionismo. O imanentismo colocou-se sob a proteção da Ciência e fez do materialismo o seu porta-voz. Já a transcendência foi entregue aos cuidados da Religião, o que em alguns casos significou dar um jarro de cristal para um macaco carregar. Em decorrência, o Homem parece ter perdido a capacidade de enxergar o Universo como expressão do Absoluto.
Além disso, uma sequência de erros profundos primeiro estabeleceu a dicotomia entre natural e sobrenatural, e em seguida elevou este à categoria de transcendental. Ao natural pertence o mundo físico, sujeito a leis fixas e apreensíveis pelo ser humano. Ao sobrenatural, concerne um local onde prevalece a anomia, a arbitrariedade. Embora Allan Kardec tenha observado que as Leis da Natureza são exatamente as mesmas quer no mundo visível, quer no mundo invisível ― isto é, na parcela do mundo imperceptível aos sentidos humanos atuais ― a dicção de Thomas Huxley em seu ensaio O natural e o sobrenatural ganhou a preferência da comunidade científica.


Quem vincula imanentismo, Ciência e materialismo apresenta seus argumentos como si houvesse uma ligação necessária entre essas concepções. Conforme socorre-nos mais uma vez o Dicionário Oxford de Filosofia, organizado por Simon Blackburn, o materialismo é, antes de qualquer coisa, o nome comum de algumas escolas de pensamento. Estas escolas vão desde o atomismo grego de Demócrito e de Leucipo até o materialismo dialético e o histórico, passando por Hobbes e pelos excessos de La Mettrie. Apresentar a Ciência como materialista, portanto, é uma falácia de definição.

À Ciência, portanto, seria vedado investigar fenômenos que o senso comum colocou ao resguardo da Fé? Embora a divulgação seja precária, limitada ou mesmo inexistente, não é o que pensam alguns cientistas e pensadores atuais. Entre eles destacamos Mario Beauregard, neurocientista canadense, professor associado de pesquisa da Universidade de Montreal, indicado como "pioneiro em neurobiologia da experiência mística". Seu livro O cérebro espiritual ― Uma explicação neurocientífica para a existência da alma (Best Seller, 2010, 448 págs.) foi traduzido para o português e publicado no Brasil sem a mesma repercussão que tiveram Richard Dawkins ou Daniel Dennett.

Beauregard foi um dos palestrantes do I Simpósio Internacional "Explorando as Fronteiras da Relação Mente-Cérebro", ocorrido na cidade de São Paulo, entre os dias 24 e 26 de setembro deste ano. Si há uma corrente científica preponderante e favorável ao materialismo dos estados centrais, isto é, defensora de que os acontecimentos mentais teriam origem exclusivamente no cérebro e no sistema nervoso central, a contracorrente ganha forças diariamente. Importante salientar que a reação não se dá com argumentos de ordem filosófica ou religiosa, mas dentro exclusivamente do campo científico.

O fundamento filosófico do Simpósio foi o dualismo cartesiano, que distingue entre cérebro material e mente imaterial, esta atuando sobre aquele. Aos que cultivam o gosto pelo encadeamento histórico do pensamento humano, citamos o valioso livro Deus na natureza, do astrônomo francês Camille Flammarion, cuja epígrafe é justamente mens agitat molem ― a mente agita a matéria. Astrônomo por formação, Flammarion enveredou-se pelo aprofundamento da abordagem científica do espírito, situando-o na Natureza.

O cérebro espiritual tem a coautoria da jornalista canadense Denyse O'Leary, versada em questões de fé e ciência, que conferiu ao livro científico a fluência e o interesse de uma reportagem. Tais qualidades foram mantidas por Alda Porto e Fernanda Campos, tradutora e revisora técnica, respectivamente. O leigo pode acompanhá-lo com facilidade e o especialista encontrará nos diversos quadros intratextuais os fundamentos neurobiológicos e anatômicos de Beauregard.

Camille Flammarion

Beauregard realiza experiências em torno das "experiências místicas e/ou espirituais religiosas" (EMER). Inicialmente não as distingue, mas depois o faz de forma sucinta. Experiências religiosas são as que surgem "no segmento de uma tradição religiosa". Vivencia uma experiência espiritual quem acredita ter contatado com o divino, com algo além ou acima de si, o que não inclui todo e qualquer calafrio metafísico. Já no misticismo encontra-se a tentativa de alcançar realidades cósmicas através de estados alterados de consciência como a prece e a meditação profunda, com exclusão de drogas e qualquer substância que possa ser usada com fins alucinógenos.

O livro, portanto, não tem a pretensão de provar a existência de Deus, mas sim que pessoas místicas entraram em contato com forças externas a si mesmas, forças que não seriam percebidas caso a mente fosse um produto cerebral. Beauregard iniciou suas pesquisas almejando investigar a atividade dos neurônios durante a EMER. Quando ele afirma querer descobrir quais poderiam ser os correlatos neurais da experiência, ele demonstra trabalhar com possibilidades, com hipóteses, que são o ponto de partida e a base de trabalho da Ciência. O cientista trabalha com hipóteses, e suas pesquisas e experimentos podem levá-lo a confirmá-las ou negá-las. Difere de fazer uma afirmação e dedicar-se a provar sua certeza.

A abordagem espiritualista exclui o dever de estudar o cérebro? Não, e este ponto é especialmente lembrado pelo neurocientista. Mesmo as explicações materialistas para a religião e a espiritualidade não devem ser a priori desprezadas, como são revistas diante das novas descobertas. O bom pianista conhece os gênios e gêneros musicais, suas obras, o teclado, o dedilhado, a madeira da estrutura e o material das cordas internas do piano, a afinação e os melhores centros de fabricação. A abordagem espiritualista, por assim dizer, fornece respostas muito mais completas e explicações não forçadas.

Dizer que determinada região do cérebro é ativada durante uma EMER é algo substancialmente diverso de dizer que a mesma região é a responsável exclusiva do fenômeno. Realmente, depois de ter um cérebro humano entre as mãos, fica difícil aceitar que somente aquele amontoado orgânico é o único autor da Bíblia, do Corão, do Taj Mahal, da Capela Sistina e da Nona Sinfonia (de Beethoven). Certa parcela de força dos materialistas é extraída da ignorância e da falta de vivência de seus seguidores.

Seria temeroso afirmar que o materialismo vinculado ao proceder científico está em seus estertores. Argumentação e atitudes apelativas, porém, já se impõem. Citemos dois exemplos, ambos constantes do livro. No frenesi de comprovar que o ser humano é um animal como outro qualquer, sem direito a pretender-se de forma alguma superior ao mundo natural, Beauregard menciona as tentativas de cruzamento entre homem em chimpanzé, visando obter o híbrido "humanzé". Não fossem dois cromossomos a mais a favor do chimpanzé, tal cruzamento já teria sido obtido. "Os sonhos da Razão produzem monstros", antecipou-se Goya.


O Capacete de Deus

O outro exemplo é o "capacete de Deus", elaborado pelo neurocientista norte-americano Michael Persinger. Seu intuito é dar descargas eletromagnéticas suaves na região do lobo temporal ― perto das costeletas ― e com isso produzir experiências espirituais e provar sua origem cerebral. Testado o capacete em Dawkins, não funcionou. A cada falha, Persinger culpava o voluntário da ocasião. Apesar dos insucessos, o capacete começou a ser fabricado para venda. Caso ainda possa-se falar em Ciência diante de ocorrências deste nível, e caso estes eventos ganhassem as telas do cinema, seria lamentável não poder contar mais com Vincent Price no papel de certos "cientistas".


Misticismo ~ Neuroteologia ~ Um cérebro espiritual

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Misticismo (do grego μυστικός, transl. mystikos, um iniciado em uma religião de mistérios) é a busca da comunhão com a "identidade", consciente ou consciência de uma derradeira realidade, divindade, verdade espiritual, ou Deus através da experiência direta ou intuitiva.[1]



Do livro de Jakob Böhme "O Príncipe dos Filósofos Divinos"[2],  define por: o misticismo, em seu mais simples e essencial significado, é um tipo de religião que enfatiza a atenção imediata da relação direta e íntima com Deus,ou com a espiritualidade, com a consciência da Divina Presença. É a religião em seu mais apurado e intenso estágio de vida. O iniciado que alcançou o "segredo" foi chamado um místico. Os antigos cristãos empregavam a palavra "contemplação" para designar a experiência mística.


Ja Ralph M. Lewis: "O místico é aquele que aspira a uma união pessoal ou a unidade com o Absoluto, que ele pode chamar de Deus, Cósmico, Mente Universal, Ser Supremo, etc."*[3]


A palavra "místico" era empregada pela primeira vez no Mundo Ocidental, nos escritos atribuídos a Dionysius, o Aeropagite, que apareceu no final do século V. Dionysius empregou a palavra para expressar um tipo de "Teologia", mais do que uma experiência. Para ele e para muitos intérpretes, desde então, o misticismo se baseava em uma teoria ou sistema religioso que concebe Deus como absolutamente transcendente, além da Razão, do pensamento, do intelecto e de todos os processos mentais.



A palavra, desde então, tem sido usada para os tipos de "conhecimento" esotérico e teosófico, não suscetiveis de verificação. A essência do misiticismo é a experiência da comunicação direta com Deus.



A palavra misticismo tem origem no idioma Grêgo μυστικός = "iniciado" (nos "Mistérios de Eleusinian", μυστήρια = "mistérios", referindo-se as "Iniciações"[4]) é a busca para alcançar comunhão ou identidade consigo mesmo, lucidez ou consciência da realidade última, do divino, Verdade espiritual, ou Deus através da experiência direta, intuição, ou insight; e a crença que tal experiência é uma fonte importante de conhecimento, entendimento e sabedoria. As tradições podem incluir a crença na existência literal de realidades empíricas, além da percepção, ou a crença que uma verdadeira percepção humana do mundo trancenda o raciocínio lógico ou a compreensão intelectual.



O termo "misticismo" é freqüentemente usado para se referir a crenças que são externas a uma religião ou corrente principal, mas relacionado ou baseado numa doutrina religiosa da corrente principal. Por exemplo, Kabala é a seita mística dominante do judaísmo, Sufismo é a seita mística do Islã, e Gnosticismo refere geralmente a várias seitas místicas que surgiram como alternativas ao cristianismo. Enquanto religiões do Oriente tendem a achar o conceito de misticismo redundante, e o conhecimento tradicional e ritual são considerados como Esotericos, por exemplo, Vajrayana e Budismo.



Uma definição de misticismo não poderia ser ao mesmo tempo significativa e de abrangência suficiente para incluir todos os tipos de experiências que têm sido descritas como "místicas".



Por definição natural, misticismo é a prática, estudo e aplicação das leis que unem o homem à Natureza e a Deus.



Desta forma, a Mística se distingue da Religião por referir-se à experiência direta e pessoal, com a divindade, com o transcendente, sem a necessidade de intermediários, dogmas ou de uma Teologia.



Na teologia

Conjunto de práticas religiosas que levam à contemplação dos atributos divinos. Estado natural ou disposição para as coisas místicas, religiosas; religiosidade.

Citando o livro "O Mundo de Sophia", quando fala sobre Misticismo:
"Uma experiência mística significa experimentar a sensação de fundir sua alma com Deus. É que o "eu" que conhecemos não é nosso "eu" verdadeiro e os místicos procuravam conhecer um "eu" maior que pode possuir várias denominações: Deus, espírito cósmico, universo, etc. No entanto, para chegar a esse estado de plenitude, é preciso passar por um caminho de purificação e iluminação através de uma vida simples. Encontra-se tendências místicas nas maiorias religiões do mundo. Na mística ocidental ( judaísmo, cristianismo e islamismo ), o místico diz que seu encontro é com um Deus pessoal. Na oriental ( hinduísmo, budismo e religião chinesa ) o que se afirma é que há uma fusão total com deus, que é o espírito cósmico. É importante notar que essas correntes místicas já existiam muito antes de Platão e que pessoas de nossa época têm relatado experiências místicas como uma forma de experimentar o mundo sob a perspectiva da eternidade."(O Mundo de Sophia).



As correntes místicas pregam a experiência direta do divino, comumente chamada de experiência mística, e muitas vezes descrita como iluminação. A experiência mística é um estado de consciência em que o místico tem um vislumbre daquilo que está além deste plano físico, e muitas vezes é descrito como união com o Todo. Isto só pode ser alcançado, segundo os místicos, por uma disciplina espiritual que visa distanciar-se das coisas mundanas.



Muitas vezes a experiência mística é descrita por aqueles que a sentem como uma "visão ou percepção direta de Deus". Tais fenômenos estão presentes tanto no Velho Testamento quanto no Novo Testamento da Bíblia e na cultura oriental (budismo, hinduísmo, yoga, etc.).



O místico procura na prática espiritual e no estudo das coisas divinas, mais que na racionalidade, as bases para suas concepções de vida, embora muitas vezes o misticismo esteja envolvido com intrincados sistemas que o fundamentam. Este é o caso da Cabala, a tradição esotérica dos judeus.



A experiência mística é o modo como o místico entra em contato com o Divino?



Notas:

1.↑ James, William. The Varieties of Religious Experience: A Study in Human Nature. [S.l.: s.n.], 1902. ISBN 0-679-64011-8

2.↑ Do livro: Jacob Boehme - O Príncipe dos Filósofos Divinos página 29 (Título original: BOEME (RAD10 - SUPREMA GRANDE LOJA - AMORC) 1º Edição em Língua Portuguesa, Setembro de 1983 Biblioteca Rosacruz. Composto e Impresso na Grande Loja do Brasil - Curitiba, Paraná

3.↑ * ::Lewis, Ralph M., ALQUIMIA MENTAL, Biblioteca Rosacruz, Editora Renes, Rio de Janeiro, número XX, 1982.

4.↑ Os Mistérios Eleusinianos, ou Religião de mistérios em geral, não necessáriamente envolvendo o misticismo; o significado presente do termo surgiu, antes, via Platonismo e Neoplatonismo, que faz referência à iniciação de Eleusinian como uma metáfora para a "iniciação" as verdades espirituais.

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"Neuroteologia", também conhecida como Bioteologia ou Neurociência Espiritual é o estudo da base neural da espiritualidade e emoção religiosa. A meta da Neuroteologia está em descobrir os processos cognitivos que produzem experiências espirituais ou religiosas e relacioná-las com padrões de atividade no cérebro, como elas evoluíram nos humanos, e os benefícios dessas experiências.




Dossiê: Cérebro, mente e experiências transcendentais


Fonte Revista PSIQUE Ciencia & Vida Edicão 56.


A última década testemunhou um interesse crescente na compreensão dos mecanismos cerebrais que medeiam experiências transcendentais, caracterizadas por estados alterados ou expandidos de consciência.

Envolvidas numa dimensão fundamental da existência humana são observadas em todas as culturas, e frequentemente relatadas em tradições religiosas e espirituais.

De acordo com o filósofo Walter Stace, experiências místicas envolvem a vivência integrativa com o Todo em unidade, o Um completo sem fragmentos sensoriais ou racionais dispersos.


Stace propõe que os principais aspectos das experiências místicas são:


 (1) o desaparecimento de todos os objetos mentais da consciência ordinária e a emergência de uma consciência pura ou unitária;

 (2) um sentido de objetividade ou realidade;

 (3) sentimentos de paz, leveza e alegria;

 (4) a sensação de ter encontrado o sagrado ou divino (algumas vezes identificado como "Deus") e

(5) a transcendência do espaço e do tempo.


As experiências transcendentais podem ser provocadas pela ingestão de medicamentos que alteram a mente, substâncias naturais com impacto neuroquímico, práticas xamânicas, meditação, hipnose, e experiências de quase morte (EQM).

São também decorrentes de práticas religiosas/espirituais regulares e, além disso, podem ocorrer sem nenhuma razão aparente.

Tais experiências, muitas vezes, levam a profundas mudanças dos sistemas de crenças, da visão de mundo e transformam atitudes e comportamentos diários, assim como as relações interpessoais e a autopercepção da identidade.



Microestímulos elétricos

Michael Persinger, neurocientista da Universidade Laurentian, especulou que as experiências transcendentais são evocadas por microestímulos elétricos nas estruturas do lobo temporal. Persinger e seus colegas desenvolveram um capacete que emite fracos campos eletromagnéticos nessa região, e afirmou que um grande número de participantes relataram uma presença espiritual próxima a eles.


Pehr Granqvist e colegas da Universidade de Uppsala, com o mesmo equipamento, testaram estudantes universitários, alguns dos quais foram expostos a campos eletromagnéticos no lobo temporal e outros não.

Dos únicos três participantes que relataram fortes experiências espirituais, dois eram membros do grupo controle (ou seja, eles não foram expostos a estes campos). Esta tentativa de replicação sugere que a sugestão psicológica pode ser a melhor explicação para os resultados de Persinger.


Estudos de neuroimagem funcional também investigaram indivíduos com experiências transcendentais.

Andrew Newberg e colegas utilizaram o método SPECT (Single Photon Emission Computed Tomography), para avaliar o fluxo sanguíneo cerebral de freiras franciscanas, enquanto realizavam uma "oração guiada" para abertura da conexão com Deus.

O estudo mostrou o decréscimo significativo da atividade no lobo parietal, envolvido na orientação espacial e temporal. Os autores propuseram que essa mudança estava relacionada com um sentido modificado do espaço e do tempo experimentado pelas freiras durante a oração.


As experiências transcendentais podem ser provocadas pela ingestão de medicamentos que alteram a mente, substâncias naturais com impacto neuroquímico, ou pelas práticas xamânicas, de meditação, hipnose, e experiências de quase morte (EQM)




Recentemente, utilizamos a ressonância magnética funcional (fMRI) e a eletroencefalografia (EEG), para mensurar a atividade cerebral durante um estado místico em 15 freiras carmelitas. Experimentalmente, as freiras sentiram a presença de Deus, seu amor incondicional e infinito, assim como plenitude e paz. Os resultados mostraram que várias regiões e sistemas cerebrais mediaram os diferentes aspectos da experiência mística. Esta conclusão não foi uma surpresa, dado que estas experiências são complexas e multidimensionais, isto é, implicam em mudanças na percepção (como a imagem mental visual), na cognição (por exemplo, as representações do Eu), e na emoção (a paz, alegria e amor incondicional). Quanto ao estudo de EEG, os resultados indicaram que experiências místicas estiveram associadas a mudanças neuroelétricas relativas a várias áreas corticais em ambos os hemisférios.










Portanto, a teoria sobre "o ponto de Deus" - postulava que um ponto no cérebro seria responsável pela criação da experiência com o divino - foi derrubada com os estudos recentes em neuroimagem.


 Vale lembrar que, elucidar os circuitos neurais envolvidos nas experiências subjetivas como a prece, o contato com Deus ou a vivência mística não diminui e tampouco deprecia seus significados e valores.



Preservação da lucidez

Nos últimos anos, vários estudos independentes levantaram a possibilidade de testar a hipótese de a consciência existir a despeito do funcionamento do cérebro investigando a mente humana durante a parada cardíaca.

Após a parada cardíaca, a pressão arterial média torna-se imensurável e os sinais de sinapses elétricas próximas ao escalpo, indicadoras da atividade neural, são nulos.

A perda de reflexos e funções do tronco cerebral, que ativa as áreas corticais através do tálamo também são observadas nesse estado crítico.

Alguns pacientes que chegaram ao pronto socorro com parada cardíaca e apresentaram pensamentos lúcidos bem estruturados, processos cognitivos de raciocínio e formação de memória, assim como a preservação da consciência durante a parada, chamaram a atenção de vários investigadores. Entre eles, Sam Parnia e Pin Van Lommel mostraram que os conteúdos experimentados variam entre imagens de luzes e túneis brilhantes.

Além disso, os procedimentos do staff médico relatados pelos pacientes durante a parada cardíaca foram verificados corretamente.

Os autores dessa linha de pesquisa postulam que a preservação da lucidez, de processos cognitivos de raciocínio e formação de memórias, bem como a capacidade de alguns indivíduos de recordarem episódios pormenorizados é um paradoxo científico.

Isto é: nas condições neurofisiológicas durante a parada cardíaca seria esperada a ausência da manifestação consciente e de processos cognitivos complexos.

O interessante caso de Pam Reynolds, que aparentemente sofreu uma profunda experiência transcendental enquanto foi operada de um aneurisma da artéria basilar, merece atenção.

A intervenção cirúrgica requer um estado clinicamente morto do paciente: a temperatura corporal reduzida a 17°C, sem batimento cardíaco e respiração, e o sangue drenado de sua cabeça. Reynolds estava sob monitoramento médico durante toda a operação e após a cirurgia fez observações sobre o procedimento que mais tarde foram confirmadas pela equipe médica como surpreendentemente precisas.

Entre outros, o caso de Pam Reynolds desafia a doutrina materialista em relação ao problema mente-cérebro, sugerindo que os processos mentais podem ser experimentados no momento em que as funções do cérebro aparentemente não estão ativas.

A acurácia de alguns relatos como este, sugere que experiências transcendentais não são necessariamente ilusões criadas pelo cérebro.


Em outras palavras, seria possível para os seres humanos a experiência de uma realidade transcendente, na qual o funcionamento da percepção, da cognição, da emoção e da identidade, acontece independentemente do cérebro. Os interessados podem acompanhar o crescente número de estudos controlados, independentes e multicêntricos, atualmente conduzidos sobre as fronteiras do complexo mente-cérebro.

Experiências místicas no cérebro


Correlatos neurais da experiência mística de Freiras Carmelitas. Estes resultados sugerem que experiências místicas são mediadas por diversas regiões e sistemas cerebrais (Neurosci Lett. 25; 405(3):186-90).

Elucidar os circuitos neurais envolvidos em experiências
como a prece não deprecia seus significados e valores

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Entre os estudos conduzidos sobre as experiências de quase morte, Sam Parnia e Pin Van Lommel mostraram que os conteúdos experimentados variam entre imagens de luzes e túneis brilhantes





Novo paradigma

Em O cérebro espiritual (editora Best Seller), os autores discutem a intuição, a fé, as premonições, o efeito placebo e revisam estudos que refutam as hipóteses da ciência tradicional. Beauregard e O´Leary (os autores) perguntam "Seriam essas experiências apenas produtos do cérebro?" e defendem a existência de um estado ampliado de consciência, no qual seria possível vivenciar aspectos da realidade não acessíveis em outros estados.




Referências:

BEAUREGARD, M. Change the mind and you change the brain: effects of cognitive behavioral therapy on the neural correlates of spider phobia. Neuroimage, 2003. 18(2), 401-9.



 Mind does really matter: evidence from neuroimaging studies of emotional selfregulation, psychotherapy, and placebo effect. Prog Neurobiol, 2007. 81(4):218-36. BEAUREGARD, M.; PAQUETTE, V. Neural correlates of a mystical experience in Carmelite nuns. Neurosci Lett. 2006. 25; 405(3):186-90.

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