"Se dispensarmos todos de uma vez, será o caos"


diz diretora de hospital - ZERO HORA - 28/01/2011 ~ 13h35min

Hospital Presidente Vargas corre o risco de perder cerca de 30% do efetivo com afastamento de contratados pela Fugast


A diretora do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, Maria Isabel Bitencourt, está preocupada com os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determina que funcionários e terceirizados contratados por intermédio da Fundação Riograndense Universitária de Gastroenterologia em Porto Alegre (Fugast) sejam dispensados até março.

— Não queremos nem pensar nisso, mas se dispensarmos todos os 285 funcionários de uma vez, será o caos — diz Maria Isabel.

Os contratados pela Fugast representam cerca de 30% do quadro funcional do hospital. De acordo com a diretora, são profissionais que atuam desde setores administrativos, até especialidades médicas e na formação de especialistas, com o trabalho de residência.

UTI neo-natal e centro de obstetrícia seriam os mais prejudicados
Com o desligamento dos contratados da Fugast, a quebra de efetivo seria mais drástica na UTI neo-natal, onde 75% dos enfermeiros são ligados à fundação, e no centro de obstetrícia, que conta com 83% de profissionais nessa situação. Dos médicos do centro de obstetrícia, 60% são da Fugast. Na emergência pediátrica, também são 60%.

— Seria impossível a substituição imediata de todos esses profissionais. Não se consegue pessoas especializadas para esse atendimento da noite para o dia — avalia a diretora do hospital.

Para amenizar o problema, caso a emenda constitucional não seja aceita, Maria Isabel aposta no acerto por uma fase de transição, para não prejudicar a assistência à população.

Outro fator que preocupa a administração do hospital é a motivação dos funcionários, enquanto permanece o impasse:

— Como manter as pessoas motivadas para trabalhar no atendimento de saúde, quando estão ameaçados de demissão?

Modelo de proposta de emenda constitucional foi entregue ao Piratini
Uma comissão de funcionários da Fugast foi recebida pelo chefe da Casa Civil do Estado, Carlos Pestana Neto, na quinta-feira. Eles apresentaram um modelo da proposta de emenda constitucional que poderia assegurar a permanência dos profissionais. De acordo com a diretora do hospital Presidente Vargas, que acompanhou a comitiva, Pestana foi receptivo à causa e se comprometeu a levar o assunto para o governador Tarso Genro.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência (Sindisprev), cerca de 500 funcionários, que atuam em cinco hospitais de Porto Alegre, além de órgãos do governo, como a Farmácia Popular, seriam afetados.

— Não há outros servidores no quadro para dar sequência ao trabalho e isso teria reflexo no atendimento à população, que sairia prejudicada — diz a diretora de imprensa do Sindisprev, Dinara Fraga Del Rio.

Para Dilene, houve descaso por parte dos governos, que não efetivaram esses contratos ao longo do tempo.

O vereador Thiago Duarte (PDT), presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, falou sobre o tema em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade nesta sexta-feira.
Ouça a entrevista do vereador Thiago Duarte:

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