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Explicando porque meditadores podem viver mais...

Não faz muito tempo eu publiquei um texto falando de uma das ganhadoras do Prêmio Nobel de Medicina, que entre outras coisas, vinha estudando (pesquisando) as práticas Budistas:

Ganhadora do Nobel de medicina de 2009, Elizabeth Blackburn, avalia efeito da meditação budista sobre envelhecimento celular .

Hoje eu trago uma publicação sobre o trabalho que continua sendo realizado paralelamente ao que lhe deu o prêmio Nobel: a pesquisa com meditadores Budista e leigos como processo de melhoria da saúde psicológica e associado a longevidade.

 Por Maia Szalavitz quinta-feira, 23 de dezembro de 2010, na revista "Healthland.time.com".

A imagem do jovem, mas de aspecto antigo sábio meditando sobre uma montanha pode ser mais próximo da realidade do que você pensa, de acordo com um novo estudo que descobriu que após uma estadia de três meses a um retiro de meditação, as pessoas apresentaram níveis mais elevados de uma enzima associada com a longevidade



Juzant via Getty Images
  

  O estudo é preliminar e não mostra que a meditação de fato prolonga a vida, mas os resultados sugerem um possível meio pelo qual se pode chegar lá.



Pesquisadores liderados por Tonya Jacobs, da Universidade da Califórnia-Davis comparou 30 participantes de um retiro de meditação realizada no Shambhala Mountain Center, em Colorado, com um grupo de controle pareados numa lista de espera para o retiro. Os participantes praticantes meditaram seis horas por dia durante três meses.  Sua meditação era treinada para "centrar na consciência" - por exemplo, concentrando-se apenas na respiração e no momento presente assim como em meditações voltadas para misericórdia e compaixão ( Empatia valentões ).


Após a intervenção de três meses, os pesquisadores descobriram que os meditadores tiveram, em média, uma alteração na atividade * 30% a mais da enzima telomerase do que o grupo de controle.




 A telomerase é responsável por reparar os telômeros, estruturas localizadas nas extremidades cromossomos, que, como a capa plástica na ponta dos cadarços, impedindo que o cromossomo de desfaça de velhisse.  Cada vez que uma célula se reproduz, seus telômeros se tornam mais curtos e menos eficazes na proteção do cromossomo - isso, acreditam os pesquisadores, é uma das causas do envelhecimento.  Como o cromossomo torna-se mais e mais vulnerável, cópia da célula se torna imprecisa e eventualmente pára de funcionar. É quando os telômeros se desintegram completamente. A telomerase pode atenuar - e, possivelmente, parar - o envelhecimento celular.


  "Algo sobre estar em um retiro de três meses mudou o [valor/quantidade] de telomerase no grupo no retiro", diz Elizabeth Blackburn, autora do estudo que ganhou o Prêmio Nobel por seus trabalhos anteriores sobre a telomerase.


"Nós não podemos provar que era a meditação [que causou a mudança]. Pois muita coisa acontece durante um retiro. Mas o interessante foi observar as mudanças que vimos, controladas e quantificáveis, associadas como as mudança psicológicas nas pessoas somadas ao bem-estar e novas perspectivas."




  Em outras palavras, as pessoas com maiores níveis de telomerase também apresentaram um aumento quantificável de melhora psicológica.



Nos participantes do retiro que não mostraran nenhuma mudança psicológica, os níveis de telomerase não eram diferentes do que os do grupo de controle. 







É preciso lembrar que os pesquisadores não foram capazes de comparar os níveis de telomerase nos dois grupos antes e após a retirada por motivos logísticos.


Ainda assim "É um estudo muito bom, com resultados interessantes em termos de implicações para a saúde", diz Alan Marlatt, professor de psicologia da Universidade de Washington, que estudou a meditação há décadas, mas não estava associado com esta pesquisa.


  Naturalmente, a relação entre saúde e telomerase é complexa. Em um recente estudo em camundongos por pesquisadores de Harvard, descobriram que elevar os níveis de telomerase inverteu os sinais do envelhecimento , pode restaurar a fertilidade e reduzir o envelhecimento da pele, aumentando o tamanho do cérebro e aguçando a percepção de cheiro.


Mas isto descontrolado pode ser também um problema.  Uma célula que se reproduz infinitamente soa como uma coisa boa,  seria como uma célula imortal.  Mas é exatamente isso que acontece com as células cancerosas - replicação infinita.


"Se os níveis de telomerase forem longe demais pode ser associado ao câncer", diz Clifford Saron, pesquisador associado da Universidade da Califórnia-Davis Center for Mind and Brain e um co-autor do novo trabalho. Ele observa, no entanto, que a diferença é que a meditação produz uma elevação equilibrada, que não poderia causar câncer *.


Então como é que a meditação afeta a máquina de reprodução celular?
 

Provavelmente, reduzindo o estresse. Não é novidade que grave estresse psicológico - especialmente no início da vida, e na ausência de suporte social - tem sido associada a uma saúde debilitada, aumentando o risco de doenças cardíacas, derrame e alguns tipos de câncer. Isto é provavelmente devido aos efeitos negativos dos altos níveis de hormônios do estresse sobre o cérebro e o corpo. Ao reduzir os hormônios do estresse, talvez a meditação contribua para telômeros mais saudável.


 Em um estudo publicado há alguns anos na revista The Lancet Oncology, os pesquisadores compararam 30 homens antes e depois da aprovação das mudanças do estilo de vida depois de um diagnóstico do risco de câncer de próstata de baixo. Os pacientes começaram a meditar, ligado esta prática a uma dieta saudável predominantemente vegetariana, exercios e acompanhamento em um grupo de apoio. Como no novo estudo, a publicação Lancet Oncology encontraram aumentos na telomerase ligados com reduzido sofrimento psíquico (paciêntes mais psicológicamentes afetados pelo trabalho tinham identificados significativos aumentos na telomerase).


"A mente tem uma grande influência sobre o corpo. Se você ficar ansioso, o coração bate mais rápido e gera o seu estômago", disse Blackburn.  "Mas nós ainda não sabemos [se a meditação está relacionada com] uma redução nos hormônios do estresse específicamente. A fisiologia é muito complexa."


Recentes evidências suporta uma conexão: um estudo publicado este mês na revista Archives of General Psychiatry mostrou que a meditação mindfulness (Focada no presente e na respiração) pode reduzir recaídas em pacientes que se recuperaram de depressão tão bem como antidepressivos.




É claro que os aumentos de telomerase visto no estudo atual pode ser devido a algum outro fator desconhecido que separa os meditadores dos grupos de controle.  Essa é outra razão pela qual é muito cedo para sugerir que as intervenções para reduzir o stress do corpo-mente como a meditação devão ser prescrito como tratamento para doenças ou distúrbios.
O estudo também não demonstrou que a meditação de fato prolonga a vida, mas apenas que pode aumentar a atividade de uma enzima que está associado à longevidade.




Ainda assim, pesquisas sobre a meditação estão expandindo dramaticamente, com estudos que demonstram que a meditação é útil para a dor , depressão, vício e muitas outras condições. "Há um diálogo muito interessante acontecendo", diz  Alan Marlatt, professor de psicologia da Universidade de Washington. "Este diálogo aponta que a meditação é um instrumento que trabalha para vários tipos de problemas clínicos. É muito promissor".


* Corrigido e atualizado.
 
 
Tradução e erros meus.

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