//Por Equipe Potterish - terça-feira, 31 de julho de 2012 às 00:00 | |
A criatura e o criador. Harry Potter e Joanne Rowling. Nomes mundialmente famosos responsáveis por quebrar padrões e estigmas da literatura mundial, e cujos donos compartilham a mesma data de aniversário. Ele nasceu em 31 de julho de 1980, em Godric’s Hollow, ela em 1965, em Yate.
Desde sua infância, Joanne gostava de ler histórias como O Vento nos Salgueiros e O Cavalinho Branco. Escrevia desde pequena, mas foi apenas em junho de 1990, quando voltava de Manchester para Londres, após procurar sem sucesso um apartamento, que surgiu em sua mente uma personagem que mudaria o curso da literatura juvenil.Vinte e dois anos depois, podemos afirmar que a influência de Rowling foi tamanha ao ponto de mudar drasticamente a vida de toda uma geração ao redor do mundo. Hoje Jo é venerada pelo sucesso de vendas fenomenal dos livros Harry Potter e pelas portas que abriu nas mentes de crianças e jovens a favor da leitura. Mas não podemos nos esquecer nunca que a autora é um exemplo de generosidade a ser seguido. Pelo fato de nos orgulharmos com todas as suas ações, não hesitamos em dizer que sim, a tia Jo é nossa heroína, assim como Harry foi e continua sendo nosso herói.Nossos eternos Rei e Rainha. E para homenageá-la, esse ano pedimos para cada membro da nossa equipe de colunistas escrever um texto contando como parabenizaria a autora e o que daria de presente de aniversário. Mas e você? O que diria? O que daria? Confira os textos da nossa equipe em notícia completa e conte-nos, nos comentários, o que você faria. Veja também em notícia completa um apanhado de vídeos legendados e traduções de entrevistas com a autora. Esperamos assim fazê-los se sentir mais próximos dessa pessoa que, mesmo ausente, é sempre tão presente em cada detalhe de nossas vidas. Parabéns, queridos Harry e Jo! 31 de julho de 2012 |
Feliz aniversário, Harry Potter e J.K. Rowling!
O nirvana é ver, de modo total e completo
Algumas pessoas acham que a doutrina dos despertos é niilista, como se ela afirmasse um tipo de nada. Como se, de algum modo, o nirvana fosse uma queda em um tipo de esquecimento sereno, um cinza flutuante, à deriva, num mar sem limites. Isso não é nirvana.Lembre-se de que tudo o que vemos, ouvimos, sentimos e pensamos é fluxo constante de mudança. Nada dura. Ansiamos pela permanência e, como resultado, sofremos, pois não achamos nada disso. Parece que há apenas esse ir e vir, esse ir e vir, essa ascensão e queda intermináveis.Sentimos tudo como movimento. Na verdade, os físicos nos dizem que a matéria nada mais é que movimento. E não importa como a olhemos, em qualquer escala, nossa experiência é sempre de movimento, de mudança.Isso é verdadeiro para tudo no mundo físico, incluindo o nosso corpo. Cada célula - na verdade, cada átomo de cada célula - não revela nada senão esse ir e vir sem fim. Nosso corpo se refaz de momento a momento, e nunca é o mesmo.O mesmo é verdadeiro para a nossa mente. O contéudo da nossa mente também está em constante movimento. Pensamentos, sentimentos, idéias e impulsos afloram, um atrás do outro; depois florescem e fenecem como flores finda a sua estação.O nirvana é ver, de modo total e completo, que isso é assim.
Steve Hagen* - Budismo Claro e Simples - como estar sempre atento, neste exato momento, todos os dias - Ed. Pensamento.
* Steven Hagen recebeu a transmissão do Dharma do mestre Dainin Katagiri, em 1989.
Postado por Zendo Brasília
Postado por Zendo Brasília
Buddha e o método simples
O Buddha também é conhecido como o médico ímpar (bhisakko), o cirurgião supremo (sallakatto anuttaro). É, de fato, um curador sem igual.
O método de exposição do Buddha das Quatro Nobres Verdades é comparável ao de um médico. Como um médico, primeiro ele diagnosticou a doença, depois descobriu a causa do surgimento da doença, então considerou sua remoção e por fim aplicou o remédio.
O sofrimento (dukkha) é a doença; o apego (tanha) é o surgimento da causa-raiz da doença (samudaya); através da remoção do apego, a doença é removida, e essa é a cura (nirodha-nibbana); o Nobre Óctuplo Caminho (magga) é o remédio.
A resposta do Buddha ao brahmana que desejava saber porque o Mestre é chamado de Buddha claramente indica que não era por nenhuma outra razão além das Quatro Nobres Verdades. Aqui está a resposta do Buddha:
“Soube o que devia ser sabido,
Cultivei o necessário cultivo,E o que devia abandonar isso deixei ir.
Portanto,Cultivei o necessário cultivo,E o que devia abandonar isso deixei ir.
[1]
Com a proclamação do Dhamma pela primeira vez, com o ato de colocar em movimento a Roda do Dhamma e com a conversão dos cinco ascetas, o Parque das Gazelas em Isipatana tornou-se o berço da Dispensação do Buddha (sasana) e da sua Comunidade de Monges (sangha). [2]
[1] Sutta-nipata v. 558; MN. No. 92; Vin i. 245; Theragatha. 828.
[2] Em 273 a.C. o Imperador Asoka foi em peregrinação até esse lugar santo, erigindo uma série de monumentos e um pilar comemorativo com um capitólio de leão. Esse capitólio com seus quatro magníficos leões segurando o Dharma-cakra, “A Roda do Dharma”, está agora no museu de Sarnath, Benares, é a coroa oficial da Índia. O festival do Dharma-cakra ainda acontece no Sri Lanka.
[2] Em 273 a.C. o Imperador Asoka foi em peregrinação até esse lugar santo, erigindo uma série de monumentos e um pilar comemorativo com um capitólio de leão. Esse capitólio com seus quatro magníficos leões segurando o Dharma-cakra, “A Roda do Dharma”, está agora no museu de Sarnath, Benares, é a coroa oficial da Índia. O festival do Dharma-cakra ainda acontece no Sri Lanka.
Jawaharlal Nehru escreve: “Em Sarnath, próximo a Benares, quase se pode ver o Buddha pregando seu primeiro sermão e algumas de suas palavras gravadas vêm a mim como um distante eco através de dois mil e quinhentos anos. Os pilares de pedra de Asoka me falam em sua linguagem magnífica e falam de um homem que, embora imperador, era maior do que qualquer rei ou imperador”. (The Discovery of India, p. 44).
Entrevista com o monge Zen Budista Genshô
Toda semana um convidado com temas diversos, sempre de acordo com a Doutrina Espírita. Quartas-Feiras início 20:05hs.
ICEF - Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis
A FORMA e o ZEN
Tangenciando os "Rótulos de Félix Maranganha" apareceu a questão de método/postura: Religioso X Secularismo. Seriam incompatíveis e separados? Poderíamos praticar o Zen sem a roupagem religiosa.
Pretendo desenvolver parte da questão aqui.
A resposta é paradoxal: SIM E NÃO.
Podemos fazer boa parte da prática Zen (inicialmente em geral) sem auxílio?
Sim.
Só precisa de MUITA força de vontade. Mas Não é recomendado.
Sim.
Só precisa de MUITA força de vontade. Mas Não é recomendado.
O Monge Zen Genshô falando sobre os rigores da prática formal explica (na gravação, digitada, editada e revisada por Jane Denkô em Palestra ministrada por Monge Genshô para a Comunidade Zen Budista de Florianópolis, em 27 de outubro de 2006) desta forma:
Aqui Jane Denkô como chefe da cozinha
(Tenzo) a observa a refeição em retiro
na reserva Passarin, fev 2007.
""O Zen diz que o apego à forma e aos rituaís é uma dificuldade. Do outro lado quando nós entramos num mosteiro Zen, ou num centro de prática do Zen, nós vamos ver que há muita exigência quanto à forma. Mais do que em qualquer outro lugar. Pedimos que os sapatos sejam colocados lado a lado e retos, não sejam jogados de qualquer forma. O que isso significa? Significa: quem tem uma mente desarrumada a expressa de forma desarrumada. Então se alguém chega num lugar e joga os seus sapatos de qualquer jeito isso expressa uma mente não respeitosa, não disciplinada, não reverente. Então a forma expressa essa mente.
Então no método do Zen nós começamos com uma expressão formal correta esperando que através da expressão formal nós venhamos a modificar a nossa mente.""
(...)
""Sentamos em zazen para tentar criar uma mente pacificada. Mas como sentamos em zazen? Com uma forma e esta forma é altamente disciplinada, simétrica, apoiada, sólida, pacificada. Nossa mente pode ser uma tempestade, mas nós sentamos como budas, como estátuas de buda. E o professor diz: respire como um buda profunda e calmamente e deixe uma respiração natural se instalar. Fazemos um mudra como o de Buda, apoiamos três pontos no chão: os joelhos e as nádegas de maneira a ficar solidamente estáveis. Estabilizamos o corpo. Tornamos a coluna reta. Ao fazer isso nós influenciamos a nossa mente. É por isso que a forma é assim. Algumas pessoas não entendendo a forma olham para a escola Zen e dizem que isso é ritual e que é apego à forma. Não é apego à forma. Apego à forma seria se apenas sentássemos e brigássemos com as pessoas: você não está sentado certo. Você está sentado curvado. Você está sentado torto. Não pode sentar numa cadeira. Você tem que sentar em posição de lótus. Se nós fizéssemos isso seria apego à forma. Não é isso. Os mestres sabem que existe um sentido na forma e a forma é praticada para mudar a mente. É por isso que trabalhamos assim.
Nós fazemos, por exemplo, o rakussu. Os praticantes antigos vão fazer votos, tomar os preceitos e para isso fazem os seus rakussus. Na nossa escola nós pedimos: faça o rakussu você mesmo, costure com agulha e linha. É difícil, detalhado, complicado, lento, impossível de fazer bem feito, mas você faz, ponto a ponto, semanas trabalhando para fazer um rakussu. Esse trabalho é forma? É forma sim. Esse trabalho é um trabalho espiritual? É um trabalho espiritual se você colocar o seu espírito nele. Significa dedicação para fazer o rakussu, lavar bem as mãos, acender incenso ,ir costurar com espírito atento ao que está fazendô, tomar isso como se faz uma meditação. E ao fazer isso esse pedaço de pano fica impregnado do nosso espírito ele ganha um significado, ele ganha um poder, porque nós, através da forma, criamos um poder no kesa e ele começa a nos influenciar.
O trabalho espiritual tem o sentido de, pela forma, procurar atingir o espírito. Então é um profundo engano entender a prática do Zen como: isso é orientalismo.""
(...)
Grato em Gasshô ao Sensei Genshô.
Grato em Gasshô a Jane Denkô. Muito grato.
Que todos possam se beneficiar.
Na Moral recebe monja Zen Budista e psiquiatra em debate sobre felicidade
Na Moral recebe monja Zen Budista e psiquiatra em debate sobre felicidade
Confira imagens exclusivas do encontro desta quinta-feira
Confira imagens exclusivas do encontro desta quinta-feira
Nesta quinta-feira, Na Moral recebe convidados anônimos e famosos para debater a “ditadura” da felicidade. Camila Pitanga, a Dj da noite, se posicionou e explicou o que é felicidade para ela. A atriz, que contou procurar o equilíbrio em sua vida, contestou o uso de medicamentos para ‘suprir’ carências na vida das pessoas. Clique no vídeo e veja algumas imagens exclusivas do programa.
Por outro lado, bem-sucedido, casado e com tudo para ser feliz, Edison Calil faz uso de remédios para se sentir bem há 15 anos. A convite do programa e na companhia da filha, Julia Porto, Edison experimentou outras técnicas para ‘ser feliz’ e concluiu uma delas no palco do programa.
A monja Zen budista Isshin e a presidente da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL), Daniela Levy, coordenaram as duas técnicas experimentadas por pai e filha e falaram também sobre suas teorias para a felicidade.
O autor do livro “Ser feliz hoje – Reflexões sobre o imperativo da felicidade", João Freire, abordou a pressão social que ‘forçaria’ as pessoas a parecerem felizes. Já o psiquiatra Nelson Goldenstein explicou quando os medicamentos podem ser a solução para o problema de algumas pessoas. A plateia também se posicionou sobre o assunto e esquenta o debate sobre se mostrar infeliz em redes sociais.
Na Moral tem direção de núcleo e geral de Luiz Gleiser, redação final de Marcel Souto Maior e apresentação de Pedro Bial. O programa vai ao ar às quintas-feiras, logo após Gabriela.
CozinhaZen Almoço de Confraternização 29 de julho - Jisui Zendô
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Memória quantica
Teletransporte de ratos comprova que memória humana é quântica
Como é virtualmente impossível mudar rapidamente os animais de lugar para medir o acesso às suas diversas memórias, os cientistas criaram uma forma de fazer uma espécie de teletransporte de ratos.
Chaveamento cerebral
Os praticantes de meditação costumam dizer que o cérebro destreinado parece um macaco pulando de galho em galho, onde cada galho é uma ideia diferente.
Agora, cientistas determinaram que esse macaco pode saltar entre 8 galhos diferentes por segundo.
A equipe da Universidade Norueguesa de Ciência e do Instituto de Tecnologia de Kavli fizeram medições precisas para descobrir que o cérebro humano é capaz de alternar entre diferentes memórias até 8 vezes por segundo.
Memória quântica
Segundo a equipe, a memória pode ser dividida em "pacotes" individuais, assim como a luz pode ser dividida em "quanta" - porções discretas de luz, que se comportam como se fossem partículas, chamadas fótons.
No caso da memória humana, o que nos parece ser um fluxo contínuo é, segundo eles, igualmente formado por porções individuais de memória.
Segundo suas medições, cada quantum de memória humana dura 125 milissegundos.
"O cérebro nunca mistura memórias diferentes, mesmo quando você parece perceber que isso está acontecendo. Isto ocorre por causa do processo que está acontecendo dentro da sua cabeça, com o cérebro tentando se localizar tão rapidamente que você não percebe que ele está de fato checando diversos mapas.
"Quando você fica confuso, é porque há uma competição entre duas ou mais memórias dentro do seu cérebro," explica May-Britt Moser, coautora da pesquisa.
Teletransporte de ratos
Para isolar memórias específicas, os pesquisadores estudaram como ratos de laboratório se comportavam explorando diferentes labirintos, o que exige que eles usem as memórias dos labirintos que já conhecem.
Como é virtualmente impossível mudar rapidamente os animais de lugar para medir o acesso às suas diversas memórias, os cientistas criaram uma forma de fazer uma espécie de teletransporte de ratos.
"Nós enganamos os ratinhos," diz Moser. "Eles não são realmente teletransportados, é claro, mas nós criamos uma técnica que os faz acreditarem que foram.
"As características da caixa, que dão aos animais a percepção de localização, são na verdade 'construídas' por diferentes esquemas de luz. Assim, nós podemos passar das características de uma localização para a outra com o apertar de um botão," explica ela.
Ou seja, a sala de teletransporte do laboratório está mais para um holodeck, o local onde os tripulantes de Jornada nas Estrelas criam seus mundos virtuais.
Memória quântica e discreta
As cobaias foram treinadas durante um longo tempo para acreditarem que os vários esquemas de luz representavam salas diferentes.
Esse aprendizado pôde ser aferido monitorando sua atividade cerebral, que é diferente para cada local, conforme o cérebro acessa o seu "mapa de localizações".
Quando os pesquisadores teletransportam os ratos de um lugar para o outro, alterando a iluminação de A para B, por exemplo, os ratos sentem imediatamente o tipo de confusão momentânea que alguém sente quando está perdido.
Mas o cérebro passa sempre do mapa A para o mapa B, sem nada no meio - ou seja, o mundo quântico das memórias também é discreto, e não contínuo.
"Ele chaveia entre os dois mapas que representam as salas A e B, mas ele nunca está em uma posição intermediária. O cérebro estará sempre ou na posição A, ou na posição B," explica a pesquisadora.
Ou seja, o que os gurus da nova era dizem sobre memória quântica parece ter algum fundo de verdade, ainda que em um sentido bem diferente.
A Vida Após a Morte
No Zen existe uma posição muito clara sobre a vida após a morte...
Ela pode ser identificada neste vídeo.
Ela pode ser identificada neste vídeo.
5 DIAS NO MAIS PROFUNDO SILÊNCIO
Texto na íntegra, retirado da revista VIDA SIMPLES.
5 DIAS NO MAIS PROFUNDO SILÊNCIO
~ por Jhony Arai
Nesse retiro, os participantes não devem falar. Apenas meditar sentados, várias vezes ao dia, de frente para uma parede branca. O objetivo é fazer a mente também calar. Será possível?
Feriadão prolongado, com previsão de sol. Vou passar meus próximos cinco dias sentado em uma sala de meditação encarando uma parede branca. Do acordar ao dormir, a proposta é permanecer em completo silêncio. Não, não é um castigo. É um retiro espiritual, um período de treinamento intensivo (sesshin) na Comunidade Zen Budista do Brasil, liderada pela monja Coen. Durante o retiro, vamos escutar apenas a voz da monja ensinando a filosofia budista enquanto permanecemos em meditação (zazen). Vamos entoar os sutras sagrados em uníssomo. No mais, silêncio. Somos 23 pessoas em silêncio, olhando para a parede branca.
Primeiro dia. A rotina é ascética. Às 4h30, o sino de despertar toca. Às 5 horas, começamos o zazen. Sessões de 30 minutos são intercaladas com uma meditação andando (kinhin) de dez minutos. Por dia, dez sessões, 300 minutos, 5 horas de zazen. Os horários são seguidos à risca. Os sons dos sinos indicam o início e o final de cada atividade. Não há falas. Se houver, são como os avisos nos ônibus: fale com o motorista apenas quando necessário. Minha preocupação é aprender os rituais de cada atividade – que não são poucos. Até para se comer há formalidades e cerimônias. O café da manhã e o almoço são servidos dentro da própria sala de meditação. Há até uma tarefa que nunca esperei encontrar em um retiro: fazer a limpeza de banheiros, sala, cozinha, jardins. Às 18 horas é servido o jantar, a refeição mais descontraída já que não comemos na sala de meditação, mas em mesas montadas no jardim. Às 20 horas, recomeçamos a sessão de meditação. Às 22 horas, as luzes se apagam. Dormimos.
Segundo dia. Minhas pernas estão em frangalhos. Já havia lido no livro Sempre Zen, da mestre zen Charlotte Joko Beck, que os retiros causam dores e desconforto mesmo em monges experientes. “O que existe em um retiro zen é, em geral, muito cansaço, tédio e dor nas pernas. O que aprendemos com o ficar obrigatoriamente sentados em silêncio suportando todo esse desconforto é tão valioso que, se não existisse, deveria ser criado. Quando sentimos dor, não entramos na vertigem mental. Temos que ficar com a dor. Não há para onde ir.”
Mas quanta diferença entre a dor que você lê e a que se sente. A dor vai aumentando, como se um caminhão tivesse passado por cima delas. Será que vou ter que amputar minhas pernas? Tento me ajeitar na almofada, mas nada parece funcionar. A dor persiste. A parede branca incomoda. Estar em silêncio incomoda. Quando ficamos em silêncio, ficamos a sós. Por que é tão incômodo ficar comigo mesmo? Minha dor. Dói. Eu vim para cá sentir dor? Não estava buscando justamente o contrário? Vou embora. Preciso embora agora. O que estou fazendo aqui? O sol lá fora... Ai, ai, minhas pernas. Não há silêncio dentro de mim. Percebo o turbilhão desenfreado da minha mente, como se um cachorro louco morasse dentro de mim.
Terceiro dia. A parede branca na minha frente, intransponível. A dor nas minhas pernas, intransferível. Quem é o cachorro louco que habita em mim? Sou eu? Quem sou eu debaixo de todas essas camadas de “eu” que se formaram nestes anos todos? O que vai se revelar quando o verniz for arrancado? Quero mesmo encarar minha versão sem brilho? O que minha mente tem a dizer? Quem ela revela sem esse manto de sorriso e polidez que demonstro na superfície? Quem é esse “eu” que tenta sempre agradar o outro. Mas nunca está satisfeito consigo mesmo? Nunca o que faço é o suficiente. Percebo uma voz interna autoritária que se autopune o tempo todo. Uma voz severa, incapaz de se perdoar. Onde está o silêncio?
A hora de limpeza até parece um alento, já que é um momento de esticar as pernas. Vim aqui para um retiro espiritual e acabo limpando banheiro? Não lavo o nem o da minha casa! O terceiro dia parece ser mais longo. Sinto vontade de ir embora, aproveitar a vida lá fora. Mas insisto. Em zazen. Eu e a parede branca. Eu e a parede branca.
“Nossa mente parece um copo d’ água misturada à terra”, diz a monja Coen. “Cultive o silêncio e, aos poucos, a sujeira vai se assentar e seremos capazes de enxergar a transparência da nossa mente, de nosso ser”. Em silêncio aprendemos a ouvir. “Sabe quando os mestres identificam o ponto ideal da fervura da água para realizar a cerimônia do chá?”, ela pergunta. “Quando a água emite o som do vento nos pinheirais.”
Dormimos. Sonho que estou em um velho ônibus que sobe lentamente uma estrada de terra e pedra nas Cordilheiras dos Andes. À medida que o ônibus avança cordilheira acima, a estrada se torna mais estreita. O pneu passa rente ao penhasco. Tenho a sensação de que o ônibus pode despencar a qualquer momento. Mas, por alguma razão inexplicável, o motorista sabe que precisa seguir em frente. Quem está dirigindo o ônibus? Sou eu.
Quarto dia. Sinto-me estranhamente leve. Na sala de meditação, as almofadas (zafu) pretas já estão no exato lugar do dia anterior. Vamos começar o zazen. Pernas dobradas na posição de semilotus. Coluna ereta. Palma da mão direita levemente encostada sobre a esquerda, formando um semicírculo. Polegares se tocam. Olhos semicerrados miram 45 graus. À minha frente, apenas a parede branca. Respirar e expirar. A dor na perna não me incomoda mais. Ou será que não doía tanto quanto eu achei que estava doendo? Os pensamentos hostis não parecem mais tão pesados nem grudam como chiclete na sola do sapato. Elas vem. Elas vão.
O sino toca. A meditação caminhando é feita em passos bem lentos, seguindo a respiração. Enquanto caminho, a fumaça do incenso passa por mim, como se estivesse dançando na minha frente. Acompanho com o olhar a fumaça até o altar budista, onde repousa uma vela acesa. Suas chamas também dançam, formando um coreografia envolvente. Vejo a cena no intervalo de um passo. Continuo a caminhar, invadido por um contentamento. Sinto-me incrivelmente vivo. Vivendo o presente. O aqui e agora, que tanto se fala – e nunca tinha experimentado. Sesshin siginifica unificar, tocar, conectar, harmonizar a mente.
Há silêncio fora – e dentro. Os detalhes de cada ritual tornam-se mais intensos. Seguro as tigelas onde a refeição da manhã é servida. No cardápio, sempre vegetariano, legumes cozidos, frutas, sopa de soja (missoshiru) e um mingau de arroz. Não se deve comer nem muito lento, nem muito rápido. Precisamos sentir o ritmo do grupo para acabarmos juntos. Recomenda-se não fazer barulho nem para movimentar as tigelas. Cada praticante lava as suas tigelas seguindo um outro ritual, sentado na sala de meditação.
É a hora da limpeza. Como nos mosteiros zen do Japão, o chão deve ser limpo com as mãos, que ficam paralelas sobre o pano úmido. Com o corpo agachado, empurro o pano em linha reta. É um exercício de humildade. Apenas faço. Sem reclamar. Aceito.Agora o retiro (sesshin) começa a fazer sentido. As sessões intermináveis de zazen, a limpeza do Zendo, os rituais para se comer, os sutras entoados em uníssomo. O silêncio. Em tempos de “interagir”, “curtir”, “compartilhar”, o retiro zen propõe o recolhimento. É uma mudança de perspectiva.
Após o descanso do almoço, voltamos à sala de meditação. A parede branca não me parece tão intransponível. Ela não é mais “chata”, “angustiante”, “entediante” como eu julgava. Ela é apenas uma parede branca. É o que é. “Quando desistimos dessa mente vertiginosa [...] vemos tudo. Vemos o que somos: nosso esforço para parecermos bons, para sermos os primeiros ou para sermos os últimos. Vemos nossa raiva, nossa ansiedade, nossa arrogância e nossa pseudo-espiritualidade”, diz o trecho do livro da mestre Charlotte Joko Beck.
O sino toca. Levantamos para a meditação caminhando. Vejo um sabiá pousar na varanda, dar seis pulinhos até um bebedouro de pedra construído especialmente para os pássaros. Mergulha a cabeça três vezes na água, agita as asas e alça vôo. Apenas testemunho, compartilho.
O dia passa no seu ritmo.
Curso Especial: Fundamentos do Zen
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