CONVERSAS ANÔNIMAS! E a clínica? e a vida E tudo mais? 42?

As teorias psicológicas sabem sobre a vida?

Ou apenas sobre os sujeitos?

Quando um sujeito tem uma queixa ele se queixa da vida, do outro, as vezes até de sí mesmo?

Como diferenciar um sofrimento "legítimo" do sujeito em relação a sua vida, e um sofrimento extra, exagerado, que estaria tornando sua vida pior?

O psicoterapeuta usaria para esse discernimento sua referência pessoal de "normal" e "anormal"?

Ou o que?

Vamos falar sobre a minha percepção sobre a prática na clinica psicológica/psicanalítica (lembrando que sou acadêmico): As teorias psicológicas sabem sobre a vida?

No meu modo de entender as "teorias psicológicas" (psicanálise inclusa) não são necessariamente sobre a vida em si, mas sim sobre a compreensão do subjetivo e o impacto deste (subjetivo) na construção de realidade de cada pessoa... e, se for o caso, o tratamento dos aspectos psicológicos e emocionais dos indivíduos.

Nisso se aplica o que eu argumento sobre não existir necessariamente preocupação em distinguir "queixas primárias" e problemas "reais" no primeiro momento!

E o mais importante nisso: NÃO EXISTE MENTIRA, OU FALSIDADE, OU FANTASIA NO DISCURSO! Existe "o que dá"!

O que existe é MANIFESTAÇÃO do que CONSEGUIU vir a tona! Porque a repressão é isso mesmo... Sempre ativa! Paciente que acredita estar mentindo esta na verdade fazendo o que pode com o que tem... ele inventa uma história e conta e não sabe que a história inventada é para ele mesmo... e o terapeuta safo dá corda e transforma o engodo em ferramenta.

Acredito que um bom terapeuta clínico utiliza abordagens terapêuticas para ajudar os pacientes a lidar com questões MANIFESTAS como ansiedade, depressão, traumas e relacionamentos.

Mas isso é um primeiro movimento! Se perceber pertinente e acessível ele pode se concentrar na exploração do inconsciente e na análise dos processos mentais subjacentes QUE GERARAM OS SINTOMAS!

Na prática psicanalítica, o analista escuta TUDO o que apresenta o paciente com a mesma intensidade e sem julgamento de valor (isso é verdadeiro , isso é falso, isso é externo... isso é interno), permitindo que ele, paciente, expresse suas dores e fragilidades E SE OUÇA no processo. O objetivo é elaborar esses sentimentos e dar-lhes um novo significado.

Foco em temas específicos ficam a critério do método de clinica adotado pelo terapeuta.

Entende?

Então, quando tu pergunta: "Quando um sujeito tem uma queixa ele se queixa da vida, do outro, as vezes até de sí mesmo... Como diferenciar um sofrimento "legítimo" do sujeito em relação a sua vida, e um sofrimento extra, exagerado, que estaria tornando sua vida pior?"

Mentiras no Divã, de  Irvin D. Yalom, 

Trata de uma paciente que finge
ser outra pessoa,
e assim descobre coisas
sobre si mesma!

Tudo que se manifesta É SOBRE O SUJEITO!

E TUDO É LEGÍTIMO!


Mesmo que não pareça!

Aliás, principalmente quando não parece ser!

O cara fala do aquecimento global e do Brasil ser inabitável em 50 anos?

Ele na verdade está te falando do receio dele de lidar com as incertezas da vida!

O cara fala da mãe narcisista por uma hora?

Ele precisa de estruturar seu papel no que justifica a suas ações e suas respostas pro mundo tirando de si sua parcela de responsabilidade e solicitando de você um papel de mãe substituta.... Que você pode aceitar ou não...

O cara fala do político x e de uma conduta absurda deste, na realidade ele está te perguntando inconscientemente se tu iria aceitar da parte dele posições que Ele percebe em si e lhe são revoltantes...

TUDO É SEMPRE SOBRE O SUJEITO!

E tudo isso é legítimo...

Na psicanálise, quando um paciente conscientemente mente para o terapeuta, isso é visto como uma forma de resistência.

A resistência é sempre um mecanismo de defesa que o paciente usa, inconscientemente, para evitar lidar com sentimentos ou memórias dolorosas.

Mentir é uma maneira de proteger-se de precisar confrontar essas questões.

O terapeuta, ao perceber a mentira, pode explorar o motivo por trás dela. Isso pode revelar muito sobre os conflitos internos do paciente e ajudar a entender melhor suas defesas e ansiedades.

Não percebendo, ainda assim, atua na direção de estruturar uma relação de confiança entre paciente e terapeuta que é fundamental!

Trabalha para criar um ambiente seguro onde o paciente se sinta à vontade para ser honesto.

E nosso a verdade vem a tona...

Se não a verdade clara... a verdade possível.

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