Como satisfação com pequenas coisas pode trazer bem-estar profundo.
Procure alegria nas pequenas coisas.
Este conselho popular existe há muito tempo.
Mas existe realmente algum benefício nesta prática?
Segundo a ciência, há, sim, algum benefício em saborear momentos fugazes de alegria – também conhecidos como “microalegrias”.
Seja saboreando uma xícara de café, realizando um ato de gentileza ou assistindo a um vídeo engraçado, encontrar alegria nas pequenas coisas além de trazer benefícios temporários, pode também, segundo pesquisas, ser um investimento no bem-estar a longo prazo.
No nível fisiológico, ter microalegrias pode melhorar nosso tônus vagal. Isto é importante, pois o nervo vago é responsável pelo sistema de piloto automático do nosso corpo, que regula processos sobre os quais não temos que pensar – como a frequência cardíaca, a digestão e a respiração. O nervo vago também está ligado a transtornos de humor e ansiedade e à regulação do estresse, portanto, quanto mais estimulado, melhor.
A nível social, emoções positivas podem melhorar os relacionamentos e potencialmente levar à ressonância de positividade – uma conexão momentânea entre pessoas que melhora a saúde, aumenta a esperança de vida e a percepção de significado na vida.
Experimentar emoções positivas não só aumenta a felicidade momentânea, mas também nos ajuda a desenvolver qualidades como otimismo e resiliência, que podem ajudar a proteger contra sofrimento e problemas de saúde mental no futuro.
Mas quantas microalegrias precisamos experimentar diariamente para ter esses tipos de benefícios?
Alguns estudos sugerem um número mágico: a proporção de cinco emoções positivas para uma emoção negativa para se alcançar um bem-estar ideal.
Portanto, para cada emoção negativa que você experimenta em um dia (como tristeza, raiva e frustração), você precisaria ter cinco emoções positivas (como alegria, esperança ou otimismo) para equilibrar as coisas e viver uma vida boa.
No entanto, nem todos os especialistas concordam com esta proporção – com alguns criticando o algoritmo utilizado para desenvolvê-la.
No entanto, a maioria das pesquisas parece concordar que quanto mais emoções positivas você sentir por dia, melhor.
Assim, abraçar as microalegrias pode, de fato, servir como uma estratégia fundamental para melhorar o bem-estar geral.
Mesmo o envolvimento em apenas algumas microalegrias diárias pode não só contribuir para a felicidade momentânea, como também ajudar a desenvolver a nossa autorregulação. Esta é a nossa capacidade de administrar impulsos para atingir um objetivo ou estabelecer um hábito.
Uma melhor autorregulação tem um efeito cascata em vários aspectos das nossas vidas – como a prevenção de vícios ou de comportamentos autodestrutivos (incluindo a procrastinação, a culpa e o perfeccionismo).
Reservar tempo para realizar até mesmo pequenas tarefas pessoais, como fazer listas, acompanhar orçamentos diários e até mesmo trabalhar sua postura todos os dias, pode ajudar a fortalecer sua autorregulação e evitar falhas.
Encontrando microalegrias
Se você deseja testar se praticar microalegrias irá beneficiá-lo, há algumas coisas importantes que você deve saber.
Primeiro, a pesquisa sugere que a genética de algumas pessoas pode torná-las mais propensas a se beneficiarem de microalegrias do que outras. Estudos mostram que as pessoas que são altamente sensíveis ao seu ambiente podem se beneficiar desproporcionalmente do envolvimento em atividades positivas, como microalegrias.
Portanto, se você é alguém que tende a ter plena consciência das sutilezas ao seu redor ou acha que fica profundamente emocionado ao se envolver com arte ou música, você pode descobrir que as microalegrias são altamente eficazes para o seu bem-estar.
Outro aspecto fundamental das microalegrias é o fato de que elas se concentram no cultivo de momentos de pura alegria – não de felicidade. Isto é importante, pois estudos descobriram que a busca pela felicidade pode ser contraproducente, levando potencialmente à diminuição do bem-estar e ao aumento da solidão.
Embora a felicidade seja um estado que as pessoas pretendem alcançar, a alegria abrange os processos que podem resultar em felicidade.
Celebrar momentos fugazes de alegria pode ser muito bom para nós porque esses momentos ajudam a focar em priorizar a positividade – em vez de focar se estamos felizes ou não.
Aqui estão algumas maneiras de praticar a procura por alegria nas pequenas coisas:
1. Mude sua rotina. Tente adicionar um rompante de alegria de 10 minutos à sua rotina normal de manhã, tarde ou noite, que possa lhe proporcionar um momento de prazer pelo qual ansiar. Por exemplo, saborear uma xícara de chá ou café.
2. Esteja atento aos momentos de humor. O humor pode ser uma ótima maneira de encontrar alegria todos os dias. Mas se você acha difícil ver alegria no seu dia, tente imaginar como seu comediante favorito interpretaria de forma engraçada os acontecimentos do seu dia.
3. Seja espontâneo. Desafie sua rotina introduzindo espontaneidade em seu dia – mesmo que você seja um planejador meticuloso. Abrace o inesperado – mesmo que seja apenas para uma pausa rejuvenescedora de cinco minutos, para, por exemplo, ligar para um amigo com quem você não fala há algum tempo.
4. Busque momentos de conexão e risadas compartilhadas com estranhos, vizinhos ou conhecidos. Fortalecer esses laços sociais pode acrescentar alegria ao seu dia.
5. Faça uma pausa e aprecie. Fazer pausas regulares para saborear o simples ato de estar vivo ao longo do dia pode trazer um renovado sentimento de atenção plena e gratidão que resulta em alegria. Por exemplo, ouça o canto dos pássaros ou permita-se rir alto quando alguém disser algo engraçado.
Se engajar em pequenos momentos de alegria tem o potencial de elevar o bem-estar tanto a curto como a longo prazo para muitos – embora para alguns o impacto destas atividades seja mais sutil do que para outros.
*Jolanta Burke é professora do Centro de Ciências Positivas da Saúde, Universidade RCSI de Medicina e Ciências da Saúde, na Irlanda.
*Este artigo foi publicado originalmente no The Conversation e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons.
*Este artigo foi publicado originalmente no The Conversation e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons.
Nenhum comentário:
Postar um comentário