"Na sua percepção, o quão é válido dizer que o tímido é um egoísta?"
Por pura tecnicidade... de um ponto de vista "psicanalítico" NÃO é válido!
Egoísmo é uma implicação dos impulsos, de acordo com a teoria psicanalítica de Sigmund Freud, o egoísmo pode ser visto como uma manifestação dos impulsos do Id. O Id é a parte mais primitiva da nossa personalidade, responsável pelos desejos e impulsos básicos, como fome, sede e prazer sexual. Ele opera com base no princípio do prazer, buscando a gratificação imediata desses desejos, sem considerar as consequências ou as normas sociais.
E a timidez?
A timidez pode estar relacionada ao Superego. O Superego é a parte da nossa mente que internaliza as normas sociais, morais e culturais, e atua como um regulador do comportamento. Ou seja: A Timidez é a INTERDIÇÃO DO IMPULSO! Timidez é a reação ao olhar externo! Timidez é regida pelo filtro do Superego!
Então, o Superego sim, é responsável por sentimentos de culpa, vergonha e ansiedade quando agimos contra essas normas.
Pessoas tímidas muitas vezes têm um Superego muito rígido, que pode gerar uma autocensura intensa e um medo de julgamento ou reprovação social. Isso em geral pode levar à inibição e à dificuldade de se expressar em situações sociais, características comuns da timidez.
1. Será que podemos dizer que a maioria das pessoas prefere mais assuntos corriqueiros, de temas aleatórios, como quando éramos crianças e falávamos de coisas sem compromisso algum? Isto é, quando o tema é um pouco mais sério, mais chato, mais crítico isso gera desinteresse?
Aqui devemos entrar em uma seara ANTROPOLÓGICA junto com a psicológica!
Sim, podemos dizer que muitas pessoas preferem discutir assuntos corriqueiros e temas aleatórios quando em grupos.
Essas conversas genéricas servem como ferramentas sociais importantes. Eles ajudam como "quebrar o gelo", manter relações e dar conforto ao grupo.
Assuntos leves e conversas sobre temas "comuns" podem criar um senso de camaradagem e conexão entre as pessoas. Tópicos neutros são menos propensos a causar desacordos ou discussões acaloradas.
MAS A SUBJETIVIDADE IMPERA! Tem pessoas que não se sentem à vontade exatamente com a "conversa-fiada". Para essas pessoas é imprescindível desenvolver habilidades sociais e desenvolver ferramentas sociais para lidar com as outras pessoas. Isso envolve aprimorar "habilidades de comunicação", "empatia" e "inteligência emocional".
Esses assuntos, dito DESINTERESSANTE trazem uma carga pessoal (e de posicionamento) que pode ser complicado de justificar (exatamente por ser pessoal) ou trata de coisas que as pessoas não quere precisar lidar. Por isso são evitados!
2. Será que no fim das contas minha timidez tinha a ver com eu achar literalmente medíocre esse papear descompromissado e viver frustrado por não ter parceiros semelhantes, o que me fazia ser mais "amargo" ou até soberbo?
NÃO! Provavelmente você acha esse "papear descompromissado" literalmente medíocre porque foi construindo uma identidade onde esse papear serve como uma "representação daquilo a qual você precisa ser antagônico!" Serve a uma função na sua estrutura emocional.
Talvez, como constituição da sua identidade! Explico: Talvez, como "ideal do Ego", você tenha estruturado um modo de ser... um perfil "x". E esse perfil imaginado não combina ou sua Idea de "papinho"!
Exatamente porque o "Papinho" é identificado como uma forma de ser que deve ser dissonante do seu interesse.
MAS ANTES de proceguir com uma "análise selvagem" PODEMOS FALAR SOBRE INTROVERSÃO E EXTROVERÇÃO e Carl Gustav Jung. Para Carl Jung, um introvertido é alguém cuja energia psíquica está direcionada para o mundo interior. Jung descreveu a introversão como uma tendência a se concentrar predominantemente na própria vida mental, em vez de buscar estímulos no ambiente externo. Baseado nos Estudos de Jung foram sendo construídas várias pesquisas endossando as distinções de personalidades de Jung.
Pessoas tímidas encaixam, em geral, no perfil INTROVERTIDO e muitas vezes evitam interações sociais por medo de julgamento ou rejeição.
Foram "educados" a pensar que sua espontaneidade e particularidades... suas idiossincrasias, são desinteressantes ou até desagradáveis... Isso pode levar a um ciclo de isolamento, onde a falta de prática social reforça a timidez.
Pessoas “Nerds” (como eu mesmo, por exemplo) frequentemente têm interesses profundos em áreas específicas, como tecnologia, ciência ou jogos e desenvolvem seu foco nesses assuntos e outros interesses solitários, limitando as oportunidades de interação social como forma de evitar desagradar a "figura relevante de afeto".
O que os deixam cada vez mais distante das pessoas de seu circulo pessoal.
Possivelmente o ambiente em que a pessoa cresceu pode ter um grande impacto e é corresponsável pela condição do distanciamento social.
LEMBRE... NÃO É UMA RELAÇÃO DE CULPA E DE PROPÓSITO!
Pais ou cuidadores que não incentivam a socialização ou que são eles mesmos tímidos podem influenciar o comportamento da criança INVOLUNTÁRIAMENTE!
E é uma reação em cadeia!
Infelizmente, pessoas com interesses “nerds”, por exemplo, podem ser alvo de bullying, o que pode aumentar a timidez e o comportamento antissocial como mecanismos de defesa.
Como falei, algumas pessoas são naturalmente mais introvertidas, preferindo atividades solitárias e interações sociais limitadas. Isso não é certo nem errado...
É o seu NATURAL.
É importante diferenciar entre timidez, introversão e comportamento antissocial.
A timidez é o desconforto em situações sociais! Apenas isso.
Introversão é uma preferência por ambientes tranquilos e interações mais profundas e significativas. Além de um fácil esgotamento em atividades tipicamente extrovertidas!
O comportamento antissocial, por outro lado, envolve a indiferença ou desrespeito pelas normas sociais e pelos sentimentos dos outros. Então é UM ANTAGONISMO as normas e as pessoas.
Uma pessoa pode ser tímida mas não ser introvertido... e o contrário também!
A psicologia, a terapia e a psicanálise pode ajudar a desenvolver habilidades sociais e a lidar com a timidez de maneira saudável. Trabalhar seu desenvolvimento de maturidade emocional e as ferramentas sociais para você não fantasiar que seu "eu social" sempre deve ser igual ao seu Eu ideal!
3. Será que o segredo, para fazer amizades, ou a flertar é justamente conduzir estas conversas carregadas desses ditos temas desinteressantes a meu ver? Será que isso é uma forma de empatia, ao invés de egoísmo?
NÃO!!! Mas... Mais ou menos... Infelizmente não é tão simples.
Seguindo ainda com Jung: Ele acreditava que todos os seres humanos possuem tanto características introvertidas quanto extrovertidas, mas uma dessas atitudes geralmente assume posição de predominância. Ele enfatizava a importância das pessoas buscarem equilibrar essas duas tendências para alcançar uma personalidade plena e saudável.
NÃO É SIMULANDO INTERESSE que se faz amizades ou se flerta com eficiência. Mas desenvolvendo uma autêntica empatia e equilíbrio entre os aspectos introvertidos e extrovertidos da sua vida!
A SOLUÇÃO é a capacidade de desenvolver eficientes ferramentas emocionais, entre elas a EMPATIA, que abre as portas para essas relações saudáveis, duradouras e humanas.
A empatia é uma habilidade crucial para construir relacionamentos, sejam eles de amizade ou românticos.
Empatia envolve a capacidade de ENTENDER as emoções dos outros e COMPARTILHAR as próprias emoções com EFICIÊNCIA, o que pode incluir mostrar interesse nos tópicos que são importantes para os outros, mesmo que você pessoalmente não os ache tão interessantes. Percebe a diferença?
É como dizer: "Tchê, eu não me interesso em futebol, mas se isso te interessa estou disposto a dar ouvidos!"
Mostrar interesse genuíno nas conversas dos outros pode ajudar a criar uma conexão emocional. Isso não significa que você precisa fingir gostar de algo, mas sim estar aberto a ouvir e entender por que aquilo é importante para a outra pessoa, e nisso demonstrar interesse NA PESSOA.
Relacionamentos saudáveis geralmente envolvem uma troca equilibrada. Se você se esforça para se interessar pelos interesses dos outros, é mais provável que eles façam o mesmo por você.
Conversar sobre temas que a outra pessoa gosta pode ser uma forma de construir pontes e encontrar interesses comuns. Às vezes, isso pode levar a descobrir novos interesses que você não sabia que tinha.
Demonstrar empatia ao se engajar em conversas sobre temas que não são seus favoritos é uma forma de mostrar respeito e consideração pelos sentimentos e interesses dos outros.
Se você está tentando fazer novas amizades ou flertar, focar na empatia e na conexão emocional pode ser muito eficaz. Isso não significa que você deve ignorar seus próprios interesses, mas sim encontrar um equilíbrio onde ambos possam compartilhar e aprender um com o outro.
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