Escuta ativa

Escuta ativa: características, exercícios e exemplos

Psicologia cognitiva

Escrito por Marissa Glover 26 maio 2020


Você já se perguntou o quão bom você é escutando as outras pessoas? Saber ouvir realmente é uma habilidade que é desenvolvida com o tempo e prática, pois, embora pareça que todos ouvimos os outros, nem todos o fazem da maneira adequada. As pessoas que são muito empáticas com as outras e as que costumam ser consideradas também bem-sucedidas no local de trabalho e social, tendem a ter essa habilidade bem desenvolvida.


O que é a escuta ativa?, como podemos saber se escutamos ou não adequadamente os outros?, como podemos desenvolver a escuta ativa?, quais são os benefícios que escutar de maneira ativa as outras pessoas traz para nós? Neste artigo de Psicologia-Online, falaremos da escuta ativa: características, exercícios e exemplos. Além disso, explicaremos com detalhe tudo o que você precisa saber sobre este assunto.


Quando falamos de escuta ativa, estamos nos referindo a uma maneira de comunicar onde a intenção de deixar a pessoa saber que está nos comunicando algo que realmente está sendo atendido e compreendido. Quando escutamos alguém de maneira ativa, fazemos conscientemente, ou seja, fazemos um esforço para concentrar toda nossa atenção no que a outra pessoa está nos comunicando e não apenas isso, mas também prestamos atenção suficiente para conhecer realmente como se sente.


É necessário mencionar que não se trata de fingir que você está prestando toda a atenção à outra pessoa, mas dedicar toda sua atenção e o fazer saber que aquilo que nos está dizendo é realmente importante.


Características da escuta ativa

Para que possamos considerar que realmente estamos escutando ativamente, quando escutamos devemos cumprir algumas de suas seguintes características:


Não fazer interrupções à pessoa que está nos comunicando algo.

Concentrar toda nossa atenção no que estão nos dizendo.

Prestar atenção não apenas no que nos dizem, mas também nos gestos e nas palavras.

Mostrar uma boa disposição em escutar os outros.

Retificar o que a outra pessoa nos disse para ter certeza de que você o compreendeu de maneira adequada.

Não fazer hipóteses ou suposições sobre o que a outra pessoa vai nos dizer.

Não se distrair e ficar pensando em outra coisa quando o outro estiver falando conosco.

Demonstrar à outra pessoa que realmente está prestando atenção.

Olhar no rosto da pessoa que está falando e prestar atenção nas suas expressões faciais.

Escuta ativa: características, exercícios e exemplos - O que é a escuta ativa segundo a Psicologia


Escuta ativa: exercícios e exemplos

Normalmente, não estamos acostumados a escutar ativamente os outros e pensamos que apenas pelo fato de estar presente quando alguém está nos comunicando algo e quando ouvimos o que estão nos dizendo, estamos ouvindo-o(a) como deveriam e esse não é o caso.


6 Exercícios de escuta ativa

Alguns exercícios que podemos realizar para desenvolver nossa capacidade de escuta são os seguintes:


1. Não julgue

Cada vez que alguém estiver dizendo algo, ouça-o com atenção e evite julgá-lo. Lembre-se de que essa pessoa está falando sobre o que sente ou da maneira como percebe as coisas e isso não tem necessariamente a ver com a maneira como você faz.


Exemplo: Um amigo(a) está lhe contando sobre seu medo de se aproximar da pessoa que ele gosta, pois é muito difícil estabelecer conversa com essa pessoa e começar a conhecê-la. Portanto, neste caso, a última coisa que você deve fazer é começar a julgá-lo e pensar ou dizer coisas como “que tolo você é”, “como você pode ter medo de falar com alguém?”, etc. é melhor tentar entrar em seu mundo e compreendê-lo, pois todos somos diferentes e o que para alguns é muito fácil, para outros pode ser o contrário.

2. Evite dar conselhos

Na grande maioria dos casos, quando uma pessoa está nos contanto algo que aconteceu com ela, o faz apenas para desabafar e porque gosta de sentir que alguém está lá para ouvi-la. Portanto, se a pessoa não pedir, evite dar conselhos, que certamente estarão baseados nas suas experiências e não na da outra pessoa.


Exemplo: Quando um amigo(a) está nos contando como está triste por ter terminado seu relacionamento e começa a chorar e desabafar, muitas vezes tendemos a começar a dar conselhos ou a dizer coisas para tentar “diminuir sua dor” quando essa pessoa só quer ser escutada.

3. Não interrompa o outro

Você nunca deve interromper a outra pessoa quando ela está falando, a menos que seja absolutamente necessário, pois, por exemplo, o que você dirá é algo extremamente importante ou você precisará pedir que ele repita algo sobre o que está falando porque você não entendeu bem, etc.


Exemplo: Quando alguém está nos contando algo e de repente o interrompemos para contar algo que aconteceu conosco, semelhante ao que ele está dizendo. O melhor é que esperemos a pessoa terminar de falar e depois podemos compartilhar também nossa experiência com ele(ela).

4. Preste atenção aos detalhes e faça-o saber

Quando você fala com seu interlocutor, tente mencionar algum detalhe que ele comentou da última vez que conversaram ou em ocasiões anteriores, isso fará com que ele tenha mais confiança em você, se sentirá mais ouvido e valorizado e fará com que se atreva a se abrir mais com você.


Exemplo: Quando alguém está contando algo que aconteceu com ele e, nesse momento, você faz um pequeno comentário lembrando de uma situação que aconteceu com você no passado e que tem a ver com o que está acontecendo com ele no presente.

5. Parafraseia

Quando estiver conversando com a outra pessoa, você pode repetir partes das últimas frases que disse com a finalidade de esclarecer o que está escutando para se assegurar de que está o compreendendo bem.


Exemplo: Seu vizinho está lhe contando o quão ruim era quando era uma criança, pois sofria maus-tratos físico e psicológico por parte do seu pai, portanto, você pode parafrasear coisas como: então seu pai maltratava você quando era você, etc.


6. Reflita sobre os sentimentos da outra pessoa

Além de parafrasear coisas que seu interlocutor está dizendo, você também pode mencionar alguns aspectos que pode interpretar sobre como ele se sentia na situação na qual estava.


Exemplo: Seu colega de trabalho está contando o mal que passou quando sua avó estava doente. Portanto, você pode dizer coisas como: “eu imagino que você deve ter se sentido muito triste e impotente”, “como é triste quando os avós ficam doentes”, etc.

Escuta ativa: características, exercícios e exemplos - Escuta ativa: exercícios e exemplos


Benefícios da escuta ativa

Existem muitos benefícios que saber escutar ativamente as outras pessoas traz, no entanto, entre as mais importantes, encontram-se as seguintes:


Ajuda a pessoa a resolver os conflitos interpessoais com mais facilidade.

Aumenta a autoestima da pessoa que fala, fazendo com que sintam importantes e valorizadas.

Mal entendidos são evitados.

Aumenta o nível de empatia que você tem pelas outras pessoas.

A pessoa que escuta pode aumentar seu nível de cultura geral e de inteligência, ficando mais facilmente com o que o interlocutor comunica.

As habilidades sociais da pessoa que escuta são mais desenvolvidas.

Uma imagem de inteligência é projetada para os outros ao perceber que toda a atenção da outra pessoa é prestada.

As relações interpessoais melhoram.

Este artigo é meramente informativo, em Psicologia-Online não temos a capacidade de fazer um diagnóstico ou indicar um tratamento. Recomendamos que você consulte um psicólogo para que ele te aconselhe sobre o seu caso em particular.


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Bibliografia

Codina, A. C. J. (2004, 3 septiembre). Saber escuchar. Un intangible valioso. Recuperado em 24 janeiro, 2019, de https://www.redalyc.org/pdf/549/54900303.pdf

Navarro, P. F. N. (2017, 5 octubre). Escucha activa: técnicas prácticas para convertirte en un experto. Recuperado em 24 de janeiro, 2019, de https://habilidadsocial.com/escucha-activa/




Marissa Glover, Psicóloga licenciada em Psicologia pela Universidade Cristóbal Colón (Veracruz, México). Tenho um mestrado em Terapias de Terceira Geração pela Universidade Internacional de Valência e sou especializada em Terapia Cognitivo-Comportamental. Há vários anos que trabalho na criação e divulgação de artigos de interesse psicológico, além de oferecer cuidados psicológicos online.

Como satisfação com pequenas coisas pode trazer bem-estar profundo.

Como satisfação com pequenas coisas pode trazer bem-estar profundo.

Procure alegria nas pequenas coisas. 

Este conselho popular existe há muito tempo. 

Mas existe realmente algum benefício nesta prática?

Segundo a ciência, há, sim, algum benefício em saborear momentos fugazes de alegria – também conhecidos como “microalegrias”.

Seja saboreando uma xícara de café, realizando um ato de gentileza ou assistindo a um vídeo engraçado, encontrar alegria nas pequenas coisas além de trazer benefícios temporários, pode também, segundo pesquisas, ser um investimento no bem-estar a longo prazo.

No nível fisiológico, ter microalegrias pode melhorar nosso tônus ​​vagal. Isto é importante, pois o nervo vago é responsável pelo sistema de piloto automático do nosso corpo, que regula processos sobre os quais não temos que pensar – como a frequência cardíaca, a digestão e a respiração. O nervo vago também está ligado a transtornos de humor e ansiedade e à regulação do estresse, portanto, quanto mais estimulado, melhor.

A nível social, emoções positivas podem melhorar os relacionamentos e potencialmente levar à ressonância de positividade – uma conexão momentânea entre pessoas que melhora a saúde, aumenta a esperança de vida e a percepção de significado na vida.

Experimentar emoções positivas não só aumenta a felicidade momentânea, mas também nos ajuda a desenvolver qualidades como otimismo e resiliência, que podem ajudar a proteger contra sofrimento e problemas de saúde mental no futuro.

Mas quantas microalegrias precisamos experimentar diariamente para ter esses tipos de benefícios?

Alguns estudos sugerem um número mágico: a proporção de cinco emoções positivas para uma emoção negativa para se alcançar um bem-estar ideal.

Portanto, para cada emoção negativa que você experimenta em um dia (como tristeza, raiva e frustração), você precisaria ter cinco emoções positivas (como alegria, esperança ou otimismo) para equilibrar as coisas e viver uma vida boa.

No entanto, nem todos os especialistas concordam com esta proporção – com alguns criticando o algoritmo utilizado para desenvolvê-la.

No entanto, a maioria das pesquisas parece concordar que quanto mais emoções positivas você sentir por dia, melhor.

Assim, abraçar as microalegrias pode, de fato, servir como uma estratégia fundamental para melhorar o bem-estar geral.

Mesmo o envolvimento em apenas algumas microalegrias diárias pode não só contribuir para a felicidade momentânea, como também ajudar a desenvolver a nossa autorregulação. Esta é a nossa capacidade de administrar impulsos para atingir um objetivo ou estabelecer um hábito.

Uma melhor autorregulação tem um efeito cascata em vários aspectos das nossas vidas – como a prevenção de vícios ou de comportamentos autodestrutivos (incluindo a procrastinação, a culpa e o perfeccionismo).

Reservar tempo para realizar até mesmo pequenas tarefas pessoais, como fazer listas, acompanhar orçamentos diários e até mesmo trabalhar sua postura todos os dias, pode ajudar a fortalecer sua autorregulação e evitar falhas.

Encontrando microalegrias

Se você deseja testar se praticar microalegrias irá beneficiá-lo, há algumas coisas importantes que você deve saber.

Primeiro, a pesquisa sugere que a genética de algumas pessoas pode torná-las mais propensas a se beneficiarem de microalegrias do que outras. Estudos mostram que as pessoas que são altamente sensíveis ao seu ambiente podem se beneficiar desproporcionalmente do envolvimento em atividades positivas, como microalegrias.

Portanto, se você é alguém que tende a ter plena consciência das sutilezas ao seu redor ou acha que fica profundamente emocionado ao se envolver com arte ou música, você pode descobrir que as microalegrias são altamente eficazes para o seu bem-estar.

Outro aspecto fundamental das microalegrias é o fato de que elas se concentram no cultivo de momentos de pura alegria – não de felicidade. Isto é importante, pois estudos descobriram que a busca pela felicidade pode ser contraproducente, levando potencialmente à diminuição do bem-estar e ao aumento da solidão.

Embora a felicidade seja um estado que as pessoas pretendem alcançar, a alegria abrange os processos que podem resultar em felicidade.

Celebrar momentos fugazes de alegria pode ser muito bom para nós porque esses momentos ajudam a focar em priorizar a positividade – em vez de focar se estamos felizes ou não.

Aqui estão algumas maneiras de praticar a procura por alegria nas pequenas coisas:

1. Mude sua rotina. Tente adicionar um rompante de alegria de 10 minutos à sua rotina normal de manhã, tarde ou noite, que possa lhe proporcionar um momento de prazer pelo qual ansiar. Por exemplo, saborear uma xícara de chá ou café.

2. Esteja atento aos momentos de humor. O humor pode ser uma ótima maneira de encontrar alegria todos os dias. Mas se você acha difícil ver alegria no seu dia, tente imaginar como seu comediante favorito interpretaria de forma engraçada os acontecimentos do seu dia.

3. Seja espontâneo. Desafie sua rotina introduzindo espontaneidade em seu dia – mesmo que você seja um planejador meticuloso. Abrace o inesperado – mesmo que seja apenas para uma pausa rejuvenescedora de cinco minutos, para, por exemplo, ligar para um amigo com quem você não fala há algum tempo.

4. Busque momentos de conexão e risadas compartilhadas com estranhos, vizinhos ou conhecidos. Fortalecer esses laços sociais pode acrescentar alegria ao seu dia.

5. Faça uma pausa e aprecie. Fazer pausas regulares para saborear o simples ato de estar vivo ao longo do dia pode trazer um renovado sentimento de atenção plena e gratidão que resulta em alegria. Por exemplo, ouça o canto dos pássaros ou permita-se rir alto quando alguém disser algo engraçado.

Se engajar em pequenos momentos de alegria tem o potencial de elevar o bem-estar tanto a curto como a longo prazo para muitos – embora para alguns o impacto destas atividades seja mais sutil do que para outros.






*Jolanta Burke é professora do Centro de Ciências Positivas da Saúde, Universidade RCSI de Medicina e Ciências da Saúde, na Irlanda.

*Este artigo foi publicado originalmente no The Conversation e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons. 



O que é dilema do porco-espinho? A parábola do filósofo Schopenhauer sobre complexidade das relações humanas

O que é dilema do porco-espinho?

A parábola do filósofo Schopenhauer sobre complexidade das relações humanas

Postado na BBC Brasil no dia 18 agosto 2024

"Talvez haja algo de errado comigo", disse uma paciente à psicóloga americana Deborah Luepnitz.


"Quando não há um homem em minha vida, eu me sinto vazia e indigna de ser amada, não aprecio quase nada. Quando me aproximo de um homem, me sinto asfixiada."




Luepnitz relata esta experiência no livro Os Porcos-Espinhos de Schopenhauer (Ed. José Olympio, 2006). Ela teve a ideia de contar à paciente a parábola que inspirou o nome de seu livro – o dilema do porco-espinho.


Ela e outros pacientes que recorreram à psicóloga com problemas similares acharam a parábola "reconfortante". O que é curioso, já que o autor do dilema, estava longe de ter sua obra vista como "reconfortante".


Pensador jovem e radical na  Alemanha do início do século 19, ele atacava as ideias dominantes, criticando o eminente filósofo Georg Hegel (1770-1831) como sendo um charlatão pomposo e reagindo ao seu idealismo absoluto.


A ideia central de Schopenhauer era que tudo no mundo é impulsionado pela vontade ou, em termos gerais, pelo desejo incessante de viver.


Mas ele não considerava isso como algo positivo. Ele não se referia à vontade como algo que podemos controlar, mas como algo que nos escraviza — uma exigência infinita que nunca é satisfeita.


Schopenhauer defendia que, com isso, ficamos oscilando inutilmente entre o sofrimento e o tédio. Para ele, a única escapatória para a tirania da vontade se encontra na arte, particularmente na música.


O dilema

O dilema do porco-espinho surgiu em 1851, na coleção de ensaios filosóficos curtos de Schopenhauer, intitulada Parerga e Paralipomena (Ed. Zouk, 2016) — em grego, "apêndices e omissões".


Esta foi sua última obra e a primeira a trazer o reconhecimento filosófico que ele aguardava por tanto tempo.


Schopenhauer destacou, satisfeito, que aquele livro foi "incomparavelmente mais popular" do que toda a sua obra anterior.


Seus outros livros tiveram, até então, pouca repercussão. Não havia nada que previsse o impacto que ele teria no futuro sobre a filosofia ocidental, influenciando obras de artistas e escritores como Richard Wagner, Marcel Proust, Albert Camus e Sigmund Freud.


A parábola diz o seguinte:


"Em um dia gelado de inverno, diversos porcos-espinhos se amontoaram muito próximos para evitar que congelassem, graças ao calor mútuo. Eles logo sentiram a dor causada pelos espinhos dos demais, o que fez com que eles se separassem novamente. Mas a necessidade de calor voltou a uni-los e o recuo dos porcos-espinhos se repetiu, de forma que eles ficaram presos entre dois males, até descobrirem a distância adequada na qual poderiam se tolerar melhor, uns aos outros."


Parece um conto infantil, mas ele resume a complexa natureza das relações humanas. E, como costuma ocorrer com Schopenhauer, seu final não é muito feliz.


Ele conta que a vulnerabilidade é necessária para que as relações sejam mais transcendentes e satisfatórias, mas ela aumenta o risco de uma dor mais profunda.


E mostra como vivemos presos entre dois males: o isolamento e o risco de nos ferirmos mutuamente.


"A necessidade de sociedade, que surge do vazio e da monotonia da vida das pessoas, as une; mas suas muitas qualidades desagradáveis e repulsivas, além de seus inconvenientes insuportáveis, mais uma vez as afastam", prossegue Schopenhauer.


"A distância média que eles finalmente descobrem e lhes permite suportar ficar juntos são a cortesia e os bons modos. Em virtude disso, o fato é que a necessidade de calor mútuo só será satisfeita de forma imperfeita, mas, por outro lado, eles não sentirão a espetada dos espinhos."


Segundo o autor, portanto, estaríamos condenados a nunca satisfazer totalmente o desejo de termos relações sociais positivas, que é uma das necessidades humanas mais básicas e universais.


A distância prudente

Apesar do pessimismo, a genialidade da parábola reverbera com as pessoas que estudam os desafios da intimidade.


O pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), popularizou a parábola em 1921, no seu livro Psicologia das Massas e Análise do Eu (Ed. Cia. das Letras, 2011).


Ele discute a "ambivalência dos sentimentos", inerente aos relacionamentos de longo prazo.


Para Freud, o afeto puro não existe. No amor, existe ódio; e, no ódio, existe amor.


Como Freud, outros pesquisadores das relações interpessoais estudaram a parábola. Ela serviu de ponto de partida para vários estudos.


Um deles se chama Does Social Exclusion Motivate Interpersonal Reconnection? Resolving the 'Porcupine Problem' ("A exclusão social motiva a reconexão interpessoal? Resolvendo o 'problema dos porcos-espinhos'", em tradução livre).


Nele, seus autores, Jon Maner, Nathan DeWall, Roy Baumeister e Mark Schaller, examinam como as pessoas reagem ao ostracismo.


Em outros casos, a parábola do porco-espinho serviu de ferramenta para confortar pacientes atormentados por sentimentos contraditórios nas relações íntimas, como no caso que conta a psicóloga Deborah Luepnitz.


Para ela, muitos de nós experimentamos "a solidão como um fracasso pessoal, não como uma condição essencialmente humana".


"A parábola normaliza um problema que muitos de nós consideramos um defeito específico de caráter", escreveu ela.


A parábola do porco-espinho também serviu para ilustrar a importância dos limites, tanto físicos quanto emocionais, além de outros aspectos das relações interpessoais.


Ela também figura na cultura popular, especialmente na aclamada série de anime Neon Genesis Evangelion (1995), elogiada por explorar uma série de questões filosóficas e psicológicas.


O personagem principal da série, Shinji Ikari, é um jovem abandonado pelo pai. Ele luta contra depressão e ansiedade.


O dilema do porco-espinho é apresentado no terceiro episódio da série e desenvolvido no episódio seguinte — que se chama "Dilema do porco-espinho". Ele explica a tendência de Shinji de se afastar das pessoas para evitar o risco de se machucar.

"Com o tempo, ele irá resolver", explica Misato Katsuragi, outra personagem principal. "Parte de crescer consiste em tentar várias vezes e, por tentativa e erro, encontrar a distância adequada para evitar que se machuque."


Outra menção conhecida apareceu na série This Emotional Life ("Esta vida emocional", em tradução livre). Produzida pela TV pública americana PBS, ela trata da natureza da felicidade, dos relacionamentos e da condição humana, na visão de Elizabeth Gilbert, autora do livro Comer, Rezar, Amar (Ed. Objetiva, 2008).


"Os porcos-espinhos que haviam aprendido a gerar seu próprio calor eram capazes de manter a distância mais segura dos demais, o que não significava necessariamente viver uma vida de isolamento, mas simplesmente não ser espetado pelos outros", explicou Gilbert.


"O caminho para isso é o segredo mais próximo da felicidade que aprendi na vida."



O próprio Schopenhauer havia avançado um pouco mais em relação à autogeração de calor. Seu texto sobre os porcos-espinhos terminava dizendo:


"Quem tem muito calor interno irá preferir se manter afastado da sociedade, para evitar dar ou receber problemas ou aborrecimentos."


O filósofo acreditava que tudo o que procurávamos nos demais poderia ser encontrado em uma solidão refinada pelo desenvolvimento do nosso intelecto e pelo aprofundamento da nossa apreciação da arte.


Para ele, se podemos mergulhar em um bom livro ou nos elevar ouvindo uma grande obra musical, por que interagir com seres humanos?


"Como regra geral, é possível dizer que a sociabilidade de um homem é quase inversamente proporcional ao seu valor intelectual", declarou ele, em outro ensaio.


E, para os muito pouco sociáveis, ele considerava a solidão como "duplamente vantajosa".


"Em primeiro lugar, ela permite que você esteja consigo mesmo e o impede, em segundo lugar, de estar com os demais — uma vantagem muito importante, considerando a quantidade de restrições, aborrecimentos até perigos existentes em qualquer relação com o mundo."


Schopenhauer conhecia esta questão por experiência própria. Ele mesmo preferia não se arriscar a se espetar com os espinhos dos demais. Por isso, viveu virtualmente isolado.


Depois de uma longa carreira filosófica, Schopenhauer morreu no seu apartamento em Frankfurt, na Alemanha, em 1860. Ele tinha 72 anos.


Nos últimos anos de vida, o filósofo recebeu a aclamação que sempre procurou, mas nunca teve sucesso no amor — pelo menos, entre os seres humanos, já que ele contava com o afeto dos cães que sempre o acompanhavam, menos dispostos a mostrar os seus espinhos.




CONVERSAS ANÔNIMAS! "O tímido é um egoísta?""


"Na sua percepção, o quão é válido dizer que o tímido é um egoísta?"
Por pura tecnicidade... de um ponto de vista "psicanalítico" NÃO é válido!

Egoísmo é uma implicação dos impulsos, de acordo com a teoria psicanalítica de Sigmund Freud, o egoísmo pode ser visto como uma manifestação dos impulsos do Id. O Id é a parte mais primitiva da nossa personalidade, responsável pelos desejos e impulsos básicos, como fome, sede e prazer sexual. Ele opera com base no princípio do prazer, buscando a gratificação imediata desses desejos, sem considerar as consequências ou as normas sociais.

E a timidez?

A timidez pode estar relacionada ao Superego. O Superego é a parte da nossa mente que internaliza as normas sociais, morais e culturais, e atua como um regulador do comportamento. Ou seja: A Timidez é a INTERDIÇÃO DO IMPULSO! Timidez é a reação ao olhar externo! Timidez é regida pelo filtro do Superego!

Então, o Superego sim, é responsável por sentimentos de culpa, vergonha e ansiedade quando agimos contra essas normas.

Pessoas tímidas muitas vezes têm um Superego muito rígido, que pode gerar uma autocensura intensa e um medo de julgamento ou reprovação social. Isso em geral pode levar à inibição e à dificuldade de se expressar em situações sociais, características comuns da timidez.


1. Será que podemos dizer que a maioria das pessoas prefere mais assuntos corriqueiros, de temas aleatórios, como quando éramos crianças e falávamos de coisas sem compromisso algum? Isto é, quando o tema é um pouco mais sério, mais chato, mais crítico isso gera desinteresse?

Aqui devemos entrar em uma seara ANTROPOLÓGICA junto com a psicológica!
Sim, podemos dizer que muitas pessoas preferem discutir assuntos corriqueiros e temas aleatórios quando em grupos. Essas conversas genéricas servem como ferramentas sociais importantes. Eles ajudam como "quebrar o gelo", manter relações e dar conforto ao grupo. Assuntos leves e conversas sobre temas "comuns" podem criar um senso de camaradagem e conexão entre as pessoas. Tópicos neutros são menos propensos a causar desacordos ou discussões acaloradas.

MAS A SUBJETIVIDADE IMPERA! Tem pessoas que não se sentem à vontade exatamente com a "conversa-fiada". Para essas pessoas é imprescindível desenvolver habilidades sociais e desenvolver ferramentas sociais para lidar com as outras pessoas. Isso envolve aprimorar "habilidades de comunicação", "empatia" e "inteligência emocional".

Esses assuntos, dito DESINTERESSANTE trazem uma carga pessoal (e de posicionamento) que pode ser complicado de justificar (exatamente por ser pessoal) ou trata de coisas que as pessoas não quere precisar lidar. Por isso são evitados!

2. Será que no fim das contas minha timidez tinha a ver com eu achar literalmente medíocre esse papear descompromissado e viver frustrado por não ter parceiros semelhantes, o que me fazia ser mais "amargo" ou até soberbo?

NÃO! Provavelmente você acha esse "papear descompromissado" literalmente medíocre porque foi construindo uma identidade onde esse papear serve como uma "representação daquilo a qual você precisa ser antagônico!" Serve a uma função na sua estrutura emocional.

Talvez, como constituição da sua identidade! Explico: Talvez, como "ideal do Ego", você tenha estruturado um modo de ser... um perfil "x". E esse perfil imaginado não combina ou sua Idea de "papinho"!

Exatamente porque o "Papinho" é identificado como uma forma de ser que deve ser dissonante do seu interesse.

MAS ANTES de proceguir com uma "análise selvagem" PODEMOS FALAR SOBRE INTROVERSÃO E EXTROVERÇÃO e Carl Gustav Jung. Para Carl Jung, um introvertido é alguém cuja energia psíquica está direcionada para o mundo interior. Jung descreveu a introversão como uma tendência a se concentrar predominantemente na própria vida mental, em vez de buscar estímulos no ambiente externo. Baseado nos Estudos de Jung foram sendo construídas várias pesquisas endossando as distinções de personalidades de Jung.

Pessoas tímidas encaixam, em geral, no perfil INTROVERTIDO e muitas vezes evitam interações sociais por medo de julgamento ou rejeição.

Foram "educados" a pensar que sua espontaneidade e particularidades... suas idiossincrasias, são desinteressantes ou até desagradáveis... Isso pode levar a um ciclo de isolamento, onde a falta de prática social reforça a timidez.

Pessoas “Nerds” (como eu mesmo, por exemplo) frequentemente têm interesses profundos em áreas específicas, como tecnologia, ciência ou jogos e desenvolvem seu foco nesses assuntos e outros interesses solitários, limitando as oportunidades de interação social como forma de evitar desagradar a "figura relevante de afeto".

O que os deixam cada vez mais distante das pessoas de seu circulo pessoal.

Possivelmente o ambiente em que a pessoa cresceu pode ter um grande impacto e é corresponsável pela condição do distanciamento social.

LEMBRE... NÃO É UMA RELAÇÃO DE CULPA E DE PROPÓSITO!

Pais ou cuidadores que não incentivam a socialização ou que são eles mesmos tímidos podem influenciar o comportamento da criança INVOLUNTÁRIAMENTE!

E é uma reação em cadeia!

Infelizmente, pessoas com interesses “nerds”, por exemplo, podem ser alvo de bullying, o que pode aumentar a timidez e o comportamento antissocial como mecanismos de defesa.

Como falei, algumas pessoas são naturalmente mais introvertidas, preferindo atividades solitárias e interações sociais limitadas. Isso não é certo nem errado...

É o seu NATURAL.

É importante diferenciar entre timidez, introversão e comportamento antissocial.


A timidez é o desconforto em situações sociais! Apenas isso.

Introversão é uma preferência por ambientes tranquilos e interações mais profundas e significativas. Além de um fácil esgotamento em atividades tipicamente extrovertidas!

O comportamento antissocial, por outro lado, envolve a indiferença ou desrespeito pelas normas sociais e pelos sentimentos dos outros. Então é UM ANTAGONISMO as normas e as pessoas.

Uma pessoa pode ser tímida mas não ser introvertido... e o contrário também!

A psicologia, a terapia e a psicanálise pode ajudar a desenvolver habilidades sociais e a lidar com a timidez de maneira saudável. Trabalhar seu desenvolvimento de maturidade emocional e as ferramentas sociais para você não fantasiar que seu "eu social" sempre deve ser igual ao seu Eu ideal!

3. Será que o segredo, para fazer amizades, ou a flertar é justamente conduzir estas conversas carregadas desses ditos temas desinteressantes a meu ver? Será que isso é uma forma de empatia, ao invés de egoísmo? 

NÃO!!! Mas... Mais ou menos... Infelizmente não é tão simples.

Seguindo ainda com Jung: 
Ele acreditava que todos os seres humanos possuem tanto características introvertidas quanto extrovertidas, mas uma dessas atitudes geralmente assume posição de predominância. Ele enfatizava a importância das pessoas buscarem equilibrar essas duas tendências para alcançar uma personalidade plena e saudável.


NÃO É SIMULANDO INTERESSE que se faz amizades ou se flerta com eficiência. Mas desenvolvendo uma autêntica empatia e equilíbrio entre os aspectos introvertidos e extrovertidos da sua vida!

A SOLUÇÃO é a capacidade de desenvolver eficientes ferramentas emocionais, entre elas a EMPATIA, que abre as portas para essas relações saudáveis, duradouras e humanas.

A empatia é uma habilidade crucial para construir relacionamentos, sejam eles de amizade ou românticos.

Empatia envolve a capacidade de ENTENDER as emoções dos outros e COMPARTILHAR as próprias emoções com EFICIÊNCIA, o que pode incluir mostrar interesse nos tópicos que são importantes para os outros, mesmo que você pessoalmente não os ache tão interessantes. Percebe a diferença?

É como dizer: "Tchê, eu não me interesso em futebol, mas se isso te interessa estou disposto a dar ouvidos!"

Mostrar interesse genuíno nas conversas dos outros pode ajudar a criar uma conexão emocional. Isso não significa que você precisa fingir gostar de algo, mas sim estar aberto a ouvir e entender por que aquilo é importante para a outra pessoa, e nisso demonstrar interesse NA PESSOA.

Relacionamentos saudáveis geralmente envolvem uma troca equilibrada. Se você se esforça para se interessar pelos interesses dos outros, é mais provável que eles façam o mesmo por você.

Conversar sobre temas que a outra pessoa gosta pode ser uma forma de construir pontes e encontrar interesses comuns. Às vezes, isso pode levar a descobrir novos interesses que você não sabia que tinha.

Demonstrar empatia ao se engajar em conversas sobre temas que não são seus favoritos é uma forma de mostrar respeito e consideração pelos sentimentos e interesses dos outros.

Se você está tentando fazer novas amizades ou flertar, focar na empatia e na conexão emocional pode ser muito eficaz. Isso não significa que você deve ignorar seus próprios interesses, mas sim encontrar um equilíbrio onde ambos possam compartilhar e aprender um com o outro.

A origem de Lesbicas e Safados!

Essa é a terceira maior ilha grega e a sétima maior do Mediterrâneo. Possui uma área de 1 630 km² com 320 quilômetros de litoral. Sua população é de aproximadamente 90 000 habitantes, conhecidos como "Λεσβιοι/Lesvioi", em portugues "lesbios", um terço dos quais vive em sua capital, Mitilene, no sudeste da ilha.


Hoje, Lesbos é uma ilha grega conhecida por sua beleza natural e rica história, mas também enfrenta desafios significativos. A ilha tem sido um ponto focal na crise migratória europeia, com muitos refugiados e migrantes chegando às suas costas. Isso tem gerado tensões e dificuldades humanitárias, especialmente após o incêndio no campo de refugiados de Moria em 2020.


Além disso, Lesbos continua a ser um destino turístico popular, com suas praias deslumbrantes, vilarejos pitorescos e uma rica herança cultural. A ilha também é famosa por sua produção de azeite e ouzo, uma bebida alcoólica tradicional grega.

Do nome grego da ilha nasceu a expressão “LÉSBICA”.

Esse termo originalmente referia-se aos habitantes dessa ilha (os lésbicos).


Mas em função de uma eminente poetisa: “Safo”, que viveu entre os séculos VII e VI a.C., é uma figura central nessa história. Safo é conhecida por seus poemas que celebravam o amor e a beleza, muitos dos quais eram dirigidos a outras mulheres.

Existe uma versão pouco defendida de que a palavra “safada” poderia estar relacionada à poetisa grega Safo, que viveu na ilha de Lesbos entre os séculos VII e VI a.C. Safo é conhecida por seus poemas líricos que frequentemente abordavam temas de amor e desejo.


Safo foi uma das poucas vozes femininas da Antiguidade cujos trabalhos sobreviveram até hoje. Ela é frequentemente associada ao amor entre mulheres, e sua obra teve um impacto duradouro na literatura e na cultura. A palavra “lésbica” passou a ser usada para descrever a homossexualidade feminina em referência à ilha de Lesbos, onde Safo viveu.


Existe uma crença de que Safo, a famosa poetisa de Lesbos, dirigia uma escola para mulheres na ilha. No entanto, essa ideia pode ser uma invenção posterior, possivelmente do século XIX, que confundiu Safo com sua protegida Damófila, que dirigia uma escola para meninas em Panfília (que hoje faz parte da Turquia).

Ainda assim, é provável que Safo tenha tido um círculo de jovens mulheres sob sua tutela, onde elas recebiam instrução e enriquecimento cultural.

Se tiver mais perguntas ou quiser saber mais sobre Safo e sua influência, estou aqui para ajudar!



Uma poeta celebrada em sua época

Safo é uma das poucas vozes femininas cujo trabalho sobreviveu desde a Antiguidade.

Safo popularizou a ideia do sofrimento do amor romântico. A reputação de Safo esteve, por muito tempo, envolta em mitos e lendas, frequentemente mudando para refletir as diferentes atitudes da sociedade ante o gênero e a sexualidade.

Embora o trabalho da poeta tenha se tornado sinônimo do desejo lésbico, na época em que Safo fez seus textos, 2.600 anos atrás, nada do que ela escreveu seria motivo de escândalo.

Ainda que na época fosse esperado que as mulheres se casassem com homens, os sentimentos e relações homossexuais eram vistos com naturalidade. Sabe-se que Safo pertencia a uma família aristocrática. Alguns textos antigos fazem referência a pessoas que parecem ser seu marido e sua filha, embora não seja possível ter certeza absoluta da existência deles.

Hoje Safo é considerada um ícone do amor homossexual feminino Safo foi reconhecida ainda em vida: era tratada como "a poeta", assim como Homero era tratado como "o poeta". Ela foi uma das poucas mulheres a ser retratada em cerâmica, o que é o equivalente grego antigo a aparecer em um programa de TV no horário nobre.

A linguagem do amor e do desejo Embora pouco de seu trabalho tenha sobrevivido, Safo é até hoje alvo da fascinação de eruditos e artistas. Com o passar dos anos, suas obras completas se perderam: só o que restou é um punhado de poemas completos e alguns fragmentos transcritos em papiros antigos.

Alguns eruditos acreditam que ela tenha escrito seus poemas para mulheres e meninas pertencentes ao culto de Afrodite, e que haviam celebrado ritos femininos como a puberdade, o casamento e o parto. Mas, ao longo do século passado, novas descobertas sobre seu trabalho levaram à compreensão do papel fundamental que ela desempenhou na configuração da linguagem do amor e do desejo, que usamos até hoje.


Atualmente, a mulher celebrada por Platão como a "Décima Musa" empresta seu nome a uma forma poética específica, chamada de estrofe sáfica, e é atribuída a ela a origem de algumas ideias e frases românticas comuns, como a referência à natureza "amarga" do amor.

Um dos poemas conhecidos dela diz: Mãe querida, já não tenho força para mover a agulha no bastidor, ferida como estou de amor por um jovem... e a culpa é de Afrodite.

No fragmento 31, ela enumera os sintomas físicos do desejo. Enquanto observa a pessoa que ama flertar com outro homem, o narrador da poeta fica calado, sente frio e calor por todo o corpo e escuta um zumbido em seus ouvidos. As sensações são tão intensas que ele acha que vai morrer. Este fragmento é um exemplo de um poeta que escreve sobre o custo físico que o desejo cobra de nós: Parece-me ser igual aos deuses esse homem que, sentado na tua frente, te ouve de perto falar docemente e rir de maneira encantadora, o que me faz saltar o coração no peito. Pois, quando te olho por um momento, já não sou capaz de dizer nada, a minha língua silenciosamente gela e imediatamente um fogo subtil corre sob a minha pele. Deixo, subitamente, de ver, os meus ouvidos zunem e um suor frio cobre o meu corpo, dominado por intenso tremor. Fico então mais verde do que a erva e pareço pouco distante de morrer.

Sexualidade fluida Safo é considerada um ícone do relacionamento homossexual feminino, mas a poeta escreveu tanto sobre seu desejo por mulheres quanto por homens.

As expressões do desejo homoerótico na Grécia Antiga não significavam que as pessoas eram identificadas com uma orientação sexual em particular, por isso é pouco provável que ela fosse chamada de homossexual.

A expressão da sexualidade fluida de Safo tem muito em comum com a forma em que muitos escolhem expressar sua identidade sexual atualmente. Os poemas de Safo jogam com nossas expectativas sobre o gênero e provocam perguntas sobre a sexualidade.

Quem é o narrador, um homem ou uma mulher? Quem é o amante, o homem ou uma mulher? O fragmento 31, mencionado acima, se refere a alguém que está vendo uma bela jovem e invejando o homem que fala com ela.

Os tradutores do século 15 em diante presumiram que o narrador – ou seja, a pessoa que desejava a jovem – era um homem.

Mas o poema original traz uma grande pista de que não era o caso. A poeta usa a forma grega "chlorotera", que indica que a narração era de uma mulher.

Safo queria que sua poesia fizesse o leitor pensar sobre experiências transgênero, ou que transcendessem os gêneros.

Ela queria que o leitor conseguisse imaginar os sentimentos de gêneros que talvez fossem diferentes do seu, prossegue a acadêmica.

"Os poemas de Safo sobre seus temas mais importantes – o sexo e o amor – são sobre todas as pessoas".

"São de gênero fluido. Safo não se importava com quem amamos. (Para ela), continuava sendo amor." Para Reynolds, a lição de Safo para os dias atuais é:
"Não se preocupe com rótulos. Apenas siga em frente e seja quem você é."


Poeta Alceu e a poeta Safo, c. -470. Cena de kalathos ático de figuras vermelhas. Acragás, Sicília


Lista de vieses cognitivos



Lista de vieses cognitivos

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Um viés cognitivo (ou tendência cognitiva) é um padrão de distorção de julgamento que ocorre em situações particulares, levando à distorção perceptiva, ao julgamento pouco acurado, à interpretação ilógica, ou ao que é amplamente chamado de irracionalidade.

Implícito no conceito de um “padrão de desvio” está também o objeto de comparação, ou o que é esperado; isso pode ser o julgamento de pessoas que estão fora das situações em específico, ou pode ser um aglomerado de fatos verificáveis de modo independente.

Uma lista longa e em constante crescimento de vieses cognitivos tem sido identificada nas últimas seis décadas de pesquisas acerca do julgamento humano e tomada de decisões na ciência cognitiva, na psicologia social e na economia comportamental.

Vieses cognitivos são presumidamente adaptativos (resultado do processo de adaptação do ser humano), por exemplo, visto que levam a ações mais efetivas em determinados contextos, ou possibilitam decisões mais rápidas quando estas são de maior valor (conhecidos como heurística). Outros presumidamente resultam de uma falta de mecanismos mentais apropriados (racionalidade cerceada), ou simplesmente de falta de clareza mental ou de distorções de mesma natureza.

Existem MUITAS controvérsias sobre como classificar esses vieses ou como explicá-los. Alguns deles são consequências de nossos usos de processamento de informações (ou seja, atalhos mentais), chamados de heurística, que o cérebro usa para produzir decisões ou julgamentos. Tais efeitos são chamados tendências cognitivas. Os vieses têm uma variedade de formas e podem ser vistos como vieses cognitivos ("frios"), tais como ruído mental, ou vieses cognitivos motivacionais ("quentes"), tais como quando as decisões são distorcidas por crenças e desejos.

Também há controvérsias quanto ao facto de algumas destas tendências serem sempre inúteis e irracionais ou se são comportamentos úteis. Por exemplo, quando conhecem alguém, as pessoas tendem a fazer perguntas importantes que parecem favorecer e confirmar suas suposições sobre a pessoa. Esse tipo de viés de confirmação pode ser visto como um exemplo de habilidade social.

Tomada de decisões e vieses comportamentais

Muitos dos vieses afetam a formação de crenças, decisões de negócios e financeiras e o comportamento humano em geral. Eles emergem como resultados replicáveis em condições específicas. Quando confrontado com situações específicas, o desvio pode normalmente ser caracterizado como:

Efeito de ambiguidade — tendência de evitar opções nas quais a falta de informações faz com que a probabilidade pareça "desconhecida".

Ancoragem ou focalismo — tendência a confiar demais, ou "ancorar-se", em uma referência do passado ou em uma parte da informação na hora de tomar decisões.

Viés atencional — tendência de prestar atenção a estímulos emocionais dominantes em seu ambiente e negligenciar dados relevantes ao fazer julgamentos de correlação ou associação.

Heurística de disponibilidade — tendência na qual as pessoas predizem a frequência de um evento, baseando-se no quão fácil conseguem lembrar de um exemplo.

Escalada irracional de compromisso - persistir em uma decisão/ação que gera prejuízo, por já ter investido muito nessa decisão, apesar das evidências do erro.

Cascata de disponibilidade — um processo de autorreforço no qual uma crença coletiva ganha mais e mais plausibilidade por meio da crescente repetição no discurso público (ou "repita algo mil vezes e ele torna-se verdadeiro").

Backfire effect (ou Efeito tiro pela culatra) — quando as pessoas reagem refutando evidências pela força de suas crenças.

Efeito adesão — a tendência de fazer (ou acreditar) em coisas porque muitas outras pessoas fazem (ou acreditam) na mesma coisa.

Falácia da probabilidade de base — a tendência de basear julgamentos em especificidades, ignorando informações estatísticas gerais.

Viés da crença — efeito onde a avaliação da consistência lógica do argumento é influenciado pela credibilidade da conclusão.

Viés do ponto cego — a tendência de ver-se menos enviesado que outras pessoas ou identificar mais vieses cognitivos nos outros que em si próprio.

Viés pró-escolha — a tendência de lembrar que suas decisões foram melhores do que elas realmente foram.

Ilusão de agrupamentos — a tendência de pensar que eventos aleatórios que ocorrem em aglomerados não são eventos realmente aleatórios.

Viés de confirmação (ou tendência de confirmação) — tendência das pessoas de procurarem ou interpretarem informações de forma que estas confirmem suas crenças ou hipóteses.

Viés da congruência — a tendência de testar hipóteses exclusivamente através de testes diretos ao invés de testar possíveis hipóteses alternativas.

Viés de sobrevivência — é a tendência de se concentrar nas pessoas ou coisas que passaram por um processo de seleção e ignorar as que não passaram, tipicamente por falta de visibilidade, o que pode levar a várias conclusões falsas. É uma forma de viés de seleção.

Falácia da conjunção — a tendência para assumir que condições específicas são mais prováveis do que as condições gerais.

Conservadorismo (Bayesiana) — a tendência de revisar crenças insuficientemente quando se apresenta nova evidência (estimativas de probabilidades condicionais são conservadoras).

Efeito Contraste — aumento ou diminuição de uma medida quando comparando com algum objeto contrastante recentemente observado.

Maldição do Conhecimento — quando pessoas mais bem informadas de algum assunto acham extremamente difícil de se pensar no tema sob a perspectiva de pessoas com menor conhecimento sobre o mesmo tópico.

Efeito de dominância assimétrica — a preferência de escolha muda quando existe uma terceira opção que é assimetricamente dominada.

Efeito da denominação — a tendência de gastar mais dinheiro quando o temos em pequenas quantidades (por exemplo: moedas) ao invés de grandes quantidades (por exemplo: notas).

Viés da distinção — tendência de ver duas opções de forma diferente quando avaliando-as simultaneamente do que quando avaliando-as separadamente.

Vácuo da empatia — a tendência de subestimar a influência ou força dos sentimentos, em si próprio ou em outros.

Efeito dotação — é tendência na qual as pessoas muitas vezes exigem muito mais para desistir de um objeto do que eles estariam dispostos a pagar para adquiri-lo.

Efeito Dunning-Kruger — tendência de pessoas pouco qualificadas de superestimarem suas próprias habilidades.[1]

Essencialismo — categorizar pessoas e coisas de acordo com sua natureza essencial, apesar das variações.

Expectativa exagerada — com base em estimativas, no mundo real a evidência acaba sendo menos extrema que nossas expectativas (condicionalmente inverso do viés do conservadorismo).

Viés da expectativa — a tendência de experimentadores de acreditar, certificar e publicar dados que concordam suas expectativas para o resultado de uma experiência e desacreditar e descartar ponderações correspondentes que aparecem em conflito com essas expectativas.

Viés de proporcionalidade — é a tendência inata das pessoas em assumir que grandes eventos têm grandes causas. Pode explicar a tendência das pessoas de acreditarem em teorias da conspiração.[2][3]

Efeito do falso consenso — a tendência de alguém exagerar no quanto outras pessoas concordam com ela.

Vieses em probabilidade e em crenças

Estereótipo — esperar que um membro de um grupo tenha certas características sem ter informações reais sobre esse indivíduo.

Pareidolia — a tendência de perceber um estímulo vago e aleatório (geralmente uma imagem ou um som) como algo significativo, por exemplo, ver imagens de animais ou faces em nuvens.

Vieses sociais

Efeito Forer (também conhecido como efeito Barnum) — a tendência de creditar altos níveis de precisão a descrições de personalidades que supostamente foram adaptadas ao observador, mas são na verdade vagas e gerais o suficiente para se aplicar a uma grande gama de pessoas. Por exemplo, horóscopos.

Projeção — a tendência de inconscientemente presumir que as outras pessoas compartilham dos mesmos estados emocionais, pensamentos e valores atuais próprios.

Viés da autoconveniência — a tendência de reivindicar mais responsabilidade pelos sucessos do que pelas falhas. Este viés também pode se manifestar como a tendência de avaliar informações ambíguas de uma forma benéfica a interesses próprios.

Viés econômico - A aplicação do conceito do Efeito Dunning-Kruger e do Viés da autoconveniência na economia e em outras ciências sociais relacionadas.

Efeito de líder de torcida — tendência que leva pessoas a considerar indivíduos mais atraentes quando estão em um grupo.

Efeito de homogeneidade de exogrupo — tendência de ver pessoas de outro grupo como iguais e homogêneas ao mesmo tempo que vê pessoas do próprio grupo como diferentes e heterogêneas.

Erros de memória

Confabulação — é a confusão da imaginação com a memória, ou a confusão entre memórias verdadeiras e falsas.

Sugestionabilidade — é a qualidade de estar disposto a aceitar e agir de acordo com a sugestão de outras pessoas.

Causas teóricas comuns de alguns vieses cognitivos


Ver também



Referências

Kruger J, Dunning D (Dezembro 1999). «Unskilled and unaware of it: how difficulties in recognizing one's own incompetence lead to inflated self-assessments». Journal of Personality and Social Psychology. 77 (6): 1121–34. CiteSeerX 10.1.1.64.2655. PMID 10626367. doi:10.1037/0022-3514.77.6.1121


Buckley, Thea. «Why Do Some People Believe in Conspiracy Theories?». Scientific American. Consultado em 26 de julho de 2020Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «List of cognitive biases», especificamente desta versão.




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