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Cesariana.


"Para o médico, é evidente que a cesariana é mais cômoda".


Veja entrevista com Érica de Paula, que lança documentário sobre partos:


"Para o médico, é evidente que a cesariana é mais cômoda", diz psicóloga e doula  Stock Photos  /
Grávidas são mal orientadas, diz educadoraFoto: Stock Photos
ZERO HORA 
Trabalhando com gestantes há cerca de cinco anos, a brasiliense Érica de Paula diz observar, “com tristeza”, o quanto as mulheres são desinformadas a respeito do que acontece com o corpo delas em todo o período que vai da gestação até o parto, deixando todas as decisões importantes nas mãos do médico. Isso, segundo ela, é uma das principais causas do aumento no índice de cesáreas no país, já que os profissionais, por comodidade, estariam indicando esse procedimento sem necessidade.
A sua experiência como doula,(doula é uma profissional sem titulação oficial que proporciona informação, apoio físico e emocional às mulheres durante a gravidez, o parto e o pós-parto) educadora perinatal, psicóloga e acupunturista especializada em gestantes inspirou o documentário O Renascimento do Parto, com estreia prevista para o ano que vem. Na semana passada, o Encarte "Meu Filho" da "Zero Hora" entrevistou Érica. Confira trechos:
Meu Filho – A que você credita o aumento no número de cesáreas no país?

Érica de Paula – Pode ser atribuído a vários fatores: desinformação da população, mitos a respeito do assunto, questões financeiras que envolvem o profissional e o plano de saúde, e um modelo altamente tecnocrata. 

Para o médico, é evidente que a cesariana é uma opção muito mais cômoda, pois gera mais lucros e permite um maior controle de agendaMesmo que o médico receba o mesmo valor pelos dois tipos de parto, a cesariana permite hora marcada e dura cerca de 10% do tempo dedicado a um parto normal.

 O hospital e o plano de saúde também não têm interesse na gestante de parto normal, uma vez que elas não gastam nada além da hotelaria do hospital. Além disso, hoje em dia, os profissionais médicos saem das faculdades mal preparados para lidar com o parto normal. 

Formam-se cirurgiões, e não parteiros.


MF – Os profissionais estão mais cuidadosos na indicação das cesáreas?

Érica – Grande parte das justificativas (circular de cordão, tamanho do bebê, falta de dilatação ou passagem, bebê que passou do tempo, cesárea prévia etc.) não são verdadeiras indicações de cesarianas, sendo utilizadas pelos médicos para induzir a paciente a uma operação desnecessária, mas cômoda para ele e para o sistema.


MF – As mulheres precisam questionar mais as recomendações dos médicos e insistir no parto normal? Como fazer isso garantindo a saúde do filho?

Érica – É preciso buscar informação de qualidade e encontrar um bom profissional. 

Atualmente, temos muita informação de qualidade disponível, em grupos de apoio a gestantes, diversos livros sobre o assunto, filmes etc. 

E, uma vez desmistificados todos esses assuntos, é fundamental procurar um profissional que seja humanizado e adepto do parto normal. 

A mulher pode buscar informações a respeito desses profissionais com as doulas de sua cidade ou perguntando para o médico suas taxas de cesárea e parto normal. 

Uma vez encontrando esse profissional, a mulher deve estabelecer com ele uma relação de confiança, em que saberá que se uma cesariana for necessária, ela se dará diante de uma indicação real.


Maior acesso a plano de saúde e possibilidade de a gestante planejar hora de deixar trabalho explicam aumento do procedimento

A proporção de gestantes gaúchas que optam pela cesariana, apesar dos riscos da cirurgia, aumentou 41% ao longo da última década. 

Esse crescimento, que
deixa as gaúchas acima da média nacional de cesáreas, preocupa o Ministério da Saúde devido a uma ameaça três vezes maior de complicações.

Mesmo assim, a praticidade de ter o filho com hora marcada estimula médicos e grávidas a deixarem o parto natural em segundo plano. Entre 2000 e o ano passado, a taxa de cesáreas saltou de 40,9% para 58% dos partos no Estado — índice quase quatro vezes superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde. 

No país, a variação foi de 38% para 52%. O crescimento reflete opções como as de Jocilaine Laureano, 39 anos, que deu à luz o menino Pedro na quarta-feira. Desde o início da gestação, decidiu-se pela cesariana.

— Ouvi histórias de gestante que sofreu até 15 horas antes de ganhar o filho. Como queria programar o momento de deixar o trabalho, nem passou pela minha cabeça o parto natural — diz a moradora de Cachoeirinha.

Leia a reportagem completa na Zero Hora

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