Como eu poderia saber o que é "real"?

2 comentários:

Nelson disse...

Islam, o que vc achou do video da dialética do mal:

http://www.youtube.com/watch?v=hMiOwgeHdVc

Veja e diga o que achou:

Islan disse...

Nelson, não sou filosofo, mas sou um leitor... Somente neste ângulo posso opinar. Como leigo. Assim posso falar que de muito tempo eu penso parecido com o discurso do Olavo de Carvalho.

"Em geral" buscamos mudar o que nos é causa de desconforto. Afinal não mudamos o que acreditamos ser adequado, não é?

Por nossa ignorância pensamos que o "desconforto" que nos afeta é o que esta errado no mundo.

Baseado nesta informação que nasce deturpada (a saber: o mal (externo) do mundo (lá fora) é a causa de meu sofrimento) buscamos mudar o mundo... corrigindo-o.

Salvando-o de si.

Quanto mais nos dedicamos a mudar o mundo externo, mais nós edificamos a certeza de que ele (mundo) é que é "causa" de nosso sofrimento e mais fantasiamos que nós somos seus salvadores...

Discordo que isto seja uma coisa de "hoje em dia".

Buda falava disto, Nietzsche falou disto a exaustão. Freud percebeu isto. Sempre foi assim. Assim como o bebe constrói sua relação de ódio/afeto com o seio o homem repete a formula com o mundo...

Ainda mais: o idealismo é uma metáfora narcísica na sua expressão como forma de "corrigir" e recondicionar o mundo para "meu" conforto. Mesmo quando o "meu conforto" se manifeste com um aparente desprendimento e altruísmo.

Esta busca heroica é sempre uma edificação narcísica.

No "O mal-estar na civilização" Freud apresenta o fato da cultura produzir este sofrimento e "mal-estar" pois ela se sustenta na dicotomia entre os impulsos pulsionais e a negação destes em prol de uma vida em sociedade.

Portanto, para o bem da civilização(sociedade), o indivíduo é (auto)oprimido em suas pulsões e vive em desconforto.

Freud diz (no "O futuro de uma ilusão")"Parece mais provável que cada cultura deve ser construída em cima de (...) coerção e renúncia ao instinto."

O revolucionário é um Narcisista quando sua busca/fantasia: "ele sabe com o mundo deveria ser."

Budha é mais radical.

Afirma que as ilusões se aplicam em toda a construção de mundo. O homem é COAUTOR de suas mazelas tanto quanto de sua prisão. Pior, ele só sai da prisão quando ele PERCEBE que "ele" constrói as grade e paredes que o cercam.

Portanto: NÃO PODEMOS SALVAR OS OUTROS.

Pior, se não aprendermos a PERCEBER nossas edificações neurótica se manifestando na prática de nossas vidas ordinárias somos incapazes de mudar a nós mesmos.

O paradoxo da ""Dialética do Mal"" dos "intelectuais de esquerda" é que ela se aplica a TODOS OS PENSADORES, seja de que posição o forem, pois TODOS agimos em busca de "restaurar" o conforto perdido as custas das nossas relações com o mundo.

Diferente do Olavo de Carvalho Budha nos faz crer que, na realidade, as fronteiras TAMBÉM são construções intelectuais.

Conceituações e definições são edificações CRIADAS e sustentadas a partir de cada um.

É somente na auto observação e percepção que podemos supera-las. Vendo-as como realmente são...

Somente vendo-nos como realmente somos é que podemos mudar-nos e corrigir-nos.

E mudar o mundo começa UNICAMENTE na mudança pessoal.

Na minha opinião, é claro.

COLETÂNEA PARA APRESENTAR JUNG