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Siddhārtha Gautama. Filósofo, psicólogo e exitêncialista



Siddhārtha Gautama, popularmente conhecido simplesmente como “Buda”, foi um príncipe da região do atual Nepal que se tornou professor espiritual, fundando, o que passou a se chamar após sua morte de “Budismo”. Na maioria das tradições budistas, ele é considerado como o "Supremo Buda" (Sammāsambuddha) de nossa era, Buda significando "o desperto", o “acordado” ou o “Iluminado”.  Todos os epítetos referem-se a sua posição diante da vida de ver a realidade sem as “lentes ilusórias das paixões e apegos”.

A época de seu nascimento e de sua morte são ainda incertos, mas a maioria dos historiadores apontam algo por volta de 563 a.C. a 483 a.C.

O Príncipe renunciando de sua herança tornou-se filosofo, psicólogo, existêncialista centenas de anos antes destas expressões serem cunhadas. Passando a ser associando a idéia de religião por falta de palavras que adequadamente pudessem traduzir a sua prática e ideias. Dedicou mais de 45 anos a ajudar a entender e enfrentar o sofrimento humano e a ignorância, instrumentando as pessoas para supera-los através da racionalidade e da experimentação crítica das aptidões naturais dos sentidos e da mente.

Como um “filósofo”, dedicou-se ao estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Ao abordar esses problemas em diálogos com seus aprendizes, deixou um legado que se equipara a personagens como Sócrates e Schopenhauer, distinguindo-se das mitologias e religiões  de sua época por sua ênfase em argumentos racionais e práticos; Não negava diretamente os deuses, mas não apoiava ou renegava os cultos. Entre seus métodos, estão a argumentação lógica, a análise conceptual, as experiências de pensamento, e em essência, a metodologia do budismo é incompatível com uma determinação radical teísta ou não-teísta, sendo o seu ensinamento voltado principalmente para o reconhecimento da natureza da realidade como forma de libertar todos os seres da insatisfatoriedade (sofrimento e ignorância). Os budistas hoje convivem entre os que seguem uma interpretação que não admite o sobrenatural nem a divindade e os que admitem esta possibilidade. A interpretação cética encara os “reinos de existência” e “deuses” apenas como metáforas úteis para entender aspectos da mente. Instâncias do psiquismo.


Como psicologo (psicologia: do grego Ψυχολογία, transl. psykhologuía, de ψυχή, psykhé, "psique", "alma", "mente" e λόγος, lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") Siddhārtha Gautama se dedicou  ao estudo do comportamento e dos processos mentais (experiências subjetivas inferidas através do comportamento) a que chamou de fenômenos. O principal foco da psicologia budista esta na percepção dos inúmeros mecanismos que o psiquismo tem para iludir e sustentar o ser humano em uma teia de falsas informações (ilusões) que o mantém cego diante da realidade simples e objetiva. Dedica-se a compreender o processo da “construção” do ego e entender a felicidade não como a satisfação de todas as necessidades do mesmo, mas procura observar a compulsividade envolvida nas necessidades egóicas aponta o caminho para a sua superação, a libertação da dualidade, dos apegos e aversões e das lentes ilusórias permitindo viver a realidade como ela realmente é livre de sofrimentos (Nirvana).

Aponto Gautama como “Existencialista” pois ele em muito se antecipa a escola de filósofos dos séculos XIX e XX que receberam esta alcunha, e que partilhavam a crença que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas nas suas ações, sentimentos e a vivências. No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo. Muitos existencialistas também viam as filosofias acadêmicas e sistematizadas, no estilo e conteúdo, como sendo muito abstratas e longínquas das experiências humanas concretas. Siddhārtha Gautama também achava incompatível sua filosofia sem uma prática que a manifestasse. Não existia (e não existe ainda) “budismo” sem um fazer budista. Budismo é um exercício, não uma retórica.



O segredo da saúde mental e corporal está
em não se lamentar pelo passado,

não se preocupar com o futuro,
 nem se adiantar aos problemas,
mas viver sabia e seriamente o presente.

 

 

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