Continuando a "lembrar" das questões ILUSÓRIAS da mente vem mais uma maravilhosa contribuição de Lu Galastri e da Galileu
Uma noite dessas eu estava com um amigo e uma amiga em um boteco. Eis que passa por nós o que podemos definir como um ‘galã sem novela’. Minha amiga logo exclamou: “que cara gato!”. Já meu outro companheiro, para não ficar para trás (homem odeia deixar por menos), apontou um projeto de panicat no outro canto do boteco e exclamou, sem nenhum pudor: “olha aquela bunda!”.
Eu e minha colega logo adquirimos nossa melhores expressões indignadas. Poxa, Zé, que deselegante! Mas, por mais que a exclamação dele possa parecer machista e ser quase um comercial de cerveja pela ótica da objetificação da mulher, aparentemente este é o jeito com que os caras analisam as moças. Sim, qualquer cara. E, na verdade, qualquer mulher também.
Como assim? Um estudo da Universidade de Nebrasca, em Lincoln, mostra que, na hora de analisar a aparência das mulheres, nós as separamos em partes – como uma lista de compras. “Cabelo, legal. Bunda, ok. Peito, meio caído”. Já, na hora de analisar homens, vemos o ‘conjunto todo’, justificando a reação da minha amiga ao chamar o carinha do boteco de ‘gato’ e não de apontar algum atributo específico, pelo menos à primeira vista.
A pesquisa
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores recrutaram mais de 200 alunos da graduação da Universidade e pediram para que eles analisassem fotografias – sem nenhuma insinuação sexual – de homens e mulheres, tanto por inteiro quanto de partes de seus corpos. Depois os voluntários deveriam lembrar de que imagens viram anteriormente. O resultado mostrou que, tanto os rapazes quanto as moças, identificavam mais vezes as partes corporais femininas nessa ‘revisão’. Já, na hora de identificar as imagens dos modelos masculinos, os voluntários lembraram mais facilmente das fotos de corpo inteiro.
Ou seja, tanto homens quanto mulheres têm essa forma diferente de olhar para o corpo feminino. Ok, e qual é o problema disso? Não é uma questão de idealismo feminista da autora do blog. Estudos já indicaram que se sentir um objeto (ou vários) pode ser ruim para a mulher – causando, por exemplo, um mau humor crônico ou até prejudicando as notas escolares.
Culpa da mídia?
Segundo uma das cientistas responsáveis pelo estudo, a psicóloga Sarah Gervais, pode ser que essa forma de olhar para as mulheres venha da evolução – isso justificaria como os homens acabam analisando cada parte do seu corpo. Mas como moças analisam as outras da mesma forma, ela acredita que a mídia também tenha um papel importante nessa história. “Não vemos mulheres vendendo produtos, vemos corpos e partes femininas na publicidade”, explica. E isso afeta a nossa auto-imagem e a forma como olhamos para outras mulheres. De acordo com Gervais, nosso ideal não é ser inteira, mas ter partes bonitas.
E você, concorda? Discorda? Qual é sua impressão sobre este assunto? Como sempre, a caixa de comentários está aberta – assim como a minha caixa de e-mails. O endereço está ali do lado direito da tela. Espero sua opinião.
Estudo via LiveScience
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