"Todos estamos em busca do paraíso, da iluminação, ou seja qual for o nome que lhe demos. Parece-nos que o paraíso está perdido. "Não há muito dele em minha vida" diriam praticamente todos. Queremos esse "paraíso", essa "iluminação". Ficamos desesperados atrás desse estado. Estamos aqui para buscá-lo, mas onde está? O que é?"Charlotte Joko Beck, extraído do livro"Sempre Zen"
Mudando de saco para mala...
queria trocar uma idéia sobre um assunto NUNCA tratado aqui:
ECONOMIA DOMÉSTICA
E VIDA FINANÇEIRA.
Hoje duas coisas se cruzaram
em minha cabeça:
- Estive em uma audiência na justiça como testemunha em prol de colegas da famigerada FUGAST;
- Minha mãe, que enfrenta um grave problema de saúde (câncer) dividia comigo como a saúde “financeira” da família inteira esta abalada por problemas de saúde.
Como de praxe quero fazer
uma breve introdução bizarra: Bem depois do Tio Marx definir as questões das lutas
de Classes entre proletariado e a classe dominante, e a partir da Idade Contemporânea, com o desenvolvimento do
sistema capitalista industrial (e mesmo do pós-industrial), normalmente existe
a noção de que as classes sociais, em diversos países, podem ser dividas em níveis
diferentes, dentro dos quais terão sub-níveis.
Existem MUITAS maneiras de se
classificar as inúmeras divisões e configurações de nossa sociedade. O DIEESE utiliza
uma classificação por salários mínimos (até 1 Salário Mínimo; de 1 a 2
Salários Mínimos; etc) já a classificação da consultoria Target é baseado em
uma proporção em salários mínimos (começando com a Classe A1: inclui
as famílias com renda mensal maior que R$ 14.400; findando com a Classe
F: com renda menor que R$ 200 pila). Se quiser continue
lendo sobre o assunto aqui:
Atualmente, esta “estratificação”
das classes sociais segue diversas variações tão numerosas quanto necessitarem
os institutos que as usam precisarem.
Em geral todas giram em torno das convenções
de classes baixa, média e alta,
sendo que as duas primeiras designam o estrato da população com pouca
capacidade financeira, tipicamente com dificuldades económicas, e a última
possui grande margem financeira.
A classe média é, nesta
formulação, considerado o sonho da classe
baixa, mais que ser classe alta.
A questão é que eu vivi até hoje a ilusão se der um “classe
média baixa” e de lutar para trazer minha família para a “dignidade” da classe
média (propriamente dita) e descobri que isto não existe.
O termo classe média baixa (uma
subdivisão da classe média) constitui a maior classe sócio-econômica no país.
Universalmente o termo refere-se a um grupo grande de indivíduos que não tem
ainda o status requerido para que possam ser classificados como “classe média”.
Ou seja,
não tem CONCOMITANTEMENTE: casa própria, nem carro, nem poupança gorda... não
vão na “Disney”, “mas” não passam um
ano sem ir na praia farofar... nem deixam de festejar o carnaval. Já possuem ou
o carro, ou a casa... tem uma boa escolaridade... e projetam em seus filhos a
tal viagem a Disney e uma vida melhor. Já conseguem “instrumentos” para subirem
de nivel... com o devido investimento de tempo e inteligência. Corresponde a
camada que seria mais ligada a classe trabalhadora, ou proletário.
Hoje é apregoado que
o grosso da população brasileira deixou a “pobreza” para adentrar nesta
fronteira da classe média baixa... portal que aponta a gloriosa e sonhada “classe
média” brasileira.
O problema é que CLASSE MÉDIA NÃO EXISTE.
Meu foco é baseado em
outros parâmetros que não os de Marx nem do DIEESE. Eu classifico as classes na
lógica inspirada meio “en passant” nos livros de Robert
Kiyosaki:
·
Pobre
é quem é remunerado apenas para sobreviver, ou menos que isto;
·
Classe
média é uma ilusão: não existe;
·
Promissor
(termo meu) é quem separa parte do que arrecada para investir no futuro e para doar
(sim, só “doa” quem separa algo para doar) e
·
Rico,
quem consegue viver das rendas de seus investimento, não precisando necessariamente
trabalhar para manter seu padrão de vida ou para doar.
Nesta lógica a classe
média deixa de existir pois ela, na prática, TAMBÉM vive para subsistência e
manutenção de seu padrão de vida, não podendo “viver/manter” o mesmo padrão de
vida se for obrigado a parar de trabalhar.
E este é o ponto.
Em Março de 2011 cerca de 480 trabalhadores vinculados à FUGAST perderam seus empregos e tiveram uma
dura lição: nada é permanente. Por bem mais de uma década eles viveram acima do padrão da média geral dos
profissionais de suas respectivas áreas. Não eram mais que "classe média". Mas eram
médicos, enfermeiras, técnicos de enfermagem que, ate então, ganhavam mais que
a média de seus colegas de outras empresas e hospitais. Bastou um dia e uma
decisão de uma pessoa debruçada sobre regras duras e... Todos teriam de
descobrir se poderiam viver sem este “trabalho”. E não puderam.
Até hoje, quase um ano depois, muitos
destes médicos,
enfermeiras, técnicos de enfermagem estão aturdidos, procurando apoio e
maneiras de se reerguer, já que suas vidas tinham “custos” dependentes de uma
renda que não proviria mais. Eu mesmo sou testemunha da luta pela superação dos
traumas provocados na auto-estima abalada de muitos destes profissionais.
O fato é que nós,
brasileiros somos educados a buscar um sonho que é fantasioso... o sonho da
classe média.
Somos educados a crêr
que um “diploma” é garantia de boa remuneração... e não é.
E estamos triunfantes
em marcha na direção do mesmo precipício que os países que tanto invejamos hoje
se encontram.
Se você ganha pouco ou não,
aprenda a guardar e a gastar seu dinheiro de maneira inteligente:
NUNCA COMPRE NADA A PRAZO.
Se você não tem
dinheiro para pagar avista um produto NÃO COMPRE. Junte o dinheiro. Economize e
compre avista. Corre o risco de você descobrir que não precisava tanto assim do
tal produto. Melhor ainda, você corre o risco de descobrir que os produtos mais
caros FICAM MAIS BARATOS quando pagamos em dinheiro avista... e que com o tempo
mesmo os produtos mais caros BAIXAM DE PREÇO.
NÃO ACEITE CREDITO. Não
aumente seu “cheque especial”, não aceite cartão de crédito... esta empresas SÓ
LUCRAM NO SEU ERRO... e elas vão lhe seduzir até você errar e se atolar em
dívidas.
Se você é um
intelectual “bem de vida”, ou se
considera “classe média” (e
cometeu a loucura de ler até aqui) seja honesto e calcule: QUANTO TEMPO VOCÊ
PODE VIVER (se sustentar) SEM TRABALHAR, se isto fosse necessário ou lhe fosse imposto (minha mãe não escolheu ter câncer).
Quanto tempo você
levaria para começar a se desfazer de coisas para sustentar sua família? Você teria
como se sustentar sem poder trabalhar?
Em fim...
Buscar o equilíbrio
espiritual sendo pai de família e amigo de pessoas maravilhosas me faz pensar
que NINGUÉM esta livre de ficar sem dinheiro e de ver desprotegida sua família.
Minha busca
espiritual NÃO ME CEGA das realidades sociais e financeiras. Nem de minhas
obrigações como pai e marido.
Me assusta este
discurso otimista dos governos como estas aqui! Me assusta a fragilidade de um povo que
começa a aprender a se sustentar.
Gasshô!
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