Por Nyoshul Khen Rinpoche ("Natural Great Perfection” ~ loc. 1282):
Alguns podem não compreender e se perguntar: então por que se preocupar com ações virtuosas e acumulação de mérito ou ajudar os outros? Por que gerar bondade amorosa e compaixão? Outros podem pensar: por que não continuar realizando ações negativas, já que na vacuidade tudo é igual? Essa é uma incompreensão grave. É um perigo, um desvio da visão. Isso é niilismo, onde o abismo engolfante da pseudo-vacuidade acena.
Quando alguém realiza o estado natural, a verdadeira natureza de todos os seres, há naturalmente uma inundação de compaixão espontânea inconcebível, bondade amorosa, consideração e empatia, porque a pessoa tem a realização de que não há um eu separado dos outros.
A pessoa então trata os outros exatamente como a si mesma. Não há motivo para aversão, apego ou exploração. A realização espiritual autêntica é naturalmente dotada de qualidades inconcebíveis como compaixão, bondade amorosa e disponibilidade para ajudar. Cada um é visto como a si mesmo, não uma entidade permanente independente, mas uma reunião de forças interdependente, condicionada pelo karma.
Então, a pessoa alivia o sofrimento e a angústia, onde quer que elas surjam, dentro ou fora, tanto faz se para si ou para os outros. Por que você não faria isso? Ninguém quer sofrer, certo?
Quando você realiza a verdadeira natureza das coisas, como pode não ter uma compaixão espontânea incrível por todos aqueles que não compreendem isso? Todos os seres querem felicidade, mas, devido à ignorância, continuamente criam mais sofrimento para si mesmos. Que ótimo motivo para compaixão! Os seres se enganam ao tomar o que é ilusório, irreal e impermanente como sendo real e permanente. Que ótimo motivo para compaixão! Os seres vêem o que é benéfico como sendo inútil, e ignoram isso. Que ótimo motivo para compaixão! Em todo lugar onde o sofrimento e a ilusão surgem, a compaixão aparece para libertar e aliviar os seres sofrendo com essa ilusão. Esse é o jorro espontâneo da genuína realização da verdadeira natureza.
É como uma pessoa que vê crianças correndo perigosamente na rua e, naturalmente, vai até elas para salvá-las de um atropelamento. Não é uma questão de refletir sobre isso. Não é uma questão sobre quem são essas crianças. A pessoa apenas age naturalmente. Isso é chamado de compaixão; e não é, na verdade, uma compaixão conceitual. É apenas a ação adequada, sanidade básica. Esse é o comportamento iluminado espontâneo, a compaixão natural — esse é o resultado da verdadeira realização.