O "Narcisismo das Pequenas Diferenças", o "Dilema do Porco-Espinho" e "Filosofia da Diferença" de Deleuze entram em um bar...

 Neste vídeo se explora um fenômeno intrigante que Freud denominou "narcisismo das pequenas diferenças". Um conceito pouco discutido fora da psicanálise mas importante na antropologia social.


Quanto maiores as diferenças (econômicas, sociais, culturais), maior a chance de confrontos violentos. Ok!

Mas e quando as lutas mais acirradas ocorrem entre aqueles que diferem muito pouco entre si?

O conceito freudiano do narcisismo das pequenas diferenças – aquela estranha tendência de nos incomodarmos mais com aqueles que são "mais semelhantes" a nós ou mais PRÓXIMOS. Será que são essas pequenas diferenças que nos levam a excluir, discriminar e subjugar o outro? E como isso se manifesta em nossos relacionamentos pessoais, políticos e até entre nações?

O vídeo também aborda o "Dilema do Porco-Espinho" de Schopenhauer, a "Filosofia da Diferença" de Deleuze, e o conceito de Alteridade em Levinas, questionando como podemos lidar com a alteridade e coexistir em um mundo de interações sociais complexas.

Será que a chave para a harmonia está em reconhecer e valorizar essas pequenas diferenças, em vez de deixá-las nos dividir?


https://youtu.be/pYj04ZB7PFc?si=LL0sqA5F12D1QYrx

Pode não ter sido trauma! Ou Formulações sobre o papel da NEGLIGÊNCIA EMOCIONAL no Desenvolvimento Emocional Humano!

Pode não ter sido trauma!

Ou

"Formulações sobre o papel da NEGLIGÊNCIA EMOCIONAL no Desenvolvimento Emocional Humano"!

Para criar uma Criança é preciso uma Aldeia!


 Um rascunho.


Nossa espécie é incrivelmente FRÁGIL ao nascer… Diferente de uma tartaruga, por exemplo, que nasce sozinha de um ovo enterrado na areia de uma praia cheia de predadores, que cava sua saída do ninho, corre para o mar, e lá chegando já começa a caçar pequenos animaizinhos e a comer plantinhas…. tudo isso sem ajuda e nos primeiros minutos de vida. Nós não…

Nas palavras do renomado pediatra e psicanalista Donald Winnicott, nos primeiros meses de vida, o bebê está em um estado de dependência absoluta, necessitando de cuidados constantes e imediatos para sobreviver. E um bebe humano não nasce pronto para sobreviver… ele nasce INCOMPLETO fisicamente incompetente e NEUROLOGICAMENTE frágil. 


Durante esse período, o bebê não distingue entre si mesmo e o ambiente. Seu cérebro acredita que tudo é o bebê… Pois não entende a sua realidade a sua volta. Ouve mas não entende o que os sons significa… enxerga mal e não tem força… sente frio, calor, fome... e nada disso faz sentido.

Absolutamente TODOS os bebês humanos são dependentes dos ambientes onde estão. Física e Emocionalmente.

Sigmund Freud
 foi um dos primeiros a enfatizar a importância das experiências infantis no desenvolvimento da personalidade e na formação emocional, mas não foi o único.

Ainda nas palavras de Winnicott, os cuidadores (pais, avós, babás, quem estiver ao alcance do papel de cuidar da criança recém nascida) presentes são RESPONSÁVEIS por ajudar a constituir o AMBIENTE que vai ser FORMADOR do que a criança irá se tornar.

O conceito de “mãe suficientemente boa”, que é a mãe (estende-se a QUALQUER UM que se coloque na posição de cuidador da criança, não exclusivamente a mulher que pariu) que consegue atender às necessidades do bebê de forma consistente e adaptativa. Essa “mãe” cria um ambiente seguro que permite ao bebê desenvolver um senso de confiança e segurança. Preocupação Materna Primária Este é um estado psicológico que a mãe entra durante as últimas semanas de gravidez e as primeiras semanas após o nascimento. Nesse estado, a mãe está altamente sintonizada com as necessidades do bebê, o que é crucial para o desenvolvimento saudável do bebê.

John Bowlby, psicanalista, psiquiatra e psicólogo britânico, notável por seu interesse no desenvolvimento infantil e por seu trabalho pioneiro na teoria do apego, argumentou que os vínculos formados entre a criança e seus cuidadores primários são fundamentais para o desenvolvimento emocional saudável.

Jean Piaget, embora seja mais lembrado por seu trabalho sobre o desenvolvimento cognitivo, também reconheceu a importância das experiências precoces no desenvolvimento emocional e social. Assim como Lev Vygotsky, Erik Erikson, Melanie Klein… Não faltam autores dedicados a escrutinar como a construção emocional do Adulto são dependentes dos primeiros Ambientes Emocionais e da qualidade da segurança emocional das crianças!

Evolutivamente somos PROGRAMADOS PARA DEPENDER dos cuidadores que deveriam nos trazer conforto, nutrição e segurança ideal para o nosso desenvolvimento como bebê. FAZ PARTE DO PROCESSO DE ANIMAIS SOCIAIS!

Crianças brincando em Gaza.
MAS E SE NÃO FOR UM BOM AMBIENTE? Se for um ambiente insuficiente? E se o ambiente afetivo ou material ao qual a criança recém nascida estiver inserida NÃO for o mais adequado para um bom desenvolvimento? Apesar de toda a nossa fragilidade, AINDA TEMOS FERRAMENTAS que a evolução separou para a criança se tornar um adulto… minimamente eficiente?



Sim. Como foi dito antes, Crianças se ADAPTAM ao ambiente que os cuidadores entregam… Aprendem em quem podem confiar e o que podem fazer para conseguir atenção e afeto!

Em ambientes saudáveis a criança aprende o que é “ela” e o que são os outros…


Mas E SE O AMBIENTE NÃO É MINIMAMENTE SAUDÁVEL??? Bom, por uma questão evolutiva a criança humana constituiu ferramentas que constroem uma espécie de HIERARQUIA DO MENOS PIOR!


E ISSO É IMPORTANTE!


Na ausência de um ambiente “ótimo” todas as crianças procuram valorizar o que tem para evitar o RISCO de ficar SEM AO MENOS ISSO!!!

Percebe? Se a criança tem de escolher entre um ambiente INSUFICIENTE, mesmo que numa relação apática, pelo medo da possibilidade de arriscar ficar sozinha… a criança aprende a SUSTENTAR a relação insuficiente!!! Aceitando como NORMAL. Natural e até inescapável!


Mesmo se tóxicas?


Sim, mesmo que tóxica!

Adultos não precisam sofrer traumas agudos de violência e/ou sofrimento drástico para desenvolverem FERIDAS EMOCIONAIS GRAVES!!!

Basta que o seu ambiente original tenha sido NEGLIGENTE EMOCIONALMENTE em construir uma relação segura de afeto, conforto, nutrição e alguma estabilidade. Um ambiente de negligência emocional básica é aquele onde as necessidades emocionais de uma pessoa, especialmente quando criança, não são atendidas de forma minimamente adequada.

Isso pode ocorrer de várias maneiras, como quando os pais ou cuidadores não oferecem suporte emocional durante momentos difíceis... Ignoram ou minimizam os sentimentos das crianças desvalorizando-os.

Por exemplo, na falta de respostas a sinais emocionais, como choro ou sorriso, e falta de iniciativa para interagir e se conectar emocionalmente. As necessidades emocionais das pessoas, quando não são reconhecidas ou são tratadas como relevantes nesses tipos de ambientes podem levar a problemas como baixa autoestima, dificuldade em manter relações interpessoais, e até distúrbios psicológicos mais graves. É importante estar atento a esses sinais e buscar ajuda profissional se necessário.

Ninguém gosta de sofrer…

Mas TODOS preferem (inconscientemente) o insuficiente… SE foi educado pela vida a crer que o insuficiente é tudo que lhe é possível ou é tudo que merece.

A menos que se permita MUDAR essa estrutura neurótica.




Como sobreviver no mundo do eu, eu, eu!

 

Vivemos na era do narcisismo. Como sobreviver no mundo do eu, eu, eu!!!

Os comportamentos narcisistas nos rodeiam. Famosos que se exibem nas redes sociais, a obsessão pelas ‘selfies’. Fala-se em epidemia, mas, é assim tão preocupante?

Os selfies mais icónicos de 2016, agrupados por elpais.com.
Os selfies mais icónicos de 2016, agrupados por elpais.com.

Foi o belo e vaidoso Narciso, personagem da mitologia grega incapaz de amar outras pessoas e que morreu por se apaixonar pela própria imagem, que inspirou o termo narcisista. O conceito foi depois reinterpretado por Freud, o primeiro que descreveu o narcisismo como uma patologia. Nos anos setenta, o sociólogo Christopher Lasch transformou a doença em norma cultural e determinou que a neurose e a histeria que caracterizavam as sociedades do início do século XX tinham dado lugar ao culto ao indivíduo e à busca fanática pelo sucesso pessoal e o dinheiro. Um novo mal dominante. Quase quatro décadas depois ganhou força a teoria de que a sociedade ocidental atual é ainda mais narcisa.


Este comportamento parece expandir-se como uma praga na sociedade contemporânea. E não só entre os adolescentes e jovens que inundam as redes sociais. “A desordem narcisista da personalidade –um padrão geral de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia– continua sendo um diagnóstico bastante raro, mas as características narcisistas estão certamente em alta”, explica a psicóloga Pat MacDonald, autora do trabalho Narcissism in the Modern World (narcisismo no mundo moderno). “Basta observar o consumismo galopante, a autopromoção nas redes sociais, a busca da fama a qualquer preço e o uso da cirurgia para frear o envelhecimento”, acrescenta em uma entrevista por telefone.


As pesquisas realizadas a partir de 2009 por Jean Twenge, da Universidade do Texas, são uma das principais referências para as hipóteses mais catastróficas. Depois de estudar milhares de estudantes norte-americanos, a psicóloga proclamou que esses comportamentos tinham aumentado no mesmo ritmo que a obesidade desde 1980” e haviam alcançado níveis de epidemia. Ela publicou dois livros –The Narcissism Epidemic (a epidemia do narcisismo), com Keith Campbell, da Universidade da Geórgia, e Generation Me (geração eu)—, nos quais afirma que os adolescentes do século XXI “se acham com direito a quase tudo, mas também são mais infelizes”.


Os traços narcisistas nem sempre são fáceis de reconhecer e, sendo moderados, não há por que serem um problema. São comportamentos egoístas, pouco empáticos, às vezes um tanto exibicionistas, de pessoas que querem ser o centro da atenção, ser reconhecidas socialmente, que costumam resistir a admitir seus erros ou mentiras e que se consideram extraordinárias (embora sua autoestima seja, na realidade, baixa). Um exemplo extremo, contado por Twenge, é o de uma adolescente que em um reality da MTV tenta justificar assim o bloqueio de uma rua para realizar sua festa de aniversário, sem se importar que haja um hospital no meio: “Meu aniversário é mais importante!”.


“A imagem conta mais do que o que fazemos, e queremos alcançar muitos sucessos sem esforço” 

J.C. Bouchoux.

Em outras ocasiões este tipo de comportamento é mais sutil, mais comum e, às vezes, mais prejudicial. É aquela pessoa que exige uma atenção exagerada a seus comentários e problemas e, se não consegue, conclui que é diferente dos outros e que nunca recebe o respeito que merece. Ou um chefe encantador que, de repente, faz você se sentir culpado por um projeto fracassado que era ideia dele. “Para tampar seus problemas, uma pessoa com elevado nível de narcisismo costuma buscar uma ou duas vítimas próximas, não precisa mais do que isso, mas pode tornar-lhes a vida impossível”, afirma o psicanalista francês Jean-Charles Bouchoux, autor de Les Pervers Narcissiques (os perversos narcisistas), que acaba de ser traduzido para o espanhol e vendeu mais de 250.000 exemplares na França. “Há um aumento do narcisismo porque agora a imagem conta mais do que o que fazemos e porque queremos ter muitos êxitos sem esforço”, opina.


Proliferam os casos na política –é difícil navegar na Internet sem ver o nome de Donald Trump associado ao narcisismo– e na televisão. O assunto fascina, como mostram os índices de audiência dos realities. Talvez a principal novidade sejam as redes sociais, lugar onde os millennials (nascidos entre 1980 e 1997) e os não tão millennials, os famosos e os não tão famosos, transformam o corriqueiro em algo extraordinário. Todos os dias são colocadas no Instagram 80 milhões de fotografias, com mais de 3,5 bilhões de curtidas: “Eu, comendo”, “Eu, com minha melhor amiga”, “Eu em um novo bar”. No Facebook, milhões de usuários dão detalhes de sua vida ao mundo. A Internet está nos convertendo não só em espectadores passivos, mas em narcisistas ávidos pela notoriedade fácil, obcecados por conseguir amigos virtuais e pelo impacto de nossos posts?


Convém ter muito cuidado com as fotos de si mesmo. Nem todos os que tiram selfies são narcisistas, mas um estudo realizado por Daniel Halpern e Sebastián Valenzuela, da Pontifícia Universidade Católica do Chile, concluiu que as pessoas que tiraram mais fotos de si mesmas durante o primeiro ano da pesquisa mostraram um aumento de 5% no nível de narcisismo no segundo ano. “As redes sociais podem modificar a personalidade. Autorretratar-se, quando se é narcisista, alimenta esse comportamento”, explica, por telefone, Halpern. “Nas redes podemos nos mostrar como queremos que nos vejam. Essa imagem perfeita que acreditamos que os demais têm de nós pode alterar a que nós temos de nós mesmos”, adverte. Ter impacto nas redes pode causar dependência e também temor (o medo do vazio de uma postagem sem uma curtida sequer).


Além disso, o narcisismo crescente movimenta dinheiro. Um recente relatório do Bank of America Merrill Lynch calcula que o consumo relacionado com os produtos que nos fazem sentir melhor e tornam possível uma aparência à prova de selfies –chamam a isso de vanity capital– movimenta no mundo 3,7 trilhões de dólares (11,65 trilhões de reais). A lista inclui carros e outros artigos de luxo, cirurgias estéticas, vinhos de qualidade, joias e cosméticos.


Como chegamos até aqui? A inabalável corrida por conquistas pessoais exigida de jovens e adultos explica parte da ânsia narcisista. “A sociedade é hiperdemandante e hiperexigente. Agora, por exemplo, é preciso ter muitos amigos, vivemos hiperconectados. Meu pai não tinha amigos, tinha sua família, e era feliz”, explica Rafael Santandreu, psicólogo e autor de Ser Feliz en Alaska, que vincula o narcisismo –e a frustração que pode provocar– com a depressão, a ansiedade e a agressividade.


Há causas que nascem na infância. As teorias de Twenge tocaram em um nervo cultural ao culpar pais e educadores por terem criado uma geração de narcisistas dizendo-lhes o quanto são especiais, sem se importar com suas conquistas. Um estudo europeu publicado em 2015 na revista PNAS mostra que o narcisismo está relacionado a uma educação parental que sobrevaloriza os filhos, haja ou não fundamento. “São elogiados em excesso e, com o tempo, as crianças se consideram únicas”, explica um dos autores, Eddie Brummelman, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento Infantil, da Universidade de Amsterdam. “A autoestima é confundida com narcisismo. O que é preciso cultivar é a autoestima, que se consegue com carinho, apoio, atenção e limites”, acrescenta.


Quer dizer que não se deve pensar grande? Não exatamente. Cultivar certo ego saudável é benéfico. É o que afirma Craig Malkin, psicólogo clínico da Escola de Medicina de Harvard. “Um pouco de narcisismo na adolescência ajuda os jovens a suportar a tempestade e o ímpeto da juventude. Só as pessoas que nunca se sentem especiais ou as que se sentem sempre especiais são uma ameaça para elas mesmos ou o mundo. O desejo de se sentir especial não é um estado mental reservado para imbecis ou sociopatas”, afirma em Rethinking Narcissism (repensando o narcisismo).


Craig integra o grupo que considera que a maioria dos estudos sobre narcisismo não tem sido justo com os jovens e que os que falam de epidemia exageram. O Inventário da Personalidade Narcisista, um questionário básico para os pesquisadores do mundo todo, incluindo Twenge, é falho, argumenta Craig. Entre outras coisas, esta ferramenta considera negativo querer ser um líder ou alguém dizer que é decidido. “As pessoas que gostam de dizer o que pensam ou que querem liderar são claramente diferentes dos narcisistas, que costumam recorrer à manipulação e à mentira.” Um exaustivo estudo publicado em 2010 em Perspectives on Psychological Science tenta refutar a teoria da epidemia. Foi realizado com um milhão de adolescentes nos EUA entre 1976 e 2006. Os pesquisadores encontraram pouca ou nenhuma diferença psicológica entre os millennials e as gerações anteriores, a não ser mais autoestima. Em uma tentativa de relativizar o problema, o estudo é aberto com uma frase de Sócrates: “As crianças de hoje [século V a. de C.] são umas tiranas. Contradizem seus pais, engolem a comida e tiranizam os professores”.


De um lado e outro do debate, não parece haver dúvida de que é recomendável fugir das pessoas com elevados níveis de narcisismo. Kristin Dombek resume isso bem em The Selfishness of Others (o egoísmo dos outros), ensaio em que analisa a abundância no mundo virtual anglo-saxão de informações relacionadas com os narcisistas, sobre como reconhecê-los e enfrentá-los: “Um desses blogueiros dizia: o que uma pessoa deve fazer quando conhece um narcisista? Colocar os tênis e sair logo correndo”.

 https://youtube.com/shorts/-On6Inm-Who?si=HtUDZ-XPT1SlMukt