Zygmunt Bauman: Retrotopia ou os retrocessos do nosso tempo Enquanto o mundo lamenta um ano sem Zygmunt Bauman, conhecemos as ideias de sua última obra, "Retrotopia", em que a nostalgia é mostrada como um mecanismo de defesa contemporâneo. Há 20 ou 30 anos, não faltava quem assumisse que, em 2017, nos alimentaríamos de pílulas coloridas, que iríamos de férias de Verão até a Lua, que o crescimento econômico seria ilimitado, os recursos infinitos e que as desigualdades sociais se atenuariam. Existia crença no futuro. Os traumas do fascismo e o desacreditar do comunismo, depois da queda do muro de Berlim, faziam acreditar que os modelos políticos e socioeconômicos vigentes poderiam ser melhorados e que a tecnologia nos salvaguardaria. A partir da década de 1990, no campo cultural, que tantas vezes é reflexo e profecia do mundo, começou a perceber-se que entráramos em plena era dos “re” (reformulações, remisturas, reciclagens, revivalismos, regressos, recuperações, remakes, reedi