Mas, por favor, tentem assistir o vídeo
do link antes de ler este texto!
Dito isso... Vamos tratar de coisas
terrivelmente dolorosas.
Deixo o alerta aqui!
Sejam fortes... Mas sigamos:
A cada HORA: 5 crianças são estupradas!
A cada 12 MINUTOS: 1 criança é violentada sexualmente!
Ana Paula Padrão tem usado sua voz e suas redes sociais para clamar por um dos temas mais dolorosos do Brasil. Ela não fala de um lugar teórico, mas de um lugar de indignação frente a uma realidade brutal que muitos preferem ignorar. O cerne da mensagem dela é um soco no estômago: enquanto setores da sociedade e do Congresso tentam criar um pânico moral em torno de um suposto "abuso do direito ao aborto", estamos falhando colossalmente em enfrentar a verdadeira epidemia que devora nossas crianças e mulheres – a do estupro.
Ela vai direto aos números, usando dados oficiais para mostrar que a crise é real, enche estatísticas e destrói vidas silenciosamente, é a crise da violência sexual. A tal "cultura do estupro" não é uma abstração; é um mecanismo concreto que funciona em dois tempos. Primeiro, o crime em si, que majoritariamente acontece dentro de casa, cometido por alguém de confiança. Depois, vem a segunda violência: a cultura do silêncio. Onde o medo, a vergonha e a certeza de que, ao denunciar, a vítima será revitimizada – interrogada, duvidada e transformada de acusadora em acusada por uma sociedade que ainda pergunta "o que você estava vestindo?".
Foi nesse contexto que ela mirou sua crítica contra o chamado "PL do Aborto". A proposta de punir com "penas de homicídio" o aborto mesmo no caso do "aborto legal", nos casos de estupro após 22 semanas, mostrando que não é apenas uma questão política, mas um ato de profunda crueldade.
É a confirmação final de que um sistema distorcido está disposto a punir uma vítima – frequentemente uma criança estuprada – com mais rigor do que o próprio estuprador.
É o conservadorismo distorcido do Brasil de 2025, mostrando sua face mais perversa: em vez de proteger quem sofreu a violência, escolhe castigá-la novamente, insistindo em um sofrimento obrigatório.
É a confirmação final de que um sistema distorcido está disposto a punir uma vítima – frequentemente uma criança estuprada – com mais rigor do que o próprio estuprador.
É o conservadorismo distorcido do Brasil de 2025, mostrando sua face mais perversa: em vez de proteger quem sofreu a violência, escolhe castigá-la novamente, insistindo em um sofrimento obrigatório.
Em essência, o que Padrão faz é um apelo urgente para virarmos esse jogo. Ela clama por uma sociedade que tenha a coragem de nomear o problema real, que pare de proteger agressores em nome de uma "honra" falsa e que, finalmente, coloque seu peso e sua compaixão ao lado de quem realmente precisa: as vítimas que carregam um trauma que a lei e o preconceito, muitas vezes, insistem em agravar.
NÚMERO DE DENÚNCIAS DE ESTUPRO DE MENORES NO BRASIL DESDE 2011. |
A alarmante prevalência de crimes sexuais contra menores dentro do ambiente doméstico revela muito mais do que uma mera estatística geográfica; ela expõe um ecossistema perverso sustentado por uma cultura do silêncio e por uma estrutura social conservadora que, mesmo sem intenção, atua como cúmplice.
O agressor, longe de ser um transgressor impulsivo, é um estrategista que calculadamente se posiciona em núcleos de confiança (seja a família, a igreja ou a comunidade) precisamente porque compreende que esses ambientes oferecem a dupla proteção!
Por um lado dá acesso à vítima!
Por outro o "muro de omertá"! Que pactua a conivência e que o cercará a dispeito do que se faça!
O abusador explora a previsibilidade dos rituais familiares, a autoridade inquestionável conferida aos pais e líderes religiosos, e, acima de tudo, o tabu social que trata a sexualidade infantil como um assunto proibido. Esse tabu, que deveria proteger a inocência, paradoxalmente a desprotege: ao tornar o tema indizível, ele amarra a língua das vítimas e cega os adultos ao seu redor, criando o cenário perfeito para que a violência se instale e se perpetue longe dos olhos do mundo.
O agressor, longe de ser um transgressor impulsivo, é um estrategista que calculadamente se posiciona em núcleos de confiança (seja a família, a igreja ou a comunidade) precisamente porque compreende que esses ambientes oferecem a dupla proteção!
Por um lado dá acesso à vítima!
Por outro o "muro de omertá"! Que pactua a conivência e que o cercará a dispeito do que se faça!
O abusador explora a previsibilidade dos rituais familiares, a autoridade inquestionável conferida aos pais e líderes religiosos, e, acima de tudo, o tabu social que trata a sexualidade infantil como um assunto proibido. Esse tabu, que deveria proteger a inocência, paradoxalmente a desprotege: ao tornar o tema indizível, ele amarra a língua das vítimas e cega os adultos ao seu redor, criando o cenário perfeito para que a violência se instale e se perpetue longe dos olhos do mundo.
O Mecanismo de Poder e a Blindagem Sociocultural
A perpetuação desses crimes é sustentada por um sofisticado mecanismo de poder que encontra terreno fértil em uma sociedade conservadora.
Esta, ao priorizar a "honra" da família e a imagem da instituição acima do bem-estar individual da criança, efetivamente blinda o agressor e pune a vítima. A "cultura do silêncio" não é uma ausência de voz, mas uma presença ativa de mecanismos de coerção.
O agressor manipula esses valores sociais—como a sacralidade do lar, a autoridade paternal ou a infalibilidade moral do líder religioso—para invalidar a narrativa da vítima.
Frases como "não manche o nome da nossa família" ou "isso é um pecado que devemos esquecer" não são apenas manipulações individuais; são a expressão de um código social tóxico que transforma a vítima em culpada pela desestabilização da ordem estabelecida.
Psicologicamente, esse ambiente gera na criança uma profunda dissonância entre sua experiência traumática e a pressão para manter a harmonia aparente, resultando em um sofrimento internalizado que pode se manifestar em silêncio, vergonha e autodesvalorização ao longo da vida.
Esta, ao priorizar a "honra" da família e a imagem da instituição acima do bem-estar individual da criança, efetivamente blinda o agressor e pune a vítima. A "cultura do silêncio" não é uma ausência de voz, mas uma presença ativa de mecanismos de coerção.
O agressor manipula esses valores sociais—como a sacralidade do lar, a autoridade paternal ou a infalibilidade moral do líder religioso—para invalidar a narrativa da vítima.
Frases como "não manche o nome da nossa família" ou "isso é um pecado que devemos esquecer" não são apenas manipulações individuais; são a expressão de um código social tóxico que transforma a vítima em culpada pela desestabilização da ordem estabelecida.
Psicologicamente, esse ambiente gera na criança uma profunda dissonância entre sua experiência traumática e a pressão para manter a harmonia aparente, resultando em um sofrimento internalizado que pode se manifestar em silêncio, vergonha e autodesvalorização ao longo da vida.
Em contextos religiosos, essa dinâmica é potencializada ao extremo. A figura do líder espiritual, já revestida de autoridade divina e moral inquestionável em uma sociedade conservadora, torna-se um agressor quase imune. Ele utiliza a doutrina e a fé não como escudo, mas como uma lâmina de duplo fio: para cometer o abuso, espiritualizando-o como um "teste de fé", e para garantir o silêncio, ameaçando a vítima com o fogo do inferno ou a exclusão da comunidade.
A própria estrutura conservadora, que prega a obediência cega e a submissão à autoridade, desarma a vítima e sua família, que veem no questionamento uma falta de fé e não um ato de legítima defesa.
A cultura do silêncio aqui é sacramentada, tornando-se um mandamento religioso. A vítima é forçada a conciliar o abjeto com o sagrado, uma operação psicológica devastadora que corrói sua identidade, sua fé e sua sanidade, enquanto o agressor permanece protegido pelo manto da instituição e pelo pacto de silêncio de uma comunidade que se recusa a enxergar o mal em seu próprio altar.
O problema da violência e do silêncio institucional constitui uma patologia social enraizada, transcendendo a mera falha moral. A reforçada cultura do silêncio e a subsequente revitimização institucional atuam como sintomas de um trauma coletivo crônico, expondo uma desconexão fundamental entre a sociedade e as necessidades de proteção de seus membros mais vulneráveis. Ao silenciarmos a vítima, o corpo social involuntariamente reforça o mecanismo destrutivo que prioriza uma falsa harmonia em detrimento da verdade, garantindo que a violência ignorada se torne uma força autodestrutiva que consome a própria coletividade.
Em sua essência, essa dinâmica é sustentada pelo que eu reconheço como Esquemas Sociais Desadaptativos, caracterizados pela primazia da honra superficial sobre o bem-estar real das vítimas.
A cegueira e a inação institucional representam um "Modo de Enfrentamento" tóxico em escala civilizatória, no qual a sociedade perpetua o ciclo de violência para preservar hierarquias rígidas e evitar o conflito inerente à verdade. A ruptura desse ciclo exige, portanto, uma reprogramação coletiva profunda: é necessário substituir esses esquemas desadaptativos por uma base de proteção incondicional dos vulneráveis, validando a experiência da vítima como o ponto de partida essencial para a cura tanto individual quanto social.
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