Tchê… vamos por partes…
O que tu descreve sobre seu amigo sugere um conjunto complexo de crenças, medos e padrões emocionais que parecem se repetir e auto justificar…
Tem estruturas que alguns teóricos chamam de “crenças” e “esquemas” e na descrição sobre o seu amigo, alguns esquemas parecem bastante evidentes:
Lendo seu relato ele parece acreditar que não será genuinamente amado ou compreendido por ninguém, a menos que tenha algo “valioso” para oferecer (dinheiro, status).
Isso pode vir de um aprendizado na sua infância onde as necessidades emocionais da criança que ele foi não foram atendidas ou foram “condicionadas” a desempenho ou sucesso.
Sabe aquela família que só demonstra atenção ou carinho se a criança fizer “X” ou ”Y”? Então… a família pode ter um discurso de gostar de todos igual, mas o pai ou a mãe (senão os dois) só fala bem do parente que tem dinheiro, ou do artista, ou do político que exalta a riqueza… E nunca deu qualquer atenção para o carinho espontâneo ou as necessidades da criança!!!
Então… em um ambiente domiciliar assim a criança “percebe” que só se ela tiver dinheiro ou bens é que ela será percebida como importante pelos seus pais…
E a criança SEMPRE quer a atenção dos pais.
Ao mesmo tempo ele se educa a crer que o medo de estar “à mercê” de agradar alguém para manter um relacionamento é uma forma de ameaça à sua autonomia!
Ele pode ter aprendido que se “relacionar” significa inescapavelmente abrir mão de si mesmo ou de ser explorado.
Sabe aquela mãe que vive falando que ela se sacrifica pelos outros e não recebe nada em troca.... bem... um dia a criança acaba acreditando no que a mãe fala!
Afinal, se ele aprendeu que se só se “tendo coisas” e “tendo dinheiro” se tem atenção de quem se ama… então TODOS que se aproximam romanticamente são pessoas que também só vão querer dinheiro e bens dele…
Da mesma maneira, ele foi educado a crer que “nascer pobre é perpetuar a miséria”
Isso também é parte do Esquema! Um esquema de fracasso, onde ELE SE VÊ como inferior ou destinado ao insucesso. Isso, certamente, deve gerar vergonha, raiva e uma necessidade obsessiva de provar valor por meio de conquistas materiais.
A gente percebe isso no medo de ser traído ou trocado por alguém “melhor”!
Ele teme isso pois como as pessoas são sempre focadas nas coisas e não no afeto… qualquer um que trouxer mais oportunidades de ganho para a parceira(o) tem capacidade de esvaziar o quão interessante ele poderia ser e essa crença alimenta uma expectativa de que os outros sempre vão feri-lo ou abandoná-lo.
As pesquisas em “Teoria do Apego” (John Bowlby, Mary Ainsworth) explica como os padrões de vínculo afetivo na infância moldam os relacionamentos adultos. Seu amigo parece apresentar características de:
APEGO EVITATIVO
- Evita relacionamentos íntimos por medo de perder controle ou ser vulnerável.
- Prefere relações superficiais ou transacionais (como pagar por sexo) para manter distância emocional.
- Vê o amor como algo que exige poder, não como troca afetiva.
APEGO ANSIOSO (em segundo plano)
- Apesar da postura evitativa, ele demonstra desejo por conexão (“vontade de namorar”), mas teme rejeição ou não ser suficiente.
- Isso gera ambivalência: quer se conectar, mas teme se machucar.
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