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Uma revisão sobre Personalidade! Introdução a abordagens psicanalítica

Resumo pra AV1 de Personalidade de 2022.

Os temas da provas - Formular a ideia da "Constituição da Personalidade":

O que é personalidade?

Personalidade existe?

Analisar o construto de personalidade conforme as vertentes de pensamento;

- Avaliar as teorias da personalidade:

- o construto personalidade e as abordagens psicanalíticas;

- construto de personalidade na perspectiva de Freud;

- o construto de personalidade na perspectiva de Jung

- Personalidade na abordagem Humanista (centrada na pessoa) de Rogers;

- Personalidade na abordagem Humanista e a Teoria de Abraham Maslow e a teoria das necessidades;

- Personalidade na abordagem Humanista e a Personologia de Henry Murray .

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O que é Personalidade?

No livro Teorias da personalidade, de Jess Feist, Gregory J. Feist e Tomi-Ann Roberts esta a curta definição:
Personalidade é “um padrão de traços relativamente permanentes e características únicas que dão consistência e individualidade ao comportamento de uma pessoa”!
No século IV a.C., na Grécia Antiga, o médico e filósofo grego Hipócrates, considerado “o pai da medicina”, formulou a teoria dos quatro humores corporais: Sangue, Fleuma, Bile branca e Bile negra.

Na sua obra "Da Natureza do Homem", ele afirma que o que constitui o corpo humano o faz a partir dos quatro fluidos, e a saúde de cada ser humano seria mantida por um equilíbrio entre esses quatro humores. Os mesmos definiriam o comportamento de cada pessoa!

Esses princípios inspiraram o também médico e filósofo grego Cláudio Galeno a desenvolver uma subdivisão em nove temperamentos. Quatro deles são chamados de primários e levam em conta a dominância de uma das qualidades delimitadas por Hipócrates.

Outros quatro tipos de temperamentos são denominados de secundários e se derivam da combinação entre essas qualidades. A última categoria, considerada como temperamento ideal, é o resultado de uma associação estável entre as quatro qualidades.





Os quatro temperamentos primários definidos por Galeno são:

Sanguíneo (tendo o sangue como humor corporal predominante, caracteriza indivíduos atléticos);

Colérico (facilmente irritáveis, são indivíduos em que a bile amarela predomina);

Melancólico (com excesso de bile negra) e

Fleumático (pessoas mais lentas e cansadas, com excesso de fleuma).


Mas então o que é Personalidade?

É antes de tudo PERSONALIDADE É UM CONCEITO! Como CONCEITO personalidade é aquilo que a mente concebe ou entende. Uma ideia ou noção, uma representação. Não é uma estrutura percebida de forma inquestionável. Real. Circunscrita. É real dentro dos preceitos Teóricos (observado os métodos científicos) que lhe definem.

Nesse aspecto, Personalidade é um conjunto de características psicológicas que, percebidas dentro de um construto TEÓRICO, identificam os padrões de pensar, de sentir e de agir de uma determinada pessoa, ou seja, a individualidade pessoal e social de alguém. A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo.

Das várias definições existentes algumas são mais referenciadas, a saber:

- A do construto da personalidade sob a perspectiva das abordagens psicanalíticas;

- O construto de personalidade na perspectiva do Comportamentalismo (conforme orientação da professora, não veremos esse construto agora);

- O construto de personalidade na perspectiva da abordagem Humanista.


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Abordagem Psicanalítica ou Psicodinâmica

Esta abordagem psicológica iniciada por Sigmund Freud se centra nas pulsões de uma pessoa originadas de seu inconsciente. Ela também se concentra nas diferentes etapas das estruturas da personalidade de alguém que evoluem durante a vida.




Freud entendeu que a experiência da infância tem uma forte influência sobre a personalidade adulta.

“O desenvolvimento da personalidade envolve uma série de conflitos entre o indivíduo, que quer satisfazer os seus impulsos instintivos, e o mundo social (principalmente a família), que restringe este desejo.” (CLONINGER, 1999, p. 55).

Para explicar como se constituía a Mente humana Freud usou de nominar três conceitos bem distintos: O id, o ego e o superego ("Es", "Ich", e "Über-Ich" significam, literalmente, "isso", "eu" e "supereu") agentes distintos e interagentes no aparelho psíquico que lhe estruturam as atividades e interações da vida mental de uma pessoa.

Freud percebeu que todas as pessoas nascem cheias de uma energia que lhe impulsiona para viver a realidade. Essa energia alimenta todas as ações do ser. Chamou esta fonte de energia psíquica ligada à impulsividade de Id.

Mas como a realidade não vai satisfazer ou aceitar todas as impulsividades do individuo. A natureza criou então uma ferramenta “reguladora” desta energia. Freud chamou esse processo de EGO, que serve para filtrar o que é possível e o que não é possível fazer.

Mas Freud entendeu que a mente guarda estas regras e imposições externas como sendo uma parte de sua própria mente. Guarda o que a realidade externa (pais, família, sociedade e mundo) impõe dentro de si como uma parte sua, e chamou esta REPRESENTAÇÃO das “leis” externas de Superego.

Ainda, dentro desse arco teórico, existem cinco fases universais do desenvolvimento que são chamadas de fases psicossexuais. Freud acreditava que a personalidade estaria essencialmente formada ao fim da terceira fase, por volta dos cinco anos de idade, quando o indivíduo possivelmente já desenvolveu as estratégias fundamentais para a expressão dos seus impulsos, estratégias essas que estabelecem o núcleo da personalidade.

Na fase oral, o desenvolvimento ocorre desde o nascimento aos doze meses de vida. Nesta fase a zona de erotização é a boca, as atividades prazerosas são em torno da alimentação (sucção). Quando o bebê aprende a associar a presença da mãe à satisfação da pulsão da fome, a mãe vem a ser um objeto à parte, ou seja, o bebê começa a diferenciar entre si próprio e os outros. Uma fixação nessa fase provoca o desenvolvimento de um tipo de personalidade de caráter oral, do qual os traços fundamentais são o otimismo, a passividade e a dependência. Para Freud, os transtornos alimentares poderiam se dar às dificuldades na fase oral.

A fase anal ocorre durante o segundo e o terceiro ano de vida, onde o prazer está no ânus. Nessa fase a criança tem o desejo de controlar os movimentos esfincterianos e começa também a entrar em conflito com a exigência social de adquirir hábitos de higiene. Uma fixação nessa fase pode causar conflitos para o resto da vida em torno de questões de controle, de guardar para si ou entregar. O caráter anal é caracterizado pro três traços que são: ordem, parcimônia (econômico) e teimosia.

Na fase fálica que ocorre dos três aos cinco anos, a área erógena fundamental do corpo é a zona genital. Freud sustenta que nessa fase o pênis é o órgão mais importante para o desenvolvimento, tanto dos homens quanto das mulheres, por isso Freud é fortemente criticado e acusado de ser falocêntrico. O desejo de prazer sexual expressa-se por meio da masturbação, acompanhada de importantes fantasias. Nessa fase fálica também ocorre o complexo de Édipo, que consiste no menino desejar a própria mãe, mas por medo da castração abandona esse desejo, igualmente ocorre com a menina mudando apenas os papéis, onde o pai seria o seu objeto de desejo. Uma não resolução nessa fase pode ser considerada como a causa de grande parte das neuroses.

A psicanálise certifica que a fixação na fase fálica tem como consequência dificuldades na formação do superego (regras sociais), na identidade do papel sexual e até mesmo na sexualidade, envolvendo inibição sexual, promiscuidade sexual e homossexualismo. Dificuldades como a identificação de papéis sexuais podem derivar de dificuldades nesta fase. Freud propôs que os homens homossexuais tem uma forte angústia de castração, mas Freud é novamente criticado por não levar em conta as questões sociais que mudam de uma cultura para a outra e que influenciam o desenvolvimento das preferências sexuais. Ele acreditava também que a tendência homossexual poderia ser de caráter hereditário.

Freud declara que em grande parte a personalidade se forma durante esses primeiros três estágios psicossexuais, quando são estabelecidos os mecanismos essenciais do ego para lidar com os impulsos libidinais.

A fase de latência que ocorre desde os 5 anos e vai até a puberdade é considerado um período de relativa calma na evolução sexual, sendo que pouco é colocado por Freud com relação a tensão libidinal.


Na fase genital que tem início na puberdade, o indivíduo desenvolve a capacidade de obter satisfação sexual com um parceiro do sexo oposto. “O caráter genital é o ideal freudiano do desenvolvimento pleno, que se desenvolve na ausência de fixações ou depois da sua resolução por meio de uma psicanálise.” (CLONINGER, 1999, p.63). Contudo, o indivíduo livre de conflitos pré-edípicos significativos, aprecia uma sexualidade satisfatória preocupando-se com a satisfação do companheiro sexual, evitando assim a manifestação de um narcisismo egoísta. Assim sua energia psíquica sublimada fica disponível para o trabalho, que é prazeroso.

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Quatro livros sobre teorias da personalidade -  Elencado, então, quatro livros sobre teorias da personalidade para estudantes que buscam aprofundar o aprendizado sobre este tema:

 

- Teorias da personalidade, de Jess Feist, Gregory J. Feist e Tomi-Ann Roberts, 8ª edição - A obra aborda as teorias da personalidade como um resultado da bagagem cultural, das experiências familiares, da personalidade e da formação profissional. Com isso, o livro expõe os princípios das teorias da personalidade, as suas contribuições para o conhecimento científico e os dados biográficos de cada teórico.

- Teorias da personalidade, de Duane Schultz e Sydney Schultz, 10ª edição - O conteúdo é organizado por teoria e ainda discute diversas abordagens psicanalíticas, neopsicanalíticas, dos traços, humanísticas, do curso da vida, cognitivas, comportamentais e de aprendizagem social. O livro Teorias da personalidade ainda explora as maneiras como questões raciais, sexuais e culturais influenciam o estudo e a avaliação da personalidade.

- Teorias da personalidade, de Calvin S. Hall, Gardner Lindzey e John B. Campbell, 4ª edição - Destinado a definir o campo da personalidade, o livro tem sido atualizado constantemente. Assim, ao longo dos anos, a obra se consagra como uma referência para os estudos da área devido à maneira abrangente que explora as teorias da personalidade.

- Personalidade: teoria e pesquisa, de Lawrence A. Pervin e Oliver P. John, 8ª edição - De forma introdutória, o título aborda as principais teorias da personalidade, fazendo uma relação com pesquisas recentes e apresentando a aplicação de cada uma das teorias com estudos de caso. O livro vem apoiando diversos universitários a compreender e se aprofundar ainda mais no universo das personalidades humanas.


Todos disponíveis na Minha Biblioteca Digital da Estácio.

Comentários

Melissa Spader disse…
Muito bom! Acompanhando todas as postagens...
Obrigada pela contribuição.
Melissa

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