
A Noite Sempre Chega

Como o trauma se desenvolve e desconecta Corpo, Mente e Emoções no Processo.
Eu quero dividir com vocês alguns conceitos que acredito ter entendido lendo os livros "O Corpo Guarda as Marcas", do Doutor Bessel van der Kolk, "O mito do normal: Trauma, saúde e cura em um mundo doente" escrito por Gabor Maté e Daniel Maté (pai e filho) e do livro "Terapia do Esquema: Guia de Técnicas Cognitivo-Comportamentais Inovadoras" escrito por Jeffrey E. Young, Janet S. Klosko e Marjorie E. Weishaar.
Essas são três leituras que venho fazendo do inicio do ano passado para cá. Primeiro, quero apresentar os autores e as suas publicações! depois um breve resumo de conceitos chave e por fim minha interpretação desses.
Dr. Bessel van der Kolk, fundador e ex-diretor médico do Trauma Center em Brookline, Massachusetts. Controverso, ele ainda é uma das maiores autoridades mundiais no campo do trauma, conhecido por seu trabalho que integra o cérebro, a mente e o corpo na compreensão e no tratamento dos efeitos do estresse traumático. Seu livro, “O corpo guarda as marcas: Cérebro, mente e corpo na cura do trauma” ,publicado em 2014 (título original: The Body Keeps the Score: Brain, Mind, and Body in the Healing of Trauma), é um best-seller internacional e um marco na literatura sobre o assunto, mas a sua popularidade e a importância das ideias de Van der Kolk, foram construídas ao longo de 40 anos de carreira, atendendo ex-soldados e pessoas vítimas de violência fazem com que seus conceitos pareçam mais antigo do que a sua data de publicação de seu livro.
Dr. e psicoterapeuta Gabor Maté é um médico com mais de 40 anos de experiência clínica. Sua própria história de vida, como sobrevivente do Holocausto na Hungria, moldou sua visão sobre o trauma e a resiliência. Ele se especializou em medicina familiar e cuidados paliativos, mas é mais conhecido por seu trabalho com pessoas viciadas, em locais como o bairro de Downtown Eastside em Vancouver, Canadá.
E por último, mas não menos importante, o Psicologo Jeffrey Young é uma figura central na psicologia clínica. Psicólogo estadunidense que criou a Terapia do Esquema (ou Terapia Focada nos Esquemas), uma abordagem inovadora que se tornou amplamente reconhecida, foi desenvolvida por Young no final dos anos 1980 para tratar pacientes que não respondiam bem à Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tradicional. Esses pacientes, muitas vezes com transtornos de personalidade ou problemas crônicos e de difícil tratamento, apresentavam padrões de comportamento profundamente enraizados.
Van der Kolk foi pioneiro em mostrar que o trauma não é apenas um evento psicológico, mas que afeta profundamente o cérebro (neurobiologia), a mente (pensamentos e emoções) e o corpo (sensações físicas, dores e doenças).
Assim como Bessel van der Kolk, Maté defende uma abordagem que conecta o corpo, a mente e as emoções. Ele argumenta que o trauma psicológico e o estresse crônico são frequentemente as raízes de doenças físicas e do vício. Em seu livro "O Mito do Normal", ele questiona a noção de "normalidade" na sociedade moderna e argumenta que o que consideramos normal — o estresse constante, o esgotamento, a ansiedade e a alienação — é na verdade patológico e um produto de uma cultura que nos adoece. A doença, para ele, não é um desvio, mas uma resposta ao nosso ambiente.
Young, por sua vez, combinou elementos da TCC com conceitos de outras abordagens, como a teoria do apego, a psicanálise e a terapia gestáltica, para criar um modelo mais profundo e abrangente.
A convergência dessas leituras diferentes que fiz me fizeram ter um entendimento sobre o desenvolvimento humano e de seus problemas emocionais como uma coisa mais orgânica e natural!
Então esse post vai tratar sobre: o impacto do trauma não resolvido e o que Significa Estar Traumatizado?
Mas começamos por definir o que cada um desses autores trata com “Trauma”?
Para van der Kolk, trauma não é só um evento, mas uma mudança fisiológica no organismo. Nessa perspectiva "Trauma é qualquer experiência que supera nossa capacidade de lidar, deixando marcas no corpo, no cérebro e no sistema nervoso, e por tabela, em nossas emoções."
O trauma raramente é armazenado como uma narrativa coerente, antes ele é incorporado como sensações físicas (ex.: cheiros, gostos, dores) e emoções congeladas. O Cérebro então adota uma posição de alerta continuamente. O sistema límbico fica hiperativo nesta posição, enquanto o córtex pré-frontal (racional) "desliga" ou enturva. Sintomas como insônia, dores crônicas ou ataques de pânico são respostas corporais ao trauma não processado. E como esse sistema acredita que esse processo de risco vai se repetir constantemente, não desliga esse alerta!
Então estar traumatizado significa continuar a organizar a sua vida como se o trauma ainda estivesse presente, inalterado e imutável como no exato momento do seu primeiro impacto. Para a pessoa que passa por essa condição, cada novo momento da vida e cada encontro ou evento futuro é contaminado pelo evento do passado, pois o trauma distorce a percepção do presente.
Por exemplo: O maior dano causado por “negligência (parental)”, trauma psicológico agudo ou perda emocional não é a dor imediata, mas as distorções de longo prazo somadas que moldam a maneira como uma criança em desenvolvimento interpreta o mundo e sua posição nele.
Mas porque é assim? Quer percebamos ou não, são nossas feridas e a forma como lidamos com elas que direcionam grande parte de nossos comportamentos, hábitos sociais e padrões de pensamento.
Biológica e Neurologicamente a mente humana evoluiu para sobreviver às intempéries da vida pré-histórica! Possuímos nas áreas mais evolutivamente antigas do nosso cérebro (cérebro reptiliano) estruturas que analisam precocemente as informações da realidade definindo se estamos seguros ou em risco de forma até precipitada, pois errar e se superproteger é melhor que errar e acabar morto por não prever um perigo!
Nossa resposta de luta, fuga ou congelamento é um exemplo da reação automática do corpo a situações percebidas como perigosas ou ameaçadoras. Ela envolve alterações fisiológicas (como a enxurrada de adrenalina e cortisol) e comportamentais que preparam o indivíduo para enfrentar a ameaça ou escapar dela, ou, em alguns casos, paralisar temporariamente.
Como a “Evolução” e a adaptação NUNCA param, esses sistemas se adaptaram às novas necessidades da realidade humana e hoje os padrões de resposta reaparecem mesmo quando a fonte de perigo é interna, seja uma sensação corporal como na Síndrome do Pânico, ou numa situação de avaliação social como na Fobia Social ou mesmo numa reativação de uma lembrança traumática como no Estresse Pós Traumático.
Luta, fuga e congelamento foram convertidos em “estilos de enfrentamento” dos humanos em suas vidas cotidianas…
Enquanto uma criança cresce ela “aprende” a focar suas interações em padrões de pensamento, maneiras de observar o mundo e reagir a ele, baseado nas suas experiências vivenciais.
Se seu ambiente for promissor e minimamente adequado, essa criança desenvolve respostas adaptativas e saudáveis no decorrer de sua vida. Se seu ambiente de formação for inadequado ou ela tiver experiências repetitivas ruins ou traumáticas, ela se adapta com comportamentos disfuncionais (os "esquemas") que continuarão a impactar a sua vida adulta.
Aquelas respostas biológicas (luta, fuga e congelamento) se adaptam em comportamentos de hipercompensação (Luta), resignação (fuga) e evitação ou submissão (congelamento).
Por exemplo, no “Modo de Submissão” (Congelamento/Resignação): A pessoa se submete aos processos prejudiciais da vida, aceitando passivamente o sofrimento e se sentindo impotente. Isso se assemelha à resposta de congelamento.
No “Modo de Hipercompensação” (Luta), a pessoa reage de forma oposta ao esquema. Por exemplo, alguém que se sente defeituoso pode se tornar perfeccionista e arrogante para compensar o sentimento interno de inadequação. Isso é uma forma de "luta" contra a dor emocional do seu passado.
E no “Modo de Evitação” (Fuga) a pessoa evita situações, pensamentos e sentimentos que possam ativar suas lembranças traumáticas. Isso se assemelha à resposta de fuga, onde a pessoa evita conflitos a qualquer custo, mesmo quando injustiçado, porque teme rejeição ou abandono.
Isso quer dizer que quando uma pessoa fica presa no modo de sobrevivência, suas energias se concentram em lutar contra inimigos invisíveis, deixando pouco espaço para nutrição, cuidado e amor.
Para os seres humanos, isso significa que, enquanto a mente se defende de ameaças inexistentes, nossos laços mais íntimos ficam ameaçados. Nossa capacidade de imaginar, planejar, brincar, aprender e atender às necessidades dos outros também é comprometida.
Traumas não resolvidos são como ALARMES para manter a sobrevivência que permanecem ligados indefinidamente no organismo, distorcendo nossa forma de pensar e agir. Passamos a enxergar perigos onde não existem, porque a carga emocional não processada continua influenciando nossas reações.
O que modula esse alarme vai além de uma simples memória do passado. As emoções e sensações físicas registradas durante o eventos repetitivos ruins ou um único grave evento traumático não são vividas como lembranças, mas como reações perturbadoras no presente. Muitas vezes, agimos ou reagimos de maneira desproporcional sem entender o motivo, justamente porque essas respostas estão enraizadas em experiências não resolvidas.
Em resumo, o trauma não tratado “aprisiona” a mente da pessoa em um ciclo de sobrevivência, onde o passado invade o presente, limitando a capacidade de viver plenamente e se conectar com os outros. Não é apenas uma memória dolorosa — é uma ferida viva no corpo, na mente e no sistema nervoso. Segundo Bessel van der Kolk, Gabor Maté e Jeffrey Young, experiências traumáticas não processadas alteram nossa biologia, distorcem nossa percepção do presente e nos mantêm presos em padrões de sobrevivência disfuncionais.
Mas se o Trauma é uma prisão invisível, a neuroplasticidade e o autoconhecimento oferecem as chaves para libertar-se dessa prisão. A cura exige reintegrar corpo e mente ao presente (Van der Kolk), questionar a "normalidade" tóxica (Maté) e reescrever esquemas emocionais (Young). Não se trata de apagar o passado, mas de deixar de viver sob seu domínio.
A psicoterapia é uma das maneiras que Gabor Maté, considera ferramenta que estrutura um caminho de cura. A psicoterapia pode ser desencadeadora ou estimuladora da autorregulação orgânica ou do impulso vital para se reorganizar e a capacidade inata do organismo de buscar saúde, equilíbrio e crescimento — mesmo após traumas. Assim como o corpo cicatriza feridas físicas, a psique mobiliza recursos para reparar danos emocionais quando em ambientes seguros, embora esse processo possa ser bloqueado por estresse crônico, isolamento ou contextos opressivos. Na psicoterapia essa força integrativa opera em sinergia com a neuroplasticidade (estudada por Van der Kolk), mecanismo pelo qual o sistema nervoso se reorganizar diante de novas experiências, permitindo a reestruturação de circuitos neurais rígidos e a superação de padrões disfuncionais. Em essência, enquanto a tendência atualizadora é o princípio motivador da cura, a neuroplasticidade é o alicerce biológico que a torna possível.
A psicoterapia atua como um facilitador essencial no processo de cura, estimulando tanto a tendência atualizadora quanto a neuroplasticidade. Ao oferecer um ambiente seguro e acolhedor, o terapeuta cria as condições ideais para que o cliente possa reprocessar experiências traumáticas e desenvolver novos padrões saudáveis. Através da relação terapêutica baseada em aceitação e empatia, técnicas como mindfulness, regulação emocional e psicoeducação sobre trauma ajudam a acalmar o sistema nervoso hiperativo, permitindo que a neuroplasticidade atue de forma mais adaptativa e integradora.
Abordagens terapêuticas que trabalham com o corpo e as emoções, como EMDR e terapia sensoriomotora, são particularmente eficazes para liberar memórias traumáticas armazenadas somaticamente. Paralelamente, métodos como a Terapia do Esquema ajudam a identificar e transformar padrões de pensamento disfuncionais, criando novas conexões neurais mais saudáveis. O vínculo terapêutico seguro serve ainda como modelo para relações interpessoais mais nutritivas, reparando feridas de apego e restaurando a capacidade de confiar nos outros.
Com o tempo, esse processo contínuo de reprocessamento e reconstrução leva a mudanças profundas: a hipervigilância dá lugar a uma sensação de segurança interna, os esquemas rígidos são substituídos por maior flexibilidade psicológica, e as memórias traumáticas são integradas em narrativas coerentes. A psicoterapia não elimina o passado, mas transforma radicalmente a relação do indivíduo com suas experiências dolorosas, permitindo que os mecanismos naturais de cura do organismo - a tendência atualizadora e a neuroplasticidade - promovam uma reorganização saudável do self.
CONVERSAS ANÔNIMAS: "Faz sentido testar a "confiança" e a capacidade de aceitação da psicóloga/o com um relato pessoal escrito?
Faz sentido testar a “confiança” e a capacidade de aceitação da psicóloga com um relato pessoal escrito?
Caro Autor Anônimo, vamos pensar juntos.
Primeiro, vamos lidar com a sua idealização: psicólogos são pessoas. Pessoas com estudo específico, sim, mas ainda pessoas. Pelo que você descreve, parece que o julgamento dos outros — especialmente de figuras de autoridade — te assusta.
Quando você diz que um terapeuta “deve julgar ao mínimo e confiar ao máximo”, isso me leva a pensar que você carrega um esquema de desconfiança ou de defectividade. Ou seja, talvez exista em você a crença de que, no fundo, há algo de errado ou inadequado em si, e que cedo ou tarde alguém vai descobrir. Isso lembra um pouco a chamada “síndrome do impostor”: a sensação de ser uma fraude, supervalorizar os próprios defeitos e minimizar as qualidades, mesmo diante de evidências do contrário.
O ponto é que você já se julgou inadequado antes mesmo de entrar na terapia — e acredita que qualquer psicólogo também vai te ver assim. Isso pode fazer com que você queira “testar” a aceitação do outro antes de se permitir confiar.
Vale lembrar: a formação em Psicologia não imuniza ninguém contra ter crenças, emoções e padrões enraizados. O que a prática profissional faz é oferecer ferramentas para que o psicólogo lide com seus próprios esquemas e com os dos pacientes. Mas a sua frase sobre “julgar” e “confiar” fala muito mais sobre o seu olhar do que sobre a profissional em si.
Todos nós criamos esquemas emocionais e cognitivos na infância, tentando nos adaptar ao ambiente em que crescemos. Esses padrões moldam nossa forma de ver o mundo, os outros e a nós mesmos. No seu caso, a ideia de entregar um “relatório da vida” para avaliar a reação da terapeuta parece uma tentativa de testar os limites da aceitação do outro — algo típico de quem lida com esquemas de abandono, defectividade ou privação emocional.
Isso também pode indicar hipervigilância: o impulso de controlar o ambiente para evitar rejeição ou dor. E, sim, esse impulso é compreensível — ele costuma nascer em histórias de vida em que confiar foi arriscado ou doloroso.
Agora, respondendo objetivamente à sua pergunta:
Você tem muito a ganhar em terapia. Se, neste momento, escrever e entregar um relato pessoal é a forma que você consegue se abrir, então use esse recurso. Mas não pare por aí. A terapia é um espaço para explorar, sentir e construir confiança aos poucos, não um teste que a psicóloga precisa passar para você continuar.
Leve seu texto, sim — mas também leve a disposição de conversar sobre por que você sente necessidade de testar. Esse pode ser, inclusive, o verdadeiro ponto de partida do seu processo terapêutico.
CONVERSAS ANÔNIMAS: Ansiedade, ataraxia e o sofrimento!
Caro Autor Anônimo! Espero que esteja bem!
Para responder a sua postagem eu preciso ser muito objetivo!
Eu me pergunto: "Que parte de você, você quer calar?"
Talvez você não tenha percebido, mas seu texto aponta isso: Você quer uma nova forma para NÃO se escutar.
Evidentemente existe muita energia sua dedicada em tentar te controlar, te esconder, te transformar em algo mais “aceitável”.
Parece que você PRECISA acreditar que sentir raiva é sinal de fraqueza, que a paz só viria quando essa parte de você desaparecesse.
Eu preciso reforçar que esta parte de você não é o seu problema. A raiva não é problema. A indignação não é problema.
ISSO É A FEBRE! Um sinal avisando sobre uma dor e infecção instalada por um outro agente oculto.
ESSE AGENTE OCULTO É O SEU REAL PROBLEMA! Sua indignação apareceu quando algo foi repetidamente injusto.
Quando a crueldade cruzou o seu caminho.
Quando o mundo feriu o que em você refletia a dignidade humana.
A indignação não veio para te destruir — veio para me proteger.
A indignação grita porque algo em você ainda se importa. Se importa e precisa ser encarada!
E isso exige, por mais doloroso que seja, saber ouvir-se!
Sei que às vezes sua indignação se torna intensa, quase insuportável. Mas talvez isso aconteça porque você a deixe “sozinha” por tempo demais.
VOCÊ TEM RECUSADO A ENTENDER A CADEIA DE CAUSAS QUE GERAM A INDIGNAÇÃO!
Então, em vez de te acolher, você tenta te apagar.
Em vez de te entender, você tenta te julgar.
Hoje, quero te sugerir fazer diferente.
Pergunte-se: o que sua indignação está tentando me mostrar que você não entendeu?
O que sua indignação teme que você esqueça?
Eu tenho certeza que, no fundo, sua indignação só quer que você lembre que sua dor importa.
Dito isso, sigo com as suas perguntas: ”Vocês acreditam que faz sentido dizer que deixa de ser saudável um ser humano seguir o caminho da "iluminação"? “É o conceito que acredito ser o que mais ilustra a situação, pois me faz lembrar de Buda!”
Resposta: Sim. Faz.
“Ou seria eu alguém um naturalmente indignado em excesso que sofre em excesso por querer fugir de minha natureza radical?”
UMA COISA NÃO TEM RELAÇÃO COM A OUTRA!
o caminho do buda não é um caminho sem dor ou sem sofrimento ou sem indignação é um caminho com entendimento claro do que cada uma dessas situações exige do praticante.
Não é não sentir.
É entender e superar problema lidando com ele.
Eu vou dizer que não acho que seja só a França... Segue a matéria: SAÚDE MENTAL DOS JOVENS EM FRANÇA AGRAVOU-SE DESDE A PANDEMIA, REVELA ESTUDO!
⚠️ ATENÇÃO
O texto a seguir discute [tema sensível - ex.: suicídio, depressão, violência autoprovocada]. Se preferir não se expor a esse assunto, recomendamos pular esta seção.
Caso precise de ajuda, busque apoio:
📞 CVV (Centro de Valorização da Vida)
Ligue 188 (24h, gratuito)
Acesse www.cvv.org.br (chat, e-mail e Skype)
🏥 CAPS (Centros de Atenção Psicossocial)
Unidades públicas de saúde mental. Encontre o mais próximo: Portal do Ministério da Saúde
📱 Disque Saúde Mental (Ministério da Saúde)
Ligue 136 (opção 5)
👩⚕️ Emergência
SAMU 192 (casos de risco iminente)
Você não está sozinho(a).
Buscar ajuda é um ato de coragem.
Saúde mental dos jovens em França agravou-se desde a pandemia, revela estudo!
Escrito por Gabriela Galvin e publicado em 09/01/2025 no Euronews.
Meninas, adolescentes e mulheres jovens foram particularmente afetadas, segundo a análise.
A crise de saúde mental dos jovens na França só tem piorado, de acordo com um novo estudo que concluiu que eles buscam serviços de saúde mental em uma frequência muito maior do que antes da pandemia de COVID-19.
Após a pandemia, países europeus enfrentam um aumento de jovens com ansiedade, depressão, ideação suicida, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e outros problemas de saúde mental.
Atualmente, um em cada sete adolescentes no mundo lida com problemas de saúde mental – e a França não é exceção, segundo o estudo, que incluiu cerca de 20 milhões de pessoas com 25 anos ou menos e foi publicado na revista JAMA Network Open.
Entre 2016 e 2023, as taxas de consultas de saúde mental, hospitalizações e prescrições de medicamentos como antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos aumentaram "significativamente" entre os jovens franceses, com um crescimento especialmente visível após a pandemia, de acordo com o estudo liderado por pesquisadores da Universidade Aix-Marseille, na França.
"A situação na França não é isolada, e a COVID-19 evidenciou as falhas do seu sistema de saúde mental", disse Marcel Marchetti, do grupo de defesa Mental Health Europe, à Euronews Health.
"O aumento no uso de medicamentos, especialmente entre jovens, é preocupante, principalmente diante da medicalização excessiva de questões de saúde mental".
Diferenças de gênero
Na França, meninas, adolescentes e mulheres jovens parecem ser as mais afetadas. Durante o período do estudo, adolescentes e adultos jovens passaram a ter maior probabilidade de realizar consultas psiquiátricas ambulatoriais e de serem hospitalizados por tentativas de suicídio.
Segundo a pesquisa, as prescrições de quase todos os tipos de medicamentos para saúde mental aumentaram entre meninas, adolescentes e mulheres jovens, especialmente no período pós-pandemia.
Jovens do sexo masculino também registraram aumento nas prescrições de antidepressivos, medicamentos para dependência de álcool e metilfenidatos – estimulantes usados para tratar TDAH –, mas o crescimento foi menos significativo do que entre as mulheres.
Os pesquisadores sugerem que as redes sociais podem explicar essa diferença.
"Em comparação com os homens, o uso de redes sociais por meninas, adolescentes e mulheres jovens tende a ser mais frequente, expondo-as mais ao cyberbullying e a estresses interpessoais, fatores comuns associados a depressão e tentativas de suicídio", afirmaram.
Medidas governamentais
O governo francês testa a proibição de smartphones em escolas secundárias e apoia restrições da UE ao uso de redes sociais antes dos 15 anos.
Antes de ser demitido no mês passado, o então primeiro-ministro Michel Barnier, nomeado pelo presidente Emmanuel Macron, declarou que a saúde mental deveria ser a principal prioridade do governo francês em 2025.
Jovens franceses também enfrentam lacunas no acesso a cuidados de saúde, com uma queda de 34% no número de psiquiatras infantis entre 2010 e 2022, segundo o órgão nacional de auditoria.
"Há um problema no acesso efetivo a apoio em saúde mental", disse Alex Quinn, responsável por políticas do Fórum Europeu da Juventude, à Euronews Health.
O dilema europeu
O estudo apontou que prescrições de medicamentos para transtornos mentais graves, como lítio e clozapina, tornaram-se mais frequentes em crianças a partir de 6 anos.
Segundo os pesquisadores, esse aumento é "especialmente notável" e pode indicar um crescimento nos diagnósticos de transtorno bipolar na França.
Eventos traumáticos e períodos de alto estresse podem desencadear o transtorno bipolar na adolescência – e essa condição, que causa mudanças extremas de humor entre mania e depressão, aparentemente tornou-se mais comum globalmente.
As conclusões alinham-se a pesquisas anteriores que indicam uma piora na saúde mental dos jovens europeus.
Um estudo dinamarquês identificou aumento em diagnósticos psiquiátricos e uso de drogas psicotrópicas durante a pandemia, enquanto na Espanha as tentativas de suicídio entre meninas, adolescentes e mulheres jovens subiram 195% entre setembro de 2020 e março de 2021.
Além das redes sociais, dinâmicas familiares e estresse econômico durante a pandemia podem ter impulsionado o aumento, segundo os pesquisadores.
Quinn também citou precariedade financeira, instabilidade política/social e a sensação de falta de controle sobre o futuro como fatores potencialmente relacionados: "Jovens não são um grupo homogêneo".
Tem algum problema em quem não sabe viver sozinho?
- Por que nos conectamos tão profundamente.
- Por que sofremos com solidão (nosso cérebro "espera" interação constante).
- Por que culturas e civilizações são possíveis.
"O amor consiste em dois solitudes que se protegem, limitam e saúdam mutuamente."
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Couraças e escolhas...
Anti-intelectualismo na moda!
Os Adultos menos capazes que seus pais… ou: Acesso Ilimitado, Compreensão Superficial.
Os Adultos menos capazes que seus pais… ou: Acesso Ilimitado, Compreensão Superficial.
A abundância de conteúdo não se traduz automaticamente em profundidade. Pelo contrário: a facilidade de obter respostas instantâneas — em vídeos de 30 segundos, posts resumidos ou "cortes" de ideias complexas — criou uma cultura de aprendizado passivo, em que a reflexão é substituída pelo scroll infinito. O resultado? Uma sociedade que sabe mais e entende menos.
A próxima geração será a mais inapta para lidar com a vida, com a solução de problemas... e será ainda mais frágil e menos inteligente. Provavelmente... já estão enfrentando essas consequências hoje. A tendência de buscar conhecimento em vídeos curtos no TikTok e recortes no Instagram está moldando uma nova forma de consumir informação — rápida, visual e na maioria das vezes superficial. Embora essas plataformas ofereçam acesso fácil e até divertido a conteúdos variados, há preocupações sérias sobre o impacto dessa mudança no desenvolvimento cognitivo, emocional e educacional, especialmente entre jovens.
Não é de hoje que a forma como as pessoas consomem informação tem mudado drasticamente com a proliferação de vídeos curtos e textos fragmentados. Há um debate crescente sobre os impactos dessa mudança na aprendizagem e na cognição.
Não é óbvio pra todo mundo, mas o modo com o qual você consome informação interfere na forma que você aprende e quanto tempo essa informação vai ficar na sua memória.
O consumo excessivo de redes sociais, plataformas de vídeo e dos famosos “cortes” estão ligados a dois fenômenos ainda pouco percebidos pelas pessoas comuns: à “fadiga mental” e a diminuição na “capacidade de manter o foco” em “tarefas complexas e “longas” (como a leitura de um livro ou a compreensão de um artigo aprofundado).
Conteúdos curtos e rápidos, como os de plataformas como TikTok ou Reels, são projetados para prender a atenção por breves momentos e oferecer gratificação instantânea. Isso está levando os adultos e as crianças a uma diminuição na capacidade de manter o foco em tarefas mais longas e complexas. Estudos mostram que a exposição excessiva a esse tipo de conteúdo pode encurtar a capacidade de atenção.
As plataformas digitais, especialmente as redes sociais, são orientadas para a manutenção da atenção do usuário, nisso os seus algoritmos “personalizam” o conteúdo que você vê. Esses algoritmos são projetados para mostrar mais do que você já gosta, com o objetivo de te manter engajado na plataforma. Isso leva a dois fenômenos principais:
- Bolhas de Filtro: Você é exposto predominantemente a informações e opiniões que confirmam suas crenças existentes. O algoritmo filtra o que ele "acha" que você quer ver;
- Câmaras de Eco: Dentro dessas bolhas, você interage principalmente com pessoas e assuntos que pensam de forma semelhante, reforçando ainda mais suas próprias opiniões e minimizando o contato com perspectivas divergentes.
Por usa vez, essa exposição limitada a diferentes pontos de vista pode ter várias consequências negativas:
- Polarização: Ao estar constantemente exposto a um único lado de uma questão, a população tende a se dividir e radicalizar suas posições. O diálogo se torna mais difícil, pois cada lado tem menos compreensão (e muitas vezes empatia) pelas razões do outro.
- Dificuldade em Aceitar a Complexidade: Muitos temas são multifacetados e não podem ser compreendidos em vídeos curtos ou posts fragmentados. A falta de profundidade pode levar a visões simplistas do mundo, onde há "certo" e "errado" bem definidos, sem espaço para nuances ou ambiguidade.
- Menor Resiliência Cognitiva: A capacidade de questionar as próprias crenças, de mudar de ideia diante de novas evidências e de tolerar a incerteza são habilidades essenciais para lidar com um mundo complexo. O constante reforço de opiniões pode atrofiar essa resiliência cognitiva.
- Intolerância e Desconfiança: Quando as pessoas são constantemente bombardeadas com informações que demonizam ou descredibilizam quem pensa diferente, a tolerância diminui e a desconfiança em relação a outros grupos aumenta, dificultando o diálogo construtivo.
Ler um livro ou um artigo mais longo geralmente exige que o leitor construa argumentos, avalie diferentes perspectivas e identifique nuances. A natureza concisa dos conteúdos curtos pode limitar a oportunidade de desenvolver e praticar o pensamento crítico e a análise aprofundada.
Embora vídeos possam ser eficazes para acessar informações de forma fácil, a retenção de conceitos complexos e abstratos acabam por ser prejudicada pela falta de contexto e pela superficialidade do conteúdo. A leitura aprofundada, por outro lado, permite que o cérebro processe e organize as informações de forma mais robusta, levando a uma melhor retenção.
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