Pular para o conteúdo principal

“Como nos transformamos de primatas insignificantes em soberanos do planeta Terra?”

Postado originalmente no Textos para Reflexão

Sapiens

Nesta contundente palestra para o TED TalksYuval Noah Harari, um proeminente professor de história israelense, tenta responder a pergunta: “Como nos transformamos de primatas insignificantes, que cuidavam de sua vidinha em algum canto da África, em soberanos do planeta Terra?”.
Antes de assistirem o vídeo abaixo, no entanto, é preciso tentar compreender como um historiador jovem (39 anos) conseguiu escrever um dos melhores livros do século 21, Sapiens, no qual se baseia sua palestra.
Ora, para início de conversa, já é revelador o fato de Harari começar a explicar a história humana, o mote de seu livro do início ao fim, pela parte em que ela sequer era registrada, isto é, antes do advento da escrita. Harari é afinal um pensador que se interessa pelas “grandes questões” do pensamento humano, e “como conquistamos o planeta?” é somente uma delas...
Dentre algumas outras, poderíamos citar: “Por que nossos ancestrais se reuniram para criar cidades, reinos e impérios?”; “Como passamos a acreditar em deuses, nações e direitos humanos?”; “Como aprendemos a confiar no dinheiro, em livros e em leis?”; ou ainda, “Como fomos escravizados pela burocracia, pelo consumismo e pela incessante busca da felicidade?”.
É tentando responder a tais questões que Harari vai muito além do âmbito “ortodoxo” do estudo histórico
É tentando responder a tais questões que Harari vai muito além do âmbito “ortodoxo” do estudo histórico, e trata de biologia, psicologia, filosofia, mitologia, economia, política e sociologia com a mesma naturalidade com a qual o seu antigo professor falava de Revolução Francesa.
Além de ser extraordinariamente bem escrito, Sapiensnão se limita apenas a descrever a história, como nos leva a refletir sobre o que ocorreu no passado, sobre como isso influencia o presente e o futuro e, sobretudo, sobre como as “narrativas tradicionais” muitas vezes são falhas, ou por contarem somente “a história dos vencedores”, ou pelo fato de ignorarem solenemente o nosso mundo interno, subjetivo, e a enorme importância que a linguagem e as ficções humanas exercem e exerceram sobre os eventos históricos.
A única fronteira que Harari se recusa a ultrapassar é o limite da ortodoxia acadêmica em relação às crenças. Apesar de elogiar o budismo, a sua postura para com as religiões é por vezes excessivamente ácida e superficial, pois apesar de ele basear boa parte de sua tese sobre a evolução humana em torno das mitologias da mente, em nenhum momento ele chega a tentar analisar o tema do ponto de vista místico. Mas se além de tudo o que já sabe, Harari ainda fosse um místico, seria talvez pedir demais para uma única mente.

Felizmente, existem outras mentes que podem complementar as reflexões deSapiens; mas tal livro se encontra num patamar tão elevado que só me vem à cabeça gente como Joseph CampbellMircea Eliade e Alan Moore...

..

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONVERSAS ANÔNIMAS! VOCÊ, SEU NARCISISTA!!!

Gostaria de falar sobre esta postagem: Nada mais comum que uma postagem cheia de senso comum e conhecimento vulgar com uma compreensão enviesada do mundo. Tudo bem até aí? Só que não. Uma postagem assim além de reforçar o senso comum, lhe da uma validade. O que é ERRADO! A afirmação de que todo psicopata é narcisista é "FALSA"! E induz ao erro e preconceitos. Primeiro que não explica de que narcisismo se esta falando , segundo porque também não explica que o termo “psicopata” não é um diagnóstico válido descrito! Nem   está incluído no CID-10 e nem mesmo no DSM-5 ou em qualquer outro manual! Existe um natural "Narcisismo saudável", uma fase do comportamento que visa atender as próprias necessidades de forma equilibrada e respeitosa, sem prejudicar ou explorar os outros. Uma pessoa com narcisismo saudável tem uma autoimagem positiva, uma autoestima elevada, uma autoconfiança adequada e um nível aceitável de auto importância. O narcisismo saudável pode ser visto com

ATENÇÃO!

Você já teve a sensação de que está cada vez mais difícil manter o foco? Vivemos mergulhados numa chuva de estímulos – e isso tem efeitos mensuráveis sobre o cérebro. Veja quais são, e entenda a real sobre a moda que tomou as redes sociais: o jejum de dopamina. Por Bruno Garattoni e Maurício Brum (colaboraram Fernanda Simoneto e Valentina Bressan) Em 9 de janeiro de 2007, às 10h da manhã, um Steve Jobs saudável subiu ao palco do Moscone Center, espaço de eventos que a Apple alugava em São Francisco. “Vamos fazer história hoje”, disse. O iPhone não nasceu bem (dois meses após o lançamento, a Apple teve de cortar seu preço em 30%), mas acabou decolando. Vieram os aplicativos, redes sociais, o Android, a massificação. Hoje, 6,4 bilhões de pessoas têm um smartphone – superando com folga o saneamento básico, que chega a 4,4 bilhões. É bizarro, mas até tem seu nexo: o instinto humano de encontrar algo interessante, e prestar atenção àquilo, é tão primal quanto as necessidades fisiológicas.