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70 cidades italianas que adotaram oficialmente as regras do "bem viver".

Globo Reportes Edição do dia 03/12/2010, 22h46 - Atualizado em 06/12/2010 16h26.
 

Conheça a cidade ideal onde até o prefeito vai trabalhar de bicicleta

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Levanto é uma das 70 cidades italianas que adotaram oficialmente as regras do "bem viver". A experiência que começou há dez anos é considerada tão bem sucedida que é chamada de "modelo Levanto".

Ilze Scamparini Levanto, Itália



A cidade ideal existe e responde pelo nome de Levanto. No mapa geográfico, ela aparece no na região da Ligúria, a uma hora de Genova. É a porta de entrada do Parque das Cinco Terras, Patrimônio Natural da Unesco, com rochas cultivadas, um Mar Mediterrâneo limpo e um santuário de baleias.


Na cidade ideal, o prefeito vai trabalhar de bicicleta, assim como o cozinheiro, o artista, a comerciante e o guia turístico. Em Levanto, todo mundo pedala em lugares inesperados.


Há séculos, homens desafiam abismos para cultivar a uva. As azeitonas que crescem na região estão classificadas entre as melhores do mundo, como o azeite. A cozinha é irresistível, com o molho de alho e manjericão socados. As frituras são feitas em puro óleo de oliva extra-virgem. Por decreto, a oliveira se tornou monumento nacional. A recuperação do patrimônio histórico é uma prioridade desejada por todos.


Os mármores coloridos, explorados na Antiguidade, deram o nome da cidade a uma cor: vermelho Levanto.

O primeiro povoado surgiu em época romana, mas as maiores conquistas são obras muito recentes.

Levanto é uma das 70 cidades italianas que adotaram oficialmente as regras do "bem viver". A experiência que começou há dez anos é considerada tão bem sucedida que é chamada de "modelo Levanto". Em uma paisagem de rochas e mar, em um terreno selvagem e até hostil, cinco mil habitantes tentam construir a cidade ideal: bonita, humana, autossuficiente e lenta. A lentidão é a ultima tendência italiana que está contagiando a Europa.


Conhecemos Levanto e o território do Parque das Cinco Terras pelas linhas de trem à beira-mar, que chegaram no fim do século 19, por estradas abertas há apenas 30 anos. As novas construções estão proibidas desde então, pelas águas protegidas de uma reserva marinha repleta de vida.


O prefeito de Levanto, Maurizio Moggia, tenta explicar como se muda uma comunidade em tão pouco tempo. Fatos históricos deram o empurrão. Até o fim dos anos 80, a maioria da população trabalhava em uma indústria de armas, perto da cidade. Com a queda do muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, esse mercado acabou. A cidade iria falir se a prefeitura não tivesse agido rapidamente. "Tentamos trazer de volta um modelo de vida das nossas tradições. Fomos procurar no passado a nossa identidade cultural", revela Maurizio.


Levanto possuía a vocação natural para o turismo. Mas, para criar um turismo diferente era preciso mudar algo difícil: a forma de pensar.


Foi o ex-prefeito Marcello Schiaffino quem começou a grande transformação. Enviou uma carta a cada uma das 2,5 mil famílias de Levanto. "Decidi escrever: quem tem ideia e vontade de investir, nós vamos ajudar”, explica.


As famílias começaram a transformar as próprias casas em pequenos hotéis, oferecendo cama e café da manhã, e a abrir pequenos negócios. Era importante impedir que a população abandonasse a cidade. Porque turista não gosta só de praia, também quer conhecer o povo com as suas tradições. Cada um fez a sua parte.


O chef Lorenzo Perrone recusou convites para trabalhar em Roma e Milão e ficou na cidade natal para recuperar pratos esquecidos, como o gattafin, um delicioso pastel recheado com ervas, e o bolinho de bacalhau, que na Itália já foi comida de rua. “Antigamente se fazia o cone com papel de pão e se comia nos bares com vinho branco. Nós, italianos, temos paixão por aperitivos”, conta Lorenzo.


Luigina Piselli, que produz a mão o melhor pesto genovese de todo o vale, abriu uma loja de delícias locais. As suas aulas de culinária são muito atraentes. Luigina sustenta que o pesto genovese é o molho mais amado no mundo, depois do de tomate. “Teve um momento em que a minha filha quis ir embora, mas decidiu ficar. Aqui é bom para os filhos crescerem. Eu penso que entre nós, italianos, exista esta vontade de procurar estes gostos do passado", aponta.


A filha também abriu um pequeno negócio. E as quatro gerações da família puderam permanecer juntas.
O escultor Renzo Bighetti que viajava pelo mundo, desembarcou em Levanto, para ficar. “Escolhi viver uma vida mais recolhida, lenta e meditativa. Gosto de andar por aqui de bicicleta. É meu modo introspectivo de procurar coisas. Pareço um preguiçoso, mas sempre encontro uma ideia para trazer ao atelier e dar forma", explica.


Marco Scaramucci abandonou os trens de alta velocidade, onde era fiscal de passagens, para se tornar guia turístico no mar e na terra. "Antes, eu fazia uma coisa de que não gostava, mas fazia para fazer feliz outra pessoa. Depois, decidi ser feliz eu mesmo”, revela. “Se eu dissesse como fiquei reduzido economicamente, deveria ser estressado. Vendi uma casa, a outra está hipotecada. Mas estou feliz e não tenho estresse."

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